O céu sempre fascinou a humanidade. Do mito de Ícaro às mais modernas aeronaves, o sonho de voar provocou um misto de admiração e respeito. Se ousamos viajar por entre as nuvens, também tememos suas possíveis consequências. Porque lá em cima, onde não há chão, somos impotentes diante de qualquer desastre. E, ano após ano, usamos a ciência, a tecnologia e nossa capacidade de análise para tornar mais seguras nossas travessias por ar, com sucesso.
Fizemos da aviação nosso meio de transporte mais seguro. Aprendemos com erros passados e dominamos também os ares. São mais de 100 mil aeronaves levantando voo a cada dia. A cada minuto, temos 11 mil aviões no ar. E as chances de uma fatalidade em um acidente de avião são apenas de 1 em 11 milhões. Ainda assim, alguns acidentes marcaram a história da aviação por permanecerem um mistério até hoje.
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Não há calmante melhor que a janela do avião
Voo 19: sete aviões desaparecem no Triângulo das Bermudas
No dia 5 de dezembro de 1945, cinco aviões Navy Avenger pertencentes às Forças Armadas Americanas levantaram voo da Base Aeronaval de Fort Lauderdale, Flórida, para mais um treinamento de rotina, levando 14 oficiais. Aquele era o último treinamento daquele grupo de cadetes. Com o tempo claro e um instrutor experiente na equipe, eles deveriam simular um ataque de torpedos e, em seguida, retornar à base.
Noventa minutos após a decolagem, o capitão e instrutor Charles Carroll Taylor enviou uma mensagem à base, informando que eles não conseguiam identificar onde estavam. De acordo com os registros, o painel de controle do capitão apresentou problemas de funcionamento, fazendo com que os pilotos confundissem as ilhas de Florida Keys, localizadas ao sul de Miami, com as Bahamas. A torre de comando enviou informações para levar a esquadrilha de volta à Florida, mas, ao que parece, eles continuaram se afastando oceano afora. O último contato do Voo 19 foi às 19h04 daquele dia, quando conseguiram falar com outro tenente que voava pela região.
A Marinha Americana mobilizou todos os seus esforços na busca das aeronaves. Dois hidroaviões modelo PBM Mariner foram os primeiros a buscar na área de desaparecimento. Meia hora depois da decolagem, uma das aeronaves enviou um sinal de que estava se aproximando do local da última posição conhecida do Voo 19. Em seguida, a torre de comando perdeu completamente o contato com ambas as aeronaves.
Embora as buscas pelos sete aviões desaparecidos tenham envolvido 248 aeronaves e 18 navios, nunca mais se soube do grupo de 14 oficiais e dos outros 13 enviados em seu resgate. Entre as teorias que envolvem o mistério esta a de que as aeronaves explodiram no ar.
O Triângulo das Bermudas é famoso por ser a área de mistérios. Desde o final da Segunda Guerra, foram registrados mais de 100 desaparecimentos de navios e aviões na região que compreende o arquipélago das Bermudas, a Flórida e a cidade de San Juan, em Porto Rico. Os motivos para isso nunca ficaram totalmente claros e abrem espaço para teorias que vão desde o sequestro das aeronaves por alienígenas a portais para outros mundos.
Para o físico Bruce Denardo, da Escola de Pós-Graduação Naval de Monterey, nos Estados Unidos, a explicação pode estar na presença de gás metano no subsolo oceânico da região: “A liberação do metano reduz a capacidade de flutuação de um navio e pode afundá-lo”. Já o ex-piloto americano Larry Kusche, autor do livro The Bermuda Triangle Mystery – Solved (“O Mistério do Triângulo das Bermudas – Solucionado”), diz que as explicações para os naufrágios e acidentes aéreos são muito mais corriqueiras, como tempestades e falta de combustível.
Outros incidentes notáveis da aviação no Triângulo das Bermudas incluem o desaparecimento de um Douglas DC-3 que decolou de Porto Rico em direção à Flórida e levava 32 pessoas à bordo, em 1948; e o choque entre duas aeronaves das Forças Armadas Americanas, em 1963.
A estranha maldição dos voos 191
No dia 24 de junho de 1972, o voo comercial 191, da companhia Prinair, saiu de San Juan, Puerto Rico, com destino ao aeroporto de Marcedita, em Ponce, no sul da ilha. O voo estava atrasado, de modo que, ao comunicar sua intenção de pousar no destino, a torre de controle do aeroporto já estava fechada. Ao se aproximar do solo, os pilotos pensaram ver um veículo obstruindo a pista de pouso, de modo que tentaram arremeter, o que levou a aeronave a se chocar contra a pista. Das 20 pessoas à bordo, cinco morreram em decorrência da batida. Três anos depois do acidente, as investigações mostraram que o dono de veículo que supostamente estava parado na pista havia deixado o aeroporto com o carro 15 minutos antes. O curioso sobre esse caso é que ele parece ter inaugurado uma certa maldição relacionada aos voos 191.
Ao longo da história, foram registrados quatro acidentes e um incidente grave com voos comerciais marcados com esse número, uma taxa mais alta que qualquer outra. O maior acidente entre os 191 foi com um voo da American Airlines que saiu do Aeroporto Internacional de O’Hare, em Chicago, com destino a Los Angeles. A aeronave havia acabado de decolar quando o motor se separou da asa, fazendo com que o avião caísse na cidade de Deis Plaines, Illinois, e matando todas as 271 pessoas a bordo. Até hoje, esse é o maior acidente de aviação civil já registrado nos Estados Unidos.
