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A lista 2018 de destinos LGBTQI+ friendly (e outros nem tanto)

Na minha lista pessoal de destinos dos sonhos, o Irã ocupa a primeira posição disparado. O antigo território do Império Persa guarda uma coleção de edifícios históricos antiquíssimos, cultura diversa, gastronomia de lamber os beiços, mercados, mesquitas, ou seja, motivos não faltam para se meter no primeiro avião rumo a Teerã. Só tem um detalhe: a homossexualidade ainda é punível com pena de morte na terra dos aiatolás, seguindo os mandamentos da Xaria, o sistema de leis muçulmano que funde religião e estado.

Quando viajo, minha orientação sexual vai comigo na mala, não posso, nem quero deixá-la em casa. Por isso, antes de programar a próxima viagem, é melhor pesquisar onde estamos pisando. Acaba de sair a versão 2018 da lista Gay Travel Index, (https://spartacus.travel/gaytravelindex.pdf) elaborada pelo guia Spartacus (https://spartacus.travel/en), que pontua os países em diversas categorias para chegar a uma nota geral. Entre elas estão as agendas positivas, como “casamento igualitário” e “legislação antidiscriminação”; interferências negativas como “influência religiosa” e “hostilidade local”; e perigos reais como “assassinato” e “sentença de morte”.

Veja também: Precisamos falar sobre a Rússia – como é ser gay no país?

5 lugares de memória e resistência homoafetiva

Sobre consumo e amor verdadeiro

viagem lgbt irã

Mesquita no Irã (Foto: Fotokon, Shutterstock.com)

Meu número um, o Irã não passou de ano: ocupa a posição 194, com 14 pontos negativos, a quarta pior nação do mundo para alguém LGBTQI+. Intuitivamente a gente já conhece os alunos mais aplicados e sabe quem está no topo de destinos gays friendly e quem está de recuperação. Os dez primeiros lugares são todos preenchidos por países desenvolvidos, sendo oito deles na Europa – quem levou a estrelinha dourada gay este ano foram o Canadá, de Justin Trudeau, e a Suécia, como era de se esperar, empatados em primeiro.

O mais bem colocado da América Latina é o Uruguai, na 15ª posição; o Brasil figura na zona amarelada dos resultados, em 55º, empatado com países como Chile e Japão. Por aqui, o que mais pesou contra foi a influência religiosa, a falta de direitos das pessoas trans e, principalmente, o alto número de assassinatos contra LGBTQI+. Segundo o Grupo Gay da Bahia, foram reportadas 445 mortes em 2017, um aumento de 30% em relação ao ano anterior.

protesto lgbt

Protesto em Berlim, na Alemanha (Foto: Jacqueline Abromeit, Shutterstock.com)

A última colocada da lista é a República da Chechênia, parte da federação russa, onde há relatos de campos de concentração para LGBTQI+, torturas e mortes de honra e assassinatos cometidos pelos próprios familiares contra pessoas de orientação sexual diversa.

Estou aqui falando para não explorar novos destinos? Longe disso, sou um grande encorajador, na verdade. Minha viagem ao Irã só não aconteceu ainda por falta de oportunidade, mas assim que der eu chego lá. Inclusive para entender mais um lado dessa trama complexa e contraditória que é a vida. Nem só boa, nem só ruim, mas sempre interessante para curiosos e cheia de oportunidades para aqueles que querem mudar o mundo. Como a mãe que entrega o agasalho para x filhx antes de sair, meu recado é mais simples: olhe por onde anda, meninx!

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Por que as pessoas insistem em tocar em objetos de museus

Alguns comportamentos humanos não têm explicação. A gente joga moedas numa fonte de 250 anos esperando que um desejo se realize. E acredita que passar a mão no focinho de uma estátua de javali ou beijar a tumba de um escritor famoso vai nos trazer sorte de alguma forma. Dentre esses comportamentos, o ato de tocar objetos de arte em museus, mesmo com um aviso ali para “não tocar”, nos parece inexplicável. Até mesmo quando nós mesmos nos pegamos fazendo, sem perceber, o “ato criminoso”.

Leia também: Fotos em Museus e a necessidade de registrar tudo 

7 coisas que turistas precisam parar de fazer

No Museu Britânico, em Londres, visitantes são oficialmente proibidos de tocarem em objetos expostos. No entanto, um dos atendentes do museu conta: “Você impede cem pessoas de tocarem e há duzentas outras vindo. É como tentar mover o mar”. Às vezes, o resultado do encontro entre as obras de arte e os seres humanos são desastrosos, como vocês podem conferir na lista no final deste texto.

Outras vezes, esses toques não autorizados parecem inofensivos. Um toque rápido, uma passada de mão, um beijo ou um encostar sem querer transfere gordura, calor, suor e sujeira para uma peça que pode ter milhares de anos de história, o que pode sim destruí-la a longo prazo. Esse processo de transformação é gradual e não vai colocar a pessoa numa notícia de jornal ou num hall da vergonha alheia. No máximo, vão parar num Tumblr, “People Touchin Art Works”, cujas imagens ilustram este post:

https://peopletouchingartworks.tumblr.com/post/168867043832

Quem visitava museus nos séculos 17 e 18 era permitido – e até encorajado – a tocar nas peças exibidas. Porém, no início do século 19, o toque começou a ser sistematicamente restrito. Essa se tornou a realidade dos museus até o século 20, quando os visitantes passaram a ser tratados como puros espectadores. Banir o toque veio como uma forma de preservar objetos não apenas raros, mas insubstituíveis. “Humanos são animais oleosos. Quando tocam em algo, eles carregam tanto uma parte do material quanto deixam para trás. Não tocar reflete numa preocupação com o bem comum”, explica Dominique Cordellier, chefe do Departamento de Artes Gráficas do museu do Louvre, numa entrevista para o jornal The Guardian.

