[Flashback] Six Feet Under 1×08: Crossroads

CHLOE ANNE BRYANT YORKIN (1959-2001)

Na falta de corpos, o dia-a-dia da Fisher & Sons é como o de qualquer casa.

Pela primeira vez a morte não tem impacto direto na trama Fisher e o roteiro cuida disso com a maestria naturalmente elaborada que é marcante na série. Administrar uma casa funerária é o tipo de trabalho que a maioria das pessoas acham macabro, porém a visão dos envolvidos é mais apurada do que dos comuns. Inclusive eles discordam sobre a natureza dos serviços providos por eles, isso acentua muito de acordo com cada personalidade. E essa é a diversão em acompanhar os Fisher.

Wanting to feel connected with someone doesn’t mean you’re possessive or an asshole”

- Ruth

Em uma das mortes mais banais é que a preocupação de Nathaniel Sr. se reafirma, sair pelo teto solar de uma limusine em um estado embriagado nunca é boa ideia e foi assim que Chloe Anne se sentiu a rainha do mundo pela última vez. O último suspiro de Chloe não foi o detalhe principal deste oitavo episódio, mas sim uma circunstância que moveu a storyline até a grande mudança na dinâmica da Fisher & Sons. Rico teve um destaque enorme pela primeira vez e ao invés de seu plot girar em torno da F&S, acontece o contrário e a funerária começa a depender do destino que Rico escolher para si.

O assédio do Gilardi ao contatar o Rico para serviços na Kroehner constrói uma trama interessante e concisa que pode ser o game changing a favor da vingança da grande corporação. A oferta é alta para uma demanda não muito ampla e a vida pessoal do Rico influenciou bastante o interesse dele em aceitar esse freelancer. A ameaça do Gilardi não poderia ficar no ar, o ataque começou de forma sutil e aos poucos os riscos para o negócio dos Fisher são maiores, tirar o Rico da jogada é muito mais prejudicial do que alguns comerciantes não fazerem negócios com eles; a exclusividade que o talento do Federico proporciona não é páreo a uma linha de produção impessoal. Competir com um serviço mais barato é quase impossível, as dificuldades e os “embargos” que a funerária sofreu facilmente fariam outros donos desistirem e a persistência de David e Nate é extraordinária.

Eis que com o tempo disponível, os personagens puderam ter um foco diferente sem o peso do negócio familiar envolvido. Entretanto nem todos na família pensam dessa maneira. Como David é sempre uptight, sua constante preocupação com tudo é inexplicável para os seus irmãos, a falta de negócios não é um alívio e sim mais um motivo para não relaxar nem por um instante. Mesmo nos momentos em que ele deveria se divertir David nunca consegue se sentir completamente a vontade, seu encontro com o professor de dança foi espontâneo, mas não se equiparou em como ele se sente com Keith.

Já Nate prefere o equilíbrio a ordem sistemática que David vive, o exame de diretor funerário não lhe aflige e ele deixa seu little brother preocupar-se o bastante pelos dois. A conexão entre David e Nate é quase nula, todas as interações pessoais dependem do irmão mais velho e as diferenças entre eles são um dos fatores principais para a intimidade parecer tão longe. É com Brenda que Nate se destaca, só que também não é sem esforço maior da parte dele. Seguindo essa linha de pensamento o comportamento extrovertido dele conflita com o ciúmes que ele sentiu pelo Connor e por Billy, a territorialidade do Nate é a transparência de sua insegurança e dúvidas quanto a reciprocidade da Brenda.

As responsabilidades da Brenda com o Billy são curiosas e incomuns. O relacionamento entre os dois é um dos mais interessantes até o momento, a anormalidade pelos irmãos serem tão íntimos levanta questões absurdas na imaginação de qualquer um; o incesto é a dedução mais frequente quando Billy aparece misteriosamente.  Nate não é diferente, exatamente por ele não ter uma relação mais íntima com a Claire e o David a relação de Brenda e Billy o assusta. Até certo ponto é compreensível entender os motivos de Brenda para afastá-lo, no entanto o Billy é, também, estranhamente obcecado pela irmã e isso é tão fora do comum que causa problemas para terceiros entenderem.

Claire passou por diversos problemas típico de adolescentes, mas a sua ligação com uma funerária consegue transformar essas situações em algo mais humilhante ou complicado. Na Crossroads ela não se sentiu como a grande freak, apesar da tentativa inicial de Parker, o deboche com o Topher e sua aventura com direito a flagra da Parker em um momento constrangedor balancearam o divertimento pra ela. A verdade é que ela não tinha altas expectativas quanto ao passeio, seu medo de se decepcionar e sua reação amortecida ajudam nesta questão, então tamanha foi a surpresa por ela conseguir divertir-se sem importar-se com mais ninguém.

Como matriarca da família, Ruth é subestimada as vezes. A personagem começa discretamente a sobressair justamente quando passa a trabalhar com Nikolai, o novo ambiente alegre trouxe uma nova sensação e perspectiva da Mrs. Fisher quanto a vida e depois da morte do Nathaniel Sr. era o que ela mais precisava. O dilema dela em relação a Hiram e Nikolai foi muito divertido, a impressão é que ela gosta da companhia dos dois, mas nem por isso está interessada por tudo o que eles dizem. Por um lado Hiram é educado e um cavalheiro, pelo outro ela gosta da ousadia que Nikolai representa e as diferenças entre os dois são pontos que ela realmente aprecia.

Well, so much for loyalty”

- Nate

Depois das notícias envolvendo Rico e a Kroehner, a Fisher & Sons espera a maior turbulência desde que o Mr. Fisher a administrava, mas a parceria entre David e Nate pode fazer toda a diferença para o sucesso contínuo da empresa. Com os riscos mais altos, a união e a ajuda de todos os Fisher serão de extrema importância para enfrentar Gilardi sem muitas perdas, mas a confiança no que o Nate quer que a F&S represente é um dos fatores que mais contribuem para a missão de Matt Gilardi falhar. O impessoal as vezes não consegue superar o bom e velho serviço personalizado e é com isso que Nate e David vão realmente contar. Novas estratégias, mas com a qualidade de sempre.

RIP 1: o David feliz pelo ônibus ter capotado é tão cômico quanto bizarro.

RIP 2: Nate cada vez mais se acostuma com sua nova vida, é interessante como ele temia se envolver em um negócio que ele faz tão bem.


Por: Série Maníacos

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