Foi a mais gastronômica das viagens que já fiz. Os 10 dias que passei no Peru, em junho deste ano, incluíram passagens pela capital do país, Lima, e também por Arequipa, Vale do Colca, Puno e o Lago Titicaca. Foi o suficiente para conhecer a variedade gastronômica de um país que tem litoral e os Andes, Amazônia e influência de várias culturas, das pré-colombianas aos imigrantes asiáticos.
Em 2012, durante nossa primeira visita ao país, o 360 fez um texto sobre as delícias que encontramos por lá. Hoje, vou falar um pouco sobre alguns dos principais pratos típicos da comida peruana. E já deixo claro: essa não é uma lista definitiva. É claro que vai faltar muita coisa – cito apenas pratos que provei durante uma viagem de sete dias.
Ceviche
Confesso que não sou o maior dos fãs, mas não chego a desgostar. São fatias de peixe cru marinadas num molho de limão, pimenta e cebola. Comida típica de pescadores, inclusive pela facilidade de fazê-la ainda no barco, o ceviche também está presente nos restaurantes mais badalados do país.
Pode ser servido com choclo, uma espécie de milho, e normalmente é feito com peixes frescos. Há registros de tipos primitivos de ceviche presentes na culinária da América do Sul há dois mil anos. O ceviche foi também consumido pelos incas e permaneceu na mesa após os espanhóis, sofrendo adaptações ao longo do tempo.
Eu provei o prato várias vezes (e de vários tipos), mas meu favorito foi o do La Mar Cebichería, restaurante especializado em frutos do mar que fica no bairro Miraflores, em Lima, mas que também tem filiais em Bogotá, Buenos Aires, Miami, São Francisco, Santiago e São Paulo.
Causa
Se o ceviche não era minha praia, não posso dizer o mesmo da causa. Esse prato usa um ingrediente farto na cultura andina, a batata – são mais de 2500 variedades. Normalmente é feito com a papa amarilla, um pouco diferente da batata que consumimos por aqui.
Pode envolver abacate e ser servido na forma de um bolinho, sempre frio. Mas a batata também combina com atum, camarão, carne de boi, frango, ovo, cebola, azeitona (e por aí vai a lista de, vamos dizer, recheios). O blog Rosmarino e outros temperos ensina como fazer uma causa à moda brasileira.
Lomo saltado
É fantástico e não muito diferente de pratos que temos por aqui. Junte um filé bem temperado, arroz, e batata frita: esse é o Lomo Saltado. O melhor que eu comi foi em Lima – e eu ajudei a fazer. Tudo bem que eu só cortei os ingredientes, mas foi durante uma aula de culinária colaborativa na capital peruana, então acho que conta.
O lomo saltado é temperado com ají, uma espécie de pimenta que vai em muitos dos pratos típicos da comida peruana, cebola, coentro e pimentão. O tomate também costuma estar presente. Segundo o professor de culinária, esse é um dos pratos influenciados pelos imigrantes que vieram da Ásia.
Rocoto Relleno
Prato típico de Arequipa e que se tornou um dos meus favoritos. Em vários restaurantes pedi o Rocoto Relleno de entrada, mas cheguei também a fazer dessa minha opção de prato principal. Uma uma espécie de pimentão recheado com carne, cebola, ovo, queijo e outros ingredientes. Comi várias vezes e não achei muito apimentado. Pediria sempre.
Pollo a la Brasa
Foi na década de 1950, em Lima, que o Pollo a la Brasa se popularizou. É marinado, leva temperos típicos peruanos e preparado na brasa, numa daquelas máquinas giratórias comuns em todo mundo, mas com carvão. O frango é acompanhado, claro, por batatas. Pode ser encontrado nos mais diversos restaurantes, dos famosos (e caros) aos mais simplões – procure por uma pollería e você achará um restaurante lotado, principalmente aos domingos.
É um dos pratos mais consumidos em Lima, a ponto de ser considerado especialidade local pelo Instituto Nacional de Cultura. O pollo a la brasa tem até uma data comemoração, o terceiro domingo de julho.
Cuy
Um porquinho-da-Índia, preparado aberto, inteiro e pururucado. Esse é o cuy, talvez o prato mais famoso entre viajantes que visitam o Peru, justamente por causa da aparência, err, diferente. Pode ser servido com arroz e batatas, mas cheguei a ver carne de cuy também em restaurantes do tipo self service. É outra comida com origem pré-colombiana.
Foto: Robert Ennals – CC BY 2.0
Ají de gallina
Também provei num restaurante simples e estilo self service, quando estava a caminho do Vale do Colca, e só me dei conta disso ao pesquisar para este texto. É um frango desfiado e com molho feito com ingredientes andinos, como o ají. Servido com arroz e e batatas. Achei a receita aqui.
Frutos do mar, bebidas e sobremesas
Sei que já citei o ceviche, mas deixo essa opção aqui para quem vai ao litoral, principalmente Lima: peça sem dó os frutos do mar. Não tenha medo de pedir pratos com polvo, camarões e outras iguarias do tipo – a melhor refeição que fiz no ano, disparada, foi um polvo ao carvão, num restaurante de Lima.
Melhor. Prato. Do Ano.
A bebida nacional é o pisco, que rende uma rivalidade eterna com o Chile, já que os dois países garantem que inventaram o drink. De qualquer forma, o pisco estará presente em todas as refeições que você fizer. Quem não é de álcool pode preferir uma Inca Cola, outro orgulho peruano e refrigerante mais vendido do país.
Sobremesa? Vá de Suspiro de Limeña, doce que nasceu na capital peruana, em meados do século 19. É feito com manjar branco e merengue de vinho do porto. O site oficial do turismo do Peru tem essa – e várias – receitas. Vale conferir.
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Por: 360meridianos
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