Vale a pena fazer o Ilha Tour de Fernando de Noronha?

Uma das mais bonitas e mais curtas road trips que você pode fazer. É isso que acontece quando você percorre, de ponta a ponta, os sete quilômetros da BR-363, a rodovia que corta Fernando de Noronha. Apesar disso, quando descobri que há um passeio de carro que passa pelos pontos mais importantes do arquipélago, chamado de Ilha Tour, achei que encarar o programa era má ideia.

Pense comigo: eu iria chegar, depois de anos sonhando acordado, no paraíso. Um paraíso com 3 mil habitantes e com uma rodovia de apenas sete quilômetros – dá para conhecer tudo a pé. Se andar não for o seu forte, é possível fazer o mesmo percurso de transporte público, já que ônibus comuns fazem o trajeto a cada 30 minutos. Então por que eu passaria o dia inteiro num tour fechado e que custa pelo menos R$ 100?

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Por isso, quando meu hotel enviou um e-mail oferecendo o Ilha Tour dentro de um pacote que incluía também alguns minutos de mergulho a reboque e uma manhã de passeio de barco por R$ 310, eu recusei. Topei fazer apenas o passeio de barco e o mergulho a reboque, mesmo que essa opção não saísse proporcionalmente tão mais barata: R$ 210.

Também recusei o transfer gratuito do aeroporto, oferecido pela agência. Fiz isso depois que li o relato da Cyntia, do blog Fragata Surprise, que disse que o tal transfer é uma baita cilada. É que eles te levam para a agência antes de te levar para o hotel, para te convencer a comprar algum dos passeios. Como eu não queria perder tempo de praia, optei por ir de táxi mesmo. Foi a melhor coisa que fiz. Com isso, 30 minutos depois do pouso eu já estava na Praia do Cachorro, pronto para ver o pôr do sol.

E na manhã seguinte fiz o passeio de barco e o mergulho a reboque, em que você é puxado pelo barco enquanto observa o mundo abaixo d’água, como mostra a foto abaixo.

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Depois do almoço, que foi no barco, bati um papo com outros viajantes. A maioria deles estava no segundo dia em Noronha. No primeiro, como é tradição, tinham feito o Ilha Tour, que apresenta as praias mais importantes para os visitantes. E todos eles, sem exceção, elogiaram o Ilha Tour. Assim eu fui convencido a encarar um passeio de carro em meu segundo dia em Noronha

Como é o Ilha Tour por Fernando de Noronha

O passeio mais tradicional de Noronha pretende apresentar a ilha aos turistas, para que depois eles possam ir nos lugares que mais gostaram por conta própria. O tour dura um dia inteiro é feito em buggy ou num veículo 4 x 4 adaptado na parte traseira. O itinerário varia um pouco de agência para a agência e dependendo do dia ou da época do ano.

O relógio marcava pouco mais de 8 da manhã quando o veículo da agência parou na porta da Pousada Solar das Andorinhas, onde eu estava hospedado. O guia explicou como seria o passeio e sugeriu que todos alugassem equipamentos para snorkeling. Por isso, a primeira parada foi ainda na Vila dos Remédios, onde aluguei máscara, pé de pato e colete por R$ 20, para usar o dia inteiro. O colete é obrigatório em algumas praias, como a do Sueste. Também é possível alugar câmeras à prova d’água ou adaptadas para isso. O valor girava entre R$ 50 e R$ 70.

Vila dos Remédios 

Resolvida a parte burocrática, fomos para a Praia do Sancho, eleita algumas vezes como uma das mais bonitas do Brasil. Essa praia – e vários dos pontos visitados durante o Ilha Tour – fica dentro do Parque Nacional Marinho. Para visitar o parque é preciso comprar o ingresso, que custa R$ 89 para brasileiros (estrangeiros pagam R$ 178). O ingresso vale por 10 dias, ou seja, provavelmente todo o tempo que você passará na ilha. Você pode comprar o ingresso na própria ilha ou pela internet, no site oficial. Em todo caso, você precisa estar com sua carteira do Parque Nacional Marinho, que é fornecida em três pontos de Noronha, durante o Ilha Tour.

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Entrei na Praia do Sancho e dei de cara com isso, ó:

Praia do Sancho

A entrada é por uma falésia acima da praia. Para chegar até a areia é preciso descer duas escadas. A primeira é de aço, vertical, e passa por uma fenda na rocha. Depois há uma escadaria de pedra. Não se engane, a subida de volta não será das mais fáceis, então convém aproveitar bastante o tempo lá embaixo. Como o espaço é estreito, costuma haver congestionamento na escada, que é organizado pelos guias.

