Eu não planejei passar por Bari quando estava no Sul da Itália – pelo menos não para além do voo que pegaria de lá para Milão antes de voltar para casa. Mas alguns destinos entram no nosso caminho assim, sem planejamento, e nos surpreendem positivamente. Bari foi um caso desse tipo.
Acabamos decidindo ir a Bari, mas num bate-volta a partir de Matera, por um motivo bastante besta: precisávamos de uma lavanderia daquelas automáticas e uma cidade tão pequena quanto Matera não tinha nenhuma opção. Assim, partimos eu, minha mãe e um porta-malas cheio de roupas sujas para Bari com nada planejando além do endereço da lavanderia no GPS. Depois de umas duas horas resolvendo a questão da lavagem e secagem e umas voltinhas a pé pela parte nova da cidade para tomar um lanche e ir ao banheiro, foi hora de começar a explorar.
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O centro velho de Bari, Bari Vecchia, é o local que concentra praticamente todas as atrações. É preciso estacionar o carro do lado de fora dos grandes muros que circundam essa área antiga da cidade e seguir a pé, cruzando algum dos portões que dá acesso ao local. Foi aí que Bari começou a surpreender. Um centro antigo desses que mistura o bem cuidado com pessoas que ainda habitam o local, ruelas estreitas e praças bonitas – a Piazza Ferrarese e a Piazza del Mercantilli especialmente -, janelas e portas abertas com pessoas conversando e igrejas grandiosas. Dá para ficar um tempão só caminhando por ali sem muito rumo, observando a vida passar.
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Visitamos as duas principais igrejas da cidade. E, devo dizer, mesmo para quem já estava há quase 20 dias na Itália, esse não foi um passeio chato. A Catedral de São Sabino é linda, alta, bem antiga, de 1034, em estilo simples romanesco. A melhor parte da visita, para mim, fica no subsolo: é preciso pagar uma taxa de dois euros para visitar toda uma área arqueológica que contempla desde uma parte de uma estrada romana antiga até as várias fases da construção da igreja ao longo dos séculos, com direito a belos mosaicos e outros artefatos históricos.
Além disso, também há uma cripta, cuja entrada – assim como a da Basílica – é gratuita. Ali ficam as relíquias de São Sabino e também uma múmia em excelente estado de conservação, de Santa Columba de Sens, uma mulher que morreu em 273 d.C. perseguida por ter se convertido ao cristianismo, mesmo tendo sido prometida ao filho do imperador Aurélio.
A outra igreja é a Basílica de São Nicolau – também é enorme e bem interessante. Ali ficam os restos mortais de São Nicolau, um santo muito importante não só para a Igreja católica, mas também para a Igreja Ortodoxa. Para quem não conhece a história: São Nicolau viveu na região que hoje é Turquia, no século III, e era um bispo, famoso por sua caridade e afeto às crianças.
Ele morreu em dezembro de 350 d.C. e quando foi canonizado pela igreja católica passou a ser associado à data do nascimento do menino Jesus. Ainda, foi ele quem originou o mito do Papai Noel e, talvez você já tenha percebido, St. Nicholas é o jeito que algumas culturas referem-se ao bom velhinho. Outra curiosidade é que como ele veio de Mira, uma região asiática, é representado como um homem negro, algo bem curioso para uma igreja que tenta embranquecer todos os santos.
Agora, como os restos mortais de São Nicolau foram parar numa igreja em Bari? É que em 1087 alguns soldados italianos roubaram os ossos do santo da Turquia e levaram para a Itália. Como São Nicolau é o santo padroeiro da Rússia, Grécia e Noruega, a cripta que guarda as relíquias do santo tem várias referências à igreja ortodoxa, informações escritas em cirílico e recebe fieis do mundo todo.
Outro passeio interessante em Bari é visitar o Castelo Svevo. Ali ficavam ruínas romanas que foram fortificadas pelos normandos durante a Idade Média, até tudo ser reconstruído pelo Imperador romano-germânico Frederico II, em 1233. Depois passou para o domínio da família Aragão, que o doou à poderosa família Sforza. Todo esse período levou o espaço ser ampliado e reformado. A história do Castelo é explicada num vídeo aos visitantes. A visita também leva por galerias que eram habitadas (infelizmente fechadas para reforma quando visitei) e salões com réplicas de esculturas italianas famosas.
Por fim, terminamos o nosso dia vendo o pôr do sol na beira do mar Adriático, onde há um longo calçadão, o Lungomare. A vista é bem bonita, apesar de não ser uma praia. E de Bari saem diversos barcos para quem quer visitar Albânia, Grécia, Croácia e Montenegro.
Quem quiser aproveitar praia e águas azuis pode seguir para Polignano a Mare, uma província de Bari que tem algumas das melhores praias da região e fica a cerca 30 km dali.
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Para fazer compras e andar por ruas mais organizadas e com mais ar de cidade grande, a área que vai da Estação de Trem Bari Centrale até Bari Vecchia ainda é uma região histórica, porém mais recente. Ali ficam algumas praças bonitas e o Corso Vittorio Emanuele, uma rua de compras cheia de marcas italianas.
Onde comer em Bari?
A dica de onde comer é uma opção bem simples e italiana. Nós fomos almoçar mais tarde, por volta de 17h, com isso nenhum restaurante estava mais aberto. Foi assim que, virando algumas ruelas atrás da Basílica de San Nicolau, encontramos uma espécie de padaria que servia pedaços de foccacia na hora, deliciosos e baratinhos. É o Panificio Fiori, que depois descobri ser um lugar muito tradicional da cidade, basicamente a padaria mais antiga de lá. Fica na rua Palazzo di Città, 38.
Onde ficar em Bari, Itália?
Depois de tudo que eu contei, não restam dúvidas que o melhor local para ficar em Bari é Bari Vecchia. Segue aqui uma lista completa com todas as opções de hospedagem por ali, com muitas alternativas de B&Bs, apartamentos e hotéis.
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Por: 360meridianos
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