Há quem diga que não tem muita coisa para fazer em Bruxelas – e eu não poderia discordar mais. A capital belga não só é lindíssima, como também muito interessante. Eu já estive lá duas vezes, primeiro por três dias e depois por dois. Neste texto, você encontra um roteiro completo sobre o que fazer em Bruxelas em 2 ou 3 dias, ideias de bate-volta, como se locomover, como ir do aeroporto para o centro e muito mais.
Bruxelas é uma cidade de diversidade e contrastes, a começar pelos idiomas: francês e holandês se misturam nas placas. A grande maioria dos habitantes fala francês, mas a cidade fica na parte do país que fala holandês. Além disso, é um endereço de imigrantes: 70% da população é de origem estrangeira. Ali vivem italianos, portugueses, marroquinos, turcos, russos, mexicanos e até brasileiros, além dos africanos de Ruanda e Burundi, que foram colônias belgas no século 20. É impossível não reparar nessa diversidade nas ruas, principalmente se você sair do bairro central. Mas isso, infelizmente, não se traduz em inclusão, visto que (principalmente) a população muçulmana vive em bairros com alto desemprego e sem oportunidades.
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Por outro lado, Bruxelas também é considerada a capital da União Europeia, servindo de centro administrativo para o parlamento europeu e todas as comissões da UE. E, ainda, é dona da maravilhosa combinação de cervejas, chocolates, batatas fritas e waffles!
Índice do Post: Onde ficar em Bruxelas – O que fazer em Bruxelas – Quadrinhos em Bruxelas – Cerveja Belga – Chocolate Belga – Como se locomover em Bruxelas – Como ir do aeroporto para o centro – Bate-voltas: Bruges e Ghent
Onde ficar em Bruxelas
Já fiz um post completíssimo explicando quais os melhores bairros para ficar em Bruxelas, além do centro. Eu, por exemplo, fiquei num apartamento em Saint-Gilles, na primeira estadia, e em outro em Flagey na segunda. Ambas foram opções com o melhor custo/benefício.
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O que fazer em Bruxelas: roteiro de 2 ou 3 dias
É interessante observar que muitas das atrações de Bruxelas concentram-se no centrinho, o Petite Ceinture, apesar de haver outros 18 distritos na cidade. É ali que está o principal cartão-postal, a Grand Place, uma praça tão bonita que eu e o Victor Hugo a consideramos uma das mais belas da Europa. A Grand Place, ou Grote Markt – seu nome em holandês – é Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco desde 1988, tem prédios dos séculos 14 a 17 e servia de espaço para mercados ao ar livre. Hoje, o centro da praça é decorado com flores e no final do ano recebe a feira de natal.
Depois de visitar a praça, caminhar pelas ruas e ruelas do centro é um passeio imperdível. Tenha em mente que por ali você vai encontrar um monte de lojinhas de chocolate, barraquinhas de waffles e batatas fritas e cafés que vendem cerveja belga – mas esses são todos lugares com foco mais turístico, ou seja, um tiquinho mais caros.
Estátuas “Fazendo Xixi”
Voltando ao centro, há outros pontos turísticos famosos, entre eles o peculiar menininho fazendo xixi, o Manneken Pis, que está ali desde 1619, já sofreu várias tentativas de furto e fica curiosamente vestido em datas comemorativas. Um pouco menos popular, mas igualmente peculiar, é a Janneken Pis, a versão feminina do mijão, que fica escondida na mesma rua do Delirium Café. A estátua foi colocada ali em 1987. Terminando a lista das “estátuas fazendo xixi”, há também o Zinneke Pis, que é o cachorro mijão. Fica na rue des Chartreux.
Vale a pena dar uma passada na Place de la Bourse, a praça e um prédio enorme onde funcionava a bolsa de valores da cidade. É ali que a população se reúne em eventos importantes. Não muito distante fica a agradável Place Sainte-Catherine, onde há vários restaurantes, alguns prédios medievais, como a Torre Negra, e onde funcionava o antigo mercado. Circule pelas Galeries Royales Saint-Hubert, uma passagem fechada que lembra a Galeria Vittorio Emanuelle em Milão, com o belo arco de vidro no teto e lojas elegantes no entorno.
Se você estiver procurando um lugar para ter uma vista bonita da cidade, vá para os Jardins do Monts de Arts. Além dos jardins em si e do mirante, as ruas por ali são bem lindinhas e ao redor ficam museus interessantes, como o Museu Real de Belas-Artes da Bélgica, o Museu de Instrumentos Musicais (eu visitei, e recomendo contratar o audioguia para que a visita seja proveitosa) e o Centro de Belas Artes BOZAR, além da Biblioteca Real.
