13 cidades históricas de Minas que você precisa conhecer
Minas são muitas, disse Guimarães Rosa, para logo depois lembrar que “poucos conhecem as mil faces das Gerais”. Nascido em BH e criado com muito frango com quiabo, eu até que conheço bastante por aqui. Mas falta muito mais. Culpa do tamanho do estado, quase o mesmo da França e maior que toda a região sul do Brasil. Desde que voltei a viver em Belo Horizonte, há mais de dois anos, tenho tentado conhecer, pouco a pouco, cada cantinho mineiro – é a caça pelas cidades históricas de Minas.
No último fim de semana visitei mais uma delas: Sabará, que está a apenas 25 km de Belo Horizonte. E fiquei impressionado, a ponto de já preparar o roteiro das próximas visitas. A parte boa é que muitas dessas cidades ficam próximas umas das outras e nem tão distantes assim da capital. Então afrouxe o cinto, solte o botão da calça e prepare-se para engordar. Mas vale cada pão de queijo (e quilinho a mais).
Ouro Preto
Vamos começar pela mais famosa, tão conhecida que chega até a eclipsar as outras. Antiga capital de Minas e símbolo máximo do ciclo do ouro, Ouro Preto já foi a maior aglomeração da América Latina – em seu auge viviam mais pessoas ali do que em São Paulo, Rio de Janeiro ou Salvador, na mesma época.
Uma multidão que correu para as Minas Gerais em busca de riquezas, alterou o eixo colonial do nordeste para o sudeste e causou uma grande migração de portugueses para o Novo Mundo – foi nessa época que a população brasileira saltou de 300 mil para 3 milhões de pessoas.

Ouro Preto
Percebeu como Ouro Preto era importante? O resultado disso você poderá ver em várias igrejas, um monte de casarões, ruas de pedra e antigas minas de ouro, tudo isso misturado com bares, restaurantes e uma cidade viva, onde funciona uma das maiores universidades do estado. Ahh, antes que eu me esqueça: a mais importante cidade histórica de Minas está a menos de 100 km de BH. E pertinho de outros lugares interessantes. Contei em outro texto como combinar Ouro Preto, BH e Inhotim na mesma viagem.
Veja também: Como planejar sua viagem para Ouro Preto, MG
O que fazer em Ouro Preto, Minas Gerais
Onde ficar em Ouro Preto, Minas Gerais

Ouro Preto
Mariana
Menos de 15 quilômetros separam Ouro Preto de Mariana, cidade que foi a primeira capital de Minas, fundada há mais de três séculos e que também guarda um centro histórico impressionante. Com tantas igrejas que você terá direito até a irmãs – uma ao lado da outra. Ó:

Igrejas Irmãs de Mariana
Mariana tem muitos casarões, uma mina de ouro interessantíssima, a da Passagem, que fica no meio do caminho entre a cidade e Ouro Preto, e mais algumas igrejas, praças e, claro, restaurantes e bares. Outro passeio tradicional envolve o percurso de trem entre Ouro Preto e Mariana. Eu acho caro, mas quem nunca fez nada do tipo pode achar interessante.

Praça de Mariana
Lavras Novas
Eu estive apenas uma vez em Lavras Novas, que tecnicamente não é uma cidade, mas um distrito de Ouro Preto que está a menos de 20 quilômetros do centro. Charmosa, pequenina e repleta de pousadinhas interessantes, a partir da década de 90 Lavras Novas se tornou um destino turístico por si só: muita gente que vai lá sequer passa por Ouro Preto.
São turistas que buscam tranquilidade e as cachoeiras da região. Além disso, Lavras Novas também é muito procurada por casais e costuma lotar em datas importantes, como no Dia dos Namorados. O povoado nasceu em 1716. Dá para chegar em Lavras Novas a partir de Ouro Preto, usando os ônibus que partem da rodoviária.

Lavras Novas
Congonhas
O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, merece mesmo o título de Patrimônio da Humanidade, concedido pela Unesco. O responsável por toda essa fama é um certo Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, que projetou os 12 profetas em pedra sabão que tornaram o santuário famoso (e também trabalhou em outras cidades mineiras, como Ouro Preto e Sabará).

