A fábula do militar doentio.
Através da história, os Estados Unidos se envolveram em inúmeras guerras. Como a indústria cultural retira da sociedade suas inspirações para produções, na história do cinema e da TV vê-se militares dos mais diversos estereótipos: os desastrados nas comédias, os assassinos nos dramas, os preconceituosos nos épicos e daí por diante. No caso de Banshee, Coronel Stowe é apresentado como um homem doentio obstinado pela burocracia, guiado pela honra.
Mas em Even God Doesn’t Know What to Make of You, Banshee foi muito menos intensa que no resto da temporada, principalmente porque deve ter medo de fazer do seu penúltimo episódio do ano algo mais interessante que, de fato, o season finale (como Game of Thrones faz, por exemplo). É inteligente não arriscar tanto, mas ainda assim, a série precisa fazer mais que apenas engatilhar as coisas (que já estavam praticamente engatilhadas há tempos).
Resultado de um roubo mal executado, ou executado com pressa, a relação entre Hood e Job nunca foi pior que no momento. Os flashbacks da dupla mostram como a dinâmica sempre foi semelhante e todo o sentimentalismo parece tentar dizer pro espectador que Job não passa da season finale. Qual o motivo de um flashback tão extenso? As cenas ainda contam mais da relação dos dois em apenas um episódio do que o resto da série inteira. Job sempre esteve por aí, mas pela primeira vez deixa de ser o alívio cômico e buddy de Sugar, para se tornar um personagem com carga dramática e opiniões próprias.
Enquanto evolui a narrativa (mesmo que seja através da destruição de uma relação no caso de Hood e Job), Banshee mostra retrocesso ao parecer propensa a reunir Carrie e Gordon. Não é possível compreender o medo da série de se livrar de um personagem unidimensional como Gordon, que vai adaptando suas características de acordo com o que a série precisa, soando extremamente falso. O personagem estava descontrolado quando Carrie precisava estar mais livre para a narrativa funcionar, agora que Deva está descontrolada, Gordon superou o alcoolismo e a autodestruição em questão de horas. Patético.
O arco de Proctor também soa um pouco estranho. Banshee não quis desperdiçar o enfrentamento da gangue Hood contra os militares no episódio que antecede o season finale. Por isso, uma série que se alimenta de violência, utilizou o sequestro de Proctor para causar o famoso shock value. Proctor que vinha buscando redenção através de uma reaproximação com a família, agora parece dominado pela raiva. E um Proctor raivoso é o que Hood menos precisa.
Ainda que Banshee seja um lugar horrível, existe certa cordialidade e senso de comunidade que só uma cidade pequena cultivar. É possível que a série quebre a dinâmica em que Hood precisa lidar com ameaças vindas de todos os lados. É possível, enfim, que inimigos se unam em prol de um propósito maior. Coronel Stowe é mais tóxico para a cidade que qualquer antagonista já visto, simplesmente porque não parece capaz, ou até mesmo disposto, de medir as consequências de seus atos.
Por: Série Maníacos
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