Por Raquel Sodré – Em junho de 2016, recebi a notícia de que havia sido aprovada para um máster na Espanha. A duração do curso era de um ano e meio, o que significava que a temporada fora seria um projeto para toda a família (eu, marido e… Aruk, nosso cão). Deixar o Aruk no Brasil nunca foi uma opção, portanto, tratamos logo de saber como fazer para trazê-lo conosco. Já havia lido algumas coisas sobre viajar com cachorro para a Europa e sabia que o processo era longo e demorado. Portanto, muito antes de começar a olhar os nossos vistos, nos informamos sobre o procedimento de “visto” do Aruk. Tudo que vimos, inclusive em blogs com posts sobre o tema, levaram a crer que seria uma via crúcis sem fim. Vai por mim: não é! Dá um trabalhinho, mas é bem menor do que eu imaginava de início.
Nós viajamos com o Aruk para a Espanha, por isso, vamos falar das regras para viagens de pets para a União Europeia. O documento que permite o embarque do pet é o CZI (Certificado Zoossanitário Internacional). Todos os exames e procedimentos são passos intermediários que vão garantir a emissão desse documento – basicamente, o “visto” do seu animal.
Alguns países têm regrinhas específicas, como que o CZI esteja na língua do país. Na Suíça, por exemplo, o animal tem que passar por uma prova de obediência básica antes de ser aceito. Por isso, não deixe de ler as regras do seu país de destino para se certificar de que nenhum ponto está ficando descoberto.
De forma esquemática (para você não surtar e ter a mesma sensação que eu tive de que o processo era impossível), os passos a seguir são:
- Consulta inicial com o veterinário
- Implante do microchip
- Vacinação antirrábica
- Esperar 30 dias
- Sorologia de anticorpos contra raiva
- Quarentena de 90 dias
- Atestado de saúde
- Ir ao Vigiagro pegar o CZI
Se você fizer as contas, todo o processo demora, em média, uns quatro a cinco meses. Então, planeje-se com antecedência! Agora, vamos esmiuçar cada um desses passos.
Passo a passo para viajar com cachorro ou gato para Europa
Avaliação geral
A primeira providência é procurar seu veterinário de confiança e contar a ele sobre seus planos. Peça para ele fazer uma avaliação completa da saúde do seu pet, buscando por aspectos que possam apresentar algum risco durante a viagem. Cães de focinho curto, como pugs e bulldogs, por exemplo, costumam ter contraindicação para viajar no porão do avião ou em dias de muito calor. Além disso, se o bichinho estiver com algum problema agudo, dá tempo de tratar até a data da viagem.
Microchip
Depois do ok inicial do veterinário, é hora de implantar o microchip. A União Europeia exige que o dispositivo seja implantado antes da vacinação. Este ponto é muito importante, porque eu já soube de pessoas que não conseguiram embarcar com seus animais por erro nessas datas. “Mas e se meu cão tiver tomado a vacina em janeiro, e eu o microchipar em fevereiro?” Vai precisar revacinar mesmo assim — portanto, considere microchipar seu animal antes da próxima vacina, mesmo se não houver planos de curto prazo de viagem internacional. Esse passo já fica feito e é menos uma coisa quando for sair do país.
Haja o que houver, o importante é que a data do microchip não pode ser posterior à data da vacina (pode ser igual, mas não posterior). “Para a União Europeia, é como se o cão só passasse a existir oficialmente depois da implantação do microchip. Assim, tudo que foi feito antes disso não conta para eles”, me explicou uma das veterinárias do Vigiagro de Belo Horizonte.
Antirrábica
Microchipado, seu cão precisará receber uma nova dose da vacina antirrábica. Isso é necessário porque o Brasil é um dos países que ainda não conseguiu erradicar a raiva. Na carteirinha de vacinação dele (um documento oficial que, portanto, você precisa guardar sempre com cuidado), é importante que haja o selinho da vacina com o fabricante, lote e data de fabricação e validade. Também precisa ter a data da vacina, a data de aplicação da próxima dose, o carimbo e a assinatura do veterinário (não pira, esse é o padrão de toda vacinação séria).
