(SÃO PAULO) – Garrett Camp fez uma fortuna ajudando as pessoas a navegar no universo eletrônico, então ele fez uma fortuna muito maior ajudando-as a navegar pelo universo físico. O canadense co-fundou o StumbleUpon, hub de links online, em 2002, o vendeu ao eBay em 2007 e o comprou de volta por um preço 40% menor em 2009.
Nesse mesmo ano, ele pensou que muitos taxistas procurando por passageiros tinham smartphones em seus bolsos, e poderiam ser fisgados por um app que usasse dados de GPS. Essa ideia virou o Uber, e Camp agora vale estimados US$5,3 bilhões. Como presidente do Uber, ele não tem um papel operacional na companhia, então teve tempo o suficiente no ano passado para fundar a incubadora de indústria da tecnologia Expa, espalhada no último andar de um prédio de escritórios em San Francisco.
Agora, Camp está pronto para apresentar sua mais nova grande ideia: a Operator, uma companhia que procura sintetizar a navegação entre os universos digital e físico. O app usa uma combinação entre algoritmos e assistentes humanos para conectar consumidores com varejistas que podem ajuda-los a comprar. Por exemplo, se uma pessoa quer substituir um par de sapatos, ela pode tirar uma foto do par antigo e fazer upload no aplicativo. O app então envia o pedido a lojas relevantes que também usam o software. Lá, um vendedor pode responder com informações, preços ou fotos de propaganda. O consumidor pode comprar seus sapatos através do app e negociar a entrega, segundo Camp. “Nossa meta é ajudar pessoas a encontrar o produto certo na loja certa com interatividade. É como a Siri, mas com uma pessoa do outro lado”.
O Operator permite que consumidores enviem pedidos por itens e troquem mensagens com as lojas participantes. Eles podem pesquisar produtos em uma página que se parece com um site convencional de comércio eletrônico. Para ajudar as lojas a compreender os gostos das pessoas, perfis de usuários mostrarão as preferências dos clientes e compras anteriores. E, como no Uber, todos podem dar notas a suas experiências. Um botão “comprar agora” permite que consumidores completem as operações diretamente no app. Até agora, o Operator não cobra taxas. Camp não disse como planeja monetizar o serviço.
O Operator traz Camp ao universo já lotado do comércio eletrônico, um campo dominado por gigantes como a Amazon, eBay e o WalMart. Os desafios são imensos: para ganhar tração, o app deve conseguir clientes e lojas o suficiente em uma gama enorme de categorias de produtos competidores, de móveis a sapatos. Porque a companhia também está contratando seus próprios operadores para atender a alguns pedidos de clientes, ela terá despesas muito maiores do que uma startup comum no negócio de varejo.
Camp diz que a experiência e gosto humanos o darão uma vantagem que os algoritmos não possuem ao lidar com roupas e decoração, que são dificilmente categorizáveis online. Ele também aposta que trabalhadores de varejistas possuirão tempo para preencher os pedidos do app. O Operator não está pronto para nomear parceiros, entretanto, e as lojas podem não ficar tão entusiasmadas.
Camp concebeu o Operator em 2013 com o co-fundador Robin Chan durante uma viagem de pesquisa à Ásia. Camp e Chan, antigo executivo da Zynga e investidor da Xiaomi, viu que muitos chineses realizavam compras usando apps de mensagens de texto.
Eles também falavam sobre a falta de pessoas para atender telefones na era do smartphone. “Nós nos perguntamos: por que você não pode apertar um botão e conversar com um atendente humano que pode te ajudar?” diz Chan, agora diretor executivo do Operator.
Um dos maiores desafios pode ser garantir que os consumidores recebam suas encomendas. Até agora, Camp e Chan planejam confiar em lojas individuais para trabalhar isso com os consumidores. Uma possibilidade óbvia é usar motoristas do Uber para isso. “Há muitas opções e cenários onde as companhias podem cooperar”, diz Chan, que diz que o Operator é uma ideia de US$100 bilhões. Camp faz menos estardalhaço: “nunca posso prever essas coisas. Não pude prever o sucesso do Uber”, ele diz. “Vamos colocar assim: se parece mais com o Uber do que com um site tradicional de redes sociais”.
Traduzido por Paula Zogbi
Por: InfoMoney : Tecnologia
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