Verdades e mentiras contrastadas em um dos melhores dramas da atualidade.
The Americans encerra sua terceira temporada com um episódio mais do que competente, se consolidando como um dos mais bem feitos produtos televisivos da contemporaneidade.
Uau, amigos telespectadores, que episódio! Esse capítulo final foi marcado por boas e gratas surpresas, a começar pela viagem de Elizabeth com Paige para conhecer a “mamuska” da primeira sendo de fato concretizada. O que parecia ser um sonho impossível acabou se realizando, graças ao pedido de Philip. A cena foi tocante e serviu ao propósito de reforçar o laço entre mãe e filha nessa fase de verdades sobre a vida de espionagem.
Apreciei também o destaque dado a Philip nesse episódio, que vem lidando, com cada vez mais dificuldade, com certos demônios internos. O olhar de Matthew Rhys encarando o cadáver enforcado do técnico do FBI transmitiu com clareza e competência o conflito interno experimentado ali e confessado pelo mesmo para Yousaf e Elizabeth. Gosto que o personagem viva esse dilema, que o façam sempre evoluir, se distanciando cada vez mais da estagnação que ocorre em alguns programas televisivos.
A ligação com Sandra nas reuniões da EST soa promissora e interessante, embora duvide que Philip vá de fato falar toda a verdade para a ex-esposa de um agente do FBI. Mas pude ver, novamente em seu semblante, a esperança de que aquilo pudesse se concretizar. O fato de ele estar em um seminário sobre sexo, questionado por Sandra, acredito que se conecta com o raro flashback de Philip durante seu treinamento sexual exibido nessa temporada.
E a pergunta que não quer calar: onde está Martha? Viva, morta, morando com os pais? Philip deu a entender que ela vive na conversa que teve com Elizabeth e não vejo por que ele mentiria. Além disso, com seus questionamentos e culpa atuais, não imagino ele matando Martha a sangue frio. É um bom mistério a ser solucionado na quarta temporada.
E o eco da bronca de Gabriel em Philip ressonando na conversa dele com Elizabeth soou simplesmente brilhante e bem executado. Ambos acusaram Phil de não estar “vendo as coisas claramente”. Certamente serviu como um wake up call para esse personagem, complexo interessante e profundo de se acompanhar o desenvolvimento em tela.
Outra surpresa foi o pequeno plot twist envolvendo Stan no FBI. O Bureau voltou a ter destaque, com cenas de investigação excitantes, que culminaram na prisão de Zinaida. Quando Stan não conseguiu negociar a troca dela por Nina e estava prestes a perder sua carreira, eis que surge o diretor do FBI para conceder uma sobrevida ao personagem. Foi uma virada de eventos surpreendente e interessante.
Por falar em Nina, sua trama com o cientista segue conforme esperado. De surpresa, somente minha posição sobre a personagem, que alterou um pouco neste episódio. Resignei-me e aceitei que Nina irá direcionar as motivações de Stan por um bom tempo, portanto ela continuará na série por isso, ainda que numa trama distante no roteiro e também geograficamente falando. Além disso, soma-se o desenvolvimento das tramas na série, sempre contínuos, mas nem sempre rápidos como nas enlatadas fórmulas caso da semana a que estamos acostumados pelos programas médios, o que considero uma qualidade da série do FX. Enfim, a personagem seguirá em The Americans e, a contento, em uma trama bem mais interessante que o núcleo da Rezidentura nesse terceiro ano, totalmente desperdiçado em roteiro e tempo de tela.
E o que dizer sobre a sequência final dessa temporada? Que maravilha mais bem executada (leia-se montada e editada)!!!!! Apenas vem corroborar a competência dos roteiristas e montadores em construir um suspense com cenas de drama. Paige (tolinha) já sucumbiu à pressão da “vida de mentiras”, antes mesmo de Martha, comportando-se como uma verdadeira democrata religiosa, consumida pela culpa. Philip tentava se abrir emocionalmente com Elizabeth, sendo interrompido pelo discurso do presidente americano vigente, Ronald Reagan, que pela primeira vez se referiu à URSS como “império do mal”, reacendendo no olhar de fúria de Elizabeth a crença em sua missão. Tudo isso entrecortado por cenas com Henry e Stan, que prometem se transformar em fator complicador e conflitante no futuro do casal de espiões.
Por mais que possa parecer “chover no molhado”, reafirmo aqui sem medo de que The Americans é simplesmente um dos melhores dramas da atualidade. Pode até não ser o mais assistido, o mais comentado ou cultuado, mas se esse for o preço a se pagar para se obter um produto televisivo bem acima da média ao que estamos acostumados a assistir na TV aberta (essencialmente comercial), considero barato. Nessa Season Finale da terceira temporada da série, que considero a melhor até agora, o único fator que não é surpresa é a qualidade excepcional e latente da série. O início de 2016 nunca pareceu tão longe!
Por: Série Maníacos
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