Logo atrás dos museus e jardins fica o Palácio Real de Bruxelas, que é onde o rei da Bélgica mora e trabalha. Só é possível visitar o local no verão, entre 22 de julho e 4 de setembro. Em frente ao palácio fica o parque da cidade, que também é bonito e agradável.
Para o segundo dia de passeios, uma referência para começar é o prédio imponente do Palácio de Justiça. Ele fica fora do centro, em Saint Gilles (o bairro onde me hospedei), mas ainda muito próximo para se chegar a pé. Na frente do palácio está um mirante bem legal, com vista para toda a cidade. O prédio é gigantesco – são 20 mil metros quadrados – e foi inaugurado em 1883. Está em obras há alguns anos, então não estranhe os andaimes.
Seguindo pela rua do mirante você chegará ao bairro Sablon. Ali, a igreja de Notre-Dame du Sablon merece sua visita. Em frente, do outro lado da rua, ficam os belos jardins Petit Sablon.
Outro parque que vale a visita (dentre os vários em Bruxelas) fica um tiquinho mais afastado. É o Parque do Cinquentenário, uma grande área verde cujos prédios, incluindo um Arco do Triunfo, foram construídos em 1880 para a comemoração da Exibição Nacional, uma feira que comemorou os 50 anos da independência belga. Hoje, ocupam tais prédios o Museu Militar, o Cinquantenaire Museum, de história e arte, e o AutoWorld, focado em carros.
Saindo do Parque você estará na beira do Distrito Europeu, o bairro onde ficam todos os prédios das Comissões Europeias e o Parlamento. Para quem tem interesse em conhecer um pouco mais sobre o funcionamento da União Europeia, há um espaço aberto para visitação, o Parlamentarium. É uma exposição interativa, com um tour pela história da UE que dura cerca de 90 minutos. Funciona em todos os dias e a entrada é gratuita.
E ainda não acabaram as atrações de Bruxelas. Eu não cheguei a visitar, mas há outros museus, com destaque para o Museu René Magritte e o Museu Horta, ambos focados nas obras de arte desses artistas.
Não poderia deixar de citar também o Atomium, um ícone de Bruxelas, construído para a Exposição Universal de 1958, uma mistura de ciência e futurismo. Lá de cima, em dias de céu claro, é possível ver até a cidade de Antuérpia! Há restaurantes e exibições temporárias e permanentes nas 5 esferas do monumento. Para valores e horários de abertura consulte o site oficial. Nos arredores do Atomium ficam os jardins reais de Laeken. Lá você encontra dois palácios, as estufas reais e dois jardins orientais: a torre japonesa e o pavilhão chinês.
Quadrinhos em Bruxelas
A história dos quadrinhos em Bruxelas começou em 1929, com um artista chamado Georges Remi, ou seu apelido mais famoso: Hergé. Foi num suplemento jovem do jornal Le Vingtième Siècle, chamado Le Petit Vingtième, que Hergé deu vida a Tintim e a um estilo de arte gráfica único para a época. Aos poucos, as aventuras do repórter e seu cachorrinho Milu foram ganhando popularidade.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a fama das ilustrações e textos em balões foi tanta que havia duas revistas diferentes para divulgar os trabalhos dos cartunistas em língua francesa. Hergé, além de Tintim, também desenhava Quim e Filipe. Outros grandes artistas do século 20 eram Peyo (Os Smurfs), Walthéry (Natacha), Franquin (Marsupilami, Gaston Lagaffe), Edgar P. Jacobs (Blake e Mortimer), Jean Roba (Billy e Buddy), e Jijé (Blondin e Cirage).
A Comic Strip Trail (ou trilha dos Quadrinhos) é uma rota por uma série de murais pintados pela cidade, nas ruas, onde você encontra o Tintin, Astérix, Blake & Mortimer, Bob & Bobette, entre outros. São 50 muros, uma espécie de mapa do tesouro para explorar Bruxelas com outros olhos. Nesse link você encontra uma lista com fotos e endereços de todos os murais. Além disso, o Comics Art Museum reúne exposições permanentes e temporárias de ilustrações e objetos únicos sobre a história dos quadrinhos e os artistas de Bruxelas. Aberto diariamente, das 10h às 18h, a entrada custa 10€. Endereço: Rue des Sables 20. Mais informações no site oficial.
