Daredevil 1×13: Daredevil [Season Finale]

O Demolidor finalmente está entre nós.

Demorou, a batalha foi intensa, o crescimento gradual da série foi maior ainda, mas depois de doze episódios (e meio) finalmente testemunhamos o nascimento do Demolidor, o guardião da Cozinha do Inferno. Em um episódio mais compacto e fechando as pontas em cima da morte de Ben Urich, Daredevil fez exatamente o que eu esperava, trabalhou a afinidade com o telespectador e derramou seu clima mais pesado, tudo com o contraste do mundo de heróis e vigilantes que a Marvel construiu durante esses sete anos. E quando Homem de Ferro estreou, lá em 2008, você imaginava hoje estar testemunhando a adaptação de heróis urbanos que diferem e muito do lado mais colorido do mundo heroico? Eu com certeza não.

Mas o trabalho de Steven S. DeKnight foi inteligente. Ao nos provocar com uma temporada inteira de origem do Demolidor, e lá no último capítulo entregar nome e fantasia clássica, o recado foi bem claro. Eles nos querem de volta para mais uma temporada, uma em que o Demolidor será o protagonista e não Matt Murdock. E eu compro essa ideia, compro totalmente, já que estou mais do que preparado (estamos, não é mesmo?) para encarar o desenvolvimento do herói. A introdução a esse lado urbano da Marvel foi completamente competente, dosou de maneira elegante e as vezes bagunçada todas as escolhas, toda a ideologia por trás de um herói. Um luxo que muitos dos filmes da Marvel não tem.

Se em Homem de Ferro (primeiro) nós tivemos aproximadamente duas horas para conhecer Tony Stark, em uma série nós temos quase treze para saber exatamente quem é Matt Murdock. E é exatamente por isso que eu coloco Demolidor como a melhor produção do MCU, apesar de ainda ser apaixonado por Guardiões da Galáxia e Soldado Invernal. O estilo do herói da Cozinha do Inferno foi condizente com todas as minhas expectativas, principalmente quando encaro o crescimento de outros personagens.

O Rei do Crime também teve seu destaque, assim como seus comparsas. Enigmáticos como Nobu e Gao, desbocado como Leland, ou totalmente imprevisíveis como os russos. Existiu uma diversidade bem grande, o que talvez separe de uma vez por todas a ideia de que super-herói é um gênero. Demolidor é mais do que uma série baseada em um personagem saído dos quadrinhos, é o nascimento de uma nova identidade para a Marvel, a mesma que foi comprada pela Disney e que hoje nos presenteou com sangue, acrobacias e muita maturidade. Algo que deveria ter um reflexo nos filmes da casa, que andam precisando de um pouco mais de escuridão, mas não muita, afinal, é um mundo diverso e no mesma rua banhada pela luz, também é possível encontra-la mergulhada em trevas. E Matt Murdock entende bem desse lado escuro.

E o que dizer do embate final entre o agora já assumido Rei do Crime e o finalmente Demolidor? Eu vou confessar, esperava um pouco mais, já que visualmente o que testemunhamos no começo foi bem mais poderoso. Porém, entendo perfeitamente o que a série quis fazer com a luta entre os dois. Fisk não é o tipo de homem que vai saltar uma escada, pular nas paredes, dar o duplo twist carpado enquanto atira estrelas ninja no Demolidor. Por isso, carregados de todos os sentimentos, raiva, angústia, sede de vingança e justiça, o que nos entregaram foi algo bem mais humano, carregado de um lado mais ágil, porém nem um pouco falso. Existia raiva e um desejo muito grande, tanto Fisk quanto Matt queriam que a luta chegasse ao fim.

O Demolidor precisa ser rápido, é a sua vantagem. Fisk quando possuído pela raiva se transforma em um verdadeiro gorila, descontrolado, forte e muito perigoso. Se lá no segundo episódio da série você via o mascarado exausto, enfrentando vários capangas em um espaço apertado e percebia, que se apenas mais um deles se levantasse, talvez Matt caísse de vez, aqui, na luta contra Fisk você torce para que o Demolidor supere na velocidade, na agilidade e não seja atingido. Mas dessa vez nosso herói está mais preparado, já que deixou de lado seu “pijama” preto e adotou uma couraça mais resistente.

