Seo Jae Hyeong diz que começou usando base e máscaras faciais à noite.
Não se trata de parecer mais jovem, diz o diretor da Daishin Asset Management Co. Seo, 49, está tentando conhecer em primeira mão as apostas mais quentes do mercado de ações da Coreia do Sul: o setor de cosméticos.
Lideradas pela Amorepacific Corp. e pela LG Household Health Care Ltd., as fabricantes coreanas de produtos de beleza estão crescendo a uma velocidade mais de 100 vezes maior do que o mercado mais amplo e estão levando o mundo dos investimentos do país, dominado pelos homens, a repensar como cobrir esse setor.
A Shinhan Investment Corp., parte do maior grupo financeiro do país em valor de mercado, designou dois analistas da equipe industrial para se concentrarem na pesquisa de beleza. A unidade coreana da Daiwa Securities Co. contratou uma mulher para iniciar a cobertura do setor no mês passado, e a Daishin Asset iniciou em março um fundo de “geração feminina”, em parte para aproveitar os crescentes prospectos para o setor de beleza.
“Quando recomendei comprar as ações da Amorepacific anos atrás, algumas pessoas riram de mim”, disse Seo, da Daishin, que administra mais de US$ 4 bilhões em Seul. “As ações deram um salto de quase 10 vezes, e veja o que aconteceu com os velhos setores tradicionais”.
O setor de cosméticos do país está prosperando à medida que o crescente poder aquisitivo dos consumidores asiáticos – em particular da China – gera um influxo de turistas ávidos por imitar o visual das estrelas pop e das celebridades das telas da Coreia. A ascensão do setor está ajudando a economia de US$ 1,4 trilhão a suportar uma retração nos setores de manufatura e de construção naval, que outrora foram a maior fonte de crescimento do país.
Crescimento dos lucros
Nove empresas de cosméticos no índice Kospi, incluindo a Hankook Cosmetics Manufacturing Co. e a Korea Kolmar Holdings Co., aumentaram em média 311 por cento nos últimos 12 meses, em comparação com um avanço de 2,9 por cento do indicador mais amplo. O MSCI Korea Consumer Staples Index, que obtém cerca de 40 por cento de sua ponderação da Amorepacific e da LG Household, disparou para o maior valor em oito anos frente ao MSCI Korea Index na semana passada.
O crescimento dos lucros está alimentando o rali. A Amorepacific, a maior empresa de cosméticos do país, informou um salto de 42 por cento na receita líquida de 2014. A fabricante de marcas como Etude e Mamonde cresceu 158 por cento na bolsa de Seul durante os últimos 12 meses, e sua ação teve o melhor desempenho no setor internacional de beleza e cuidados pessoais, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence. A LG Household, a segunda maior companhia de cosméticos da Coreia, avançou 75 por cento.
A quantidade de turistas chineses na Coreia aumentou 42 por cento no ano passado, totalizando 6,1 milhões, de acordo com a Organização de Turismo da Coreia. Mais de 70 por cento do orçamento dos visitantes foi gasto em cosméticos em 2013, disse Iris Park, analista contratada pela Daiwa para cobrir o setor, em seu relatório de iniciação de 26 de março.
Rebanho
Programas de televisão coreanos, como “Get it Beauty”, que dá conselhos de maquiagem e cuidados com a pele e é transmitido pelo site chinês de vídeos on-line Youku.com, ajudam a atiçar a demanda pelos produtos do país, de acordo com Park. As marcas coreanas também estão “mais sintonizadas” com as demandas específicas das consumidoras asiáticas do que as concorrentes internacionais, como a L’Oréal SA, disse Park, que atribuiu uma perspectiva positiva para o setor.
Para Oh Sung Sik, diretor de investimento em ações coreanas da Franklin Templeton Investments em Seul, as ações das empresas de cosméticos estão superaquecidas.
“Filas grandes nos free shops não justificam os níveis atuais dos preços”, disse Oh, em 1º de abril. “Vejo certo instinto de acompanhar o rebanho no mercado”.
Desafio
O empenho para lidar com os produtos de beleza femininos poderia ser um desafio para os investidores em um país com uma das maiores divisões na igualdade de gênero. A Coreia do Sul está no 117º lugar do ranking de 142 países pesquisados no Global Gender Gap Report de 2014, ou Índice Global da Igualdade de Gênero, um relatório anual elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, atrás do Catar, da Índia e da Libéria.
Para Seo, da Daishin, o esforço vale a pena.
“Compreender as mulheres e reconhecer o crescente poder delas é fundamental para ter sucesso nos investimentos agora”.
Por: InfoMoney : Bloomberg
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