Já o Museum of Original Figurines (MOOF) trás uma coleção de figurinhas dos principais personagens do mundo dos quadrinhos, assim como estátuas em tamanho real e objetos exclusivos. O MOOF fica na Rue du Marché-aux-Herbes 116. Aberto das 10h às 18h, de terça a domingo. Mais informações no site oficial. Nesse museu também fica a Smurfs Boutique, uma loja dedicada aos famosos personagens azuis.
Todo ano, desde 2010, também é realizado o Comic Strip Festival, que reúne quase 100 mil pessoas em atividades diversas sobre o universo dos quadrinhos. Em 2016, o evento será de 2 a 4 de setembro, no Brussels Park. O site com toda a programação é o visit.brussels/en/sites/comicsfestival
A Bruxelas de Tintim
Perto da estação de trem Gare du Midi fica o Le Lombard, também conhecido como “Prédio do Tintim”, que era a sede da empresa que publicava os quadrinhos de Hergé, a Les Éditions du Lombard. De 1946 a 1988 a editora publicou a revista Tintin. No alto do prédio há uma placa com os dois personagens principais da série, o repórter e seu querido cachorro. Endereço: Avenue Paul-Henri Spaak, 7.
O Museu Hergé não fica em Bruxelas, mas numa cidade nos arredores, Louvain-la-Neuve. No local, há fotos e objetos que se aprofundam no trabalho do ilustrador. O endereço é Rue du Labrador, 26, 1348 Louvain-la-Neuve. Para chegar lá é preciso pegar um trem das estações de Bruxelas. O trajeto dura uma hora. O museu abre de terça a domingo, das 10h às 17h30, e custa €9,50.
Por fim, bem no centro da cidade, numa das ruas que leva à Grand Place, fica a La Boutique Tintin. No espaço, figurinhas, chaveiros, lápis, cadernos, quadrinhos, roupas e muitas coisas dedicadas ao personagem. Eu não resisti e comprei um postal (era a única coisa barata da loja, rs). Fica na Rue de la Colline, 13.
Cerveja belga em Bruxelas
A cerveja belga é considerada uma das melhores do mundo e em Bruxelas você encontra alguns dos melhores bares e cafés do país para experimentar a bebida. Eu já escrevi um texto com 12 dicas de onde tomar cerveja em Bruxelas, muito além do centro, incluindo bares frequentados apenas por moradores da cidade.
A cervejaria Cantillon é o lugar para visitar caso você queira fazer um tour pela produção da bebida. O grande diferencial é que eles fazem uma cerveja que não é filtrada e tem um sabor que quase lembra um vinho. O tour de uma hora e meia acontece em inglês, nas sextas às 11h15 e aos sábados às 10h45, 12h e 14h30. Há opções de passeios em francês aos sábados. Custa €9,50. Mais informações no site oficial.
Uma (pequena) lista de cervejas que valem os euros gastos, seja para beber lá, seja para levar pra casa:
- Cerveja trapista (Chimay, Westmalle, Trappistes Rochefort)
- Abbey (Leffe, Affligem)
- Trigo (Celis White, Blanche de Namur)
- Blond Ale (Duvel, Delirium Tremmens, Kwak)
- Lambic / Gueuze (Cantillon, Mort Subite)
- Cerveja Frutada (Le Mort Subit, Delirium Red)
- Dubel, Tripel e Quadrupel – que não são trapistas (Gulden Draak, Corne La Triple 10, St. Bernardus 12)
- Champagne beer (Deus, Duchesse de Bourgogne)
Chocolate em Bruxelas
A indústria do chocolate belga existe desde o século 19. O pralinê, que é o nome dado para qualquer castanha coberta com chocolate, ou o bom e velho bombom, foi inventado pelos belgas, mais exatamente por Jean Neuhaus (e tem uma chocolateria de mesmo nome até hoje).
Os maiores produtores de pralinês belgas são a Neuhaus, Godiva, Leonidas e Guylian. As três primeiras são marcas mais caras e a última é mais acessível. Se você quiser provar algo muito chique, também recomendo entrar na Pierre Marcolini.
Além dessas marcas, há dezenas de lojas de chocolate em Bruxelas, com preços variados. Dá para comprar uma caixa de trufas por três euros. Inclusive, comprar no supermercado ou mesmo deixar para adquirir no aeroporto pode ser uma boa opção, porque todas as marcas estão lá – e em geral com boas promoções.
