Gotham 1×19: Beasts of Prey


O preludio de Batman Detective Comics.


Os diversos acontecimentos dos últimos dois episódios pré-hiato inspiravam mudanças e ação nas tramas seguintes, enquanto o GCPD parece não aprender com Gordon, o jogo político continua e de forma completamente desleal. Fish ainda vivência o inferno e mesmo com sua fuga, como Harvey disse, não se pode voar muito perto do sol e as consequências chegam. Finalmente, Bruce libera seu lado investigador e se junta a Cat para tirar satisfações de um canalha.



You really need to get out more”



- Selina


Depois da humilhação do Loeb frente ao Gordon, era esperada a retaliação e a maneira escolhida mostrou precisamente o que Jim precisava. Não há popularidade para um verdadeiro policial em Gotham, falar em limpar a sujeira é fácil e bonito, idealista, mas agir contra a corrupção é trabalhoso e tem um alto custo. O pedido do policial para o detetive investigar um caso do Ogro pareceu inocente e mascarou as intenções no princípio, entretanto Jim tem Harvey como apoio que sempre acaba cedendo após suas ressalvas; que dessa vez foram mais do que sensatas.


Os flashbacks do Jason aka Ogro com a vítima foram excelentes para criar um nível superior de envolvimento com o caso do serial killer, acompanhá-lo ao passo em que Jim investiga foi uma ideia bem aproveitada. O modus operandi do Ogro é casual e incomum, foi muito bom o introduzirem desde a caça até o momento em que ele decide atacar e partir para outra vítima. O medo do Harvey foi compreensível, mas o Gordon é tão idealista que não deixa de pesar as consequências e sempre colocar um peso extra no dever. Escolhas do tipo sempre vão ser parte da vida do Jim, limpar essa cidade não é uma tarefa incomum, ainda mais com esse potencial de maldade que a cidade inspira.


A decisão do Gordon em continuar a investigação do caso Ogro transforma um arco interessante em algo mais elaborado por contar com mais de um episódio. Essas sequências na série ficam ótimas, o aprofundamento feito em casos complicados e em vilões saídos da mitologia do morcego são o tipo de atrativo que cria expectativa desde o anúncio da série. Como o Ogro não é um dos mais famosos nêmesis do Batman, a reinvenção dele ficou muito boa para inserir em uma trama do Gordon sem uma conexão futura óbvia com o Wayne; a assinatura do serial killer e seu quarto da tortura foram toques atuais e bem curiosos que puderam ser conectados com outras obras e usadas de maneira irônica.


Seria muito estranho se Fish Mooney continuasse na surdina, grandes planos foram feitos para ela e por ela neste episódio. A fuga arquitetada por Mooney certamente foi uma obra-prima, todos os passos foram essenciais para o sucesso da operação e envolverem todos os personagens nessa storyline. Esta trama que conseguiu ser tão interessante quanto as outras duas principais e adicionou o toque extra de ação que poderia ter feito falta no episódio. É notável que Fish não é uma pessoa muito empática ou generosa, contudo a lealdade ao Kelly e as boas pessoas em cativeiro foram um dos pontos altos de sua participação na série.


Enganar o Dollmaker é tudo, menos fácil. A dissimulação da Fish tentando ganhar tempo para que o plano funcionasse foi digna dos vilões mais manipuladores de Gotham City. A ilha foi uma ambientação inteligente para o covil do Dollmaker, a produção frequentemente tem acertado em suas escolhas do tipo e as estratégias para a montagem dessa prisão foram bem usadas por Mooney nesse novo arco. Estratégia esta que a fez encontrar um modo de enrolar outros cativos como distração para seu próprio proveito, funcionou de forma simples e eficaz apesar do desfecho um pouco infeliz que teve.


As habilidades investigativas de Bruce são um dos atrativos na série pelo grande detetive que o Batman se torna, inserir esse fato no contexto atual é altamente satisfatório. Como o melhor detetive do mundo, o Batman deve ter começado cedo, mesmo com talento, a prática faz a diferença e Bruce Wayne teve um grande desafio ao se envolver nos problemas da WE. É perigoso, mas Wayne não quer ser somente um garotinho que se assusta fácil ou que recorre aos outros para consertar seus problemas. É fascinante como Bruce já é adulto e esse detalhe não passa despercebido ao Jim que o trata devidamente como Bruce deseja; as interações entre eles são sempre inspiradas, não dá para diferenciar a criança do adulto, o nível de respeito mútuo é exatamente o que eu esperava ver de Wayne e Gordon pelo histórico futuro deles.


O ego do Alfred foi claramente ferido, porém seus motivos ao deixar a GCPD e o pequeno Bruce por fora são sensatos. Só que jamais chegará o dia em que Bruce Wayne não vá proteger quem ama, muito menos se essa pessoa for tudo que lhe resta. A ajuda da Selina aka cat formou uma parceria forte, perspicaz e interessantíssima. Primeiramente a ingenuidade do Bruce não o faria nunca encontrar o local onde Payne se escondia e a vivência nas ruas da Cat foi imprescindível pra localizá-lo. Essas ruas que não passam despercebidas ao notar que a Gotham City de Bruno Heller é muito mais compatível à das comic books, essa obscuridade da cidade foi destacada com as duas investigações em paralelo às andanças do Mr. Penguin.



I’m coming after you, Commissioner. You’re done”



- Jim


A construção mais próxima ao “dirty” cheio de darkness de Gotham consegue tornar a série mais adulta e atrativa para diversos públicos, a ligação de todas as tramas através, justamente, da cidade é algo genial e que transforma a série. Enquanto é possível ver Bruce no mesmo local que Oswald, o contraste de bem e mal, herói e vilão ou defensor e nêmesis é discretamente jogado a imaginação. Em um episódio em que nos arcos não faltaram, ficou difícil achar algo que realmente incomodou e esse retorno foi um bom precursor para o que ainda está por vir. Gotham tem muito a explorar em seus episódios restantes, mas até aqui apresentou um excelente conteúdo.


Heads or Tails 1: não gostei que já forçaram o primeiro assassinato da Selina, mesmo ela não sendo ingênua não poderiam descartar que ela é uma criança ainda – não que não seja capaz do ato – e evoluir a criminalidade dela foi prematuro. Quanto ao motivo para isso eu gostei, pelo menos foram legítimos e não egoístas como poderiam.


Heads or Tails 2: adorei a diferenciação sutil que traçaram entre Bruce e Selina, os dois são capazes das mesmas coisas, mas as escolhas são individuais. Wayne poderia ter jogado Reggie, mas ele simplesmente não é assim. Já a Selina faz o que precisa ser feito, sempre.


Heads or Tails 3: o Oswald tramando para pegar o Maroni foi divertido, colocaram discretamente esse plot sem ocupar muito espaço com um detalhe mínimo. Vai ser difícil, mas break a leg, Oswald.


Heads or Tails 4: o porte do Jim ao confrontar o Loeb foi perfeito, firme e seguro como o futuro comissário será.





Por: Série Maníacos

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