Um blog nada mais é que um veículo de comunicação, tal qual um jornal diário, uma revista semanal ou um canal de TV. E veículos de comunicação profissionais são empresas. Têm custos, burocracias, rotinas e normas de funcionamento. Mas embora blogs sejam bem diferentes de empresas tradicionais, na essência encontramos muita coisa parecida.
Já escrevemos sobre nossa rotina aqui no 360 em outros textos, mostrando que fazemos reuniões frequentes, temos muitas tarefas além de produzir conteúdo para o blog e que há uma organização interna para dar conta de tudo. Neste post, quero mostrar o lado mais empresarial no negócio.
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Começou como hobbie, mas virou uma empresa
O passo definitivo para a profissionalização do 360meridianos veio em meados de 2013. Naquele ano, largamos nossos empregos em veículos de comunicação tradicionais e passamos e nos dedicar exclusivamente ao blog. Demorou e foi arriscado, mas alguns meses depois o 360 já dava um salário compatível com a profissão de origem – somos jornalistas – para cada um dos sócios.
Foi só começar a ter dinheiro envolvido para que burocracias precisassem ser vencidas. A princípio tudo foi feito pela MEI de cada um dos sócios, que antes já eram úteis para trabalharmos como frilas. Para quem não sabe, MEI é a abreviação para Microempreendedor Individual, uma pessoa que trabalha por conta própria e pode ter faturamento máximo de R$ 60 mil por ano, além de não poder ser sócio de outra empresa. Quem é MEI paga um pequeno valor fixo mensal, na casa dos R$ 50, e pode abrir contas bancárias empresariais e emitir notas fiscais, entre outros benefícios.
Como o 360 tem três sócios, logo vimos que o MEI não era a melhor saída. Optamos por abrir uma empresa normal. A 360meridianos Ltda. tem sede em Belo Horizonte, CNPJ, conta bancária de pessoa jurídica, contador e toda a estrutura típica de uma pequena empresa.
Quer dizer, quase toda. Nem o escritório de contabilidade contratado para abrir e gerenciar a empresa entendia a natureza do nosso negócio. Precisei de algumas reuniões e muita conversa para explicar exatamente o que fazíamos e de onde vinha o dinheiro. Além disso, esse é um negócio digital. E isso significa baixo custo. Embora a empresa tenha um endereço legal (e pague taxas de fiscalização e incêndio todo ano), na prática o endereço do 360 é onde cada um de nós está. Trabalhamos de casa, de um hotel, restaurante, enfim, de qualquer lugar com internet.
Mas quais são as contas a pagar?
Além dos impostos, o custo do 360meridianos é de cerca de R$ 1200 por mês. Nesse valor estão incluídas a hospedagem do site, serviços de envio de e-mail, taxas bancárias, ações patrocinadas no Facebook e a contabilidade. Esse é o custo fixo e sem o qual o blog não funciona, mas também optamos por pagar o INSS de cada um dos sócios e um seguro de saúde empresarial. E sempre podem ocorrer investimentos ou custos temporários, claro.
Por outro lado, não gastamos nada com aluguel, material de escritório e nem mesmo com contas de telefone ou internet, já que usamos as de nossas próprias residências. Eu recebi algumas ligações de empresas de telefonia que ofereciam planos empresariais gigantescos para o 360meridianos. Eles nunca entenderam que nada disso é útil ou necessário pra gente. E nem queremos que um dia seja. Por mais que trabalhemos e sonhemos com a expansão do 360, esse negócio nasceu para ser flexível, no melhor esquema de home office.
Financeiro
Toda empresa tem um setor financeiro. Além de pagar contas e emitir notas fiscais, nós mesmos controlamos o valor que entra todo mês, fazemos um balaço financeiro mensal e dividimos o lucro entre nós três. Com isso, nosso salário varia bastante ao longo do ano, já que o rendimento do blog é determinado por viajantes. E as pessoas viajam mais em certas épocas do que em outras – em geral, ganhamos mais na alta temporada de destinos em que somos mais fortes ou logo após dela.
Aprendemos a lidar com essa variação da pior forma possível e hoje sabemos que o rendimento do blog cai bastante em uma parte do ano, mas é compensado na outra. Para resolver o problema e expandir o negócio, agora temos um salário fixo, que é pago para cada um sempre na mesma data. O que sobrar é guardado para segurar os salários nos meses mais fracos e ser reinvestido na empresa, uma espécie de caixa mesmo. Queremos continuar como um negócio digital, flexível e de baixo custo, mas queremos crescer.
Mas de onde vem o dinheiro?
Isso já foi tema de um texto e até de algumas palestras do 360. Mas, como sei que seria perguntado aqui também, faço um resumão: blogs de viagem vivem, em geral, de três pilares: programas de afiliados – quando você, querido leitor, reserva um hotel, voo ou compra um seguro por meio de parceiros do blog -, venda de produtos próprios e publicidade direta.
O último caso é semelhante ao de jornais e revistas, mas infelizmente ainda é o menos comum. Por mais que alguns blogs tenham audiências bem maiores que a de veículos normais, isso sem contar o nicho definido e a capacidade alta de influenciar pessoas, em geral agências e anunciantes não entendem que um blog pode ser um negócio, não apenas um hobbie que rende alguns trocados por mês e uma ou outra viagem de graça.
Veja também: Como ganhar dinheiro com um blog de viagem
Trabalho criativo: valorize o seu ou você vai acabar fazendo de graça
Embora o 360meridianos participe ocasionalmente de press trips, viagens organizadas por destinos turísticos que querem divulgação e que são comuns na imprensa, nosso foco nunca foi (e nunca será) viajar de graça. Queremos ganhar nosso próprio dinheiro para assim podermos escolher as viagens que nos interessam, para criar nosso projetos.
Também estamos fazendo um trabalho mais ativo em busca de parceiros e anunciantes que não apenas acreditem nos blogs geral, mas que tenham os mesmos valores que defendemos em nosso manifesto: “o 360 não tem como objetivo apenas falar de lugares interessantes e dar dicas de viagem. Queremos mais: fazemos questão de refletir sobre o turismo. Acreditamos que a força transformadora da viagem está nas experiências, Impacto que reduz fronteiras, aproxima pessoas, abre cabeças e amplia a forma de pensar”. É com empresas que acreditam nisso que desejamos trabalhar mais a cada dia.
E o futuro?
Não dá pra ficar aqui. Por mais que o nosso estilo de trabalho e negócio não vá mudar, para seguir em frente é preciso crescer. E não cresceremos se continuarmos como uma empresa de três cabeças. Queremos, mais cedo ou mais tarde, que outras vozes também sejam ouvidas no 360, sobretudo vozes diferentes das nossas.
Queremos descentralizar as coisas e contratar pessoas que sejam especialistas naquilo em que nós não somos, afinal há uma infinidade de funções num veículo de comunicação e nós não temos a capacidade de exercer bem todas elas. Já tem tempo que queremos que a equipe do 360 aumente. E não apenas na produção de conteúdo.
Num ano de crise, esses planos tiveram que ser adiados, mas resolvemos voltar a sonhar e a traçar planos e projetos para que isso seja possível. Quem sabe em breve, né? Como sempre, fica o nosso muito obrigado a você que nos lê e que é a razão por trás de tudo isso.
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Por: 360meridianos
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