E ver que a série reservou para Fisk uma luta em um beco escuro, foi simplesmente tudo o que eu precisava para coroar Demolidor como a melhor série adaptada de um material dos quadrinhos. Certamente, um dos pontos que elevou a produção ao extremo e teve como recompensa milhares de pessoas elogiando o trabalho nas redes sociais. Uma primeira temporada sólida e com poucos momentos de queda, um senhor acerto para a Marvel, que realmente cumpriu o que prometeu, nos entregando a história de origem de um herói e seu maior antagonista. Quem sabe agora que a Big M fechou uma “parceria” com a Sony, não aconteça (em um futuro próximo, espero) o encontro entre Peter Parker e Wilson Fisk? E quem melhor para dar uma mãozinha para o Cabeça de Teia do que o Demolidor, e seu mais novo uniforme vermelho? São as possibilidades de um universo compartilhado, fruto do trabalho incessante de roteiristas, produtores e fãs.

Já que toquei no assunto uniforme, aqui vai meu veredito. Achei o do filme com o Ben Affleck bem mais próximo ao dos quadrinhos, mesmo sendo aquele leather fetish. Porém, para a proposta mais urbana da série e a pegada mais “pé no chão” da Marvel no conceito roupas, eu fiquei sim feliz e coformado com o que foi apresentado. Matt é um homem que precisa dos seus sentidos completamente liberados, o que ninguém nunca notou, foi que o Demolidor do filme tinha a cabeça toda tampada por uma máscara justíssima de couro. Agora te pergunto, isso não afeta a audição? Logo, o uniforme mais funcional, que foge das HQs, mas que se encaixa nas necessidades do personagem é uma adição válida.

Porém, me lembro bem quando o uniforme preto surgiu, na primeira foto oficial da série. A raiva dos nerds foi gigantesca, o clamor pelo uniforme vermelho virou um hino. E depois de treze episódios eu me peguei totalmente apaixonado pelo tom escuro, pelo ar ninja. Confesso, eu aceitaria mais uma temporada com aquele “pijama” preto. Mas tudo bem, imagino que para a segunda (já confirmada) temporada, os perigos serão maiores e bom, uma couraça mais resistente para aguentar a investida de sai afiados de certa estudante grega é uma ótima precaução.

Demolidor se despede em alto estilo. Existiram erros? Claro. Nenhuma série é perfeita, mas os acertos superaram e muito todas as expectativas. Daredevil não é uma série de super-heróis, ela é uma série de crimes e eu espero, do fundo do meu coração, que ela aproveite a segunda temporada para nos entregar mais desse lado humano da cidade. O equilíbrio deverá vir, já que agora Matt finalmente aceitou sua posição. Tentar transformar toda a produção em uma cópia carbono de histórias mais “coloridas” do Diabo da Cozinha do Inferno poderá se provar um erro e com a recente mudança de showrunner, só espero o melhor. Personagens como Urich e Wesley não mereceram o final prematuro que tiveram, mas torço para que isso não prejudique o bom andamento do segundo ano. Para todos os amantes, nos vemos novamente em 2016, ou em Agents of S.H.I.E.L.D., Agent Carter, Punho de Ferro, vocês sabem onde me encontrar.

Easter eggs e outras informações

- Aparentemente morto, Leland Owsley deixou um herdeiro. Seria ele o responsável por adotar o manto de Coruja? Leland Jr?

- A ópera que toca durante a prisão dos comparsas do Fisk é uma ária de Puccini Turnadot, chamada ‘Nessum Dorma (Ninguém irá dormir)” e quem está cantando é Luciano Pavarotti. A letra pode ser conferida abaixo:

Mas meu segredo está escondido dentro de mim; ninguém conhecerá meu nome! Não, não! Sobre a tua boca o direi, quando a luz resplandecer. 

Desvencilhe, a noite!

Desapareçam, estrelas!

Desapareçam, estrelas!

Ao alvorecer eu vencerei!

Vencerei, vencerei!!! 

- E para quem pensou que o Stan Lee não daria as caras em Demolidor, se enganou, ou quase isso. É possível ver uma foto dele no mural da polícia de Hell’s Kitchen.

- No artigo do jornal em que uma ilustração do vigilante aparece, estamos vendo a obra de Alex Maleev, que trabalhou ao lado de Brian Michael Bendis. Leitura obrigatória.

- Na oficina do Marvin é possível ver duas pernas gigantes de metal, elas pertencem ao vilão Stilt Man, um cara nada comum que alonga suas pernas robóticas para roubar desavisados ricaços em suas coberturas.

- Para todos que me acompanharam através das treze reviews de Demolidor, fica meu agradecimento. E que venha a segunda temporada.


Por: Série Maníacos

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