Tem muita gente que torce o nariz para Bucareste. Não deveriam: a capital e porta de entrada da Romênia é bonita, animada e charmosa. É uma capital jovem, tanto em idade quando em clima. A vida noturna por ali não perde em nada para outras cidades do Leste Europeu, como Praga ou Budapeste. E, em tempos de euro nas alturas, é sempre bom conhecer uma cidade que permite passeios legais, restaurantes interessantes e bons drinks sem destroçar o orçamento.
Bucareste só se tornou a capital da Romênia em 1862. Afinal, o país mesmo só foi criado três anos antes. É que por muitos e muitos anos de guerras e invasões na Europa havia ali três regiões de população de origem romena: a Valáquia, a Moldávia e a Transilvânia.
Em 1859, a Moldávia e a Valáquia se uniram para a criação de um estado romeno, que foi oficialmente reconhecido após a independência do Império Otomano, em 1877. Depois da guerra a Transilvânia deixou o Império Austro-Húngaro para fazer parte da Romênia (até hoje a Romênia e a Hungria tem uma briga por causa disso).
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A partir daí, Bucareste cresceu e floresceu, com prédios modernos, eletricidade e avenidas largas. A arquitetura e cultura que ali prosperavam deram a ela o título de “Pequena Paris”. E sim, caminhando por várias regiões da cidade, principalmente o centro histórico (Distrito de Lipscani) e a Calea Victoriei, você vai ver vários prédios de arquitetura neoclássica construídos no período antes da Segunda Guerra Mundial.
O que fazer em Bucareste, Romênia?
Eu comecei o meu passeio de três dias por Bucareste fazendo um Free Walking Tour pela cidade. Eu cheguei, comi qualquer coisa e corri para me juntar ao tour que saia às 15h, da Unirii Square, em frente ao relógio. Se você falar inglês e gostar de aprender curiosidades sobre cidades, recomendo fortemente esse tour. É muito bom, passa pelos principais pontos turísticos e dura duas horas. Para quem não sabe como funcionam free walkings tours, dá uma olhada nesse texto aqui.
Distrito Lispcani
O centro velho de Bucareste é pequeno, mas adorável. Se você entrar nas ruelas pela Strada Franceza, já dá de cara com alguns marcos importantes da região: a antiga corte principesca (Curtea Veche), construída no século 15, por Vlad Tepes, ou Vlad Drácula.
É lá que você vai encontrar uma estátua desse controverso líder que foi inspiração para histórias de vampiro. As ruínas estavam fechadas para visitantes quando eu estive lá, mas deu para ver alguma coisa pelo lado de fora. Nessas ruínas foram achados artefatos arqueológicos importantes, como um documento de 1459 que atesta a origem do nome da povoação de Bucuresti.
Logo ao lado fica a igreja mais antiga da cidade, a Biserica Curtea Veche, de 1559. Era ali que os príncipes romenos eram coroados. Dentro da igreja ortodoxa, cuja entrada é gratuita, há afrescos do século 16.
Em frente, ainda na mesma rua, está a Hanul lui Manuc ou “hospedagem do Manuc”, uma hospedagem construída por um rico comerciante armênio em 1808, que está preservada no mesmo estilo e hoje funciona como um hotel e restaurante.
Mesmo que você não pretenda comer, vale entrar para dar uma olhada. Curiosidade legal: foi ali que começou a ser discutido o Tratado de Paz que colocaria o fim na guerra entre Turquia e Rússia, que foi de 1806 a 1812.
Circular pelas ruelas de Lipscani sem compromisso é um passeio e tanto. Aliás, é na rua que dá nome ao distrito, a Strada Lipscani, que você vai encontrar algumas das atrações mais legais. Tem o belo prédio do Banco Nacional da Romênia, construído em 1885, em estilo clássico francês.
O cruzamento com a Strada Smardan é o centro do distrito histórico, ponto de encontro das pessoas e onde ficam artistas de rua, jovens e vendedores, enfim, um burburinho que só.
Seguindo pela Strada Lipscani você ainda encontra um sem fim de lojas e bares. Não deixe de dar uma pausa na livraria Cărtureşti Carusel. Eu entrei lá por conta da chuva e só posso agradecer por isso, porque olha que livraria mais maravilhosa:
O café no último andar é bem gostosinho
Por ali fica o Restaurante La Mama, que é bem gostoso e com preços camaradas. Logo em frente ao restaurante fica a Hanul Gabroveni, um prédio do início do século 19 transformado em Centro Cultural.
Entre na Strada Hanul cu Tei, uma passagem que leva até a rua Blănari. A entrada é meio escondida, mas lá dentro você encontra restaurantes, lojas e galerias de arte. A passagem é de 1833.
