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O que fazer em Viena em 3 dias ou mais tempo

Preocupada com a minha condição financeira durante um mochilão de dois meses, programei somente três dias para visitar Viena. Definitivamente não é o suficiente para conhecer uma das cidades mais encantadoras da Europa, com todo seu ar imperial, palácios, museus interessantíssimos, cafés para passar o tempo e parques tranquilos. Mas, enfim, o tempo que temos é o que a gente pode aproveitar e foi isso que eu tentei fazer com a capital da Áustria.

Viena frequentemente está naquelas listas de melhores lugares para se morar no mundo: tem qualidade de vida, eficiência nos serviços, segurança, beleza. Claro, você vai encontrar também quem considere a cidade meio chata. Até entendo, mas discordo da opinião.

Definitivamente, não há em Viena a vivacidade e a boemia de suas vizinhas e frequentes companheiras em roteiros: Praga e Budapeste. Mas isso não a torna chata, apenas diferente. Uma irmã mais velha, mais serena (e muito mais cara), mas tão interessante e visitável quanto.

Um pouco de história

Parte do que torna Viena tão atrativa para mim é sua história e importância cultural. Há evidências de ocupações celtas no território da cidade desde 500 a.C. Depois, claro, vieram os romanos, que instalaram ali uma base militar. Há indícios dessa ocupação do início do primeiro milênio, na região do Innere Stadt, o centro da cidade – bem em frente ao Palácio de Hofburg – na Michaelerplatz.

palácio imperial viena

No início da Idade Média, o território onde fica Viena foi dado a família Babenberg e em 1155 o Duque Henrique II da Áustria tornou a então vila sua capital. A melhor parte dessa história, para mim, vem da época das cruzadas. É que o rei inglês Ricardo Coração de Leão foi capturado por outro duque da família Babengerg, Leopoldo V, em 1192. Nessa época, a região era parte do Sacro Império Romano-Germânico e Leopoldo mandou o prisioneiro real para seu imperador. Em troca, acabou recebendo um terço do resgate pago – dizem que o vultuoso resgate deixou a economia inglesa tão destroçada que criou o pano de fundo para a história de Robin Hood.

Já Viena, com tanto dinheiro – cerca de 50 mil moedas de prata – por volta de 1200 passou a ser murada e tinha até moedas de cunho próprio. Com isso, finalmente ganhou o status de cidade e a recolher impostos, o que melhorou muito seus ganhos com comércio, devido a posição privilegiada a beira do Danúbio, no centro da Europa.

Em 1278, o primeiro membro da Dinastia Habsburgo a tomar o poder na Áustria, Rudolfo I, iniciou o processo de transformação da cidade, apesar de que Viena só se tornou assento real oficial muitos anos depois, após vários conflitos. Para quem não sabe, os Habsburgo foram uma das casas reais mais importantes e poderosas de todo o continente europeu, quiçá do mundo, já que até no Brasil eles chegaram (a Imperatriz Leopoldina, mulher do D. Pedro I, era membro dessa família), com sua ampla rede de casamentos e acordos. Foram eles os responsáveis pela construção da Catedral de Santo Estevão como a vemos hoje e a fundação da Universidade de Viena, em 1365.

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Em 1440, Alberto II foi coroado Rei germânico, Viena tornou-se a capital do seu reinado e, consequentemente, capital do Sacro Império Romano-Germânico, até 1806. Claro, ao longo dos séculos foram diversas ocupações, tentativas de ocupações e outras confusões políticas, principalmente com os Húngaros e os Turcos, e também com Napoleão. Os Impérios seguintes: Austríaco e Austro-Húngaro, mantiveram a cidade no centro da corte.

Ao mesmo tempo que tudo isso acontecia, o status de cidade imperial permitiu florescer em Viena muita cultura. Sua tradição de óperas e orquestras fez com que músicos como Mozart, Beethoven, Schubert, Brahms e Strauss trabalhassem na cidade. As coleções de arte, pinturas, esculturas e artefatos históricos coletados ao longo dos séculos pela família real ou artistas financiados pela corte hoje estão expostas nos museus da cidade.