Ao mesmo tempo, talvez por esse perfil, os museus passaram a ser vistos também como algo chato. E, nos anos mais recentes, essas instituições começaram a entender a necessidade de ir além do olhar: “Tocar é parte o desenvolvimento cognitivo. Dos cinco sentidos, o toque é o que permite o conhecimento mais preciso de um objeto. Nos ajuda a memorizar e engatilha emoções”, explica Cordellier. “Ao impedir visitantes de tocar, nos os privamos de uma forma de aprendizado e reduzimos uma obra a não mais do que uma imagem”.

uffizi em florenca para cegos

Experiências em museus para pessoas com deficiência visual

Fiona Candlin, professora de Museologia na História da Arte da Universidade de Londres, tem estudado o tema do toque não autorizado há décadas e publicou, em 2017, um artigo na revista científica “The Senses and Society” chamado “Reabilitando toques não autorizados ou por que visitantes de museus tocam nas exibições” (tradução livre).

A professora diz que existem poucas pesquisas sobre esse toque despretensioso e que ninguém consegue explicar muito bem. O trabalho dela foi observar esses comportamentos na galeria de esculturas do Museu Britânico – que, se você já teve a chance de visitar, tem diversas esculturas sem barreiras entre a exposição e o público. Ela entrevistou pessoas que viu tocando nos objetos e conversou também com os supervisores do museu, que observam as salas para tentar impedir comportamentos como esse.

https://peopletouchingartworks.tumblr.com/post/164407979722

Por que tocamos?

Para atendentes e supervisores da instituição, há uma lista de motivos que fazem as pessoas tocarem em obras de arte. Eles apontam, por exemplo, a sinalização e o design das galerias como um fator importante. Segundo eles, apesar de haver varias placas informando sobre não tocar, muitas vezes são pequenas, muito baixas e escritas somente em inglês, o que torna a proibição pouco clara.

 

Além disso, eles também explicam que muitas pessoas têm a curiosidade de saber se aquela obra é real. “Há visitantes que pensam que o museu é como o Madame Tussauds ou um parque temático”. Não há informações que deixem claro que aqueles objetos são reais. “As pessoas pensam que as obras são réplicas porque elas estão em exibição e são facilmente acessíveis, não estão atrás de um vidro, então não devem ser reais”, conta outro supervisor entrevistado pela professora.

https://peopletouchingartworks.tumblr.com/post/168867016662

Outros visitantes suspeitam ou reconhecem que não deveriam tocar e entendem a possibilidade de causar danos, mas insistem que foram cuidadosos. Quando questionada se havia tocado em algo, uma visitante disse à professora: “Sim, são todas coisas sólidas, como um sarcófago. É solido, feito para durar. Eu não consigo imaginar nada o destruindo”.

“Sentir a temperatura, textura e dureza da pedra ajuda a assumir que as esculturas numa exibição eram reais, mas geralmente esses objetos foram tocados porque os visitantes queriam saber mais sobre eles. Estavam interessados no material dos objetos, e nas qualidades que não podem ser percebidas pelo olhar, apenas. Ao comparar o peso, densidade ou irregularidades da pedra com a sua maciez ou nitidez do acabamento, os visitantes podem desenhar conclusões sobre a dificuldade da produção e o talento do artista e de como a obra foi feita”, conclui Candlin.

https://peopletouchingartworks.tumblr.com/post/164408182412

As pessoas também querem se conectar com o passado ou ter boa sorte

Hoje, a Pedra Rosetta – uma pedra coberta de hieróglifos e letras gregas, que ajudou a humanidade a desvendar os mistérios do antigo Egito – fica por trás de um vidro e há uma enorme quantidade de pessoas tentando se aproximar para tirar uma foto dela. Mas, antigamente, fazia parte das obras no Museu Britânico que estavam acessíveis. Os supervisores entrevistados por Candlin lembram-se dessa época: “As pessoas se inclinavam e tocavam… aquele objeto existe há tanto tempo, eles pensam que vão ganhar alguma sorte”. Essa sensação de estar tocando relíquias ou talismãs é repetida por vários entrevistados. “Adultos entendem que estão tocando e eles sentem uma conexão. É antigo, está ali, você leu sobre isso, está tocando a história”.

Um visitante pensou que tocar uma escultura de Sekhmet traria sorte e afirmou: “Eu a acariciei. Coloquei minha mão na cruz que ela estava segurando. Eu acho que dá sorte. Eu não sei porquê”.

senhoras tocando escultura sao pedro

Grupo de senhoras tocando a escultura de São Pedro na Basílica do Vaticano

Para Candlin, ao colocar a mão em esculturas, as pessoas perguntam-se quem mais tocou aquilo, quem trouxe o objeto para tão longe. E, muitas vezes, tentam fisicamente e imaginativamente habitar o local onde o artista ou usuário original existiu: “Esse sarcófago, a textura é incrível, muito macia, bem acabada. Eu não acho que um produto da IKEA vai estar assim depois de três mil anos. Foi cravada por um cara qualquer, esses hieróglifos, foi um homem comum que fez isso. É o elemento humano. Um cara sentou e cravou e você está apenas tentando entender isso”.

“Nem tudo é tocado da mesma forma”

As esculturas de animais recebem uma forma particular de atenção, com “visitantes dando tapinhas na cabeça de um enorme cavalo no mausoléu de Halikarnassos, acariciando a testa de um touro, passando a mão nos chifres de uma escultura egípcia de um carneiro ou tocando o nariz de pedra de vários animais”.

E as esculturas humanas também são tratadas de forma diferente, com pais colocando as crianças no colo de figuras sentadas, barrigas (malhadas ou gordinhas) atraindo atenção e mãos, braços e mãos esticados sendo “cumprimentados”. Isso, claro, além de estátuas tratadas de forma explicitamente sexual. Chegando ao ponto, comenta a autora, de uma estátua romana de Afrodite ter que ser colocada atrás de um vidro porque as pessoas continuamente batiam no seu traseiro de mármore.

https://peopletouchingartworks.tumblr.com/post/164408121292

Segundo Cadlin, para os visitantes, tocar nas esculturas de animais e humanos tem uma dinâmica diferente de exibições arquitetônicas e históricas, como colunas ou sarcófagos. “Não tem a ver com a conexão com o passado, ou entender como as peças foram esculpidas. Tem a ver com entender essas figuras como quase homem, mulher ou animal de pedra, prontas para ganharem vida”.