A Gracielle, minha amiga do Festivalando, recentemente escreveu um post com dicas de onde comer chocolate artesanal no bairro Sablon.
Como se locomover em Bruxelas
O Centro de Bruxelas é bastante fácil de circular a pé. Para as atrações fora dele, há opções de ônibus, tram ou metrô. Além disso, o Uber funciona na cidade e há vários pontos de táxi. Você vai precisar usar o sistema de transporte caso fique hospedado fora do centro.
A primeira dica é baixar o aplicativo da STIB. Por mais que o Google Maps conte com as informações de transporte, eu achei que o aplicativo foi melhor para acertar as rotas e também dar alertas sobre mudanças no trânsito.
Caso o seu hotel não seja bem no centrinho, também vale a pena comprar um cartão com 10 bilhetes de viagem – mas é preciso fazer isso num dos pontos de venda. Custa 14 euros e sai mais barato do que comprar os bilhetes unitários, de €2,10, que podem ser adquiridos nas maquininhas que ficam nos pontos de ônibus e estações de metrô. Diretamente com o motorista o preço sobe para €2,50.
Você também pode fazer como vários moradores e se locomover de bicicleta ou patinete. Estão disponíveis para o aluguel pelos aplicativos Uber ou Lime.
Como ir dos aeroportos de Bruxelas para o centro
Zaventem
O aeroporto de Zaventem, ou Aeroporto de Bruxelas, fica mais perto do centro – são cerca de 14 km. Para chegar ou sair dali, é possível pegar um trem, que custa €8,60 euros e te deixa nas estações Central, Midi e Norte. São 20 minutos de viagem.
Uma forma mais barata são os ônibus 12 ou 21 (o primeiro é expresso e o segundo faz várias paradas no caminho). Eles vão do aeroporto até a estação Bruxelas Luxemburgo. Custam €4,50 se você comprar na maquininha e €6 direto com o motorista. O trajeto leva cerca de 30 minutos.
Um Uber do aeroporto para o centro custa entre 25 e 30 euros.
Charleroi
O aeroporto de Charleroi fica numa cidade vizinha, a cerca de 60 km do centro de Bruxelas. Geralmente, descem ali os voos de empresas low cost.
Partindo e chegando na estação Bruxelles Midi há uma opção de shuttle, a partir de €5. Os transfers começam às 3h30 da manhã e partem a cada meia hora. Há também shuttles para Bruges e Ghent. Veja todas as informações e compra antecipada de bilhetes no site da Flibco. O trajeto leva 45 minutos.
Também é possível fazer o percurso usando transporte público, mas é um pouco mais complexo: você terá que ir do aeroporto até a estação de Charleroi Sud de ônibus e dali pegar um trem para qualquer estação de Bruxelas. A viagem leva cerca de 1h30 e custa €9,50. Ou seja, melhor ir de shuttle.
Bate-voltas de Bruxelas: Bruges e Ghent
Bruges e Ghent não são só considerados bate-voltas de Bruxelas – muitas pessoas optam por ficar mais tempo numa dessas duas cidadezinhas do que na capital da Bélgica.
Saiba mais: O que fazer em Bruges, guia completo
Bruges é a menor das três e tem mais ares de cidade de contos de fadas. Ao mesmo tempo, é a que fica mais cheia de turistas. Ghent é uma mistura entre a parte histórica fofa e um lado mais jovem e cultural, fruto do grande número de universitários na cidade. Se for apenas para conhecer, algumas horas são suficientes, ou seja, um bate-volta perfeito. Porém, para conseguir aproveitar com calma o clima mais romântico, aí pode valer a pena pensar num pernoite.
- De Bruxelas para Ghent, a forma mais fácil de ir é de trem. A viagem dura meia hora. Custa 18 euros ida e volta e tem desconto de mais de 50% para menores de 26 anos ou maiores de 65. Também há desconto para viagens no final de semana. O bilhete não tem horário marcado, dá para pegar o trem na hora que você chegar na estação.Também é possível encontrar viagens no app da Blablacar (caronas compartilhadas) por a partir de 4 euros.
- Já de Bruxelas para Bruges é cerca de uma hora de trem, que custa €28,20 ida e volta. No final de semana, a tarifa cai para €15,20 (ida e volta). Já a viagem de ônibus, pela Flixbus, custa a partir de €4,99. E pelo Blablacar fica a partir de 7 euros.
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Por: 360meridianos
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