Congonhas
Além do Santuário, Congonhas tem um museu, casarões, outras igrejas, algumas lojinhas de artesanato e é só. Uma pena: falta pouco para que o turista, que costuma passar por ali somente no esquema bate-volta, resolva ficar. Falta só um centrinho gastronômico interessante, o tipo de coisa que Tiradentes e Ouro Preto fazem bem. Quem sabe um dia, né?
Por enquanto, o melhor é encaixar Congonhas numa viagem que passe por Tiradentes ou Ouro Preto, já que as distâncias são pequenas: para a primeira é de 117 km, enquanto a segunda está a apenas 56 km de Congonhas. A distância da cidade dos profetas para BH também é curtinha, menos de 80 quilômetros.
Veja também: Congonhas, a cidade dos profetas do Aleijadinho

Congonhas
Tiradentes
Conheço muita gente que aponta Tiradentes como a melhor cidade histórica de Minas. É fácil entender o motivo, afinal essa vila tem jeitão de cidade cenográfica, sem construções que mostrem que o tempo passou. Enquanto lugares como Ouro Preto, Mariana e Sabará até têm mais construções coloniais, mas também têm mais cara de cidade mesmo, onde pessoas vivem o dia a dia do século 21 – e casas do século 21 mudam um pouquinho a paisagem. Enfim, entendo o motivo, mas é exatamente esse jeitão de mundo real que me faz gostar mais de Ouro Preto. Cada um com suas preferências.

Tiradentes
Fundada em 1702, na época com o nome Santo Antônio do Rio das Mortes, a vila mudou de nome como quem muda de século, até que chegou na homenagem ao mártir da Inconfidência Mineira, que nasceu na Fazenda do Pombal, nessa região. Tiradentes está a cerca de 200 km de Belo Horizonte, mas colada com outra cidade histórica importante: a distância para São João del-Rei é de apenas 15 km. O passeio de Maria Fumaça entre as duas cidades é uma tradição dessa parte de Minas.
Veja também: O que fazer em Tiradentes, MG: os pontos turísticos
Onde ficar em Tiradentes, MG: dicas de pousadas
Tiradentes, em Minas Gerais: como planejar sua viagem

Tiradentes
São João Del-Rei
Em geral, quem visita São João Del-Rei considera quase uma obrigação conhecer Tiradentes, mas o contrário nem sempre acontece. A razão é a mesma que citei acima. O clima de cidade cenográfica, de uma bolha parada no tempo, torna Tiradentes tão surreal que muitos resolvem pular São João Del-Rei, que tem um grande centro histórico, mas é uma cidade mais normal, onde passado e presente convivem juntos.
Eu mesmo já fiz isso algumas vezes. Nas minhas duas últimas visitas a região, eu só passei mesmo por São João, seguindo rapidamente para Tiradentes. Isso é um erro – vale a pena conhecer São João del-Rei, que foi fundada em 1713, durante a corrida do ouro, e que guarda igrejas, casarões coloniais e ruas de pedra. O blog Retrip, escrito pelo Antônio, que é de lá, dá algumas dicas de viagem para São João Del-Rei.

Bernardo Gouvêa (Rua das Casas Tortas, São João Del-Rei)
Prados
Eu ouvi falar de Prados graças ao blog Viaggiando, que tem um baita conteúdo de Minas Gerais. A Camila, autora do blog, se pergunta por que a gente quase não escuta falar dessa cidade histórica que foi fundada em 1704, tem um centro histórico lindo e está pertinho de Tiradentes (menos de 20 km) e São João. Ela mesma conclui: talvez seja exatamente essa proximidade que acaba jogando Prados nas sombras das vizinhas mais famosas.
O pior é que tem muito turista que até conhece Prados, mas nem sabe. E por isso mesmo passa longe do centro histórico. É que Bichinho, povoado colado com Tiradentes e famoso pelo artesanato, é um distrito de Prados. Que tal dar uma esticada até lá na sua próxima passagem pela região?
Sabará
A distância entre Sabará e Belo Horizonte é tão curta que dá para ir até lá de ônibus urbano, desses que param em pontos normais e custam praticamente o mesmo que uma passagem dentro da cidade. Mais: é tão perto que dá para ir e voltar de uber/cabify. Foi assim que no último fim de semana, depois de 31 anos de atraso, eu conheci a cidade histórica mais próxima de BH, a apenas 25 km de distância.

Centro de Sabará
Eu esperava uma praça, uma ou outra igrejinha e alguns casarões coloniais. Encontrei muito mais – e me surpreendi com Sabará. O cartão-postal da cidade é a Igreja de Nossa Senhora do Ó, essa simpática capelinha, mas que tem um interior tão impressionante que muitos historiadores a colocam naquela listinha de igrejas barrocas mais importantes do Brasil.

