Tecnologia: ações do setor se encontram na difícil situação de terem que gerar US$ 320 bilhões em lucros neste ano (Stephen Morton/Bloomberg)
(SÃO PAULO) – Poucas companhias se beneficiaram mais com o mercado em alta dos EUA que começou em 2009 do que as empresas de tecnologia, e não há companhias com as quais os investidores contem mais para gerar os lucros necessários para continuar adiante.
Como grupo, as ações de empresas de informática e biotecnologia que formam o Nasdaq 100 Index observaram um salto no seu valor de mercado de US$ 3,3 trilhões desde março de 2009, mais do que qualquer outro setor. Agora, elas se encontram na difícil situação de terem que gerar US$ 320 bilhões em lucros neste ano, somatório maior do que aquele ganho pelas empresas tecnológicas no auge da mania pela internet.
Caso não consigam, o fracasso entraria em uma lista cada vez maior de preocupações dos investidores, que abrange das taxas de juros do Federal Reserve (Fed) até uma série de relatórios econômicos decepcionantes. Os comunicados coletivos sobre as avaliações quase não fazem sentido em um grupo cujos múltiplos apresentam a maior variação nos últimos quinze anos. Mas o mercado está perdendo a paciência com os fracassos.
“Essas empresas têm que acertar em cheio”, disse Jeff Sica, que supervisiona US$ 1,5 bilhão como presidente e CEO da Circle Squared Alternative Investments em Morristown, Nova Jersey. “Se elas não se saírem bem, você pode começar a contar os minutos até o fim deste mercado em alta”.
Surpresas
A possibilidade de elas fracassarem também é remota. Entre dois dos quatro maiores colossos da tecnologia que anunciarão resultados nesta semana, o Facebook Inc. e a Microsoft Corp., somente três dos últimos 18 relatórios trimestrais das duas companhias ficaram aquém do esperado. No caso do setor inteiro, na temporada iniciada há duas semanas, cerca de 80 por cento das empresas de tecnologia informaram lucros acima da média de estimativas dos analistas.
Tampouco há pânico entre os investidores. As ações do Nasdaq caíram junto ao resto das ações mundiais na sexta-feira, mas elas estão se aproximando de um marco histórico. Treze anos depois de tocar fundo no colapso das empresas pontocom, que apagou US$ 6 trilhões do valor das ações, o Nasdaq 100 está a 8 por cento de voltar a alcançar o recorde estabelecido em 2000 depois de crescer 317 por cento desde 2009.
Dentro do Nasdaq 100, a diversidade de avaliações raramente foi mais ampla. A média de desvios da média de razões entre preços e ganhos é de 106 por cento, com múltiplos de lucros que vão de um máximo de 2.654 até um mínimo de 8,3, mostram dados compilados pela Bloomberg. Sem contar o impacto do Facebook, que realizou sua abertura de capital em 2012, o único momento em que as diferenças foram maiores foi em 2000.
O diferencial representa a brecha entre empresas mais antigas, cuja linhagem se remonta à década de 1990 ou ainda antes, e nova estirpe de empresas de redes sociais e biotecnologia. A Micron Technology Inc., a Intel Corp. e a Qualcomm Inc. estão entre as ações com razões entre preço e lucros inferiores a 15, ao passo que as do Facebook e da Regeneron Pharmaceuticals Inc. superam 70.
Microsoft, Facebook
A Microsoft informará os resultados para o terceiro trimestre fiscal em 23 de abril. Os analistas antecipam uma queda de 23 por cento dos lucros e uma alta de 3 por cento das vendas, segundo dados compilados pela Bloomberg. Suas ações foram negociadas a 15,8 vezes os lucros nos últimos 12 meses, perto da média desde 2005 e mais de 2 pontos abaixo do S&P 500.
Os analistas dizem que o Facebook terá um crescimento dos lucros de 19 por cento e uma expansão das vendas de 43 por cento no primeiro trimestre. Avaliadas a quatro vezes o múltiplo do S&P 500, as ações da empresa continuam sendo muito mais baratas do que nos últimos três anos, quando a razão média entre preço e lucros superava 300.
“Eu não diria que as avaliações das ações de empresas de tecnologia são exageradas”, disse Jason Benowitz, gerente sênior de carteiras em Nova York que ajuda a supervisionar US$ 4,5 bilhões na Roosevelt Investment Group Inc., em entrevista por telefone. “Muitas empresas de tecnologia são avaliadas com ações com razões baixas entre preços e lucros”.
Por: InfoMoney : Bloomberg
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