Depois de tirar fotos e guardar tudo na sombra de uma das árvores que ficam por ali, pegamos o equipamento e fomos para o mergulho livre. Por mais que Noronha seja linda na superfície, toda a beleza do arquipélago só é revelada quando você mergulha. É possível ver dezenas de peixes e outros animais marinhos assim, boiando e olhando para baixo. Portanto, fica a dica: compensa muito ter uma câmera apropriada. Se você não tem, vale alugar.

Subimos morro acima logo depois do snorkeling. Na área da Praia do Sancho fica o Mirante dos Dois Irmãos, cartão-postal supremo de Noronha. Basta seguir pelas passarelas. “O nome deveria ser “Mirante do Ai!, que lindo”, brincou o guia. Impossível discordar.

Dois Irmãos

Praia do Sancho vista, promessas de voltar no dia seguinte feitas e seguimos para a segunda parada do roteiro, a Praia do Sueste, que também está dentro da área de proteção ambiental (você precisa da carteirinha). Esse é um dos melhores lugares de Noronha para ver tartarugas. Para entrar na água é preciso estar com o material de mergulho completo.

Eu já estava na água há uns 20 minutos e não tinha visto quase nada quando um dos momentos mais mágicos da minha vida aconteceu. Olhei para o lado e me deparei com uma tartaruga enorme nadando calmamente, por quase cinco minutos. Depois, também vi peixes, outras tartarugas e um tubarão.

Praia do Sueste

Por falar nisso, foi na Praia do Sueste que ocorreu um ataque de tubarão envolvendo um turista, no fim do ano passado. Até então, casos assim eram raros – o guia jurou que nunca tinha acontecido algo do tipo em Noronha, por conta do ecossistema equilibrado. A praia ficou fechada logo após o incidente. Dias depois, o horário de visitação foi reduzido, para não bater com o horário de alimentação dos tubarões, e a visita passou a ser permitida somente com a presença de um guia autorizado, que acompanha o turista dentro d´água e mostra um pouco da vida marinha.

Eu fui sem guia, mas confesso que vale contratar o serviço. Não por questões de segurança, mas porque eles sabem onde as tartarugas estão e como se comportar naquelas águas. E não se esqueça: se ver um tubarão (ou qualquer outro animal), não tente tocá-lo. Isso é crime ambiental e também um risco para você.

Saímos do Sueste e passamos no mirante da Praia do Leão, que fica ali perto. Segundo o guia, a Praia do Leão é a maior de Noronha e o ponto de maior índice de desova de tartarugas da ilha. Durante minha visita, porém, ficamos só com a vista da praia mesmo.

De lá seguimos para a Praia da Cacimba do Padre, onde almoçamos (não está incluso no tour). Depois, foi hora de andar pela praia, que é a queridinha dos surfistas. E  tem outra vista incrível para os Dois Irmãos. Chegamos bem perto deles. Dali basta subir uma escada para chegar até a Baía dos Porcos, a praia mais bonita que já vi na vida. Não fizemos isso durante o tour, mas voltei lá por conta própria.

A parada seguinte do Ilha Tour é o Museu do Tubarão, um lugar simples com informações sobre o peixe mais temido dos mares e algumas mandíbulas do bicho. Lá funciona um restaurante, mas a grande atração está do lado de fora. De um mirante é possível ver o mar, onde dezenas de tubarões se alimentam em águas rasas.

Fim do dia, hora de terminar o Ilha Tour. Para isso, seguimos para o Forte do Boldró. A atração era o pôr do sol, um dos melhores que Noronha pode oferecer. Com direito a música e cerveja disponível na barraquinha do forte. Terminado o dia, passamos na empresa onde alugamos os equipamentos de snorkeling e depois cada turista foi deixado em seu hotel.

E aí? Vale a pena fazer

Confesso que eu gostei e recomendo a experiência. Em primeiro lugar, porque no Ilha Tour você conta com um guia local. É interessante ouvir a opinião de alguém que mora na ilha e que conhece todas as histórias de Noronha que você pode querer saber. Além disso, essa é uma ótima oportunidade de conhecer pessoas, algo útil pra quem viaja sozinho, como foi o meu caso.

Por outro lado, dá para fazer praticamente tudo isso por conta própria. Eu voltei nas praias do Sancho, da Cacimba do Padre e na Baía dos Porcos nos dias seguintes, de transporte público. Acho que só mesmo o Mirante do Boldró e o Museu do Tubarão teriam ficado de fora do meu roteiro, se eu não tivesse feito o passeio com o grupo.

Por outro lado, se a questão for economizar, evitar os gastos do Ilha Tour – e até do passeio de barco – são alternativas interessantes.

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