Geralmente, visitantes fizeram comentários como “não serem capazes de se impedir de tocar” uma coisa ou “estava pedindo para ser tocada”. Esse é um processo de criar desculpas, explica a professora, creditando às obras sua habilidade de atrair ou demandar toque. O ímpeto de tocar é entendido como se viesse do objeto. Um mulher disse:  “Eu toquei o pênis daquele homem.., só porque ninguém mais o faz. É porque eu não deveria, é o mesmo com mamilos. É sexual e você supostamente não deveria. Ele não é terrivelmente bem dotado. Eu acho que é uma bravata, especialmente por ser uma mulher tocando.”

Logo, conclui Candlin, que além de tocar para se conectar com o objeto e com o passado, as pessoas também tocam para fazer piadas, brincar e imaginar. “São padrões de toque que demonstram a agência dos visitantes. Eles encontram formas de aprender que não foram pré-selecionadas pelo museu e que não seguem o script convencional de visita. Eles descobrem prazer não-racional e também racional nas lacunas onde as regras falham ou são ignoradas. E eles experienciam os objetos em formas que estão fora ou excedem a agenda explícita da instituição: são afetivos, eróticos, bobos ou humorísticos”

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Mudando os museus e reabilitando o toque

São pequenos gestos que facilmente passam despercebidos: um dedo seguindo uma linha de hieróglifo ou uma superfície quebrada. Mãos dando tapinhas em cabeças ou acariciando gentilmente joelhos. “Porem, como conservadores sabem, essas ações cumulativamente se adicionam não somente em camadas de gordura ou manchas de desgaste, mas numa versão mudada do museu”, afirma Fiona.

Para a professora, investigar o toque não autorizado também leva a uma reavaliação dos visitantes do museu. “É fácil descartar o toque discreto como um exemplo de vandalismo menor, de ignorância. No entanto, em uma análise mais atenta, fica claro que comportamentos táteis não autorizados não são necessariamente um produto de desobediência.

Longe de serem vândalos, os visitantes com inclinações táteis estão ansiosos para aprender e querem se sentir conectados com os povos e lugares do passado. Eles encontram as exibições através da lente do mito e dos filmes, brincam, dão saltos imaginativos e são tão cativados pelas esculturas que se abraçam com braços esculpidos ou acariciam cobras de pedra”.

Os terríveis casos de encontro entre arte e pessoas

Não é de toques sutis que são feitas as manchetes de jornais. São aquelas pessoas que passam da conta e da noção que nos lembram que talvez os cartazes de “não toque” deveriam ser mais respeitados. Alguns casos emblemáticos dos últimos tempos:

– No Melbourne Museum, na Austrália, uma pessoa cagou numa instalação sobre uma favela do século 19;

– Um menino de 12 anos tropeçou e aterrisou numa pintura do século 17, furando o quadro e jogando refrigerante na obra;

– Uma estátua de Dom Sebastião, na estação do Rossio, em Lisboa, foi destruída por um homem que subiu num pedestal para tentar tirar uma selfie;

– Os pais incentivaram duas crianças a interagirem com uma escultura no Museu de Vidro, em Xangai, enquanto os adultos fotografavam a cena – uma delas puxou a escultura da parede, quebrando a peça.

– Uma senhora de 91 anos completou com uma caneta uma obra de arte moderna, em formato de palavra cruzada. Avaliada em 80 mil euros, a peça de 1977 tinha os dizeres “insira palavras”. A mulher entendeu como um convite.

– Um casal mexeu sem parar num relógio no Museu Nacional do Relógio, nos Estados Unidos, até que a peça caiu no chão e quebrou.

– Dois garotos usaram um objeto pontiagudo para traçar com mais força um entalhamento numa pedra de cinco mil anos, na Noruega. O objetivo dos dois era “consertar” e tornar o desenho mais visível.

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120 milhões de habitantes: a cidade sem fim que está nascendo na China

Do alto do teleférico que leva ao Buda Gigante, em Hong Kong, turistas avistam também outra construção, uma ainda mais impressionante. É uma ponte gigantesca, que cruza o mar e alcança uma pequena ilha artificial, onde a estrutura desaparece. “Mas aonde aquilo vai dar?”, foi a pergunta feita de imediato. Eu só descobri a resposta dias depois, já em casa, ao pesquisar o assunto: aquela ilha artificial é, na realidade, o começo de um túnel submarino, que junto com a ponte forma uma ligação de 55 quilômetros entre Hong Kong, Macau e Zhuhai.

Finalizado em 2017, com custo de 15 bilhões de dólares, esse complexo de pontes e túneis é o maior do planeta a cruzar um oceano. Quatro vezes maior que a ponte Rio-Niterói; 20 vezes mais extenso que a icônica Golden Gate, em São Francisco. A ponte já está finalizada e testemunhou, no final de 2017, um show de fogos para comemorar o feito, mas será aberta para o trânsito de veículos entre maio e junho de 2018.

A partir desse momento a distância entre três das principais cidades do Delta do Rio das Pérolas será contada em minutos ao invés de horas, mas o simbolismo da construção vai além de seus efeitos práticos mais imediatos. É que a gigantesca estrutura é só a mais importante das centenas de ligações urbanas que estão criando a maior metrópole do planeta. Atualmente 63 milhões de pessoas vivem no Delta do Rio das Pérolas, um número que no começo do século superou a quantidade de habitantes da Grande Tóquio, a maior metrópole mundial.

delta do rio das pérolas

Delta do Rio das Pérolas (Wikimedia Commons)

Até 2050, a expectativa é que essa área seja casa para 120 milhões de pessoas, a primeira Mega Cidade da História. Ou, como diz um relatório da ONU apresentado no Fórum Mundial Urbano de 2010, realizado no Rio de Janeiro, essa área do sul da China está vendo nascer a primeira “cidade sem fim”, uma megalópole que será 26 vezes maior do que a Grande Londres e terá mais habitantes que o esperado para países inteiros na mesma época, como Japão e Rússia. Tudo isso numa área que corresponde a menos de 2% do território da China.

O crescimento está longe de ser desordenado – é política de governo. Começou ainda nos anos 1980, quando lugares como Shenzhen eram apenas vilas de pescadores. Se naquela época essa cidade tinha só 58 mil habitantes, quase nada em comparação com a vizinha Hong Kong, menos de quatro décadas depois há pelo menos 13 milhões de pessoas vivendo ali.