Sorologia
Você vai precisar esperar pelo menos 30 dias a partir da data da vacinação para fazer a sorologia. Este ponto merece atenção, pois esse não é um exame qualquer de raiva. O laudo precisa ser emitido por um laboratório credenciado para viagens internacionais.
No Brasil, atualmente, há alguns laboratórios autorizados a fazer esse exame. Um deles é o Tecsa Laboratórios, em Belo Horizonte. Também há o Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores (+55 11 3397 8945), em São Paulo, entre outros.
Assim, se você mora em outra cidade do Brasil, seu veterinário precisará fazer um envio especial do material, para que ele chegue em condições de ser analisado. Nesta página, o próprio laboratório explica tim-tim por tim-tim como deve ser feito o exame e o envio. Se o cão tiver menos anticorpos do que o mínimo preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), você vai precisar repetir a vacinação e a sorologia.
As autorizações de laboratórios para a sorologia da raiva vivem um eterno vai-e-volta no Brasil. Por isso, confira a lista de laboratórios certificados no site da União Europeia.
Considerando que o cão tenha a quantidade necessária de anticorpos, a partir da data do exame, começa a contar o prazo da “quarentena” de 90 dias que você precisará respeitar antes de viajar com seu pet. Durante esse tempo, há uma série de coisas que você pode fazer, como se informar sobre transportes de cargas vivas nas companhias aéreas, comprar suas passagens ou ir acostumando seu pet à caixa de transporte.
Noventa dias depois, você já está pertinho da data da sua viagem e bem perto também do fim do processo de “visto” do seu amigão, e agora nós começamos a raciocinar de trás para frente, a partir da data da viagem.
Agendamento no Vigiagro
Com uma antecedência de, no máximo, dez dias antes do seu embarque, você precisará ir ao Vigiagro (Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional) apresentar a documentação e pegar o CZI. Normalmente, esses órgãos ficam localizados nos aeroportos internacionais de cada cidade, e os atendimentos são feitos mediante agendamento prévio, por telefone. Você só pode solicitar um horário depois de passados os 90 dias da “quarentena”, ou o CZI não é liberado.
Atestado de saúde
Antes de ir bater na porta dos fiscais, você ainda precisa de um documento: o Atestado de Saúde (ou “Certificado Sanitário”) emitido pelo veterinário dizendo que seu pet está em perfeitas condições de saúde. Esse laudo não pode ter mais de dez dias de emissão quando vocês chegarem ao destino. Ou seja, se seu voo for à noite, conte um dia a menos para pegar o documento. Como no nosso caso: pegamos o voo no dia 22, mas chegamos na Espanha no dia 23. Então eu deixei para pegar o laudo da veterinária no dia 14, mesmo dia do agendamento no Vigiagro.
Além do estado de saúde do animal, o atestado do veterinário deve conter as seguintes informações (retiradas do portal do CFMV):
- Identificação do proprietário: nome, CPF ou CNPJ e endereço completo;
- nome, espécie, raça e sexo do animal;
- apresentação da resenha para equídeos e pelagem para as demais espécies;
- idade real ou presumida;
- informação sobre o estado de saúde do animal;
- declaração de que foram atendidas as medidas sanitárias definidas pelo serviço veterinário oficial e pelos órgãos de saúde pública;
- informações sobre imunizações;
- identificação do médico veterinário: carimbo (legível) com o nome completo, número de inscrição no CRMV e assinatura;
- data e o local. Destaque para a comprovação de imunização antirrábica.
