The Vampire Diaries 6×19: Because

A porção serve duas pessoas, senhor?

Essa reta final de temporada não deve estar sendo fácil para as mentes pensantes de TVD. Pois, deve ser complicado manter o público interessado na trama principal, surpreendendo-o, sabendo que ele já sabe que, no final das contas, tudo está sendo preparado para que Elena saia da história. O desfecho da personagem, claro, está aí, aberto a apostas e especulações, como acontece em toda e qualquer série, mas não adianta, basta ter acesso à internet para saber que toda essa discussão sobre Elena beber ou não a cura é mero expediente para guiar a saída de Nina Dobrev do elenco da série. Não há surpresa. E sobre o cliffhanger do episódio? A mesma coisa. Tudo bem, podemos e iremos especular de que modo Damon pretende se tornar humano junto com Elena, mas como ignorar o fato de que só faria sentido Damon se tornar humano se fosse pra viver um amor finito com Elena? Como já que sabemos que o Ian Somerhalder está de contrato renovado para a sétima temporada, sabemos, também, que esse plano tem um total de 0% de chances de atingir seu objetivo, e, cientes disso, as coisas perdem todo seu impacto. Simples assim.

Não sei como as emissoras de TV, no caso a CW, trata dessas questões de bastidores, mas eu lá precisava saber, de antemão, sendo que, após a season finale, teria cerca de quatro meses para digerir a informação, quais os atores renovaram seus contratos ou quem irá, definitivamente, sair do show? É óbvio que esse tipo de informação afeta a dinâmica da série e, se isso não é ponto a ser discutido nas reuniões do canal, cordialmente CW, peço que o inclua. “Ah, Bruno, você está sendo egoísta! Caso a CW proibisse a divulgação dessas informações, a Nina não poderia postar no Instagram as fotos de sua despedida. É injusto privá-la disso!” (Não, eu não li isso nas redes sociais, só estou imaginando qual seria a reação de quem lê isso e é mais fã da Nina do que da série). De verdade, só no fim do episódio que percebi que esse tipo de notícia funciona como um spoiler sem aviso, e com o plus de estar publicado até na primeira página do Ego.com. “Para, Bruno, isso acontece todo dia. Por que você não está reclamando de ter lido por aí que o Tyler também não volta pra próxima temporada?” Primeiro, porque eu não estou nem aí pra ele e, segundo, porque o fato de algo ser rotina não quer dizer que não possa deixar de ser. Preferiria saber da saída de Nina em junho, por exemplo. No final das contas, esse tipo de notícia só serve pra limitar um roteiro que já estava pra lá de limitado. E quem perde somos nós.

Enfim, após o momento desabafo, já que não faz sentido debater se a série teria culhões de tornar o casal Delena em humanos, resta-me discorrer sobre os porquês da decisão de Damon e como ele poderá colocá-la em prática. Vamos lá.

Tudo caminhava dentro dos conformes em Mystic Falls, com tudo, naturalmente (#sqn), voltando-se para o fato de que Elena sente saudades de ser humana e o quanto Damon teme por perdê-la para Stefan se isso acontecer. (Sim, estamos na sexta temporada, você não está lendo um review de algum episódio de dois anos atrás, pode prosseguir). E tudo continuaria absolutamente igual, com Damon protelando o momento de contar a Elena sobre a cura, se não fosse Monster Mama Salvatore entrar na jogada. Sim, o coringa da série foi usado. “Você sabe quem eu sou, Lorenzo?”. Bom, caso pairasse alguma dúvida sobre a real personalidade de Lilly, Bonnie a levou junto com o ascendente. Foi só experimentar um momento de contrariedade, algo que ela não presenciou por mais de um século ao ficar presa com os inertes vampiros-bruxos, que Lilly trouxe a tona seus velhos e estripadores hábitos. Embora ela fundamente suas atitudes em uma lealdade a ser apreciada, bem sabemos que ela quer resgatá-los para tocar o terror na cidade. Talvez ela não se dê conta disso, mas tudo caminha nessa direção: Mama liderando suas crias, assumindo o lado antagônico da série. Sou super a favor, inclusive. Sobretudo por saber que, quem monta um jantar macabro daqueles pra entregar a cura pra Elena, com direito a uma centena de velas do sétimo dia ao redor, boa bisca não é.

Em um combo de verdades na cara, tanto Bonnie quanto Lilly só tornaram audível aquilo que Damon era incapaz de afirmar: ele nunca entregaria aquela cura para Elena. Ou melhor, entregaria, mas somente se ela deixasse claro que jamais a tomaria, o que não era o caso. Aliás, diferentemente de Elena, Damon já não enxerga a probabilidade de, um dia, não ser mais vampiro. O mundo dele é aquele há tanto tempo, que já não existe outro, muito menos se ele for finito, muito menos se for uma eterna solidão, isto é, sem Elena. Se Elena tem inúmeras perspectivas de vida para daqui cinco anos – típica atitude humana – Damon já não faz planos para algo que ele sabe que tem a eternidade para fazer. Elena iria se habituar a isso, seria questão de tempo, mas com a possibilidade de cura, outra possibilidade se abriu, e ela não conseguiu nem disfarçar a emoção ao vir correndo contar a “novidade” pro Damon.

