A temporada do deboche e dos 50 tons de verde.
Um episódio que traz de volta uma das vilãs mais caricatas da série merece respeito. Um que faz de Robin Hood o protagonista, sem que tudo soe exageradamente piegas e desnecessário, mais ainda. Mesmo que algumas coisas não tenham funcionado para mim, como sempre, culpa do roteiro que insiste em criar justificativas e situações que não agradam, não quando nos lembramos de tudo o que os personagens já passaram, no passado e o presente. Rumpels e seu coração quebrado servem apenas para que Zelena volte ao holofote e deixe tudo mais interessante para nós e bem menos para a Regina. Porém, tirando o twist final com rainha do guache se revelando, o já nem tão imponente Dark One falha ao tentar trazer um pouco de refinamento para a história. Um refinamento que nem mesmo Robert Carlyle anda conseguindo passar.
Ter Robin de volta e com uma história própria foi importante, foi uma das poucas vezes em muito tempo (apesar de já termos alguns válidos nesta temporada) que o flashback realmente serviu de acordo com a proposta. OUAT sempre teve como ideia central ser um conto de fadas para adultos. Mas essa foi a primeira vez que vimos um “príncipe” das histórias clássicas galopando, no meio da cidade. Assim como a verdadeira tomada que todos nós sempre esperávamos, quando descobrimos que os nossos amados personagens seriam transportados para o “mundo real”. Estranho que foram necessárias quatro temporadas para ver algo do tipo. Personagens mágicos precisando se adaptar ao cruel mundo de assaltantes, ou procurando trabalho, era o que faltava e foi sim de acalentar o coração ter este pequeno presente.
Tudo bem, a sua história de origem não foi lá essas coisas. Robin como dono de boteco e Marian como garçonete/esposa não é o tipo de abordagem que eu esperava, ou queria. Entretanto, ficar sabendo como ele conheceu Will Scarlet em uma cena que deve servir de ponte para quem acompanhava OUAT: In Wonderland (eu não, credo), até sobrepôs a desnecessária abertura pitoresca em que ele se envolveu. Aquela história do pague o aluguel ou eu te coloco na rua, roubo sua mulher e bato no seu filho é bem clichê, mas tudo bem, Robin queria deixar de lado sua vida de crimes, uma decisão feita pensando em Marian e como eu disse antes, o flashback serviu para alguma coisa. Robin amava Regina, mas tinha a memória de Marian para atrapalhá-lo, agora o jogo inverteu e como todo herói, a mulher de seu filho e geograficamente possível é sempre a escolha mais sensata.
Pela primeira vez eu ficarei ao lado da Emma no quesito: Raiva e esculacho dos pais. Snow e Charming ainda se comportam como pessoas que estão acima de qualquer conceito de bondade e justiça. Mesmo agora, já desmascarados e com todo o peso do crime que cometeram latente, é evidente em qualquer fala, ou atitude, que eles dois permanecem com a mesma ideia maniqueísta a respeito da bondade e sapiência que eles nunca tiveram. Somente Emma, com um singelo “não to nem aí”, para fazer os dois perceberem que as vezes, pedir desculpas não é o bastante e jamais conseguirá mudar o que já passou. Não importa mais, a confiança já se quebrou e por mais sincero que o pedido seja, ou por mais compreensível que se torne a justificativa (o que nem é o caso deles), se tem um sentimento que é puro, esse é o da desconfiança.
Emma só é a salvadora porque seus pais usaram a alma de outra criança como receptáculo de tudo o que existia de ruim dentro dela. Não é muito reconfortante, já que ela sempre imaginou ser poderosa por ter sido fruto do amor verdadeiro. Até mesmo eu sempre pensei que a explicação seria essa. Porém, OUAT entrou em uma estrada perigosa, em que tudo o que ela construiu previamente, todas as regras e a própria mitologia começam a ter pouca validade e quase nenhum equilíbrio. A partir de agora, qualquer desejo dos redatores poderá agir como um sopro em um castelo de cartas, desmontando torres que antes eu julguei serem sólidas. Para quem não percebeu, eles estão pegando o elemento chave da primeira temporada, a premissa da série, do amor verdadeiro, da salvadora e jogando pelo ralo com a transferência de maldade (possível maldade, para ser exato).
