Uma vinícola onde você não encontra vinhos tintos: brancos e rosés são a regra da Quinta de Covela, que fica numa região do Douro onde o rio está um pouco distante, na fronteira entre as regiões de produção do Vinho Verde e Vinho do Porto. Próxima do concelho de Baião, possui aquilo que os entendidos de vinho chamariam de um terroir bastante particular, ou seja, características do solo e climáticas que fazem com que os vinhos ali tenham um quê de especial.
A verdade é que os vinhos da Covela, de castas tipicamente portuguesas como Touriga Nacional, Arinto e Avesso, são incríveis, especialmente o rosé, que é conhecido de alguns brasileiros por conta de prêmios que ganhou em nossa terra.
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A visita à Quinta de Covela é especial por alguns motivos. Em primeiro lugar, você estará a cerca de uma hora do Porto, na região de Baião, mas fora da área mais turística do Douro. Além disso, a quinta em si, com suas casas de pedra, é linda e lembra aquelas paisagens da Toscana, na Itália. Para além de ver as vinhas e a paisagem belíssima do Douro, na propriedade encontram-se ruínas de um casarão do século 16 e de uma antiga igrejinha.
E nos arredores fica a Casa-Museu da Fundação Eça de Queiroz. Ou seja, um passeio completo.
Covela é uma sociedade entre Tony Smith, um ex-jornalista britânico que viveu anos no Brasil como correspondente internacional, e o empresário brasileiro Marcelo Lima. Eles compraram a quinta histórica em 2011, quando estava abandonada, e fizeram uma série de mudanças para aproveitar essas características, incluindo banir o vinho tinto em favor dos brancos e rosés de melhor qualidade. Eles também são donos da Quinta da Boavista e da Quinta da Tecedeira.
A visita com prova de vinhos custa a partir de 15 euros (3 vinhos) a 25 euros (5 vinhos). Além disso, também é possível acompanhar a degustação com uma tábua de queijos e embutidos. Todos esses passeios precisam ser agendados com antecedência, pelo email (visit@covela.pt) ou telefone (+351) 913 065 691 e (+351) 912 831 152.
Além disso, eles também têm um serviço de enoturismo, com apenas dois quartos, que serve de apoio para visitantes de forma mais exclusiva.
Vindimas
De agosto a outubro (varia a cada ano), são realizadas as vindimas na região do Douro. Vindima é aquele processo de colher as uvas no pé, manualmente, e depois fazer a seleção e, em alguns casos, a pisa da uva. Essa época movimenta bastante as quintas no Douro não só com os trabalhadores e festas de final de expediente, mas também com turistas interessados em participar desse trabalho.
Na Covela, as vindimas são feitas de forma especial, com a limpeza das uvas manualmente e só o restante do processo feito com máquinas. Não foi nada programado, mas durante a nossa visita acabamos participando do processo. Ou seja, se você beber uma garrafa de Covela Rosé de 2019, pode saber que eu ajudei a fazer.
Como chegar à Quinta de Covela
Quem vai de carro, partindo do Porto, pode pegar a autoestrada A4 e depois entrar em direção a Baião. Também é possível fazer o trajeto de trem até Arêgos, que é uma estação histórica, e combinar um transfer para a Covela, organizado pela própria Quinta.
Fundação Eça de Queiroz
A Fundação Eça de Queiroz fica a cerca de 5 quilômetros e tem parceria com a Covela (quem visita a Quinta não paga a entrada no museu). A casa-museu é chamada de Casa de Tormes, nome que o próprio Eça de Queiroz deu ao local, ao descrevê-lo no livro “A Cidade e as Serras”. O espaço foi estabelecido como museu pelos descendentes do escritor no final dos anos 1990, reunindo ali mobília, documentos e objetos pessoais de Queiroz.
É importante dizer que, apesar de ser dono da casa, Eça só esteve lá em algumas ocasiões. É que ele seguia carreira diplomática, como cônsul de Portugal no exterior. A visita guiada leva por todos os cômodos da casa e dá uma explicação sobre objetos ali contidos. A casa da fundação também tem um restaurante com um menu de pratos descritos nos livros de Eça e que produz vinhos próprios.
Entre a casa-museu e a Estação de Trem de Arêgos, há o “Caminho do Jacinto”, uma trilha descrita no livro “A Cidade e as Serras”. O caminho tem cerca de 3 km. Quem vai de comboio tem desconto na entrada do museu, cuja entrada custa 5 euros. A Fundação Eça de Queiroz abre de terça a domingo, de 9h30 às 16h30, com visitas guiadas de hora em hora, e pausa para almoço.
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Por: 360meridianos
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