Já na rua Stavropoleos você encontra um dos restaurantes mais antigos de Bucareste, a cervejaria Caru cu Bere.
Na mesma rua fica uma igrejinha pequena, mas muito simpática, a Biserica Stavropoleos. Ela foi construída em 1724 e vale a pena não só entrar na igreja, mas também dar uma olhada nos jardins que ficam nos fundos.
Um dos limites que marcam o fim do centro histórico é a Calea Victoriei (Avenida Vitória), uma elegante avenida onde ficam os hotéis de luxo e alguns dos prédios mais bonitos de Bucareste. Entre eles, destaque para o Museu Nacional de História, facilmente identificável por conta de uma estátua muito esquisita que tem na entrada: o imperador Trajano, pelado, carregando um lobo. Eu entrei nesse museu e não curti muito: a exposição é pequena, com um monte de réplicas. O palácio que fica em frente é uma construção privada, pertencente a um banco.
Noite em Bucareste
Eu poderia até sugerir nomes de lugares aqui, mas a verdade é que não faz sentido, já que ao circular pelas ruelas de Lipscani você vai perceber a quantidade absurda de bares e boates, em que as pessoas aglomeram a cada esquina.
Tem lugares para todos os estilos, desde espaços comida turca baratinha a restaurantes mais sofisticados, de bares de shots a boates com dançarinas.
Como fazer então? Vá circulando, pulando de bar em bar se preciso, tendo em vista que a grande maioria dos lugares não cobra entrada! E claro, pergunte no seu hostel. Como em qualquer cidade, são os locais que vão saber quais são os melhores points do momento.
Bucareste Comunista
Eu já contei para vocês tudo o que aconteceu em Bucareste e na Romênia na época do governo do ditador Nicolau Ceauşescu. Assim, vocês já devem saber que uma visita imperdível na capital romena é o Palácio do Parlamento, o segundo maior prédio administrativo do mundo, um gigante fruto da megalomania do ditador e que gerou a destruição de boa parte do distrito histórico da cidade.
A entrada para visitantes fica na Bulevardul Natiunile Unite. Você precisa estar com passaporte ou documento nacional de identificação para entrar. São visitas diárias, das 10h às 16h (o último tour sai 15h30). Mais informações no site oficial.
A grande avenida que chega até o Palácio do Parlamento e corta 3,5km pelo centro da cidade é o Bulevardul Unirii, também parte dos planos de reestruturação urbana de Ceausescu. A avenida, com prédios clássicos do período comunista (hoje tomados por anúncios e lojas bem capitalistas) foi inspirada na Champs-Élysées. No centro, fontes dividem espaço dos carros.
Além disso, duas praças marcam a Revolução que ocorreu em 1989 e tirou Ceausescu do poder. A Piata Revolutiei, ou Praça da Revolução (que fica logo no final da Calea Victoriei), foi o local de onde o ditador deu seu último discurso numa varanda do antigo prédio do Comitê Central do Partido Comunista – hoje é o prédio do Ministério Interior.
Por lá também ficam alguns monumentos em homenagem à revolução, em especial o Memorial do Renascimento, um estranho obelisco branco com uma coroa negra que lembra uma batata.
Crédito: Shutterstock
E nessa praça ficam construções lindas, que não têm nada a ver com os conflitos políticos: o Museu de Arte Nacional, que fica no antigo Palácio Real. Ainda, o lindo Romanian Athenaeum, uma casa de espetáculos, e a igreja Kretzulescu, de 1722.
A outra é a Piata Universitatii (Praça da Universidade), um ponto de encontro popular na capital, onde, no centro, ficam 10 cruzes de pedra em homenagem aos mortos pela revolução. Nessa praça também ficam o Teatro Nacional de Budapeste, o prédio da Escola de Arquitetura e o Sutu Palace, onde fica o Museu de História de Bucareste.
Parques e Museus
Obviamente tem muito mais para ver e aproveitar em Bucareste. A lista de museus, por exemplo, é longa. Claro, antes de entrar em um, verifique se eles têm informações lá dentro além do romeno. Alguns destaques são o Palácio Cotroceni, antiga residência real de 1679 and 1681; o Museu George Enescu, dedicado a esse músico e também localizado num palácio; e o Museu do Camponês Romeno, aberto em 1906 e considerado um dos mais interessantes da cidade, já até ganhou prêmios de melhor da Europa. Há mais de 90 mil artefatos em exposição.
Bucareste também tem parques bonitos. Entre eles, se você tiver tempo, vá até os Jardins Cismigiu, o parque mais antigo da cidade; o Parcul Carol I, onde no verão há shows e eventos; e no Jardim Botânico (Gradina Botanica) da cidade.
Uma dica legal para pesquisar todas as atrações de Bucareste é o site oficial do Turismo da Romênia.
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