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Shenzhen (Foto:Shutterstock.com)

Crescimento monstruoso e que veio após a criação da Zona Econômica Especial, principal capítulo da abertura chinesa, pensada pelo governo de Deng Xiaoping, sucessor de Mao Tsé-Tung no comando do Partido Comunista Chinês e considerado o pai do “socialismo de mercado”. Em nenhum lugar da China as políticas de Deng Xiaoping foram mais sentidas que nessa parte, onde o líder comunista, cujo governo também foi responsável pelo Massacre da Paz Celestial, em Pequim, é homenageado em parques, praças e prédios públicos.

A criação das ZEEs, entre elas Shenzhen, provocou uma migração para cidades litorâneas, onde as regras eram mais flexíveis, salários maiores eram garantidos e a presença de empresas estrangeiras era estimulada. “Desde o início, havia opiniões diferentes sobre o estabelecimento de zonas econômicas especiais, temendo que isso significasse a prática do capitalismo. Os feitos que alcançamos aqui responderam aos que têm preocupações sobre isso: a zona especial é socialista, e não capitalista por natureza”, afirmou Deng Xiaoping, num célebre discurso realizado em Shenzhen, em 1992.

O resultado foi a rápida urbanização de um país que até então vivia no campo, contribuindo para o aumento de estatísticas mundiais. “Atualmente metade da população do mundo vive em cidades, mas, em 2050, pelo menos 70% das pessoas do planeta estarão em centros urbanos”, disse Anna Tibaijuka, diretora do UN-Habitat, na época do Fórum Mundial Urbano do Rio de Janeiro.

Nesse contexto, a explosão urbana de Shenzhen é espetacular, mas não é exceção – e muito menos no Delta do Rio das Pérolas. Aumento populacional semelhante foi registrado em outras cidades da região. No mesmo período, as populações de Hong Kong e Macau, antigas colônias de Inglaterra e Portugal, dobraram; Guangzhou foi de 1,9 para 13 milhões de habitantes. A urbanização ocorrida no Delta do Rio das Pérolas é a maior e mais rápida da História. Pra ter uma ideia mais clara disso, veja este artigo do The Gaurdian (em inglês), que compara fotos de cada uma das cidades, no começo dos anos 1980 e atualmente.

mega cidade china

Guangzhou (Foto: Shutterstock.com)

“O Cantão (estado do sul da China onde está o Delta do Rio das Pérolas) deve se esforçar para alcançar os ditos ‘quatro pequenos dragões’ – Hong Kong, Taiwan, Cingapura e Coréia do Sul – na Ásia em um período de 20 anos”, afirmou Deng Xiaoping, também durante as palestras de Shenzhen, no começo da década de 1990. Hoje, a economia do Cantão movimenta mais de um trilhão de dólares anualmente – a única região metropolitana da Ásia cujo PIB é maior é Tóquio, mas convém lembrar que Hong Kong e Macau, regiões autônomas, ainda seguem de fora dessa conta.

Em 2008 veio o passo seguinte, quando o governo chinês lançou um plano que pretende unir numa única megalópole nove cidades do Delta do Rio das Pérolas: Shenzhen, Dongguan, Huizhou, Zhuhai, Zhongshan, Jiangmen, Guangzhou, Foshan e Zhaoqing. Com investimento de dois trilhões de yuans (um trilhão e 49 bilhões de reais) espalhados ao longo de décadas, o projeto envolve mais de uma centena de obras de infraestrutura que pretendem unificar o transporte, aproximando os centros de cada uma das cidades, e também serviços básicos como saúde e educação – o morador de uma cidade dessa megalópole poderá ir ao médico em outro endereço, ao contrário do que ocorre atualmente na China.

E o futuro de Hong Kong?

Hong Kong, devolvida pelo Reino Unido à China em 1997, e Macau, que fez o mesmo procedimento em 1999, não estão no projeto oficial, mas na prática já fazem parte da cidade sem fim do Delta do Rio das Pérolas. HK foi a última colônia relevante do Reino Unido, que governou a cidade por 156 anos, após a Guerra do Ópio, quando os britânicos, que importavam uma grande quantidade de chá da China, tentaram balancear a relação comercial vendendo a droga para os chineses.

O resultado? Milhões de viciados e o protesto do governo chinês, que proibiu a entrada da droga no país. Os britânicos passaram então a contrabandear ópio; os chineses apreenderam parte dele. Foi aí que o Reino Unido, então maior potência do mundo e um império que controlava um quarto da Terra, enviou seus exércitos. A vitória foi rápida, arrasadora e humilhante.

Os canhões britânicos foram os argumentos diplomáticos que levaram ao Tratado de Nanquim, um dos mais desiguais da história – e olha que não faltam exemplos do tipo. A China foi obrigada a ceder Hong Kong, um ponto estratégico na Ásia, indefinidamente para os colonizadores. Teve também que pagar pela guerra e abrir seus portos para os britânicos. Num capítulo seguinte, na Segunda Guerra do Ópio, o Reino Unido obrigou a China a tornar legal a entrada da droga no país. Isso só mudou em meados do século 20.

No começo dos anos 1990, a China dava passos largos para se tornar a segunda maior potência do mundo. A devolução de HK, acordada anos antes entre Margaret Thatcher e Deng Xiaoping, era irreversível. Pelo tratado entre chineses e as antigas potências europeias, HK e Macau têm autonomia garantida por cinquenta anos, sendo consideradas Regiões Autônomas da China.

hong Kong china

Hong Kong

As duas cidades têm suas próprias moedas, fazem controle de fronteiras e garantiram assim um nível de liberdade de imprensa, opinião e até político e econômico que não existe no restante da China, onde a internet é censurada e opositores são perseguidos e presos. “Um país, dois sistemas”, é o lema do acordo que permite que Hong Kong, capitalista, faça parte, mesmo que de forma autônoma, de um país que há décadas é comandado pelo Partido Comunista.

Os anos de colonização fizeram com que a área crescesse de forma diferente. No final do século 20, nenhum canto do mundo tinha mais arranha-céus que HK, que era um dos maiores centros bancários do planeta e tinha mais consulados e representações estrangeiras que Nova York. Local de encontro entre oriente e ocidente, mistura cantonesa, chinesa, britânica e com toques portugueses da vizinha Macau: Hong Kong chegou ao século 21 como o umbigo do mundo.

