De vinícola em vinícola o brasileiro roda o mundo. Nossos viajantes – mesmo aqueles que nem de vinho entendem direito, tipo eu – já se acostumaram a visitar lugares onde as vinícolas são as grandes atrações. É assim em Mendoza, na Argentina. É assim nos arredores de Santiago, no Chile. E também na Europa, na Nova Zelândia, nos Estados Unidos e até na África do Sul. Mas e as nossas vinícolas? Por que não têm a atenção merecida, afinal estão aqui pertinho, no melhor modo bom e barato de viajar?
Só o Vale dos Vinhedos, região do Rio Grande do Sul que envolve os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, tem mais de três dezenas de vinícolas, tudo isso a cerca de duas horas de Porto Alegre. E algumas delas funcionam há 100 anos e produzem vinhos de altíssima qualidade, história que começou com a chegada dos imigrantes europeus, no final do século 19.
Eu estive no Vale dos Vinhedos durante três dias e pude visitar algumas vinícolas. Gostei tanto que já planejo voltar.
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As vinícolas do Vale dos Vinhedos
Escolher quais vinícolas você vai visitar é uma tarefa complicada, eu sei. O mapa do site oficial do Vale dos Vinhedos, que está disponível para impressão aqui, pode te ajudar nessa tarefa. Em todo caso, adianto que tenho minhas favoritas: a Casa Valduga e a Dom Laurindo. Mas nem cheguei perto de visitar todas que queria, então aceito sugestões de quem passou por outras vinícolas do Vale. A lista abaixo se concentra nas de Bento Gonçalves – ainda há as vinícolas de Garibaldi, a cidade dos espumantes, e de Monte Belo do Sul, grande produtora de uvas.
Casa Valduga
Foi a primeira que visitei, na manhã seguinte ao desembarque em Bento. A Casa Valduga é uma das mais conhecidas vinícolas do sul do país, história que começou há 140 anos, quando os primeiros membros da família Valduga chegaram no Brasil e começaram a cultivar parreirais. Três gerações depois, a família resolveu ampliar o negócio e criar uma das grandes vinícolas do país. A Casa Valduga exporta vinhos para 20 países e também é conhecida pelos espumantes.
Fica na Via Trento, 2355, na zona rural de Bento Gonçalves, o que complica a vida de quem não está de carro (o mesmo vale para quase todas as vinícolas). O tradicional tour não precisa ser agendado e ocorre todos os dias, de hora em hora, das 9h30 às 16h30, exceto domingos e feriados, quando o último tour é às 15h30. Dura 1h15 e custa R$ 40. Todos os participantes ganham uma taça de cristal. Além disso, a Casa Valduga também tem cursos e pousadas. Mais informações aqui.
Vinícola Dom Cândido
Vinícola familiar que fica ao lado da Casa Valduga e foi criada por Cândido Valduga. Se você estiver de carro, pode ser uma boa ideia procurar outra vinícola, para variar um pouco. Quem estiver a pé tem a facilidade de se deslocar de uma para outra. A Dom Cândido Vinhos Finos fica na Estrada Via Trento, 2169. As visitas ocorrem todos os dias, das 9h às 17h30, e a taxa de entrada é de R$ 20. Detalhes aqui.
Vinhos Titton
Alcedino Titton e Rosa Tansini se casaram, resolveram cultivar uvas e criaram um filho que se tornou enólogo. Assim nasceu a Vinhos Titton, outra empresa familiar que fica na mesma região e começou produzindo vinhos para consumo próprio. O site da empresa não dá informações sobre visitação, mas não custa bater na porta e tentar entrar no próximo grupo. O endereço é Linha Leopoldina, KM 06.
Vinícola Terragnolo
Mais uma do clã Valduga. O nome é por conta da cidade italiana onde moravam os antepassados de Sandro Valduga. A produção de vinhos é limitada e tem o selo de denominação de origem do Vale dos Vinhedos. A Vinícola Terragnolo também produz sucos e geleias. A visitação é de segunda a domingo, das 8h às 18h, e o endereço é Linha Leopoldina, sem número. Saiba mais aqui.
