Daredevil 1×07 Stick


Todo herói precisa de um mestre.


Mas nem todos estão preparados para um como Stick. Apesar de ter dado uma pausa nos flashbacks da infância de Matt até então, em Stick nós temos uma boa noção de como ele se tornou o exímio lutador que é hoje. Melhor ainda quando a série traz a vida um personagem tão carismático e desafiador, interpretado brilhantemente pelo ator Scott Glenn. Carregado por um lado mais místico, que difere um pouco do clima criado pela série, mas não da aura dos quadrinhos, o sétimo episódio serve para nos preparar, de alguma forma, para os eventos que deverão se desdobrar apenas na segunda temporada, ou na minissérie dos Defensores.


Stick é um dos personagens mais interessantes do cânone do Demolidor. O criador de heróis é um homem pouco paciente, com a boca bem suja e disposto a qualquer coisa para gerar um lutador perfeito para sua guerra. Elektra já esteve em seus braços, mas a instabilidade da mulher acabou fazendo com que as coisas não dessem certo. Matt é o extremo oposto da assassina, ele sente demais e tem um coração muito bom para desempenhar a função de máquina de morte. Logo, o mentor volta para tentar descobrir se seu pupilo realmente mudou, ou se tudo não passa de espelhos e fumaça para esconder o mesmo garotinho de vinte anos atrás. Mesmo garotinho que apesar de mais maduro e com uma missão, permanece de certa forma inocente, pelo menos aos olhos de Sitck.


É válido ver que Matt é exatamente quem ele cresceu para ser. Não foram seus mentores que o mudaram, que tiraram dele uma parte tão forte e enraizada. Trazer Stick para o presente e contrabalancear com as cenas do passado dos dois é o que torna este sétimo episódio tão bem conectado com a psique de Matt Murdock. Você sente a tensão entre ambos, mas você também sente uma conexão muito grande e compreende como Matt pode se afeiçoar por um homem tão frio, apesar de bem cômico. A cena final, com a pulseira de papel de sorvete então, foi de partir o coração, mas ao mesmo tempo, você sabe que o nosso vigilante é alguém com honra demais para matar uma criança, por mais ameaçadora que ela possa se parecer, ou se tornar no futuro.


Porém, ao dividirmos a atenção com os outros personagens, eu não fiquei muito contente. O grande problema de Foggy, Ben e Karen é a falta de apelo que a investigação dos três exerce. Como telespectador eu já sei exatamente quem é Wilson Fisk, tudo o que ele é capaz, suas armações e maquinações e ficar correndo com a equipe de detetives amadores é um pouco tedioso. Principalmente porque eles ainda estão na fase inicial de suas constatações. Parece um pouco de injustiça com os personagens, mas até agora o caminho trilhado é pouco interessante. Quem sabe mais para frente, com alguns twists, tudo não se torne mais agradável ao paladar? Por enquanto, eu já estou meio cansado de ouvir Union Allied e o Matt também, é só ver a forma com que ele se comporta quando os amigos apresentam informações “relevantes”, da mesma maneira que nós, com um interesse que só se sustenta pela amizade.


E lembram do que eu comentei anteriormente, sobre a possibilidade de um triângulo amoroso entre Matt, Karen e Foggy? Foi necessário que Elena fizesse apenas uma pergunta para que todos os meus medos se confirmassem: “E o advogado bonitão?”. “Ah, o Matt?”. Depois do lance do me veja como se você fosse cego e o momento de beleza dirigida ao pretendente errado, eu só quero uma coisa, que se existir a obrigatoriedade (baseando-se nos quadrinhos) de que os três tenham que desenvolver um drama amoroso, que ele realmente tenha algum impacto real em todos os personagens e não sirva apenas para dedicar tempo em tela para os coadjuvantes. Já que a investigação conduzida por eles serve apenas para não nos esquecermos de que na série do Demolidor, existem outras pessoas. Em alguns casos até o padre tem mais utilidade para a trama do que os superamigos.


Matt é puro e apesar de estar trabalhando com muita força para salvar a Cozinha do Inferno, o Diabo tem um coração bom demais para cumprir aquilo que é necessário. Mas quem disse que as coisas devem ser fáceis para o herói? Elas não podem, não quando tudo está na balança. E é por isso que Stick não sabe se seu pupilo conseguirá sobreviver a guerra. Mesmo com todas as suas habilidades, o mestre não consegue enxergar o poder do coração de um homem sem medo.


Porém, apesar de ter gostado muito da introdução do Stick, eu achei que alguns elementos do episódio não foram tão competentes quanto os redatores quiseram mostrar. O surgimento do Black Sky, sem respostas, ou explicações, soa como uma forma de impor perigo onde já existe perigo demais. A única ideia existente é de uma possível arma mística, mas como não sabemos de nada, eu permanecerei com a minha opinião de que o céu realmente fechou e ficou escuro, mas pela falta de conexão do garoto e Nobu com tudo o que está atualmente acontecendo em Hell’s Kitchen. Pelo menos, com a construção da personalidade do Stick, nós sabemos que não dá para Matt contar com ele na luta contra o Rei do Crime.


Easter eggs e outras informações


- A primeira aparição do Stick foi em Daredevil #176 (1981), ele é uma criação do Frank Miller.


- Stick também foi o responsável por treinar Elektra.


- Agora vem um crossover interessante entre Agents of S.H.I.E.L.D. e Demolidor. O orfanato que Matt foi enviado é o mesmo que Skye foi deixada quando era pequena, St. Agnes.


- Eu não tenho ideia do que possa ser o ‘Black Sky’, um inumano, talvez? Porém, imagino que seja algo conectado ao Tentáculo, organização japonesa que já deu muito trabalho para o Demolidor, e já até contou com os serviços de Elektra Natchios. Imagino que esse tenha sido o prelúdio do plot central da minissérie Defensores, que juntará Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro.


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- No contêiner é possível ler (em japonês) ‘Asano Robotics’. Yoshida Asano é um vilão do Homem de Ferro, conhecido como Samurai Steel.


- Olhem que interessante a disposição das cartas do Ben Urich. Demolidor é o Valete de Copas, personagem que possui uma história amorosa conturbada, gosta de vermelho e o pai se chama Jack. Já o Fisk é o Rei de Ouro, já que nos quadrinhos ele tinha uma afeição por um pingente de diamante (o nipe em inglês é Diamond, não ouro) para gravata.


- O homem com quem Stick conversava é o Pedra/Stone, ele faz parte do clã de artes marciais liderado pelo próprio Stick, conhecido como The Chaste. The Chaste apareceu no filme da Elektra.





Por: Série Maníacos

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