Já Macau cresceu e apareceu como o centro do jogo da Ásia, algo que começou ainda no século 19, quando os portugueses liberaram a jogatina no território, uma forma de arrecadar mais impostos. No começo do século 21, já de volta ao comando chinês, o dinheiro movimentado em Macau com cassinos e outros jogos de azar superou o de sua irmã norte-americana. Macau só não é a Las Vegas do Oriente porque Las Vegas é a Macau do Ocidente.

macau china

Macau

2047 é logo ali

A grande pergunta, feita desde que o Príncipe Charles devolveu oficialmente a antiga colônia para a China, num dia de muita comemoração por parte dos chineses, é o que ocorrerá com Hong Kong em 2047. As teorias são as mais diversas possíveis. Há quem garanta que os hongkongers jamais aceitarão a perda de suas liberdades, enquanto outros defendem que a luta pela independência comece já ou que um referendo seja feito ao final do tratado que criou a Região Autônoma. E parece óbvio, mas não custa lembrar que grande parte da população de Hong Kong tem origem chinesa, então não são poucos os que veem com bons olhos a volta total da cidade ao país.

No Quora, um site de perguntas e respostas organizado pelos próprios usuários, essa questão é polêmica. Glenn Luk, um ocidental que viveu por três anos em Hong Kong, baseou sua opinião num cenário em que a China continue a crescer, ao ponto de ultrapassar a economia dos Estados Unidos. “Nesse cenário, Hong Kong quase certamente será integrada à República Popular da China. A cidade perderá seu status de Região Autônoma e provavelmente será combinada com Shenzhen, Guangzhou, Zhongshan, Zhuhai e Macau em uma enorme megalópole que abrangerá todo o Delta do Rio das Pérolas, com o mesmo sistema legal que o resto do país. Em algum momento, em vez de ‘Hong Kong’, pessoas de fora começarão a falar mais como os chineses – ou seja, Xianggang ou a megalópole “Guang-Shen-Gang-Ao”.

Stephen Thompson, um britânico que viveu na China por 10 anos, escreveu que “o melhor cenário é que (a China) se torne mais tolerante com culturas divergentes e permita que Hong Kong mantenha seu sistema único e separado sob o guarda-chuva de um ‘Um País, Dois Sistemas’ indefinidamente estendido”. Já Joseph Wang, que é de Hong Kong, opinou em direção parecida: “A Declaração Conjunta Sino-Britânica expira em 2047, mas a Lei Básica de Hong Kong não tem prazo de validade, e meu palpite é que as pessoas apenas a manterão após 2047, porque não haverá bons motivos para mudar nada”, escreveu.

Para muitos especialistas, porém, Pequim jamais aceitará sequer discutir esse assunto e a tendência é que, ao final do período, Hong Kong e Macau já estejam totalmente reinseridas na China – e não é difícil perceber que a formação da mega cidade, totalmente integrada, é um facilitador para que isso seja possível. “Eu acho que o plano de Xi Jinping (presidente da China) não é que o sul do país comece a se parecer mais com Hong Kong, mas que Hong Kong comece a se parecer mais com o sul da China”, disse Chris Patten, último governador colonial de Hong Kong, numa entrevista recente para o The Guardian.

No ano passado, em Hong Kong, Xi Jinping aumentou os temores nesse sentido e deu um aviso para os que organizam protestos e pedem por democracia – apesar do que previa o tratado de devolução de Hong Kong, as eleições na região seguem indiretas e realizadas por um conselho controlado por Pequim. “Qualquer tentativa de colocar em risco a soberania e a segurança da China, ou que desafiem o poder do governo central, ou qualquer tentativa de usar Hong Kong para realizar atividades de infiltração e sabotagem contra o continente serão consideradas um ato que ultrapassa a linha vermelha e é absolutamente inadmissível”, disse o presidente chinês.

A visita do governante comemorava os 20 anos da saída do Reino Unido de Hong Kong. Meses depois, em fevereiro de 2018, Xi Jinping aprovou uma reforma constitucional que permite mandatos por tempo indefinido, algo que não ocorria há décadas na China. O atual presidente chinês é tido como o mais poderoso desde Mao Tsé-Tung.

Se o sistema político e econômico que existirá nas antigas colônias do Delta do Rio das Pérolas é uma incógnita, uma coisa é certa: Shenzhen não para de crescer. Os arranha-céus da maior cidade do Cantão se aproximam cada vez mais da fronteira com Hong Kong. 2047 pode até ser uma dúvida, mas 2050 é uma realidade. A questão é saber se a primeira cidade sem fim será parte comunista, parte capitalista (e com uma fronteira no meio) ou se será um só aglomerado urbano, sem muitas distinções entre suas partes. Ou ainda algo diferente – afinal a própria China e o restante do mundo podem mudar em 30 anos.

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Fanesca, uma tradição de semana santa no Equador

Doze tipos diferentes de grãos cozidos em uma sopa espessa. Cada grão representa um apóstolo. A fanesca, um dos pratos mais característicos da gastronomia equatoriana, tem forte conotação religiosa e está sempre presente na mesa das famílias do país durante a quaresma e a Semana Santa. “O peixe representa Jesus”, explica o dono do restaurante no centro de Quito, quando lhe perguntei sobre a simbologia por trás da sopa.

Além da mistura de grãos, que incluem dois tipos de milho, favas, variedades de feijão, ervilha e tarwi, entre outros, a fanesca também inclui ovos cozidos, legumes como a abóbora, leite, queijo ralado, amendoim, banana da terra e empanadinhas fritas de farinha. A carne pode variar entre bacalhau e outros peixes, preparação mais comum, mas também há receitas com camarões, frango e carne seca. Um verdadeiro banquete em forma de sopa.

Fanesca - Prato típico do Equador

Assim como o cristianismo, a simbologia por trás da fanesca chegou com os espanhóis. Há registros, no entanto, de que a sopa com diversos grãos já era consumida pelas populações originárias do Equador desde o século 12, como uma forma de agradecer pela boa colheita durante o Pawkar Raymi, uma festa colorida celebrada até hoje pelos indígenas da região de Imbabura, no norte do país. Por isso, o prato é considerado um importantíssimo patrimônio alimentar nacional e o que há de mais autêntico em termos de gastronomia equatoriana.

