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Engenheiros japoneses inventaram rodas de bicicleta de US$7.900

Roda de bicicleta mais macia do mundo: no Japão, a engenharia é impressionante, mas o marketing, nem tanto (Takuroh Toyama for Bloomberg Businessweek)



(SÃO PAULO) – Os irmãos Nobuo e Yutaka Kondo são donos da Kondo Machine, uma loja de 30 funcionários que constrói peças especiais para motores de Rolls Royce e máquinas que produzem peças para carros da Toyota. Eles também adoram andar de bicicleta. Você pode imaginar onde isso vai chegar: as rodas Gokiso, que os Kondos fizeram com titânio e fibra de carbono fornecem o que eles dizem ser uma viagem incrivelmente macia.


Gire-as em uma velocidade de 18 mph, e as rodas levam seis minutos para parar de rodar, em comparação com cerca de 90 segundos de uma competidora de alta qualidade e resistência. Mas é um nível de qualidade que poucos podem comprar: cada par dessas rodas custa US$7.900. Em quatro anos, a Kondo vendeu 30 deles e cerca de 1.000 de modelos mais simples que custam menos de US$3.300.


No Japão, compulsão por engenharia produz belos componentes industriais e poucos sucessos entre consumidores. A Sharp produziu uma geladeira de US$1.300 que procura se distinguir fazendo cubos de gelo transparentes, em oposição a outros que são turvos. A Panasonic está vendendo uma máquina de lavar de US$1.800 que estima quanto detergente é preciso a partir de um app de smartphone (ao invés de, quem sabe, ler a embalagem). Em uma era onde smartphones vêm com apps de navegação passo a passo, a Pioneer tenta vender um GPS de US$2.500 que projeta instruções no para-brisa de seu carro. “Nós esperamos que pegue”, diz a porta-voz Hitomi Ishikuza.


O país, que inventou o celular conectado à internet, no ano passado importou 34 milhões deles e exportou apenas 240.000. Alberto Moel, um analista na Sanford C. Bernstein, disse que um grande problema do Japão é que a engenharia, e não o marketing, costuma desenvolver produtos. Para ele, “você faz essas coisas na expectativa de que seus clientes pagarão mais por elas, sem olhar pra trás e se perguntar se eles realmente fariam isso”.


Os Kondos dizem que não estavam pensando muito em vendas quando começaram a desenvolver suas rodas de bike em 2009. Nobuo, presidente do negócio familiar, acaba de derrotar seu irmão mais novo em uma corrida de resistência. Yutaka culpou a bicicleta e deixou de lado o eixo traseiro. Claramente, ele havia sido parcialmente amassado durante a corrida de quatro horas de duração. Menos de um ano depois da derrocada financeira global, o Kondo mais jovem tinha muito tempo livre, então ele passou cerca de seus meses desenvolvendo um eixo que poderia ficar completamente reto, suspendendo-o dentro de uma proteção que redistribui o peso e absorve impactos. “Nós só queríamos saber quão longe a tecnologia pode ir”, diz seu irmão.


Usando uma bicicleta-teste manipulada por rolamentos e sensores, Yutaka girou as rodas a velocidades acima de 300km/h, velocidade similar à do trem-bala japonês. Então um teste de durabilidade: 100 km/h, 10 horas por dia, por 100 dias, uma distância duas vezes a circunferência da Terra. Após tudo isso, Nobuo diz, as rodas ainda giravam como novas. A Gokiso é um terço menos resistente que a próxima roda mais macia do mercado, de acordo com os irmãos, o que significa uma aceleração de 1 mph para 2 mph mais rápida para a maioria dos corredores e segundos cruciais ganhos em corridas profissionais.


Divulgar as rodas de bicicleta mais caras do mundo é outra questão. Em 2012, os Kondos contrataram um ciclista amador campeão, Makoto Morimoto, para trabalhar em sua fábrica e usar suas rodas em corridas. Morimoto, conhecido por seu ciclismo de altura, ganhou em uma das montanhas mais altas do Japão com um tempo recorde no ano passado, mas poucos deram crédito às rodas, de acordo com Nobuo: “todos dizem ‘é claro que ele ganhou, ele é o rei das amontanhas’”.


Agora, o irmão mais velho, que agora tem 58 anos, contempla outra estratégia de amrketing: entregar a companhia a Yutaka e tornar-se ele mesmo um ciclista profissional. “Eu não preciso nem ganhar. Se eu simplesmente continuar até o fim, as pessoas dirão ‘como esse velho conseguiu ser tão rápido?”





Por: InfoMoney : Bloomberg

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