Anos mais tarde, em 1985, o voo 191 operado pela Delta Airlines, de Fort Lauderdale para Dallas, foi pego por uma forte tempestade de verão ao se aproximar de seu destino. Os pilotos constataram a dificuldade da aterrissagem e de manterem o avião no rumo por causa dos ventos e chegaram a dizer, brincando, que seriam levados pela tormenta.
Eles não sabiam, no entanto, que a chuva não era o único fenômeno meteorológico que enfrentariam naquela aterrissagem. Acabaram entrando em uma tesoura de vento, uma variação na direção ou na velocidade dos ventos que é extremamente perigosa na aviação, e despencando de uma altura de 2.000 metros sobre uma estrada, matando um motorista que passava por ela no momento. Entre os 164 a bordo, 137 perderam a vida. Esse acidente motivou estudos sobre o fenômeno e hoje os aviões são equipados com radares capazes de prever as tesouras de vento.
Em 2006, outro voo da Delta, dessa vez de número 5191, mas operado pela ComAir como 191, estava prestes a decolar do pequeno aeroporto de Lexington, Kentucky. No momento de posicionar o avião, os pilotos se confundiram e acabaram indo para a entrada de uma pista que estava fechada. Como já haviam recebido luz verde para a decolagem, puseram a máquina em movimento. A pista não estava acabada e era muito curta para que um avião pudesse levantar voo. A aeronave se chocou contra um barranco a 120 km/h, matando 49 das 50 pessoas a bordo.
Em 2012, o piloto do voo 191 da JetBlue teve que fazer um pouso de emergência no Texas, após alegar um ataque de pânico. O estigma em torno desse número levou várias companhias a abolirem os voos 191 de seus quadros.
O voo 990 da Egypt Air
Na noite de Halloween de 1999, um avião da Egypt Air deixou o Aeroporto Internacional J.F. Kennedy, em Nova York, com destino ao Cairo e despencou quando sobrevoava o Atlântico, matando todas as 217 pessoas a bordo. Nas gravações recuperadas da cabine de comando, descobriu-se que, quando o piloto saiu para ir ao banheiro, o co-piloto el-Batouty desligou o piloto automático, provocando a queda. Ao fazer isso, repetia: “eu creio em Deus”.
Os motivos que o levaram a derrubar o avião nunca foram esclarecidos. Na época, chegou-se a especular a possibilidade de um atentado terrorista, mas a conclusão foi que o co-piloto teria motivações pessoais, apenas. O que se sabe é que, dias antes, ele foi proibido de voar nos Estados Unidos por conduta sexual imprópria. Na ocasião, o piloto disse a ele que aquele seria seu último voo, no que el-Batouty respondeu: “será seu último voo também”.
O último diálogo gravado pela caixa preta é o piloto retornando à cabine: “O que é isso? O que é isso? Você desligou os motores?”.
Desaparecimento no ar
Em 1962, o avião militar Flying Tiger Flight 739, que transportava alimentos da Califórnia para o Vietnã, fez uma escala nas Filipinas para abastecer. Após levantar voo outra vez, ele simplesmente desapareceu, com 93 soldados americanos e 3 vietnamitas, sem deixar rastros, enquanto sobrevoava o oeste do Pacífico. Os vestígios do avião jamais foram encontrados e o caso permanece um mistério até hoje.
Testemunhas oculares afirmaram ver um rastro de fumaça nos céus, seguido por um brilho forte de luz que durou alguns instantes. no local no qual se presume que o avião estaria, mas os investigadores nunca foram capazes de determinar o que aconteceu com o Flying Tiger.
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O mistério do voo 7 do Pan Am
Uma luxuosa viagem de volta ao mundo a bordo do Pan Am terminou abruptamente quando o avião desapareceu de forma misteriosa ao cruzar o Pacífico. Os 36 passageiros desfrutavam de uma experiência exclusiva que incluía assentos totalmente reclináveis, champanhe e caviar servidos em porcelana chinesa e um lounge para coquetéis. A viagem começou em San Francisco, onde também deveria terminar, e estava apenas em sua primeira perna, em um voo de 10 horas com destino a Honolulu, no Havaí.
A última mensagem enviada pelos pilotos à torre de comando foi às 1h04 da manhã do dia 9 de novembro de 1962, e eles não reportaram nenhum problema ou incidente, mas o avião jamais chegou ao destino. Uma semana mais tarde, a Marinha Americana avistou corpos boiando no oceano, o que os levou aos destroços. Exames toxicológicos apontaram uma alta concentração de monóxido de carbono nos corpos, mas as causas exatas do acidente jamais foram descobertas.
Um fato curioso que ajudou a criar teorias sobre o que poderia ter acontecido ao Pam An é que um dos passageiros, William Harrison Payne, comprou, pouco antes da decolagem, uma passagem só de ida ao Havaí e três apólices de seguro, incluindo uma que garantia uma cobertura duas vezes maior em caso de morte. Ele tinha experiência com explosivos e dias antes se gabou com seus vizinhos sobre saber fabricar uma bomba usando uma bateria e um pedaço de fio. Seu corpo, no entanto, nunca foi encontrado entre os destroços, o que levantou dúvidas se ele de fato havia embarcado. Entre as teorias que surgiram, além de fraude de seguro e vingança de um membro da equipe, estava também a de um meteoro ou a que o avião teria sido abatido acidentalmente pelas forças armadas.
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Por: 360meridianos
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