É hora de apostar, e as melhores apostas não têm garantia de retorno.
Agora sim o seriado se encontra em movimento constante. Todos os enredos tiveram progressões importantíssimas e sem esquecer do desenvolvimento dos personagens que estão ganhando mais tempo de tela nessa temporada. Foi a primeira vez que Meereen não apareceu e talvez isso tenha colaborado para a apresentação mais orgânica dos conflitos nas outras localidades dos Sete Reinos. Com certeza, foi o melhor episódio deste ano e cria uma expectativa de que muita coisa boa ainda está por vir. Sendo assim, vamos falar de tudo que aconteceu neste “High Sparrow”:
Porto Real
Foi ao som da primeira cerimônia de casamento que acabou bem desde que Khal Drogo e Khaleesi cavalgaram juntos, que percebemos o cada vez mais palpável medo de Cersei à medida que todo o povo clama pela amada rainha Margaery. O jogo de gato e rato entre as duas agora tem início, já que a posição de influência da garota do Jardim de Cima está consolidada e Cersei se vê a cada dia com menos aliados. Ela já pôde até perceber que seu próprio filho está se tornando marionete da esposa. Mas essa recém adquirida fragilidade da rainha-mãe cria uma nova dimensão do personagem e acaba tornando-a mais relacionável. Juro que, pela primeira na vida, senti pena de Cersei ao vê-la sendo vítima dos risinhos debochados de Margaery e suas acompanhantes. E, ao mesmo tempo, fico feliz em poder ver um lado diferente de sua personalidade, alguém que se encontra longe de sua zona de conforto e acaba mostrando traços que nunca antes transpareceram. Ela está acuada e a crise religiosa que se forma na capital parece criar uma oportunidade perfeita pra sua virada.
Os pardais, um tipo de facção mais radical da religião dos Sete (qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência), começou a surgir na cidade, portando a liderança de um carismático e bondoso líder, o Alto Pardal. Apesar do clamor dos poderosos para que esse grupo seja punido, a leoa mãe prefere recrutar mais essa causa para as suas graças e, assim, poder usá-los em seus interesses pessoais. A adição ao elenco de Jonathan Pryce foi mais um acerto do seriado, ele consegue transmitir a simplicidade da sua lógica religiosa, ao mesmo tempo que usa as suas habilidades com o discurso para cativar mais e mais seguidores. Um novo peão com poder de fogo acaba de surgir na guerra dos tronos e Cersei pretende usá-lo como sua mais nova arma. Algo me diz que a mira deve estar pintada na testa da nova rainha, mas isso é só um palpite…
Winterfell
Enfim, tivemos a resposta de em que direção seguiria o enredo de Sansa nesta temporada. A pupila de Mindinho foi prometida a Ramsay Bolton para que a família do homem esfolado possa legitimizar seu poder no Norte e ela, secretamente, possa tramar sua vingança de bem perto. Petyr está tentando a todo custo ensinar o que é necessário para sobreviver neste mundo de artimanhas e criar sangue de barata parece ser uma habilidade imprescindível aqui. As suas palavras não podiam ser mais sábias e verdadeiras. É hora de parar de chorar e deixar de ser uma expectadora de todas as tragédias que ocorrem, esse é o momento para tomar uma posição ativa no conflito e enfim conseguir a vingança que a família dos lobos gigantes merece. Amadureça Sansa e mate Ramsay Bolton lentamente, por favor.
Apesar de não gostar nenhum um pouco dos Bolton, é impossível não admirar a visão de estratégia e a mente afiada que Roose Bolton possui. A lição que ele dá no seu filho bastardo, calmamente, enquanto ele se vangloriava de atrocidades cometidas contra os nobres do norte foi de gelar a espinha. Tywin Lannister deixou um substituto que parece estar a sua altura. Mindinho comprovou que as apostas ao lidar com Lorde Bolton serão altas e um embate entre os dois parece inevitável agora. Ou não.
E não podemos esquecer daquele que pode ser o grande coringa nesta trama. Fedor, anteriormente conhecido como Theon, está presente nas sombras daquele lugar que já foi sua casa. Até senti um pouco de pena quando ele viu os corpos pendurados no pátio e lembrou das crianças que matou e queimou pra armar a morte do Bran lá na segunda temporada, mas aí lembrei de tudo o que ele fez contra os Stark, me recompus e voltei a desprezá-lo. Entretanto, essa pode ser a grande chance de Fedor se redimir do mal que fez à família que o criou, provavelmente salvando sua irmã de criação do destino cruel que a aguarda.
Outro elemento que acrescenta no caldeirão prestes a borbulhar do Norte é Brienne e Podrick. Apesar de estarem seguindo Sansa e Mindinho para protegê-la do que poderia acontecer, ela pode acabar se tornando uma pedra no pé de Stannis num futuro conflito. Através de uma tocante história sobre a gentileza de Renly Baratheon, percebemos que o ódio pelo irmão mais velho de seu finado amor ainda é bem presente. Sim, Winterfell está cheia de variáveis e será lá que esse grande conflito pelo Norte prometer se resolver.