Igreja de Nossa Senhora do Ó, em Sabará
Mas Sabará tem muitas outras igrejas e casarões, além de dois festivais importantíssimos: o da Jabuticaba, que lota a cidade todo fim de ano, e o de ora-pro-nóbis, hortaliça usada em vários pratos da comida mineira.
Caeté
Caeté é destino de muito turista belo-horizontino por conta do Tauá, um hotel e centro de convenções no esquema all inclusive que funciona na cidade. Eu mesmo já estive lá assim – e sei bem que nesses casos muita gente sequer deixa as instalações do hotel. E perdem muita coisa.
Localizada a menos de 60 quilômetros de BH, Caeté tem pelo menos mais dois pontos turísticos importantes. O primeiro é o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, que fica no alto da serra de mesmo nome, a quase 1800 metros. O templo foi erguido há 250 anos, após fiéis relatarem o aparecimento de Nossa Senhora no alto da Serra. A vista lá de cima é fantástica, como o blog Nerds Viajantes conta nesse texto aqui. A outra atração da cidade é o Observatório Astronômico Frei Rosário, gerenciado pela UFMG.
Caeté foi fundada em 1714 e conta ainda com outras igrejas, como a de Nossa Senhora do Bom Sucesso.

Santuário de Nossa Senhora da Piedade, Caeté (Foto: HVL, Wikipedia Commons)
Catas Altas
Menos de cinco mil pessoas vivem em Catas Altas, vila que foi fundada em 1702, mais um dos povoados que surgiram com a chegada dos bandeirantes que vinham em busca do ouro. Durante quase três séculos, Catas Altas foi um distrito de Santa Bárbara – a emancipação só chegou em 1995.

Catas Altas: (Foto: Lucia Coelho, Wikimédia Commons)
Embora seja pequenina, o cenário oferecido é grandioso: casinhas coloniais cercadas pelo paredão de montanhas da Serra do Caraça. Ali, entre Catas Altas e Santa Bárbara, fica o Famoso Santuário do Caraça, uma das maravilhas da estrada Real.

Santuário do Caraça (Foto: Dabiene Soutto)
Santa Bárbara
Já falei do Santuário do Caraça no tópico anterior, então nem vou repetir. Mas Santa Bárbara tem outras atrações. Só a imagem mais conhecida, a de uma rua, com canteiro central, uma igreja à esquerda e outra capelinha ao fundo já deveria ser suficiente para mostrar que Santa Bárbara, também fundada no começo do século 18, merece uma visita.
BH está a apenas 110 quilômetros da cidade. Dica: junte no seu roteiro Sabará, Caeté, Santa Bárbara, Catas Altas, Mariana e Ouro Preto. A distância entre cada uma dessas cidades é pequena, o que facilita na hora de montar um roteiro por essa região. Depois, volte para BH pela BR-356. Ou você pode seguir para Congonhas – e de lá pra Tiradentes é um pulo.

Matriz de Santa Bárbara (pintura de Mestre Ataíde)
Diamantina
Eu tenho uma relação de carinho com Diamantina, cidade que frequentei a trabalho durante uma boa fase da vida, na cobertura jornalística do Festival de Inverno da UFMG. Pode ser isso que explica por que ela é minha cidade histórica mineira favorita. Mas como tem nove anos que eu não boto os pés lá, tudo pode ser só memória afetiva mesmo – já programei uma volta para tirar a dúvida.

Dimantina (Foto: Cassandra Cury, Shutterstock)
Diamantina está um pouco mais afastada de BH do que as outras cidades citadas neste texto: são cerca de 300 km. Também declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, honraria dada a Ouro Preto e Congonhas, Diamantina é outra que nasceu no ciclo do ouro, mas, como o nome indica, o forte por ali eram os diamantes. Além do centro histórico, cachoeiras e povoados, como Biribiri, recebem os turistas. O cartão-postal da cidade é a Casa da Glória, com seu passadiço inconfundível.

Casa da Glória, em Diamantina (Foto: Jeff britto, Wikimédia Commons)
Serro
Serro é minha obsessão. Ainda não conheço essa cidade, que também faz parte da Estrada Real e tem mais de 300 anos. Como está próxima de Diamantina (na realidade, a última nasceu como um arraial e só se emancipou do Serro em 1831), minha ideia é encaixar Serro na próxima passagem por Diamantina, que pretendo que ocorra logo.
Além do famoso queijo do Serro, registrado como Patrimônio Imaterial de Minas Gerais e que leva muita gente a conhecer essa cidade histórica, o que chama atenção é o centro bem preservado e, claro, a Capela de Santa Rita e sua escadaria. Vai falar que não é motivo suficiente para correr (morro acima) pra lá?

Serro, Minas Gerais (Foto: Ary Attab, Wikimedia Commons)
Serro está a 230 km da capital. Além de Dimantina, que está um pouco mais adiante, estou pensando em combinar a viagem com passagens por Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, distritos de Serro. Como eu ainda estou na fase de planejamento de viagem, o melhor é que você siga as dicas do blog Viaggiando, que esteve lá. E recomenda a visita.
*Imagem destacada: Milho Verde, distrito de Serro (Foto: Robert Napiorkowski, Shutterstock)
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