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Eliminatórias têm convocação por aplicativo e atleta que desconhece técnico


O zagueiro brasileiro Ramon Saro, 23, está desempregado e não disputa uma partida oficial há mais de um ano. O convite para voltar a jogar veio por Whatsapp.


Sobre o time que o chamou para disputar duas partidas, ele até sabe o nome, mas quanto ao treinador... "acho que é Flávio alguma coisa".


Até uma semana atrás, o zagueiro ainda desconfiava se a passagem chegaria a tempo da viagem, marcada para o último sábado (7).


Mas tudo deu certo, Ramon conseguiu embarcar para a Ásia e, na madrugada desta quinta-feira (12), disputará pela primeira vez uma partida de Copa do Mundo.


O clima pode até ser de improviso e mais parecido com um torneio de várzea do que com a maior competição de futebol do planeta. Mas o jogo entre a equipe de Ramon, a seleção de Timor Leste, e a Mongólia já começa a valer vaga para a Copa da Rússia.


Além dessa partida, outros cinco jogos abrem as eliminatórias para o Mundial-2018. De quinta até novembro de 2017, 208 seleções do mundo todo irão se enfrentar por 31 vagas na fase final da competição -a Rússia já está classificada por ser país-sede.














Editoria de Arte/Folhapress

Por enquanto, o torneio qualificatório se resume somente à Ásia. Mais que isso: ao que de pior existe no futebol daquele continente.


As 12 seleções que participam da primeira fase das eliminatórias estão entre as 40 últimas do ranking da Fifa. A Índia, a menos pior dela, é a 171ª da lista e a única que já se classificou para uma Copa -conquistou vaga em 1950, mas não disputou o torneio.


No caso de Timor Leste, 187ª do planeta, essa é apenas a terceira tentativa de conquistar uma vaga para o Mundial. Até hoje, perdeu os quatro jogos de eliminatórias que disputou e sofreu 18 gols. Em 2011, foi a primeira seleção a ser eliminada da corrida para a Copa do Brasil.


Chegar até a Rússia é algo tão distante que não chega nem a ser um sonho para Timor Leste. O objetivo de quem aceita o convite para defender o país asiático é outro.


"É um bom negócio. Quando estamos lá, recebemos estadia, alimentação, salário. O problema é que só nos chamam quando tem um campeonato. Não dá para recusar. É uma oportunidade de aparecer", contou Ramon.


Sua primeira vez em Timor Leste foi dois anos atrás e surgiu por indicação de um amigo brasileiro que já atuava na seleção, o zagueiro Diogo.


"A seleção precisava de um zagueiro com idade olímpica, e ele falou que tinha um amigo no Brasil. Então, mandou um vídeo meu para ser analisado. Eles gostaram e foram atrás da documentação."


Ramon não tem ideia de como conseguiu a naturalização necessária para poder atuar na seleção. Mas isso não parece ser problema para a seleção de Timor Leste.


Ex-província portuguesa que conquistou a independência da Indonésia no início deste século, o país tem importado brasileiros em massa para sua seleção.


Desde 2010, pelo menos dez jogadores e três treinadores (entre eles, o ex-volante Clodoaldo) nascidos no Brasil cruzaram o mundo para reforçar o futebol do país.


"É uma situação meio estranha mesmo. Você vai servir uma pátria que não tem nada a ver com você. Mas quando você coloca a camisa da seleção, muda tudo."





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