Madam Secretary 1×15: The Ninth Circle


O “Inferno” de Elizabeth.


“Aconteça o que acontecer, saiba que:


Eu fiz isso pelo meu país.


Esta é uma causa justa.”


(Mensagem deixada por Juliet)


Quando dois países com um antigo histórico de rivalidades tentam fazer um acordo de paz, há sempre forças contrárias buscando acabar com as negociações e, se possível, querendo acirrar ainda mais a animosidade entre as duas partes envolvidas. Geralmente, nestes casos, a maioria é pronunciadamente a favor da conciliação, porém sempre coexiste no âmago de todo tipo de sociedade um sentimento de ódio arraigado que é muito difícil de ser extirpado, e este sentimento é a força motora de grupos radicais e autoritários que veem no próximo (o outro Estado) um empecilho para a sua segurança e/ou felicidade.


No segundo episódio deste arco sobre a investigação do assassinato do ex-secretário de Estado Vincent Marsh, o tema “traição” se faz constantemente presente. A começar pelo título “The Ninth Circle” (O Nono Círculo), uma referência direta à obra do italiano Dante Alighieri que, segundo as palavras do dedicado marido Henry, classificou a traição como o pior dos pecados e dedicou todo o nono círculo de seu Inferno para esse tipo de pessoa. Depois passamos para a questão da “falsa traidora” Isabelle e de como Elizabeth precisa se esforçar para reconquistar a confiança de sua grande amiga. E, por fim, chegamos ao ápice desta narrativa, ou seja, descobrimos que o traidor-mor, o responsável pela morte da iraniana Samila Mahdavi, do agente da CIA George Peters e do (finalmente!) ex-secretário Vincent Marsh, é, ninguém mais, ninguém menos, que o Diretor da CIA Andrew Munsey. Mas, porque cargas d’água, Andrew fez tudo isso?


Ficamos sabendo neste episódio que o presidente Conrad Dalton foi o mentor de Andrew dentro da CIA, e, pelo que parece, Andrew aprendeu bem demais as lições de seu antigo tutor. O Diretor da CIA, de uma forma que impressionaria até o próprio Maquiavel, está por trás de uma tentativa de golpe no Irã para acabar de uma vez por todas com o poder dos Aiatolás, pois, em sua visão, o país persa não está nem um pouco interessado em um acordo de paz, é tudo um jogo de cena para ludibriar os EUA, no fundo, o que o Irã quer é continuar o seu plano de construção de uma bomba atômica por baixo dos panos e, pior ainda, com o “consentimento” dos EUA.


Esta temática do acordo nuclear com o Irã é muito atual e pertinente, na semana passada o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em seu discurso no Congresso dos EUA, protestou contra o acordo que Washington pretende tecer com o Irã. Este discurso de Netanyahu foi ouvido apenas pelos republicanos, pois os democratas preferiram abandonar o Congresso como uma forma de reprovação à postura do primeiro-ministro. Certamente Elizabeth, como uma boa democrata que é, teria se retirado do recinto também. Verificamos, portanto, que a opinião do primeiro-ministro de Israel não é muito diferente da opinião de Andrew Munsey.


Madam Secretary é uma série política, por isso a sua ação é mais centrada em diálogos e resoluções de conflito, podemos ver os bastidores da política norte-americana e nos deliciarmos com a sempre ponderada e justa secretária de Estado Elizabeth McCord que é interpretada pela atriz Elizabeth Téa Pantaleoni, mais conhecida simplesmente por Téa Leoni. Tendo tudo isso em mente, é sempre bom quando uma série como essa procura explorar uma conspiração internacional de uma forma eficiente e sem perder as suas características principais.


Segundo Andrew Munsey, o golpe de Estado está em andamento e não há nada o que se possa fazer, é apenas uma questão de tempo. Será mesmo? Elisabeth conseguirá reverter a situação? Quais serão as consequências deste complô? O que podemos esperar é com certeza mais um excelente episódio de Madam Secretary, com uma boa dose de ação e, provavelmente, com muitos danos colaterais. No entanto, eu comecei a review pelo fim, portanto, voltemos um pouco para o “desenvolvimento” deste episódio que nos levou ao desfecho acima citado.


A trama de “The Ninth Circle” girou em torno do restabelecimento de boas relações entre o governo dos EUA e a Turquia que, após ter a sua soberania violada, procura obter uma retratação por parte do governo americano. Após a operação mal sucedida em Istambul, onde a iraniana Samila Mahdavi, o agente especial americano Brett Boris e mais dois cidadãos turcos acabam mortos, Elizabeth tenta contornar a situação e ao mesmo tempo conseguir a liberação do corpo do agente americano. Neste contexto, quem acaba se destacando dentro da narrativa é a coordenadora de Imprensa Daisy Grant que se vê na necessidade de mentir para a mídia para abafar o caso. Daisy se sente totalmente desconfortável, pois eticamente ela sabe que está fazendo algo errado, porém, por outro lado, ela tem consciência de que este é o seu trabalho, o seu pragmatismo e a sua experiência profissional lhe dizem que a verdade “nua e crua” dentro da política nem sempre é o melhor caminho. Nós sabemos que na política a mentira é algo comum, mas até que ponto ela é aceitável? Eis o grande dilema de Daisy e nosso também.


Não posso terminar esta review sem falar um pouco sobre o filho caçula de Bess.


Agora foi a vez do garoto “prodígio anarquista” Jason receber uma especial atenção do roteiro da série. Jason começa a sofrer bullying na escola por ser o “filhinho da Mamãe”. O “imprestável” Preston, um “não-amigo” de Jason, chama sua mãe de mentirosa, e o menino não pensa duas vezes antes de descer a mão na cara do “coleguinha” para defender a honra da própria mãe. O interessante é perceber que, na verdade, Preston está com a razão, pois Elizabeth realmente está mentindo, “mentindo para um bem maior”, pelo menos é isso o que ela acredita.


Por fim, voltando ao assunto do golpe, vemos a união de esforços entre Elizabeth e o Ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros Zahed Javani, um homem moderado e sensato, para evitar a escalada de radicalização e de extremismo em ambos os países. A sorte foi lançada. A paz terá alguma chance? O único ponto de convergência entre as nações será mesmo o “lucro”? O próximo episódio de Madam Secretary promete altas emoções. Até lá…


P.S.: Segundo o chefe de gabinete do presidente Russell Jackson, Bess combate o fogo até mesmo com gás. (E jamais se queima!)





Por: Série Maníacos

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