Com a colonização, os outros ingredientes trazidos pelos europeus foram incorporados, como o queijo, o leite e o bacalhau, assim como a técnica de preparação. Até mesmo os árabes tiveram influência no prato, já que a preparação das pequenas bolinhas de farinha frita foi uma herança da ocupação moura na Espanha. O caldo espesso e cremoso que forma a sopa ganha um novo sabor a cada colherada, a depender dos ingredientes pescados cada vez. Há quem afirme que, assim como os povos antigos celebravam a fartura da colheita, ainda hoje a fanesca é um tributo à riqueza do solo equatoriano.

Fanesca, Gastronomia equatoriana

A preparação da fanesca foi documentada pela primeira vez no livro El manual de la cocina (1850-1860), do arquiteto Juan Pablo Sanz. Apesar disso, não se reconhece uma receita padrão. Os ingredientes exatos variam em cada região do país, de acordo com a disponibilidade e os costumes gastronômicos entre as populações da costa e da serra.

Mas mais que um ritual religioso, o prato é um elemento da identidade do povo do Equador, que todos os anos se reúne com seus familiares para preparar e comer a fanesca. E, assim como é comum nos pratos tradicionais, cada família tem o seu toque especial, transmitido de geração para geração, desses que fazem cada equatoriano afirmar que não existe fanesca como a que prepara sua avó.

Crédito Fotos: Shutterstock

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Museus em Florença: Galleria degli Uffizi e Palazzo Vecchio (e o corredor entre eles)

Falar de Florença e não pensar em arte é impossível. O fato de ser uma das principais cidades na Europa para quem curte belas obras, o coração do Renascimento italiano, garante que caminhar pelas ruas, circular pelas praças, becos, pontes e admirar as construções incríveis e esculturas disponíveis em um verdadeiro museu a céu aberto sejam atividades fascinantes. Mas para realmente ver de perto a arte que os Medici e outros patronos financiaram é preciso entrar em alguns dos museus de Florença.

Os museus em Florença guardam uma coleção enorme das principais criações artísticas feitas pela humanidade, com esculturas e pinturas de nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Botticelli. A tarefa de escolher qual deles visitar, porém, é difícil. São muitas opções, com coleção diversas.

Neste texto vou falar especificamente de dois museus em que dá para ver bastante coisa, com a possibilidade extra de passar por uma passagem secreta entre eles (nem tão secreta assim, mas já explico). São a Galleria degli Uffizi e o Palazzo Vecchio.

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museus em florença vista galeria degli uffizi

Museus em Florença: Galleria degli Uffizi

A Galleria degli Uffizi, ou Galeria dos Ofícios, é um dos maiores museus de arte do mundo, daqueles que dá para gastar horas e mais horas lá dentro e ainda assim não terminar de ver tudo. Esse também é o principal museu de Florença e o mais cheio de gente.

As galerias do museu estão recheadas de obras famosas e, como diria a nossa amiga Deyse Ribeiro, que é guia oficial em Florença, a visita à Galleria é uma verdadeira aula de história da arte. Ali você vai ver aqueles quadros que estão nos livros de história, como o “Nascimento da Vênus”, de Botticelli. E obras de todos os artistas italianos famosos que você pode imaginar.

museus em florença uffizi

Para completar, a arquitetura do prédio em si também é uma obra de arte. Foi construído a partir do século 16, pelas ordens de Cosimo I de Médici, que pediu que Giorgio Vasari fizesse esse palácio como um espaço administrativo da cidade, daí o nome hoje do museu. A construção durou mais de vinte anos.

O chamado “I Corridoi di Galleria” é um corredor no terceiro andar, construído nos anos de 1680, pelo Grand Duque Francesco I, filho de Cosimo, com estátuas e pinturas a cada metro e um teto todo trabalhado com afrescos. Das janelas do Palácio Uffizi você vê as belezas de Florença, como a Ponte Vecchio e o Duomo.

museus em florença vista ponte vecchio

Como visitar a Galleria degli Uffizi

É imprescindível comprar os ingressos com antecedência. Não é apenas uma questão de evitar filas, é que os ingressos simplesmente se esgotam, principalmente na alta temporada de Florença, que vai de março a outubro. Nesses meses, o ticket também saí mais caro.

Os horários de abertura variam ao longo do ano. Para conferir certinho os horários e valores na data da sua visita, consulte o site oficial.

museus em florença quadro uffizi

A compra pelo site exige que você diga o dia e hora que vai visitar. Quem adquire o bilhete pela internet evita a chance de não visitar o museu e a fila da bilheteria, mas precisa ir até um dos ticket offices trocar a confirmação da compra enviada por email pelo bilhete para entrar no museu.

Museus em Florença: Palazzo Vecchio

O Palazzo Vecchio fica ao lado do Uffizi, na Piazza Signoria. É muito fácil identificar esse local, porque é nessa praça que ficam várias esculturas para apreciação livre e bem em frente ao Palazzo Vecchio está uma réplica perfeita do Davi, de Michelangelo.

museus em florença fachada palazzo vecchio

Esse é o Palácio Velho, que ganhou esse nome quando a corte dos Medici, em 1565, mudou-se para o Palazzo Pitti (que era o Palácio Novo).

O Palácio Velho foi construído no século 13 e cumpria funções administrativas para as famílias que comandavam Florença na época. A versão do local que vemos hoje é fruto de vários processos de remodelações e ampliações. Durante dez anos, de 1540 a 1550, serviu como casa de Cosimo de Medici até que, quando este mudou-se e transferiu a corte para sua nova residência, um corredor, no estilo passadiço, foi planejado por Vasari para conectar esse prédio com a adjacente Galeria dos Ofícios.

museus em florença pizza della signorina e corredor

Esse local, conhecido como Corredor Vasariano, se estendia desde o Palazzo Vecchio até o Palazzo Pitti (do outro lado do rio Arno), cruzando a Ponte Vecchio pela parte de cima. Séculos mais tarde, em meados dos anos 1800, Florença se tornou a capital do Reino da Itália e o Palazzo Vecchio foi a sede do governo nacional.