E sim, como poucas vezes se viu em TVD, Elena não fez disso algo grande. Sem chororô, sem mimimi, sem “me deixa”, ela só queria saber o que fazer com a cura, não havia tempo para discussões sobre o porquê de Damon não ter contado antes. Entre um “entregamos para Caroline”, “entregamos para a mãe da Bonnie”, “entregamos para qualquer vampiro por aí”, surge Damon propondo que os dois tomem e se tornem humanos. Vamos aos fatos: 1. A cura é única, isto é, ela só serve a um vampiro; 2. Só temos uma cura; 3. Temos dois vampiros interessados; 4. Error404NotFound. Qual seria, então, o plano de Damon? 1. Tentar a sorte e cada um tomar um golinho da cura, ampliando a mitologia da série e criando os vampiros-humanos (SOS); 2. Considerando a possibilidade – real – de também ter uma cura no mundo-prisão de 1903 e ir buscá-la; 3. Apenas criar uma falsa expectativa em Elena, para, no final, somente ela tomar a cura. Bom, das que consegui pensar, a segunda seria a mais interessante, já que o arco narrativo se amplia consideravelmente por Kai e companhia estarem lá, com magia, só esperando o ascendente dar as caras. E, como seria bastante injusto sete contra dois, Damon e Elena deveriam recrutar uns coadjuvantes da série (sugestão: Enzo, Matt e Tyler) e eles fazem justiça com a própria vida, saindo como heróis do casal. Bacana, né? Fica a dica, Plec.

Aproveito o momento para fazer algumas reconsiderações sobre os vampiros-bruxo, afinal, nada como uma semana no meio entre uma review e outra para rever opiniões. Lembram que eu disse, na semana passada, que os tais vampiros-bruxos poderiam funcionar como um atentado à mitologia da série? Isso era porque mesmo vendo e revendo a explicação de Jo eu não conseguia captar a razão deles serem isso, e até cheguei a dizer isso no texto. Aí vocês brilharam na área de comentários e clarearam tudo! É o seguinte: os hereges não se confundem com os bruxos. Eles são chamados de bruxos por conseguirem sugar e utilizar a magia alheia, e somente por isso, mas eles não possuem a própria magia. Eles são aberrações, inclusive, por conseguirem tal feito. Sendo assim, por não serem verdadeiros bruxos, eles podem se tornar vampiros e, inclusive, usarem da magia do vampirismo. Bom, parece que a mitologia está intacta. Se alguém encontrar um furo na explicação, já sabe o que fazer!

Falemos agora sobre o fim do plot dos desumanizados. Entre tortura, vodca, sangue, inquéritos policiais, sambadas em Elena e muitas visões, desembocamos em:

Surpreendendo, mais uma vez, a série não optou pela crise de consciência padrão de Stefan, e, de maneira dinâmica, nos apresentou um plano para trazer à tona a humanidade de Caroline. E dessa vez, ciente que, na última tentativa, Sarah terminou em uma mesa cirúrgica, Stefan optou pelos meios totalitários de se resolver um problema. Daria tudo certo, se não fosse um péssimo ator e um péssimo plano no meio do caminho. Só mesmo estando dissecada e bêbada para Caroline não perceber aquele teatro todo. Primeiro, porque tínhamos um Stefan inseguro, contido e receoso quanto às atitudes que Caroline podia tomar, quando, na verdade, deveria estar insano e surtando, assim como ele estaria se estivesse com a humanidade off. Segundo, porque ele não precisava estar naquela sala, pois, se ele já considerava usar as visões envolvendo Liz, amarrassem-na numa cama e faziam o serviço. Liam a carta, mostravam as fotos dos cadáveres mutilados e as visões. Pronto, sem risco de ser enganado e uma estaca quase acertar seu coração. Aliás, não posso falar muito, atire a primeira pedra quem não foi enganado por aquela primeira visão em que Caroline quebra o pescoço de Stefan e se encontra com a sheriff. Já estava rogando praga para todos os consanguíneos dos roteiristas, até que mostraram que tudo não passava de uma visão, era só a parte realmente eficaz do plano surtindo efeito, até porque, vamos combinar, estava na dúvida sobre quem estava sendo torturado ali mesmo, sobretudo quando Caroline passou igual um trator sobre a dignidade vampirística de Elena. Definitivamente, sentirei falta disso na sétima temporada.

Enfim, embora com destaques pontuais, no geral, Because foi um episódio bastante limitado. Se por um lado é demonstrado um cuidado para conduzir esses últimos episódios da temporada, percebe-se que, praticamente, não existem tramas paralelas, algo essencial para qualquer série. É um excesso de zelo que mascara uma escassez criativa. É como se tivesse que ser repetido, de diferentes formas, que Elena quer voltar a ser humana, mas não fosse necessário dar uma história para Tyler, por exemplo. Eu até me interessaria por ele, mas se o tornassem interessante. A série se aproveita de um fechamento de um ciclo, para mitigar o desenvolvimento dos demais. Só espero que isso não se torne um hábito.

P.S.1: Damon dizendo pra Bonnie que Lilly seria apenas uma cobradora insistente e depois desistiria. Só esqueceu-se de dizer que, em vez de colocar o nome dela no SPC, Lilly gosta de colecionar cabeças. Mas, quem liga? Uma morte a mais uma a menos, né, Bon Bon?

P.S.2: Sério mesmo que, em pleno ano de 2015, Elena ainda sente ciúmes de Stefan? Ou os roteiristas que querem alimentar esse triângulo até o último suspiro?

P.S.3: Não, Stefan. Embora no réveillon passado eu não tenha notado diferença, vodca nem se compara com a água do mar. Vai por mim.

P.S.4: Ric e Jo estão se beijando apaixonadamente. Elena chega: constrangimento total, com direito a Jo saindo do ambiente dando até pulinhos de vergonha. Se Katherine chegasse: ménage à trois.

P.S.5: Enzo com Lilly: motorista simpático perde a cabeça. Enzo com Sarah: eu perco a cabeça.


Por: Série Maníacos

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