O trato na bola, o domínio ou o toque preciso para colocar um companheiro em condições de marcar. Este é o futebol que Natan vislumbra quando veste a camisa do Criciúma. Porém, ele não pensa em jogar bonito, porque prefere o que chama de “presença”.
- Para não chamar de bonito, chama de presença. Não assusta ninguém assim – argumenta o baiano de 24 anos.
Natan quer mostrar "presença" com a camisa do Criciúma na temporada (Foto: João Lucas Cardoso)
O trocar a palavra “bonito” por “presença” é apenas uma marca que traz do Nordeste e que molda a alegria que carrega consigo. Natan Carneiro de Lima nasceu no futebol com a camisa do Santa Cruz. Da base foi ao profissional com a veste coral, mas chegou a hora de mudar, de marcar presença em outro lugar.
- Eu tinha uma acomodação, uma história no clube, a torcida me conhecia, gostava de mim. Eu queria algo novo para poder crescer. Ninguém chega ao nível de saber tanto que não precise aprender mais. Vim para o Criciúma também para buscar essa evolução como pessoa e atleta.
Natan falou ao GloboEsporte.com sobre presença, mudança e mais que envolveu sua viagem de quase 2,8 mil quilômetros pelo que tem como recomeço no futebol. Veja a seguir a entrevista:
GloboEsporte.com: Na sua apresentação, você falou sobre presença. O que é presença, afinal?
Natan: Um homem chamar outro de bonito, é feio. Para não chamar de bonito, chama de presença. Não assusta ninguém assim.
E em campo, você é presença?
Procuro ter, não me esconder do jogo, dar opção aos companheiros. Tento arriscar, sem medo de errar. Acho que ajuda.
Em campo acho que não precisa ser bonito, nem penso em beleza, não.
Natan
E a “presença” do seu futebol?
Em termos de beleza, minha mulher diz que tenho, mas quando recebo uma falta e caio, diz que pareço estar morrendo ou tendo uma crise, uma convulsão ou algo tipo (risos). “Até assusta pela forma que você cai, pela cara que faz”, ela me diz. Em campo acho que não precisa ser bonito, nem penso em beleza, não.
Você tem umas tiradas divertidas, é espirituoso. De onde vem isso, é coisa de nordestino mesmo?
O nordestino tem esse perfil, principalmente o cearense. Mas sou baiano, procuro ser divertido. Acho que a alegria faz bem, mesmo nos períodos de lesão, procurei manter a alegria, porque acho que se eu me entristecer ficaria mais fraco. Procuro me alegrar e me divertir. Isso é bom.
Por falar em lesões, você teve algumas quando jogava no Santa Cruz.
Infelizmente no começo da minha carreira sofri muito com lesão, me atrapalhou muito no meu começo. Quando iniciava uma sequência de jogos no Santa Cruz, com possibilidade de sair do clube numa situação melhor, acontecia uma lesão grave e voltava pro “zero”. Sem contar que depois que se volta de uma lesão séria, você tem que ganhar novamente a confiança, porque tem aquele receio de voltar a machucar. É algo que com o passar do tempo tem sido minimizado o que pode causar lesões. Venho me cuidando mais, me disciplinando mais inclusive fora do clube, como na alimentação e descanso. Acho que tenho crescido, faz tempo que não tenho uma lesão grave. A última foi na Série B do ano passado, um estiramento muscular de grau 1, que em uma semana ou 15 dias você volta. Espero aqui ter uma sequência e será um ano diferente para mim, ajudando o Criciúma a conquistar seus objetivos.
Meia tem no Criciúma um desafio necessário na carreira (Foto: Fernando Ribeiro/Criciúma EC)
Em campo você faz a linha do discreto e eficiente?
Muita gente me elogiou nos primeiros jogos, mas fiquei insatisfeito com a participação, no geral, no começo. Fiquei feliz por ter participado de lances importantes, mas acho que participei pouco, produzi pouco.
Quando apresentado falava-se que você seria um substituto imediato ao Cleber Santana, porém vocês jogam. Como tem sido?
Todo mundo sabe da qualidade que o Cleber Santana tem e por isso vai ser muito marcado. Mas ele não deixa de aparecer por causa disso, e quando eu estou em campo tenho que ajudar ele na armação. Fiquei feliz de trabalhar com o Cleber, meu empresário o conhecia e falou que eu iria gostar de jogar com ele, porque é um cara humilde e parceiro. Pude comprovar isso até dentro de campo, a maneira como orienta. Apesar de ser experiente e diferenciado, ele não cobra humilhando, mas falando numa boa. Isso ajuda a preservar a amizade. É bom receber a orientação dele dentro de campo e até mesmo na prática de estar ali, de me movimentar e receber a bola dele, que vem redondinha. Ele é um craque.
Para você, pelo longo período no Santa Cruz, o Criciúma tem o sabor de recomeço?
É verdade. É algo novo para mim, que vinha muito adaptado ao Nordeste e as competições de lá, embora tenha disputado a Série B do ano passado, e pude experimentar algo diferente. Foi uma iniciativa minha sair do Santa Cruz, porque queria experimentar um novo desafio, ser cobrado por uma evolução, por exemplo.
Quero ajudar o Criciúma a ganhar títulos, experimentar algo que tive no Santa Cruz, mas pelo Criciúma. Saber como é isso tudo, só que em outro lugar
sobre a mudança de ares
Imagino que seja algo que queria até pela questão particular, mudar de cidade, de região, deixar a acomodação de lado. É por aí?
Acho que era isso mesmo. Eu tinha uma acomodação, uma história no clube, a torcida me conhecia, gostava de mim. Poderia gerar isso. Eu queria algo novo, para poder crescer. Ninguém chega ao nível de saber tanto que não precise aprender mais. Vim para o Criciúma também para buscar essa evolução como pessoa e atleta.
Tem saudades do Santa?
Fica a gratidão eterna, pelo clube ter aberto as portas para mim, por ter me projetado no cenário nacional. Foi o clube em que ganhei meus primeiros títulos, em que pude experimentar conquistas como profissional, fora três estaduais, a Série C do Campeonato Brasileiro, dois acessos. Eu pude provar isso, foi gostoso experimentar isso com uma torcida tão apaixonada como é a do Santa Cruz. E a do Criciúma também é assim, incentiva, apoia e está sempre ali presente. Tenho essa gratidão, sempre vou ter. Agora estou vestindo a camisa do Criciúma e espero conquistar a torcida e a todos.
É isso que esperas encontrar no Criciúma?
Acho que é cedo. Quero ajudar o Criciúma a ganhar títulos, experimentar algo que tive no Santa Cruz, mas pelo Criciúma. Saber como é isso tudo, só que em outro lugar. É muito gostoso competir e vencer. Vencer é muito bom. Quero sentir isso aqui e fazer alegria da torcida também. Quero também colaborar, ajudando dentro e fora de campo, de alguma forma.
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Por: futebol
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