Eu até compreendo que a série tenha construído sua história para subverter os personagens clássicos, mas tudo tem um limite. Ficar buscando uma fórmula mágica para alterar algum resultado, ou regra, não é a maneira mais inteligente de trabalhar o roteiro. Pelo menos não quando se torna exaustivo e repetido ao excesso. Não é de hoje que temos essa noção, infelizmente não somos nós os responsáveis por escrever o texto da série. Mas se você fosse chamado para escrever um episódio, o que faria diferente? Usaria a poção do coração partido?
Analisando todo o episódio, eu fiquei feliz pelo direcionamento da série. Tem aqueles erros bobos e básicos, mas o ritmo agrada e no final, como vocês mesmos já disseram, a diversão é o que importa. Certo? No começo a proposta de três vilãs clássicas me animou, a entrega não conseguiu convencer muito, mas saber que Zelena está de volta me faz ver a temporada com novos olhos. É preciso realmente ser um vilão para sacudir as coisas em Storybrooke e se Malévola tem uma filha para se preocupar, a Ursula já deu no tentáculo e Cruella é a única que mete medo (graças as sobrancelhas monstruosas), que venha Zeleninha, a nossa musa verde de coração negro. E se eu já torcia por um embate a altura entre Regina e Malévola, agora eu só quer ver todo o recalque que a nossa ex-rainha má irá desprender para Zelena, depois de descobrir que ela andou balançando o beliche com a sua cara metade. Choque de monstro vai ser pouco.
PS. Eu sei tudo sobre penas mágicas, mas vou te apresentar uma caneta tinteiro, porque o Dark One não lida com papagaiada e porque provavelmente a série já esgotou seu estoque de penas para a construção do guarda-roupa da Regina.
PS². Sobre o PS anterior, poderia ser pior. Poderia ser uma caneta Bic com a tampa mastigada.
PS³. Imaginem o sofrimento do autor, tendo que testemunhar Rumpel e Belle em sua longa, longa e tediosa história de amor. Está explicado o deboche jogado.
PS4. Zelena voltou, e se você não comprou tinta guache verde, pode esquecer, provavelmente o estoque já esgotou.
PS5. Agora você já sabe que o perfume Someday, do Justin Bieber, é uma poção para curar um coração partido.
PS6. Seguindo a regra dos perfumes de DIVAS para curar problemas mágicos, vamos fazer algumas suposições. Fantasy, da Britney Spears rouba a voz e te deixa muda. Truth of Dare, da Madonna, suga sua juventude. E o Portiolli, do Celso Portiolli, by Jequiti, te transforma em um boneco de cera.
PS7. Em OZ, todas as vezes que você chega à cidade, alguém é esmagado pelo portal utilizado. Agora imaginem o quão difícil não deve ser para os profissionais do IBGE na hora de montar o censo.
PS8. Casos de família acabou de ficar mais complexo. Tema: Minha irmã assumiu a forma da ex-mulher do meu namorado para roubá-lo de mim.
PS9. OUAT ousou e decidiu colocar um flashback do passado, dentro de outro flashback do passado, só para podermos alcançar o ponto no presente/futuro. Once Upon a Time after Time.
PS10. O aluguel não anda barato, e para personagens saídos de contos de fadas, um apartamento de graça em Nova York é sim motivo para querer o outro morto. Não vou discordar da MariLena.
PS11. Por um segundo eu pensei: Como que essa diaba da Marian conseguiu um frasco em forma de coração, exatamente idêntico ao da poção que o Robin roubou? Aí ela se revelou como Zelena e eu pensei: Então tá, queridinha.
Por: Série Maníacos
Nenhum comentário:
Postar um comentário