Arrow 3×20: The Fallen

Parece que os roteiristas decidiram jogar o que havia sido escrito para a terceira temporada no Poço de Lazaro e depois pegaram de volta para gravar esse episódio.

Paciência, virtude que faz suportar com resignação as injurias, maldade, importunações ou contrariamentos daquilo que se entende como certo. Foi com essa virtude que tenho encarado a terceira temporada de Arrow e posso dizer que pude visualizar um brilho de esperança nesse episódio, que para mim, foi o melhor da temporada. Tudo que passamos até aqui se resumiu na possibilidade de perder Thea e após Oliver ter perdido tudo que lhe sustentava a única saída era decretar Rá’s Al Ghul como vencedor. Um motivo simples e coerente, justamente o que vinhamos esperando.

The Fallen mudou completamente o ritmo da série e, se não fosse pelos flashbacks, poderíamos até dizer que estávamos acompanhando outro show. O impacto nas atuações – até o Amell teve momentos de demonstração de emoções que me convenceram – foi gigantesco e palmas para John Barrowman que conseguiu nos fazer esquecer das atrocidades de Malcolm e acreditar em sua preocupação de pai. Nem preciso dizer que ter um episódio sem Quentin Lance salivando na nuca do Arqueiro já é um alivio e tanto, além disso todas cenas soaram como um divisor de águas que nos trará algo realmente novo.

Tivemos partes tão fluídas que quase nada me incomodou. Eu digo quase nada, porque a tentativa de fuga do grupo me revoltou um pouco. Por um breve momento eu acreditei que eles enfiariam os pés pelas mãos e escapariam de Nanda Parbat com Oliver. A postura do novo Al Sah Him foi a voz da razão. Senti como se o próprio personagem assumisse que o roteiro proposto para a terceira temporada não tinha mais outro caminho para seguir e se entregar para a Liga dos Assassinos – ou “liga daqueles que não se enquadram na sociedade” – é a coisa certa a se fazer para ver se temos algum desenvolvimento que valha a pena acompanhar. Pela primeira vez na temporada eu concordei com o Arqueiro.

Todo o tom de despedida das cenas tiveram lá seu charme, talvez porque todos nós ansiamos pela mudança. A principio interpretei como um pouco de exagero, mesmo que Oliver se torne o novo líder da liga ele teria recursos suficientes para visitar os amigos as vezes. Depois de ver o que seria exigido dele é que entendi todo drama. Me surpreendi com o diálogo de Felicity e Rá’s e com o conselho que o Cabeça do Demônio deu para a loira. Me surpreendi novamente ao perceber que nem as cenas Olicity me incomodaram – na verdade torci para que todo esse romance seja apenas tensão sexual e uma vez saciada, se transforme em amizade – se não fosse pelo vinho batizado, tudo teria sido na medida certa.

O ressuscitar da Thea foi feito de forma ágil e sem muita enrolação. Quando o episódio começou e percebi que teríamos toda a trama do presente dedicada para o plot central pensei que a caçula só pularia para fora do poço no fim do capitulo. Mas não, ainda havia muito o que ser desenvolvido e o salto de retorno a vida foi dado. A questão de que o retorno pode mudar a alma de uma pessoa pode ser interessante, desde que abandonem as referências do universo do morcego e sigam dentro de sua própria mitologia. A Speed ainda terá muito o que representar no show e a luta contra seus demônios internos pode render ótimas tramas. Gostaria que ela assumisse o manto de vigilante da cidade enquanto o irmão passa por sua estadia em Nanda Parbat. Seria interessante se Thea ganhasse mais destaque e interagisse com Laurel por um tempo.

Já Ray Palmer deu a cartada final em seu relacionamento da forma mais gente boa possível. Dizer o que desse cara? Na boa, é a pessoa mais legal do mundo. Oi Ray, poderia me emprestar seu jato para que eu tenha uma noite de sexo quente em um lugar extremamente exótico com meu amor platônico? Claro querida, pode ir sem problemas. Seja ele vitima do sentimento de Felicity ou não, eu nunca gosto de assistir o cara legal se dando mal no fim dos relacionamentos. A palavra “tadinho” é ruim e quando se aplica a pessoa ferida na relação o leva para um nível que beira a humilhação, por isso que muitos classificam a Srta Smoak como dissimulada. Há pessoas que compram a causa do Atom e o fato de sua namorada não ter sido sincera com ele é um grande problema. Gostaria de ter o controle emocional desse cara. Liberar o jato pessoal para que a ex-namorada dessa uma volta como interesse romântico é para poucos. Alias, não entendi o porquê da Felicity não contar a verdade sobre a Thea pra ele. Ou falar que Oliver estava indo se entregar para liga. O que?!! O meu concorrente está indo se isolar no meio se um monte de psicopatas?? Espera aí que eu mesmo vou pilotar essa bagaça. De qualquer forma, o fim de Raylicity foi decretado e com critérios de crueldade pelo lado da loira.

As mudanças que estão por vir não envolvem simplesmente a interação de Oliver no interior da Liga. O principal a ser trabalhado é a postura que Rá’s Al Ghul espera que ele assuma. De fato o, então líder dos assassinos, deseja suprimir a personalidade de Oliver para que ele venha a ser o Cabeça do Demônio. Aqui eu enxergo uma pequena incoerência. Como acabar com a personalidade de alguém que sobreviveu à espada de Rá’s na base da força de vontade? Ou essa profecia é meio furada, ou o Cabeça está interpretando algo errado. Se Oliver assumisse a Liga do Assassinos imediatamente, ele estaria livre para mudar as leis internas e agir da forma que achasse certo. A revolução que isso causaria seria apocalíptica para o cenário do show. O protagonista a frente de um exercito para acabar com todas as ameaças possíveis. Porém, contrariando a proposta inicial, Al Ghul deseja moldar o próximo líder a suas medidas. É claro que ele encontrará problemas e é claro que os valores adquiridos durante o tempo que o personagem passou como vigilante falarão mais alto na hora da escolha. O show pode ter demorado vinte episódios para tratar a questão de identidade, mas encontrou o desafio a altura.

Acompanharemos, a partir de agora, a criação de Al Sah Him, o arqueiro que renascerá como o próximo Rá’s Al Ghul. Não acredito que o team Arrow tente algo para atrapalhar o caminho que Oliver escolheu, talvez Thea possa procurar visitar o irmão, já que o esconderijo secreto da Liga já não é tão secreto assim. A série deu um passo importante e com ele pode encontrar os trilhos novamente. Por mais previsível que possa ser o desfecho desse plot (com Oliver se revoltando contra o Cabeça do Demônio e retornando para Starling) acho que a curiosidade de como isso acontecerá ainda é válida. Ficou claro que não adianta fugir, então o que resta é encarar o que vem por aí e torcer para que o show continue seguindo essa linha, caindo – no poço – para então renascer.

ps1: Os flashbacks tiveram a intenção de reforçar as escolhas de Maseo, que finalmente revelou o óbvio. Akio morreu em seus braços.

ps2: Quero mais Tatsu. Por favor roteiristas se lembrem da Katana até o fim da temporada.

ps3: A identidade da sacerdotisa que dirigiu o ritual de ressurreição continua um mistério. Muitos apostaram que ela seria Talia Al Ghul, porém não tivemos nenhuma confirmação sobre isso.

ps4: A representação da ponta da fecha que aparece na abertura dos episódios é na verdade o símbolo que Oliver foi marcado a ferro quente.

ps5: Não encontrei o significado do nome Al Sah Him, por favor se alguém encontrou alguma referência deixe nos comentários.


Por: Série Maníacos

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