Além disso, no final do século 19 e o início do século 20 a cultura dos cafés atraiu pensadores e figuras políticas importantes para que vivessem e produzissem obras por ali: Freud, Trotsky, Stalin, Tito, Hitler, todos estiveram ali por alguns anos ou meses de suas vidas.

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E mesmo as duas guerras mundiais, nas quais a Áustria esteve do lado perdedor, a temporária divisão da cidade, até 1955, entre quatro poderes (como em Berlim, mas menos drástica), não tiraram de Viena o seu potencial para estimular a cultura e os pensamentos modernistas. Tanto que nos anos 70 a cidade foi uma das escolhidas para sediar a ONU.

O que fazer em Viena em 3 dias

Nesta lista estão as coisas que eu fiz na cidade durante a minha estadia por lá, incluindo não só os pontos turísticos em Viena, mas também o que comer de forma econômica. Porém, ao longo do texto cito também outras coisas que eu não fiz e que você poderia incluir no seu roteiro pela cidade! Ah, também recomendo que dê uma olhada no meu miniguia de museus em Viena, afinal, são tantas opções que com certeza algumas te agradarão mais que outras.

Se você quiser dicas de onde se hospedar na cidade, recomendo a leitura desse post aqui. Eu usei durante o meu passeio o Vienna Pass e nesse outro texto discuto se vale a pena ou não.

Dia 1

Para começar a explorar Viena o ideal é que você vá direto para o centrinho onde estão a maioria das atrações, também conhecido como Innere Stadt, circundado pela av. Ringstrasse. Essa avenida foi construída há uns 150 anos!

Eu desci no metrô quase em frente ao prédio da Ópera de Viena. Famosa, né? Não deu para eu ver muito mais do que a fachada, porém. Estava rolando, exatamente nos dias que eu estive na cidade, a premeire do filme Missão Impossível 1339-sei-lá-qual, o que afetou  o meu passeio. Mas saiba que é possível visitar o prédio da Ópera num tour guiado e até mesmo comprar bilhetes para assistir a um espetáculo, dos mais caros aos mais baratinhos.

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Segui caminhando a avenida até o Museu de História da Arte, cujo prédio fica logo em frente ao Museu de História Natural. Ambos lindos. Escolhi entrar no primeiro museu, que tem artefatos egípcios, gregos, romanos, pinturas medievais e outras obras de arte antigas.

Kunsthistorisches museu de história da arte viena

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Fiquei lá quase duas horas e depois segui para a área da Helderplatz (Praça dos Heróis), onde fica a estátua do Príncipe Eugênio de Savoia, de frente para o Palácio Neue Burg, onde funciona a Biblioteca Nacional. Ali também ficam os fundos do Palácio Hofburg e se você quiser circular só pelo lado de fora do palácio, andando pelas passagens e áreas externas gratuitas, ali é um bom começo. Nessa área do palácio também há outros museus e igrejas relacionados à família imperial.

Viena Áustria

Viena Áustria

Logo atrás do prédio da Biblioteca fica um parque agradável, o Burggarten, onde eu descansei um pouco na sombra antes de seguir para o Museu Albertina, que tem obras de arte moderna, com trabalhos de artistas impressionistas como Monet, e arte contemporânea. Foi um dos meus museus favoritos na cidade.

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Viena Áustria

Quanto terminei, já estava faminta. Comi numa barraquinha logo em frente ao museu, na Augustinerstrasse. Ali, diversos salsichões (Wurstel) são servidos, com pão ou não. Escolhi um que me foi muito recomendado: o Kasekrainer, que é recheado com queijo. Comi no balcão, acompanhado com um copo de cerveja – copo de vidro, diga-se de passagem, porque em Viena até comida de rua é fina. E cara, para quem estava acostumada com os preços do leste europeu. Meu “pão com linguiça” vienense custou 7,50 euros.