Muralha
Quem espera chegar em tempo para o casamento em Winterfell é Stannis acompanhado de seu numeroso exército. Espero que haja lugares o bastante na festa. O verdadeiro e único rei de Westeros teve sua proposta de legitimização negada por Jon, o que torna o confronto direto com os Bolton a única opção viável para tomar o controle do Norte. E depois do discurso de Davos, que serviu mais uma vez para humanizar o último dos Baratheon, é perceptível o respeito que Jon vai criando pelo Rei. Respeito esse que se tornou ainda mais recíproco depois da execução de Janos Slynt por sua insubordinação. Encarnando Ned Stark e cuidando ele mesmo da decapitação, Jon pôde ver ao longe o olhar de aprovação de Stannis e essa aliança entre os dois líderes se torna cada vez mais forte. Jon agiu como um verdadeiro Lorde Comandante e, ao perceber a fraqueza e o medo de seu soldado, preferiu seguir com a execução. A Muralha, afinal, não é um lugar para covardia, já que é o escudo que protege o reino dos homens.
Braavos
Depois de ter levado um episódio inteiro para passar por uma porta, Arya pôde ter seu enredo mais desenvolvido desta vez. A jovem Stark se vê num templo cercado pelas imagens de inúmeros deuses, como o coração em chamas do deus vermelho de Melisandre ou o deus afogado que é adorado pelos homens das Ilhas de Ferro, um local que demonstra que a soma de todas essas crenças ao redor do mundo formam o deus de muitas faces sobre o qual Jaqen costuma falar. Um templo onde as pessoas vão para deixar sua vida pra trás e seguir um dos caminhos contidos nas frases tão repetidas pelos braavosianos: ou se entregam para a morte, como o homem do início do episódio, ou se entregam para a servidão, caminho esse que será seguido por Arya.
E foi nesse primeiro passo para se tornar um “ninguém” que existe meramente para servir o deus de muitas faces que houve uma cena incrivelmente tocante. Deu um aperto no coração quando Arya ficou prestes a se desfazer da sua espada Agulha, a última conexão com sua família e presente de seu irmão Jon. Se livrar da espada seria abrir mão de todas essas lembranças de forma definitiva e, no fim, ela não foi capaz de fazê-lo. Não sei até que ponto isso pode atrapalhá-la no seu treinamento, mas imagino que o seu mestre não ficará feliz com isso. Tornar-se um “ninguém” pode ser bem mais difícil do que se poderia esperar e sinto que Arya ainda vai ser forçada a deixar bem mais para trás.
Volantis
Varys e Tyrion chegam em Volantis, uma cidade também construída no sistema escravagista que fica no meio da jornada até Meereen, e no breve passeio que ambos fazem pelas ruas do lugar podemos ver o quanto os atos de Daenerys têm inspirado o continente de Essos. Seja no discurso inflamado da sacerdotisa vermelha frente aos escravos do lugar, seja na hilária aparição da puta-khaleesi, o impacto das ações da Mãe dos Dragões são visíveis na vida e nas palavras dos habitantes das cidades vizinhas. E ainda imagino quanto tempo levará até que os mestres destas mesmas cidades decidam se juntar e fazer algo contra a quebradora de correntes. A fama pode sempre trazer novos inimigos.
Mas voltando ao anão, já que khaleesi sequer apareceu no episódio, fica visível que a morte e traição de Shae ainda estão muito presente na sua consciência e nem um bordel pôde agradar o nosso outrora tão boêmio Lannister favorito. Esse momento gerou um descuido que possibilitou a sua captura por um caçador de recompensas, revelado como sendo o exilado Sor Jorah! Agora que masoquismo o dele, que estava sofrendo por amor ao encher a cara no bordel por onde a puta-khaleesi procurava sua clientela. Vamos parar de querer sofrer, Sor Jorah. A cabeça do anão é seu passaporte para um novo propósito. Rumo à rainha!
Ao fim desta terceira hora, a ideia do esqueleto dessa temporada é bem visível. São novos tempos em Westeros, novos poderes estão surgindo para ocupar o vácuo deixado por aqueles que já foram poderosos e outros que apareceram como coadjuvantes um dia mostram que podem enfim tomar o palco só para eles. Com três grandes conflitos se desenhando no horizonte, já podemos tomar nossos lugares como meros expectadores dessas tragédias que estão por vir. Infelizmente, nosso papel nessa história não é tão pró-ativo e tudo que resta é torcer ou lamentar.
Em Tempo de Alfinetada: “Gostaria de ter vinho pra lhe oferecer, mas é um pouco cedo demais para a gente” – Margaery debochando dos hábitos nada saudáveis de sua rancorosa sogra.
Em Tempo de Fofura: Pod sempre fiel ao seu Lorde Tyrion <3
Em Tempo de Fetiche: Adorei a teatralidade das funcionárias do bordel do Mindinho para se ofertarem ao Alto Septão. Nada como um serviço de primeira para um cliente fiel.
Em Tempo de Olhar Torto: A namoradinha do bastardo de Bolton olhando com raiva pra Sansa. Cuidado!
Em Tempo de Escamagris: Pelo segundo episódio consecutivo temos menção à doença que transforma sua vítimas em monstros de pedras e que deixou as cicatrizes na jovem Shireen Baratheon. Me pergunto se isso significa que haverá um propósito maior pra ela nesta temporada.
Em Tempo de Espasmos: E o corpo do Montanha ainda se mexe. Será que Cersei ganhará um morto-vivo gigante de estimação?
Em Tempo de Frase do Episódio: “Dá ainda mais sorte chupar o pau de um anão.” – Tyrion dando a dica de boa fortuna como um bom samaritano.
Por: Série Maníacos
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