Estoril, Portugal, dia 21 de abril de 1985. Era um domingo muito chuvoso quando Ayrton Senna pôde, enfim, realizar um dos maiores sonhos de sua vida. O piloto de 25 anos, então já tido como um dos talentos mais promissores do automobilismo mundial, cruzava a linha de chegada de uma corrida da Fórmula 1 na frente pela primeira vez. A bordo da Lotus-Renault 97T de pintura marcante, com carroceria preta e linhas douradas, o jovem brasileiro despontou de vez rumo ao estrelato. O carro ainda lhe daria mais uma vitória naquela temporada, no GP da Bélgica, em setembro.
Após a brilhante temporada de estreia na categoria máxima, quando surpreendeu o mundo da F-1 ao fazer "milagres" com o carro da modesta equipe Toleman - como na espetacular demonstração de confiança e talento no também chuvoso GP de Mônaco de 1984 -, Senna adotou o icônico macacão preto da Lotus. A equipe inglesa era, então, uma das mais tradicionais do grid, mas o caminho do piloto até sua primeira vitória ainda encontraria uma série de desafios pela frente.
Ayrton Senna comemora primeira vitória na F-1, com a Lotus, no GP de Portugal de 1985 (Foto: Divulgação/Lotus)
Com problemas elétricos, Ayrton abandonou a primeira corrida do ano, no Brasil. Mais adaptado ao equipamento, conquistou logo no GP seguinte, no circuito português de Estoril, a primeira de suas 65 poles, superando a McLaren do arquirrival Alain Prost. Porém, viveu um drama a poucas horas da largada. Durante o treino de aquecimento, o motor Renault explodiu, levando junto o câmbio e danificando parte da suspensão. Senna saiu do carro desolado, acreditando que o problema poderia arruinar seus planos para a corrida.
Foi então que a sorte começou a virar para o brasileiro. Enquanto os mecânicos da Lotus trabalhavam duro para reparar o equipamento e deixá-lo pronto para a largada, uma verdadeira tempestade desabou sobre o circuito, estendendo-se até a hora da prova. E chuva era com ele mesmo.
Senna conquistou sua primeira vitória no GP de Portugal de 1985 (Foto: Maxi Fichier / Divulgação)
Com a pista encharcada, o que se viu a partir da largada foi o show de um piloto que corria com a naturalidade de quem acelera em asfalto seco. Ao longo das 67 voltas, a prova ficou marcada por diversas rodadas e batidas, protagonizadas inclusive por competidores já consagrados, como Alain Prost, Nelson Piquet e Keke Rosberg. Senna também escapou de rodar por duas vezes, sem que isso, no entanto, ameaçasse sua liderança.
O domínio foi tão impressionante que ele ainda marcou a melhor volta da corrida e deu um giro sobre o terceiro colocado, Patrick Tambay, da Renault. Michelle Alboreto, da Ferrari, foi o segundo.
Quando Ayrton chegou ao box, foi recebido calorosamente pelo chefe do time, Peter Warr. Havia quase três anos que a Lotus não vencia uma prova, e todos tinham esperança de que o brasileiro faria a tradicional equipe inglesa reviver seus melhores dias.
Naquela temporada, Senna marcou mais sete poles, mas venceu apenas mais uma corrida, 10 etapas depois, no traçado belga de Spa-Francorchamps. Embora o carro e o piloto fossem rápidos, as quebras da Lotus eram muito frequentes. Mesmo assim, Senna terminou o campeonato em quarto lugar. Nos dois anos seguintes, ele voltaria a vencer mais quatro corridas com a Lotus, na Espanha e nos Estados Unidos em 1986, e em Mônaco e nos Estados Unidos em 1987. O primeiro de seus três títulos viria no ano seguinte, na temporada de estreia pela McLaren-Honda.
Ayrton Senna deu um show no asfalto molhado do circuito de Estoril, no GP de Portugal de 1985 (Foto: Divulgação/Lotus)
Por: formula 1
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