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De lá, segui as ruas do centro em direção à Catedral de Santo Estevão. A construção de 1365 está eternamente sendo reparada, visto que o material que foi construída, arenito, é muito frágil. Ou seja, impossível fazer fotos sem andaimes aparecendo. A entrada na igreja é gratuita.

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Depois disso, uma boa ideia é seguir por ruas famosas, como a Kärntner e a Graben, cheias de lojas, restaurantes e turistas. Mas boa parte das ruas nos arredores são bem bonitas.

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Depois de perder tempo caminhando e tirando fotos, voltei a região do Palácio de Hofburg. Era hora de conhecer melhor a história da Imperatriz Sissi.

Eu não estava interessada na coleção do tesouro imperial, que consiste em um labirinto sem fim de porcelanas e peças de ouro e prata. Logo, passei direito por essa parte do passeio e segui para os Apartamentos Imperiais. A entrada inclui audioguia, o que é ótimo para conhecer melhor a história da Imperatriz e seu marido, o Franz Joseph, além de ver um pouco do luxo e pompa que era a vida na corte.

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Meu dia não acabou assim. De lá, fui para o Rathausplatz, que é o prédio da prefeitura, onde em frente tem programação o ano inteiro. Quando estive lá, estava rolando um festival de cinema. Já cansada de toda a maratona do dia, aproveitei o ócio para me sentar num canto e tomar um Spritzter (vinho branco com soda), o drink do verão na Áustria. Acabei jantando por ali também antes de seguir de volta para o meu hotel.

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Dia 2

Comecei o dia seguinte fazendo um tour guiado (que estava incluído no meu Vienna Pass) que começou na Michaelerplatz. Eu curti muito, mas caso você não queira pagar um tour, sugiro que faça um Free Walking Tour.

Na Michaelerplatz, logo em frente ao Palácio de Hofburg, ficam ruínas romanas, não muito grandes ou interessantes, mas estão ali.

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Na praça também está a Igreja de São Miguel (Kirche St. Michael), onde há partes conservadas de sua construção, em 1220, incluindo afrescos descobertos recentemente. No site oficial da igreja eles contam onde encontrar partes dessa história.

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Após o tour, segui para o Naschmarkt, um mercado municipal a céu aberto, onde você encontra de tudo, desde frutas, temperos, carnes e peixes, etc. Claro, ao longo dos anos foi ficando cada vez mais turístico e também há ali diversos restaurantes.

Escolhi um restaurante com cara de simples e tradicional (não anotei o nome, desculpem!) para almoçar o famoso Schnitzel vienense. O que é isso? É uma carne de vitela (mas também dá para achar de frango ou porco) amassada até ficar bem fina, frita à milanesa. Acompanha batatas fritas e limão. No restaurante que eu comi no mercado, para vocês terem uma ideia de preço, comida e bebida me custaram €12,50.

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Depois do almoço, segui um pouco mais longe até o Palácio de Schonbrunn. Como era verão, o palácio só fecha às 18h30, então chegar lá por volta das 15h30 foi bem tranquilo. Aliás, apesar da alta temporada, não peguei absolutamente nenhuma fila nesse horário! Fiz o Grand Tour, que te leva a mais locais dentro do palácio, e depois segui para os jardins.

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Ali, aproveitei que meu passe incluía e fui ver como era o tal labirinto (o ingresso custa 5 euros). É divertido fazer a brincadeira, mas como eu estava sozinha, não vi tanta graça. Acho que só pagaria se estivesse com crianças.

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Muitas fotos pelos jardins depois, segui o meu rumo de metrô para o outro lado da cidade. O Prater é um dos maiores parques de Viena, com uma extensa área verde, um parque de diversões daqueles meio antigões e uma roda-gigante estilo London Eye, só que menos moderna: a Riesenrad.