Pronto. Agora você já tem todo o necessário para conseguir o CZI e viajar com seu animal de estimação. Com todos os documentos em mãos, na data e no horário marcados, basta ir ao Vigiagro e apresentar a documentação à/ao fiscal que estiver de plantão. A avaliação nos escritórios do órgão é sempre muito rigorosa, e os fiscais não liberam de jeito nenhum o CZI se houver alguma coisinha fora dos conformes. Não tem choro, nem vela: faltou algum documento, alguma data está errada, o CZI não é entregue. Antes de classificar os fiscais como “chatos, feios e bobos”, saiba: eles estão te fazendo um imenso favor, pois, caso o animal chegue ao país de destino sem a documentação correta, o país pode pedir que o animal seja sacrificado.
Portanto, leia este post quantas vezes forem necessárias, pegue a regulamentação específica do seu país de destino, estude as leis, cumpra rigorosamente todos os passos e vá ser feliz com sua família em sua nova cidade!
Viajar com cachorro para Europa: caixa de transporte
Na maioria das companhias aéreas, cães pequenos podem viajar na cabine, junto com seus tutores. Mas só os bem pequenininhos mesmo: o combo cão + caixa de transporte (ou bolsa, que é possível nesse caso) não pode pesar mais que 7 kg ou 8 kg. Quando ultrapassa esse peso, o cachorro é enviado no porão do avião, em um compartimento especial para cargas vivas, climatizado e pressurizado. Foi o caso do Aruk, com seus 28 kg.
Para o animal viajar no porão, ele precisa ser acondicionado em uma caixa de transporte, que deve respeitar algumas características definidas pela IATA (sigla em inglês para Associação Internacional de Transportes Aéreos). Quando você for comprar a caixa do seu animal, observe se:
- É feita de fibra de vidro, metal, plástico rígido, malha de metal soldado, madeira maciça (não é aceito por algumas companhias aéreas) ou compensado (também não é aceito por algumas).
- Tem espaço suficiente para que seu animal dê uma volta em torno de seu próprio corpo, fique em pé e se sente sem abaixar a cabeça, consiga se deitar em uma posição normal.
- Possui uma porta de metal que ocupe um lado inteiro da caixa.
- Tem uma boa ventilação.
- Possui piso impermeável e à prova de vazamento.
O documento completo, com todas as especificações, você encontra aqui (em inglês).
Algumas caixas têm um selinho de “aprovação” da IATA. É importante dizer que o órgão não certifica nenhuma marca ou modelo especificamente. As caixas que têm esses selos são as que possuem todas as características que listamos acima. A caixa que escolhemos para o Aruk foi o modelo Compass, da marca Petmate (e, para falar a verdade, nos arrependemos de não termos comprado a da Kennel, que é melhor, e a diferença de preço era de mais ou menos R$ 100,00).
Quando for comprar, leve seu cão a uma loja especializada e meça a caixa com ele lá. Se for possível, coloque-o dentro dela para ver se as medidas estão adequadas. Mas olhe o preço na internet, pois a diferença pode ser grande. No nosso caso, foi de aproximadamente 40%!
Acostume seu cão com a caixa
Passar várias horas em um local em que ele mal pode se mexer, muitas vezes, sem comer ou beber, já é uma situação estressante o suficiente, que pode levar alguns animais à morte. Além disso, um cão estressado pode ser impedido de viajar pela companhia aérea. Algumas exigem que o animal esteja calmo, outras, que ele não demonstre sinais de medo ou estresse. Esses são os motivos mais fortes para que você não deixe para comprar a caixa de transporte do seu cão na semana da viagem (quem dirá na véspera, deurmelivre!).
É difícil dizer exatamente quanto tempo antes você deve começar a expor seu cão ao novo ambiente, mas eu apostaria em um tempo mínimo de uns dois meses. Nesse período, ele vai se familiarizar com a caixa de transporte e aprender que lá é um lugar seguro para ele.
Com nossa viagem marcada para o dia 22 de janeiro, compramos a caixa dois meses antes. Foi uma decisão arriscada, já que Aruk é um cão bem ansioso e que tem problemas para ficar sozinho. Mas, mesmo antes de ela chegar, já começamos o treinamento dele colocando-o para dormir sozinho, dando florais receitados pela adestradora e fazendo exercícios de gestão da ansiedade de separação.