Hoje o Palazzo é um museu que tem salas impressionantes, por conta da beleza das pinturas nas paredes ou da riqueza dos afrescos no teto. A sua sala mais importante é o Salone dei Cinquecento, que além das dimensões enormes, é famosa por conta da rivalidade entre os grandes artistas que a pintaram. De um lado a Batalha de Anghiari, por Leonardo da Vinci, e do outro a Batalha de Cascina, por Michelangelo.

museus em florença sala dei cinquecento

museus em florença sala palazzo vecchio

museus em florença palacio velho

Eu achei o Palazzo Vecchio um dos mais lindos que já visitei por dentro, daqueles lugares em que o queixo cai a cada sala nova que você entra.

Como visitar o Palazzo Vecchio

Não é necessário comprar o bilhete para o Palazzo Vecchio com antecedência, mas é possível fazer isso pelo site oficial. O bilhete é “aberto”, ou seja, quando você compra, pode usar uma vez em qualquer dia ou horário, num período de seis meses.

Há o risco de que alguma cerimônia institucional esteja acontecendo numa das salas – e com isso ela será fechada para visitas. Foi o que ocorreu comigo e eu só pude ver o Salone dei Cinquecento de um pequeno terraço.

museus em florença palazzo vecchio

Os horários de entrada variam bastante ao longo do ano. As áreas abertas para visitação são o museu (que inclui todos os salões dentro do palácio), o sítio arqueológico no subsolo e a Torre de Arnolfo e as ameias. Os valores dos ingressos variam de acordo com a combinação dessas áreas. Consulte o site oficial para saber as informações exatas sobre valores e horários.

Palazzo Vecchio e Galleria degli Uffizi: visita combinada passando pelo Corredor Vasariano

O Corredor Vasariano tem esse quê de passagem secreta dos ricos e famosos. Ter a chance de cruzá-lo, nem que seja num pequeno trecho, é uma experiência surreal. Qual foi minha surpresa então ao descobrir que existia a possibilidade temporária de fazer isso, comprando um bilhete combinado entre o Palazzo Vecchio e a Galleria degli Uffizi. Essa alternativa é recente, e não fica o ano todo disponível. Segundo o site oficial, até 31 de março de 2018 a passagem estará fechada. Fique de olho na reabertura e compra de ingressos.

museus em florença corredor vasariano

O bilhete que permite cruzar a passagem elevada, que marca o início do famoso Corredor, é vendido no site oficial dos museus. É necessário reservar com antecedência, visto que só são permitidos grupos de 25 pessoas por vez. Na hora da compra, é preciso selecionar a hora exata da passagem pelo corredor e estar pelo menos cinco minutos antes do horário reservado na Sala Verde dos Apartamentos de Eleonora, onde o corredor se abre.

museus em florença sala verde palazzo vecchio

Outra vantagem de comprar esse bilhete, quando disponível, é evitar as filas para entrar na Galleria degli Uffizi. Você entra no Palácio Vecchio, faz a visita por cerca de uma hora e depois já entra diretamente nos salões da Galeria.

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Como tirar o visto da China e preencher o formulário

Tem Muralha, tem Cidade Proibida, tem metrópoles gigantescas e modernas e não faltam belezas naturais. Terceiro maior país do mundo, a China renderia dois meses de viagem fácil, fácil. Mas como pouca gente tem esse tempo, o jeito é aproveitar o que vier. E a burocracia do visto pode ser necessária ou não: depende do seu destino e da viagem. Neste texto, explicaremos cada situação. E também como tirar o visto da China de turismo, nos casos em que ele é obrigatório.

Quem precisa do visto da China?

Vamos começar com quem está liberado dele: se você vai apenas em Hong Kong e Macau, então não precisa de visto. Antigas colônias de Reino Unido e Portugal, respectivamente, foram devolvidas ao controle chinês na década de 1990. Mas, pelos tratados firmados na época, Hong Kong e Macau têm o status de Regiões Administrativas Especiais da China. Isso significa que esses territórios fazem parte da China, mas têm moedas próprias, alta autonomia política e econômica e outro controle de fronteiras. Como HK e Macau têm acordos diplomáticos com o Brasil, brasileiros não precisam de visto para visitar essas regiões por até 90 dias, desde que a viagem seja de turismo.

Em janeiro de 2013 o governo chinês facilitou também a vida de cidadãos de 45 países, incluindo o Brasil, que passem pela China apenas durante uma conexão, desde que o voo seja para Pequim ou Xangai. Meses depois a medida incluiu as cidades de Chengdu e Guangzhou.

cidade proibida em pequim

Cidade Proibida, em Pequim

Nesses casos, é possível aproveitar para fazer um stop over sem a necessidade de visto, desde que dure até 72 horas. Mas atenção: a liberação é válida apenas para essas cidades e o turista não pode deixar o território delas. Para isso, “é preciso apresentar a passagem aérea do voo seguinte, de saída da China, para um terceiro país, com data e assento confirmados”, diz o site da Embaixada da China no Brasil.

Detalhe para o “terceiro país”: você precisa ter saído de um país, feito a conexão na China, mas com a próxima passagem para outro destino. Isso significa que a liberação de visto não existe para “um passageiro que viaja de Nova York, EUA, para Los Angeles, também EUA, mas com trânsito no Aeroporto de Pequim”, por exemplo. A medida também não é válida para quem chega na China por terra ou mar, somente pelos aeroportos dessas cidades. Por fim, a isenção é só de uma cidade por vez. Você não pode começar as 72 horas em Xangai e terminá-las pegando um voo em Pequim.

Se você se encaixa nos critérios para a isenção do visto, o passo seguinte é entrar em contato com a companhia área, que informará às autoridades chinesas do seu interesse em passar uns dias na China durante a conexão.

Como tirar o visto da China

Precisa do visto? Então o processo de solicitação é relativamente simples, mas envolve deslocamento até um consulado. E a parte mais trabalhosa é juntar a documentação necessária, já que você precisará estar com sua viagem planejada antes de pedir o visto.

