Como encontrar formas diferentes de fazer turismo?

Enquanto um monte de gente fica se debatendo no conflito de nomenclaturas entre turistas x viajantes, tentando classificar as formas que as pessoas viajam e conhecem lugares melhores ou piores, muito tempo é perdido, poucas coisas produtivas são propostas, e bem, tudo continua sendo feito da mesma forma. Saber se existem jeitos diferentes de fazer turismo é uma das muitas coisas que nos questionamos bastante aqui no blog. Sim, claro que existem formas diferentes de viajar, mas nem sempre é fácil encontrá-las.

Iniciei o texto com essa pergunta/provocação para compartilhar com vocês um projeto que já conheço há algum tempo, a Visit.org. É um site que reúne projetos sem fins lucrativos, que vão de ONGS a associações, que propõe atividades turísticas diferentes e interessantes, que permitem aos visitantes conhecer a realidade do trabalho dessas organizações e, ao mesmo tempo, participar da vida dessa comunidade, de certa forma.

A iniciativa de empreendedorismo social surgiu em 2008, fundada por duas mulheres, a partir dessa percepção de que proporcionar interações entre viajantes e projetos que beneficiam comunidades locais é uma experiência imersiva, impactante e que beneficia positivamente os dois lados da balança.

O objetivo é exatamente dar uma resposta à pergunta do título – como encontrar formas diferentes de fazer turismo? Porque, sinceramente, no mercado de viagens online é quase impossível para uma organização pequena conseguir se destacar. Com a Visit.org eles são facilmente descobertos e reservados pela plataforma online. Além disso, a empresa social também ajuda às organizações a cobrarem um preço justo pelas atividades e oferece suporte para garantir que elas sejam atrativas e seguras para os turistas.

A grande diferença é que são sim atividades turísticas, não voluntárias. Pelo contrário, é necessário, como em qualquer pacote turístico, pagar um valor justo para participar. Ou seja, diferente do volunturismo, não é necessário um compromisso de longo termo com os visitantes, os turistas não participam dos serviços regulares da organização ou seus programas a longo prazo: eles pagam pela experiência. As experiências propostas no site vão de uma hora até dois ou três dias de imersão.

A renda gerada pelas visitas é reinvestida nos projetos comunitários. Esse é um dos pré-requisitos para as organizações poderem fazer parte do site. Além disso, precisam ser desenvolvidas com o envolvimento e aprovação das comunidades locais; respeitar as tradições culturais e estruturas sociais; evitar que a população local seja obrigada a publicizar ou transformar em performance suas tradições ou cerimônias; evitar interações com populações vulneráveis, como crianças; ser ambientalmente sustentável; e fazer a segurança dos visitantes uma prioridade.

A Visit.org, enquanto um negócio social, coleta uma taxa dos usuários/visitantes no processo das reservas, que é utilizada para a manutenção do próprio negócio. Ao mesmo tempo, são as comunidades, e não os visitantes ou empresas turísticas, quem desenham e organizam as experiências.

A meta deles é conseguir reunir na plataforma pelo menos 50 mil organizações até 2020 e render a elas uma renda de 300 milhões de dólares. As atividades reunidas no site estão em diversos países do mundo, de Gana a França, da Colômbia a Índia, etc etc.

Só no Brasil, existem 22 opções de experiências, que vão de um tour pela Floresta da Tijuca com a Cooperativa Vale Encantado, que custa 23 dólares por pessoa, ou uma experiência de três dias de produzir bonecas de cerâmica com uma comunidade do Vale do Jequitinhonha, do projeto Raízes, por 935 dólares.

Espero que vocês gostem da iniciativa. E que outras ideias como essa surjam por aí!

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Por: 360meridianos

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