Chegada a caixa, intensificamos os treinos. O primeiro passo foi fazer o Aruk entrar na “casinha” por livre e espontânea vontade. Para isso, colocamos sua caminha lá dentro e escondemos muitos petiscos para ele achar. No fim do segundo dia, ele já estava habituado ao ambiente novo e encarando a caixa como sua casa. Ponto pra nós!
Agora, precisávamos que ele fizesse amizade com a porta da caixa. O início foi terrível! Com a porta na casa, Aruk imediatamente parou de entrar nela. Se ele vinha correndo pela sala, parava e desviava quando via a caixa com a portinha. Quando entrava para pegar algum petisco muito delicioso que havíamos deixado lá dentro, ficava com duas patas para fora e saía que nem uma flecha, assim que tinha conseguido o prêmio.
Veja também: O que aprendi vivendo com um cachorro
O que fazer com seu animal de estimação quando você viajar?
Nós nunca forçamos ele a nada. Não queríamos correr o risco de ele pegar trauma da caixa de transporte e nós ficarmos com um senhor problema nas mãos. Então, foi com uma tonelada de paciência e um contêiner de petiscos que nós conseguimos fazer Arukão vencer a barreira da portinha. O golpe de misericórdia veio em um dia que ele estava super cansado, depois de ter corrido a manhã toda na pracinha, e os sofás estavam ocupados. Sem saída, ele olhou com cara de “vai ter que ser ali mesmo” e dormiu o resto da tarde em sua casinha. Mais uma vitória no processo!
Daí em diante, nós passamos para os exercícios de manter a porta da casa fechada por algum tempo, aumentando gradativamente até ele dormir a noite toda dentro da caixa de portinha fechada. E também aos exercícios de carregar a caixa com ele dentro, para ele não se assustar quando fosse ser manipulado pelas equipes dos aeroportos.
Foi um trabalhão! Mas deu um super resultado. Logo que chegamos em Madrid, depois de umas 12h de viagem, tiramos Aruk da caixa para dar água e comida para ele, colocar roupa para enfrentar o frio de 6ºC que estava fazendo na cidade e tirar os tapetes higiênicos que havíamos colocado no fundo da caixa de transporte. Nem meia hora depois, quando precisamos que ele entrasse de volta para pegarmos o táxi, Aruk entrou tranquilamente, sem que tivéssemos que forçá-lo. Missão cumprida com sucesso!
Viajar com cachorro: dia da viagem
Depois de mais ou menos cinco meses planejando a viagem, no dia do voo ainda não dá para relaxar. As horas anteriores ao embarque são fundamentais para que seu animal de estimação tenha um percurso tranquilo e chegue ao destino tão saudável quanto saiu de seu país de origem.
No nosso caso, viajando do Rio de Janeiro para a Europa, o dia da viagem foi de dedicação praticamente exclusiva para ele. Nosso voo era à noite, mas precisávamos chegar ao aeroporto bem mais cedo, por volta das 14h. Tanto o guia com normas de viagem da IATA como a veterinária do Aruk desaconselharam fortemente qualquer tipo de medicação, pois poderia fazer baixar a pressão dele lá no porão do avião. Sem supervisão por tantas horas, isso poderia ser um risco grande demais.
De manhã bem cedinho, antes de começar o movimento nas ruas, levei ele à praia para tomar um “chá de cansaço”. Passamos umas duas horas, e ele nadou, correu, cavou, farejou, perseguiu passarinho, adotou uma pedra e ficou tomando conta dela, latiu para as ondas do mar e voltou para casa exausto. Aí demos a porção de ração normal da manhã.
Depois, demos um super banho e oferecemos para ele vários brinquedos tipo Kong, que ele precisa trabalhar para tirar o petisco de dentro. Reforçamos o floral que ele já estava tomando com o Rescue, que é para situações de mudanças bruscas. A família inteira se mobilizou para ficar de olho e não deixar ele cochilar durante o dia (valeu, gente!), porque o objetivo era que ele estivesse muito cansado na hora do embarque, para dormir o voo inteiro. Também oferecemos muita água, para evitar que ele sofresse uma desidratação nas horas de viagem.
