Mercado sinaliza decepção de poupadores americanos com alta de juros

EUA: poupadores que contam com que a alta das taxas eleve os retornos estão sendo bloqueados



(SÃO PAULO) – Não esperem que os poupadores se beneficiem somente porque a Reserva Federal esteja prestes a subir as taxas de juros .


Nos últimos seis anos, tem sido quase impossível para correntistas e investidores em fundos do mercado monetário acompanhar o custo de vida porque o Fed deixou as taxas quase zeradas em uma campanha sem precedente para restabelecer a economia dos EUA.


Agora, os poupadores que contam com que a alta das taxas eleve os retornos estão sendo bloqueados por regulamentações desenhadas para tornar mais seguro o sistema financeiro. As regras estão levando as empresas a colocarem mais dinheiro excedente em títulos do Tesouro que não rendem quase nada, deixando poucos destes para os fundos do mercado monetário que compram a dívida de curto prazo. O JPMorgan Chase Co. diz que a demanda terá um salto de até US$ 900 bilhões nos próximos 18 meses, cifra equivalente a cerca de 60 por cento do total pendente.


“Significa o pior cenário possível para os poupadores”, especialmente com a aceleração da inflação, disse Christopher Sullivan, que supervisiona US$ 2,4 bilhões como diretor de investimentos da United Nations Federal Credit Union, em entrevista de Nova York.


O aperto reflete mais uma consequência involuntária da atuação dos reguladores para limitar a tomada de riscos entre as empresas financeiras como consequência da crise do crédito, atuação que já esgotou a liquidez nos mercados de dívida e encorajou os investidores a acumularem fundos.


O fato também sugere que os poupadores, especialmente os 76 milhões de baby boomers que estão prestes a se aposentar, poderiam ser privados de uma renda muito necessária muito depois que o Fed começar a aumentar as taxas.


Requerimentos de capital mais altos exigidos pelo Comitê de Supervisão Bancária de Basileia, que entraram em vigor em janeiro, tornaram tão cara a posse de certos de tipos de dinheiro que alguns bancos estão acrescentando taxas para dissuadir os depositantes.


Depósitos não desejados


O JPMorgan Chase, o maior banco dos EUA, cobrará a hedge funds e outras instituições por depósitos não imediatamente requeridos para fazer negócios no intuito do credor com sede em Nova York de eliminar US$ 100 bilhões em depósitos, disse a diretora financeira do banco, Marianne Lake, em uma apresentação para investidores em 24 de fevereiro.


É provável que esse dinheiro acabe em títulos do Tesouro e possa impulsionar as taxas de parte da dívida no curto prazo para abaixo de zero, disse Tyler Tucci, estrategista de bonds do governo americano da unidade RBS do Royal Bank of Scotland Group Plc em Stamford, Connecticut.


Isto ameaça deprimir ainda mais os retornos no setor de fundos do mercado monetário, de US$ 2,6 trilhões, detentor de uma parte considerável dos títulos ultrasseguros.


Retornos decrescentes


A média de yields para os maiores fundos não ultrapassa 0,1 por cento desde 2010, segundo a empresa de pesquisa do mercado monetário Crane Data LLC. Antes de 2008, eles estavam mais perto de 5 por cento.


Regulamentações mais estritas no setor do mercado de dinheiro que entrarão em vigor a partir de 2016 também estão encorajando alguns fornecedores a converterem fundos com yields maiores em investimentos exclusivos no governo.


David Rosenberg, economista-chefe da Gluskin Sheff Associates em Toronto, Canadá, diz que a alta das taxas aliviará parte do sofrimento aguentado pelos poupadores como resultado do estímulo extraordinário do Fed nos últimos seis anos.


Os operadores estão calculando uma chance de 59 por cento de que o Banco Central comece a subir sua taxa em setembro, e os mercados de derivativos indicam que terá um pico de cerca de 2,36 por cento para dezembro de 2018. Rosenberg prediz que o Fed espere até o ano que vem e depois aumente os custos de financiamento de forma mais enérgica.


Yields negativos para a dívida de uma dezena de países desenvolvidos, entre eles a Alemanha e o Japão, também atrairão compradores de bonds para os EUA e conterão qualquer corrida para venda dos títulos do Tesouro.


“Há mais dinheiro procurando um lugar em ativos de alta qualidade para o curto prazo”, disse Andrew Hollenhorst, estrategista de renda fixa do Citigroup Inc., em entrevista de Nova York.





Por: InfoMoney : Bloomberg

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