Alguns destinos, seja por conta da complexidade da viagem ou por estarem fora do mapa turístico tradicional, merecem um tutorial de ajuda ao viajante. Esse é o caso da Ilha do Marajó, no Pará. E pela segunda razão: conhecer o Marajó é simples e a viagem não exige grande planejamento. Só que tão pouca gente faz isso, há tão pouco conteúdo online, que turistas que resolvam conhecer essa parte do Brasil podem ficar com receio de algo dar errado.
Não é preciso ser assim. Para facilitar sua vida, segue o passo a passo para quem deseja tirar as férias na Amazônia. Maior Ilha fluviomarinha do mundo, habitada há séculos, cheia de praias lindas, passeios ecológicos e com gastronomia riquíssima: bem-vindo ao Marajó.
Fazenda Bom Jesus, em Soure, na Ilha do Marajó
Onde fica a Ilha do Marajó
O Google, que conhece todos os segredos, garante que muita gente não sabe onde fica a Ilha do Marajó. E isso não é motivo para vergonha, afinal esse cantinho especial do Brasil em geral fica (vergonhosamente) de fora da cobertura da mídia.
O Marajó fica no encontro do Rio Amazonas com o Oceano Atlântico e faz parte do Pará. É uma ilha enorme, maior que os estados de Sergipe e Alagoas e quase do tamanho de países como Suíça e Dinamarca. A população do Marajó não é grande: apenas 200 mil pessoas. O número de búfalos – a ilha guarda o maior rebanho do país – é bem maior, com cerca de 600 mil animais.
Veja também: Os búfalos da Ilha do Marajó, no Pará
Como chegar
O primeiro passo é pegar um voo para Belém, capital do Pará. Passe dois ou três dias na cidade e em seguida vá de barco até o Marajó. Você gastará entre duas e três horas navegando por rios amazônicos, numa parte da viagem que, por conta da beleza, passa longe de ser cansativa.
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Há três tipos de barcos fazendo o trajeto. Há balsas, que levam pessoas e veículos; barcos lentos, que levam apenas passageiros; e barcos também somente para passageiros, mas mais rápidos. Todos partem de Belém, embora de portos diferentes, e seguem para Soure ou Salvaterra, cidades da Ilha do Marajó. Nesse texto eu explico a diferença entre as opções de transporte para a Ilha e dou informações de preços e horários.
Barco lento na travessia entre Belém e o Porto do Camará, em Salvaterra
Quando ir
O clima na Ilha do Marajó é quente e úmido, como é normal na Amazônia. Por isso, o segundo semestre, quando chove menos, é mais interessante para viajar para lá, principalmente na hora de ir para a praia. Eu fui em agosto e não tive problemas.
Por outro lado, isso não quer dizer que seja impossível visitar a ilha em outras épocas, afinal a população vive lá normalmente mesmo debaixo de chuva. No período chuvoso você encontrará campos alagados, temperaturas ligeiramente mais baixas e cenários ainda mais amazônicos – mais da metade dos campos da ilha podem ficar alagados!
Por conta da proximidade com Belém, a Ilha fica mais cheia em feriados prolongados ou nas férias escolares. Vale reservar seu hotel com antecedência nessas épocas.
Quantos dias ficar
Fique pelo menos três dias inteiros. Com esse tempo você consegue fazer os passeios pelas fazendas, ir nas praias mais bonitas, experimentar a culinária marajoara e relaxar. Tem mais tempo? Fique mais e você não terá motivos para reclamar. Eu passaria pelo menos uns cinco dias por lá, numa viagem ideal. Gastaria o tempo extra relaxando nas praias de água salobra da maior ilha do Brasil.
Quais lugares visitar
Embora a ilha seja enorme e tenha várias cidades, duas delas funcionam como eixo turístico: Soure e Salvaterra. A primeira é considerada a capital da ilha. Tem 23 mil habitantes e ruas retas e largas, planejadas por Aarão Reis, o mesmo urbanista que planejou Belo Horizonte. Em Soure ficam as praias e as fazendas mais interessantes da região. Por isso, Soure é a melhor opção para você se hospedar no Marajó. Os barcos rápidos, serviço inaugurado no fim de 2015, atracam em Soure, o que facilita a vida do turista.
Veja também: Onde ficar na Ilha do Marajó
Salvaterra é um pouco menor e está separada de Soure pelo rio Paracauari. Você gastará 10 minutos de balsa para mudar de cidade. Salvaterra também tem praias bonitas e algumas ruínas jesuítas, o que faz da cidade opção de hospedagem para quem vai ao Marajó. Basta cruzar o rio para conhecer as atrações de Soure. Os barcos lentos e as balsas que partem de Belém param no Porto de Camará, em Salvaterra.
O que fazer
Divida ser tempo entre as praias e as fazendas dos arredores de Soure. Não deixe de conhecer a Praia da Barra Velha, a do Pesqueiro e a do Araruna. Escolha um quiosque, peça uma cerveja gelada e aproveite visual. Misture o banho nas águas amazônicas – e, neste ponto, quase oceânicas – com passeios ecológicos pelas fazendas São Jerônimo, Bom Jesus e Araruna. Reserve um tempo para caminhar por Soure e conhecer o artesanato e a gastronomia marajoara. Por fim, cruze o rio Paracauari e conheça a Praia de Joanes e a Praia Grande, em Salvaterra.
Veja também: O que fazer na Ilha do Marajó
Quanto vou gastar
Como eu sempre digo, isso depende do seu estilo de viagem. O preço das passagens para Belém varia de acordo com a época do ano e a cidade onde você mora. Eu, que moro em Belo Horizonte, resgatei as minhas passagens com 8 mil milhas do Smiles, programa de fidelidade da GOL.
De forma geral, acho que R$450, com taxas, é um bom preço promocional de passagens para Belém, de voos partindo do sul e sudeste. As passagens mais baratas são de Manaus e Marabá, com voos a partir de R$260, com taxas. Já os voos mais caros tendem a ser de cidades como João Pessoa e Aracaju.
O deslocamento de barco entre Belém e a Ilha do Marajó custa entre R$20 e R$50 por passageiro (fica mais caro se você for de carro, mas, numa boa, o veículo não é necessário por lá não). Paguei R$100 por dia no quarto individual da Pousada Aruanã, que tem ótima localização. Fica no centro de Soure, perto da Prefeitura e de vários restaurantes.
Some também os gastos com passeios pelas fazendas, que custam R$100, em média (fiz dois, nas fazendas Bom Jesus e São Jerônimo). Espere gastar entre R$ 30 e 60 por refeição, com direito a comer bem e dependendo de quantas cervejas você pretende tomar.
Preparativos antes da viagem
Leve roupas leves e um guarda-chuva. Repelente e protetor solar também são indispensáveis, embora seja fácil comprar essas coisas por lá. Há bancos em Soure e Salvaterra (vi agências do Bradesco, Banco da Amazônia e Banco do Brasil), mas não custa levar uma quantia razoável de dinheiro em espécie, já que nem todos os lugares aceitam cartão. É interessante estar com a vacina contra febre amarela em dia.
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Por: 360meridianos
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