A caixa de transporte ganhou atenção especial. O piso foi forrado com tapetes higiênicos, para o caso de derramar água ou de ele fazer xixi. Mas mantivemos também sua caminha lá dentro, com seu cobertorzinho, e coloquei o pijama que eu havia usado na noite anterior para ele sentir meu cheiro durante a viagem. Na porta da caixa, colocamos um bebedouro com uma garrafa de 1,5 l de água, e colocamos uma Pet Ball com a dose de ração que ele precisaria comer durante aquele intervalo dentro da caixa. Também deixamos à disposição dele os brinquedos favoritos.
Colocamos do lado de fora umas etiquetas grandes com nossos nomes e o nome do Aruk, endereços e telefones tanto no Brasil, como na Espanha (coloquei os da dona do apartamento de AirBnB que alugamos). Ele também estava usando sua coleira de identificação com nome e nossos telefones. Algumas companhias aéreas exigem que a caixa de transporte tenha um adesivo de identificação de carga viva. A TAP não fez essa exigência, mas veja nas normas da sua companhia aérea se há alguma especificação sobre isso. Se a caixa for de madeira, quase toda fechada, vale a pena colocar também um adesivo de “este lado para cima”.
No aeroporto, nos apresentamos com umas quatro horas de antecedência e já despachamos as malas. Mas a companhia aérea nos deixou ficar com o Aruk até uns 45 minutos antes do embarque. Aproveitamos para dar mais água para ele, levá-lo para fazer xixi, cocô e dar umas voltas do lado de fora do aeroporto. Depois, na hora de entregar ele pro embarque (coração na mão, quase chorei etc. abafa), passamos aqueles lacres de plástico nos quatro cantos da porta, pra não correr risco de ela se abrir por acidente.
Combos cachorro + caixa de transporte que pesem mais do que 8 kg viajam em uma parte climatizada e pressurizada do porão do avião. Mas, para essa parte ser, de fato, climatizada e pressurizada, o piloto tem que apertar o botão que liga os esquemas lá embaixo. Por isso, pedi para a agente de bordo chefe de cabine confirmar se o piloto tinha a informação de que havia um cão no voo. Ela me deu uma bronca, me falou que eu precisava confiar no trabalho deles, que eles faziam isso todos os dias mas que, se eu quisesse, ela poderia confirmar. Respondi que não tinha dúvidas da competência deles e que, apesar de eles fazerem isso todos os dias, eu não. E pedi para ela confirmar a informação para minha maior tranquilidade. (O piloto tinha a informação. hehe)
Nosso voo para Madrid tinha uma escala em Lisboa e precisamos trocar de aeronave (Aruk também, mas não tivemos contato com ele nesse intervalo). Assim, fui avisando a todos os funcionários da equipe que havia um cão naquele voo e, na aeronave nova, pedi de novo para me confirmarem que o piloto sabia que existia um cão no porão.
Fui a chata do cachorro no avião? Fui. Mas antes isso do que acontecer alguma coisa com Arukão nessas 12h de viagem. Pode ser que ele tivesse chegado bem sem todo esse excesso de zelo, mas o que posso dizer é que, com ele, nosso dog chegou a Madrid feliz e faceiro, pronto para começar uma vida nova aqui com a gente.
Foto: Por Jaromir Chalabala, Shutterstock.com
Viajar com cachorro: quanto custa?
Além das milhares de preocupações que você vai ter ao decidir viajar com seu animal de estimação, ainda tem uma que só não vai afligir os ganhadores da Mega Sena: quanto vai $air e$$a loucura? Uma resposta que eu posso dar logo de cara é: mais do que você gostaria, menos do que você imagina.