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Eu cheguei lá perto do horário do pôr do sol (no verão, costuma ser por volta de 21h), então a vista foi especialmente bonita. Mas não vá lá à noite – eu achei os arredores do Prater com um pessoal meio esquisito.

o que fazer em viena vista da roda gigante

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Como ainda estava claro, segui caminhando por Leopoldstadt, onde eu estava hospedada. Esse bairro, que fica do outro lado do Danúbio, em relação ao centro, era o distrito judeu e hoje é um bairro que mistura imigrantes e jovens. Foi onde encontrei os bares e restaurantes mais moderninhos.

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É uma atmosfera diferente e mais contemporânea de Viena. Parei para jantar na Falaferia, um local que me foi recomendado no hotel. Lá você encontra diferentes sabores de falafel e hummus, tudo feito fresquinho. Muito bom e num ótimo preço: €5,90, incluindo o refrigerante.

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Dia 3

Meu plano para o último dia era visitar o Palácio Belvedere, onde fica a maior parte das obras de Gustav Klint e dizem ser os jardins mais bonitos da cidade. Porém, o Tom Cruise e seu filme me atrapalharam mais um vez, já que por conta da premiere, boa parte do transporte público do centro parou de circular. Com isso, segui para o Quarteirão dos Museus e escolhi o Leopold Museum dentre as opções disponíveis.

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Fiquei lá mais ou menos 1h30 e depois segui para a Karlsplatz, para encontrar uma colega blogueira que mora em Viena e me contatou via Instagram, a Katia, do Go Hip Girl. Essa praça é famosa por dois motivos. Em primeiro lugar, lá fica uma igreja chamada Karlskirche (São Carlos), uma construção barroca meio diferente.

Logo em frente há um espaço onde rola uma feira de música e cinema no verão e uma feira de natal no inverno. Ou seja, pode ir que ali sempre vai ter movimento. Também vale dizer que é nessa região que fica o Museu de História de Viena, que eu não visitei, mas me pareceu ser interessante.

A Katia me levou para uma caminhada pela região do centro e nós almoçamos num restaurante bem legal, o Le Bol (Neuer Markt 14), onde comemos uma salada maravilhosa com queijo de cabra, mel, uvas e figos – chamada Monsieur Seguin. Cara, eu lembro dessa delícia até hoje. A salada e uma limonada custaram 12 euros.

Debatemos um pouco depois sobre qual dos cafés tradicionais eu deveria conhecer e acabamos optando pelo Café Central, uma instituição frequentada por Trotsky, Freud e companhia limitada. Já escrevi sobre esse passeio e a cultura do café vienense! Lá, comi uma torta e tomei um café com leite, que me custaram 9 euros. Valeu muito a pena.

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Depois de ficar tranquila conversando e gastando tempo no café, segui de volta para Leopoldstadt. Dei mais algumas voltinhas pelo bairro, trabalhei um pouco, comprei um kebab to go e segui para a estação de ônibus, para seguir viagem, com a sensação que precisava incluir Viena novamente no meu roteiro, assim que possível.

Para incluir no roteiro por Viena com mais tempo

  • Outros museus e palácios que não tive como ir, como o Belvedere e a Casa da Música. Gostaria de voltar na feira da Karlsplatz na hora do happy hour, porque provavelmente deve ser tão movimentada e animada quanto a de Rathausplatz. E conhecer o Brunnenmarket, um mercado de rua bem menos turístico, que fica ao longo da rua Brunnengassee.
  • Visitar mais cafés tradicionais da cidade. São tantos e uma cultura tão importante que vale a pena dedicar parte das suas horas relaxando nesses espaços.
  • Conhecer a ONU: eles fazem três tours diários que explica o trabalho das Nações Unidas, me pareceu interessante.

Por fim, fiquei curiosa para explorar a noite na cidade, visto que não fui em nenhum bar ou boate por lá. Nesse caso, se vocês tiverem sugestões, por favor, deixem nos comentários. Também recomendo a leitura do blog da Katia, o GoHip Girl, e do Viva Viena, da Letícia, outra brasileira que mora em Viena.

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Por: 360meridianos

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