Time is always right to do right”
Em um episódio bem instável e inquieto, o aspecto mais interessante de I’m just a bill é a discussão sobre justiça. Esse não é um tópico original e inovador em Scandal, mas levanta um questionamento interessante sobre o que a justiça representa dentro desse universo. De um modo geral, essa discussão sempre gira em torno da famosa discussão “Os fins justificam os meios?”.
A resposta para essa pergunta divide os personagens de Scandal em dois grupos: os que acreditam que fazer comprometimentos na esfera pessoal faz parte no processo de estabelecer um bem maior e os que acreditam que ser fiel a seus valores é o único jeito de fazer uma real diferença.
Olivia Pope sempre fez parte desse segundo grupo. Desde a primeira temporada ela atendia os clientes com base em seu instinto e construiu seu pequeno exército de gladiadores ao redor dessa concepção de justiça. Ela já se aventurou pelos lados de lá e a maioria das vezes pelos motivos errados (leia-se: pelo Fitz-bundão). Com esse episódio, vimos em dois diálogos que a experiência traumática do sequestro trouxe Olivia de volta às origens: na última conversa com Marcus-ativista-caso do dia, ela faz questão de ressaltar que, enquanto se é fiel a si mesmo, ainda há esperança; e na conversa final com seu pai, ela deixa claro que, mesmo que ainda sinta algo por Fitz-bundão, ela não vai deixar que isso a impeça de fazer o que é certo. Ela está de volta, bitches. Com um pouco de estresse pós-traumático, mas está.
Para representar o lado de lá da justiça, ao invés de investir na figura vilanesca que é Rowan, que fez a sua volta triunfal com direito a um de seus monólogos eloquentes, esse episódio trabalhou muito bem a questão do comprometimento por um bem maior com a Vice-Presidente. Susan Ross deu um tapa na cara coletivo em Cyrus, Mellie e Fitz, mostrando que ela enxerga através das estratégias deles e sabe qual é o papel que eles desejam que ela ocupe, mas que ela veio para fazer a diferença, mesmo que isso comprometa as segundas intenções de quem quer que seja. Com resiliência e competência, ela decide não só ler na íntegra, mas pensar com cuidado a lei que o trio maravilha tanto quer que ela aprove, lembrando a todos que eles estão governando um país antes de estarem trilhando seus caminhos individuais. E, apesar das coisas não terem acontecido da maneira planejada, os resultados foram positivos: Mellie anunciou sua candidatura ao senado (o que aqueceu o meu coraçãozinho – ela merece ser feliz, gente), e Fitz-bundão trabalhou na lei Brandon em parceria com Susan para fazer alguma diferença.
O mais interessante dessas representações é que o episódio não trabalhou com dicotomias, com preto no branco. Para mim, a frase “É sempre a hora certa pra fazer a coisa certa” é tão forte e tão relevante porque ela não se prende a nenhum dos “tipos” de justiça representados. Olivia está fazendo o bem da melhor maneira possível, mas Susan também. Ou seja, a pergunta do episódio não é respondida. Mas até ai, as melhores perguntas nunca são.
Todo o resto do episódio para mim foi ruído. Não aguento mais B-613, não aguento mais o papo de White Hats do David Rosen, não aguento mais todos os caras gostosos que a Olivia pega terem o rabo amarrado com o vaso ruim do pai dela. E o nível de intolerância está tão grande que eu não consegui sentir a morte de Jake-mozão, que um dia tanto amei.
Por outro lado, essa é a deixa perfeita para acabar com essas ladainhas, dar uma lapidada na série e explorar o potencial que ela ainda tem. Bora fazer uma prece para Santa Shonda?
Por: Série Maníacos
Nenhum comentário:
Postar um comentário