Quando eu contei à minha família que nós estávamos vindo para a Espanha e que iríamos trazer conosco o Aruk, a única coisa que ouvi foi o barulho dos queixos caindo no chão. Até a véspera da viagem, meu avô ainda me perguntou “mas você vai levar mesmo o cachorro?”. Uma parte do susto veio pelo inusitado de tudo: de uma hora para outra, nós resolvemos deixar nossos trabalhos no Brasil, nosso apartamento, vender o carro, catar nossas trouxas, o cachorro e nos mudarmos para a Europa para estudar. Outra parte do susto veio de saber que tudo isso seria feito sem uma bolsa de estudos – ou seja, somente com as nossas economias (que, com a alta do Euro, encolheram que nem roupa de algodão lavada na água quente). E ainda por cima levando o cachorro!
Mas nós sempre confiamos que daria certo e contamos com um truque mais que especial e quase infalível: o planejamento. Organizando direitinho, todo mundo viaja. Apesar de caro, o processo de “visto” para um animal de estimação dura em torno de cinco meses. Isso significa que você também pode ir diluindo os custos ao longo desse período (sem contar a poupança, que você pode e deve começar a fazer já).
O primeiro gasto que tivemos foi com a implantação do microchip e a revacinação do Arukão contra raiva. Isso foi feito em um pacote junto com a sorologia (que foi realizada 30 dias depois, mas que nós pagamos junto). Nessa leva, os custos foram de R$ 435,00 (R$ 200,00 do microchip, R$ 180,00 da sorologia e R$ 55,00 da vacina antirrábica). Parcelado em duas vezes, a gente se apertou, mas deu.
Depois, o outro grande gasto foi com a caixa de transporte – que teve que ser enorme para abrigar nosso dogsauro. Esperamos a Black Friday e conseguimos comprá-la com R$ 200 de desconto e frete grátis. Ao todo, pagamos R$ 800 na caixa (parcelada em três vezes).
Para acostumar o cão à caixa de transporte, nós contamos com a santa ajuda da adestradora Kátia Aboim, que nos acompanha desde que adotamos o Aruk. Uma sessão (R$ 120) foi suficiente para ela nos passar o que deveríamos fazer com ele (mas outros cães podem precisar de mais sessões).
Depois, veio a taxa de embarque. Novamente, o valor depende do peso do cachorro. Aruk mais sua caixa de transporte pesaram 40 kg, o que se converteu em uma taxa de 300 euros na TAP, companhia aérea que nos trouxe. Com o câmbio de hoje (aproximadamente R$ 4,40) daria em torno de uns R$ 1.320. Esse valor nós pagamos à vista, porque não tinha jeito de parcelar.
Dois dias antes da viagem, precisamos fazer uma consulta com a veterinária para pegar um atestado de boa saúde do cão. Essa consulta pode ser feita no seu veterinário de confiança, desde que ele seja registrado no CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária). Então é o preço de uma consulta normal — no nosso caso, foi R$ 100,00.
Se eu disser que é pouco dinheiro, vou estar mentindo descaradamente (ou vou estar me baseando em um padrão de vida que definitivamente não é o nosso). Mas nosso planejamento para essa viagem começou mais de um ano antes de eu sequer ter me inscrito para o máster, sempre tendo em mente que tudo que nós fôssemos fazer iria incluir o cachorro que nós tivéssemos na época. Essa perspectiva nos ajudou a reservar uma parte do dinheiro só para esse tipo de despesas. Também fomos parcelando algumas coisas, ao mesmo tempo que cortamos gastos com outras (no ano passado, por exemplo, eu não comprei nenhuma roupa ou sapato).
No fim das contas, toda essa aventura se resume a duas palavras: planejamento e prioridades. Colocando tudo na ponta do lápis, seguindo à risca o planejado e tendo a viagem com toda a família como a coisa mais importante (depois da subsistência), é possível.
Resumindo os gastos:
- Microchip, vacina e sorologia: R$ 435
- Caixa de transporte: R$ 800
- Consultoria com adestradora: R$ 120
- Taxa de embarque: R$ 1.320
- Consulta para atestado: R$ 100
- Total: R$ 2.775
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