Vinhos Larentis
Arcangelo Gabriele Larentis deixou Trento, na Itália, em 1876. Ao chegar ao Brasil, não demorou para cultivar as uvas Chardonnay, Merlot e Cabernet Franc. Além da visitação tradicional, a vinícola tem piqueniques nos vinhedos, colheita noturna (somente em fevereiro, durante a vindima, degustação de vinhos em barricas e um dia de poda nos parreirais (exige agendamento). Não visitei, mas fiquei interessado nos passeios da Larentis, que fogem do tour tradicional por vinícolas. O endereço é praticamente o mesmo das anteriores, na Linha Leopoldina. Detalhes aqui.
Peculiare Vinhos Finos
A história se repete e o endereço também, mas muda o nome da família: aqui quem manda são os Zorzi, que já vivem dos vinhos há três gerações. A visitação e degustação é de segunda a domingo, das 8h às 18h. Site oficial.
Miolo
Outra das grandes vinícolas, com mais de 100 rótulos na produção. Quando eu fui o horário de visitação estava encerrado, então acabei não entrando. Dica extra: o bar do Spa do Vinho, de frente para a Miolo, é aberto para quem não é hóspede e tem uma vista linda da região. O endereço é RS 444, Km 21. Visitas de hora em hora, das 9h às 16h30 (15h30 aos domingos e feriados). A entrada custa R$ 20. Site oficial.
Lidio Carraro
A vantagem de visitar vinícolas com produção menor é a possibilidade de fazer uma visita guiada com alguém da família. Assim costuma ser na Lidio Carraro, que fica na RS 444, km 21. Eles também programam jantares com harmonização de vinhos para grupos de viajantes. Site oficial.
Cave de Pedra
Construída em pedra basalto, a Cave de Pedra chama atenção pelo formato, digamos, medieval – um castelo no meio do Vale dos Vinhedos. Especializada em espumantes, a Cave de Pedra fica na Linha Leopoldina, 315. Visitas das 10h ás 17h, com encerramento uma hora mais cedo aos domingos e feriados. Site oficial.
Pizzato Vinhas e Vinhos
Com o desenvolvimento do Vale, várias vinícolas surgiram a partir da década de 90, entrando para um grupo que tem também empresas com mais de um século. Esse é o caso da Pizzato Vinhas e Vinhos, criada em 1998, mas que já produziu um dos melhores Merlot do Brasil. Abrem todos os dias, de das 10h às 17h. Detalhes aqui.
Dom Laurindo
Eu gosto muito dos vinhos da Dom Laurindo e já até descobri onde comprar aqui em Belo Horizonte. É outra vinícola familiar, dos Brandelli, criada no final do século 19. Eu trouxe algumas garrafas para casa e não me arrependi. Fica na Estrada do Vinho, 8 da Graciema. A degustação é paga, mas o valor pode ser usado na compra de vinhos. Site oficial.
Angheben Vinhos
Outra família que deixou a Itália no final do século 19. Eles já viviam de videiras desde aquela época, mas a Angheben Vinhos foi criada somente no final da década de 90. Fica no quilômetro 4 da RS 444. Visitas de 10h às 17h. Detalhes aqui.
Torcello
Torcello é o nome de uma das mais famosas ilhas ao redor de Veneza, na Itália, um passeio tradicional da cidade. Foi o nome escolhido para essa vinícola, que produz apenas 10 mil garrafas por ano de vinhos tintos, 15 mil espumantes e 30 mil litros de suco de uva. Processo artesanal que você pode conhecer de perto. Fica no quilômetro 16 da RS 444. Visitas das 9h às 17h30, com encerramento uma hora mais cedo aos domingo e feriados. Site oficial aqui.
Aurora
Eu conhecia a Aurora pelo suco de uva, que é vendido em tudo que é supermercado e até padarias Brasil afora. Resolvi visitar a a vinícola por conta da localização central em Bento Gonçalves, que dispensa o carro. Outro diferencial é que a Aurora é uma cooperativa, fundada por 16 famílias, em 1931. Hoje já são mais de mil famílias no grupo, que produz quase 40 milhões de litros de vinhos e sucos. Agora você percebeu como as vinícolas que produzem apenas 10 mil garrafas por ano são pequenas, né? Fica na Rua Olavo Bilac, 500, no centro de Bento Gonçalves. Horários e datas da visita guidada aqui.
Você esteve no Vale dos Vinhedos? Conte para gente sobre suas visitas e vinícolas favoritas!
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Por: 360meridianos
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