Essa curiosa história começa no século 14, quando o Conde de Conversano tomou o controle de uma área não habitada no sul da Itália (que na época não era um país unificado e sim um monte de reinos, condados e principados). O conde e seus sucessores, um bando de pão duros, decidiram que não iriam construir habitações permanentes para os camponeses, porque as taxas para terras sem residências eram menores do que para cidades e vilas. E foi assim que Alberobello, em Puglia, tornou-se o que é hoje.
Talvez você nunca tenha ouvido falar em Alberobello e nem nas casas curiosas que ali se amontoam, as Trulli. Eu mesma, até pisar lá porque minha mãe colocou no roteiro, nunca tinha me deparado com nem uma foto do lugar. Mas uma vez conhecendo o local, você vai se perguntar se entrou numa cidade das bruxas, ou elfos, ou gnomos, ou hobbits. Escolha a sua mitologia preferida, porque Alberobello parece saída de um filme de fantasia. Tudo por conta dessa história que eu comecei a contar no parágrafo acima.
Para convencer os eventuais fiscais de que as casas em Alberobello não eram residências permanentes dos camponeses, as trulli (ou trullo, no singular) foram construídas. Basicamente, trata-se de um edifício todo feito de pedra calcária, sem nenhuma argamassa ou coisa do gênero, de forma que pudessem ser facilmente desconstruídas e depois reconstruídas para habitação.
Tecnicamente, um trullo era uma casa rural que seria de abrigo ou como armazém nessa região. Somente em Alberobello é que esse se tornou o principal tipo de residência da população. O formato das tais trulli é muito curioso: suas paredes são brancas, mas o teto é cônico ou piramidal, pontudo e de coloração mais escura. A técnica de construção vem desde a pré-história e uma típica trullo tem paredes grossas em formato redondo ou quadrado.
As casas são pequenas, com um andar só: é mais fácil combinar várias trullo para fazer uma residência maior do que construir um segundo andar. O interior das trulli é feito normalmente de madeira. Algumas casas tem símbolos nos tetos, de diferentes significados e fonte (cristãs ou pagãs) para atrair boas vibrações, proteção, etc.
Os senhores donos das terras de Alberobello seguiram com seu jogo de esconde-esconde e o resultado foi que durante anos e anos, os habitantes da cidade que não devia ser cidade, moravam nas trulli. Até o século 17, eram poucas famílias, mas no século seguinte a população local já havia crescido para 3500 pessoas. Então, finalmente, ganhou status de cidade. Mas como já era costume as família não deixaram de viver no trullo. E até hoje tem gente que ainda vive nas curiosas casinhas.
O que visitar em Alberobello
Em 1996, as trulli de Alberobello foram consideradas uma das áreas urbanas melhores preservadas na Europa e foram tombadas como patrimônio da Humanidade pela UNESCO. A cidade é dividida entre dois morros chamados rione. O rione Aia Piccola é a parte mais residencial da cidade mais “moderna”. Por ali você verá bem menos trulli (são cerca de 400) a maioria em pequenas vielas.
Porém é do Aia Piccola que se tem a melhor visão das casinhas do rione Monti, uma área com mais ou menos mil trulli.
Uma boa parte delas é explorada para turismo nessa área, com lojas de artesanato e restaurantes. Várias ficam abertas para visitar por dentro gratuitamente, algumas até permitem ver o terraço.
O melhor passeio por ali é andar aleatoriamente pelas ruas e trullis. Você pode procurar também a Igreja Trullo, de Santo Antônio, construída em 1927. O trullo siamese (ligados pelo teto), na Via Monte Nero com Via Monte Pasubio. E o trullo Sovrano, o único de dois andares, construído provavelmente em 1797, na Piazza Sacramento.
Onde comer em Alberobello
Como passamos o dia em Alberobello, decidimos experimentar um restaurante típico da região e acabamos, por indicação do Tripadvisor indo em um que ficava dentro de um grupo de trullo, o Trullo D’oro. Alguns deles bem antigos – segundo o site do restaurante, parte da construção é de 800. O restaurante fica no rione Aia Piccola, na Via F. Cavallotti, 27.
Minha mãe experimentou uma massa típica de Púglia, Orecchiette (que tem formato de orelha) e eu, que já estava cansada de massa, fui numa carne com legumes cozidos mesmo. Pedimos também o vinho da casa, que era um vinho primitivo, também típico dessa região italiana.
A comida estava gostosa e muito bem servida. Os preços são na média, só não gostamos que eles cobram muito caro pelo couvert, que é meio fraco (é 2,50 euros por pessoa por azeitonas mais ou menos e tremoços). No total, pagamos 18 euros por pessoa pela comida, vinho, água e o tal couvert.
Onde ficar em Alberobello
Caso você decida ficar mais tempo por ali ou fazer de Alberobello sua base para explorar o resto de Púglia, há boas opções de hospedagem na cidade. Basta escolher se vai ficar centro da cidade, em um dos dois riones. Ou fora, em espécies de hotel-fazenda, visto que essa é uma região bem rural.
Eu daria preferência em ficar na cidade, em um típico trullo, afinal, se é para ser turista, melhor realmente investir no projeto. Você pode ver aqui uma lista de todos os hotéis na região dos trulli. Tem opções para todos os bolsos, desde uma guesthouse por volta de 50 euros o quarto duplo, como a Trullieu Guesthouse ou estúdio Nonno Angelo; até um resort de Trulli por cerca de 90 euros a diária, como o Trulli e Puglia Resort ou o Romantic Trulli.
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Por: 360meridianos
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