Documentos necessários para tirar o visto da China

  • Passaporte com validade de pelo menos seis meses e páginas em branco (original e cópia da página com os dados e foto).
  • Formulário de visto preenchido. Tire uma foto 3×4, com fundo branco, e cole no lugar indicado do formulário.
  • Passagem aérea, ida e volta (vale a passagem eletrônica)
  • Comprovante de reservas de hotéis para todos os dias de estadia. Se for ficar na casa de alguém, faça uma carta-convite.
  • Comprovantes de renda (essa exigência não consta em vários sites. E de fato não me foi pedida, mas está na lista de documentos complementares do site Consulado, então convém levar.

Como preencher o formulário do visto da China

O formulário para solicitação do visto está no site da Embaixada. O documento tem quatro páginas e está em português e chinês. Ao lado dos seus dados está o espaço para você colar a foto 3×4 (não se esqueça do fundo branco e que o rosto não pode estar coberto).

visto da China

Imagem da primeira página do formulário, que pode ser baixado no site do Consulado

Além dos dados básicos, você preencherá informações sobre sua profissão, escolaridade, tipo de visto pretendido (as informações deste texto falam apenas do visto de turismo) e itinerário da viagem. Quando a pergunta não se aplicar ao seu caso, basta preencher com um “não se aplica”. Assine tudo, anexe os outros documentos e vá para próxima etapa: o Consulado.

Onde solicitar o visto

Eu fiz o processo no Consulado de São Paulo, mas também é possível tirar o visto da China no Consulado do Rio de Janeiro ou na Embaixada, em Brasília. O detalhe é há um lugar específico para ir, dependendo do seu estado de origem. Em São Paulo são atendidos os viajantes paulistas e os de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Consulado do Rio de Janeiro recebe os pedidos dos moradores de lá, mas também dos de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Pessoas dos outros estados devem pedir o visto em Brasília.

O Consulado da China em São Paulo fica na Rua Estados Unidos, 1071, bairro Jardim America. Funciona de segunda a sexta, das 9h ao meio-dia, mas é preciso chegar até às 11h para ser atendido. Espere encontrar filas, por isso convém chegar cedo.

No Rio de Janeiro o endereço é Rua Muniz Barreto, 715, Botafogo, enquanto em Brasília é Setor de Habitações Coletivas Sul (SHCS), Quadra 813, Lote 51.

A entrega da documentação não precisa ser presencial, então você pode contratar um despachante para fazer isso ou mesmo pedir para um conhecido – é uma boa alternativa para quem não vive em São Paulo, Rio ou Brasília. O visto fica pronto em no máximo cinco dias úteis.

Eu achei todo o procedimento muito simples. Não houve entrevista – basicamente foi só entregar a documentação e explicar um ou outro detalhe da viagem. Fiquei em torno de 1h30 no local.

Taxa do visto da China, validade e múltiplas entradas

Em outubro de 2017 Brasil e China firmaram um acordo que mudou a duração, o preço e o número de entradas permitidas pelo visto. Agora, o visto da China tem validade de cinco anos (antes era de três meses, no máximo). A exceção é se o seu passaporte estiver perto de vencer. Nesse caso, o visto terá a mesma duração do passaporte – lembrando que o documento precisa ter pelo menos seis meses de validade.  O tempo máximo de permanência no país a cada viagem permanece o mesmo: 90 dias.

Com a mudança, foi alterado também o preço do visto, que agora custa R$ 320. Após entregar a documentação, você recebe um papel com uma conta do Banco Bradesco. É preciso ir até uma agência e depositar o valor na boca do caixa, conforme a orientação do papel. Leve o comprovante de pagamento no dia que for retirar o visto. E atenção: não vale fazer transferência eletrônica, não vale fazer depósito em caixa automático. O Consulado não aceita esses comprovantes.

Outra coisa que mudou com o novo visto foi a questão das múltiplas entradas. Antes, era preciso escolher entre um visto com direito a apenas uma entrada ou várias – e o detalhe é que Hong Kong e Macau não são consideradas China mesmo, então quem fazia uma viagem por Hong Kong e Pequim, por exemplo, precisava do visto para várias entradas, que era mais caro. Hoje, todos os vistos são para múltiplas entradas.

Visto para quem tem dupla nacionalidade

Brasileiros só podem tirar o visto da China no passaporte nacional, pelo menos se o processo for feito pelos Consulados e a Embaixada no Brasil. No caso de pessoas de outras nacionalidades vivendo no Brasil é necessário apresentar o Registro Nacional de Estrangeiro (RNE).

Preciso de vacina contra febre amarela?

Segundo o próprio consulado, a vacina não é obrigatória, mas é aconselhável. Dada a situação da doença no Brasil e a possibilidade de países passarem a exigir a vacina a qualquer momento, eu não viajaria sem.  Veja como tirar o comprovante internacional da vacina de febre amarela.

E outra dica importante sobre saúde: Também não viaje para a China sem um seguro de viagem. Saiba aqui como escolher um bom seguro para a Ásia, com cupom de desconto.

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Histórias e recordações compartilhadas ao redor da fogueira

Um balde de água com ervas e uma fogueira acesa sobre três pedras com três pedaços de madeira por trás. Troncos servem como assento e rodeiam o espaço. No centro, uma espiga de milho e uma pata de vaca dissecada se penduram do teto de palha. Pilares de madeira sustentam a construção na qual as paredes são substituídas por madeiras cruzadas e as entradas são marcadas por letreiros que dizem sek këenxi (o sol se oculta), sek wejxa (entrada de vento e chuva) e sex kaanxi (saída do sol). O lugar é um centro criado em Yu’luuçx, resguardo de Canoas, no qual os membros do povo nasa, que habita a região do Vale do Cauca, na Colômbia, se reúnem para falar sobre a situação da língua nasa yuwe. O evento se parece com uma reunião, mas para eles é o px kweht, o ritual da tulpa.

Do balde se tira um pouco de água com uma tigela e se molha a cabeça dos presentes. Ao entrar no centro, é preciso tomar um gole de uma garrafa de aguardente e agradecer à terra com um gesto. Depois, um dos participantes pega a garrafa com a mão direita e joga um pouco do licor sobre cada uma das três pedras, que representam o pai, a mãe e as crianças, simbolizando a família. “Nos reunimos aqui para compartilhar. A cada encontro, fazemos uma harmonização do espaço com plantas secas para que a paz entre na tulpa”, explica Venâncio Vargas, um dos participantes.

Venancio Vargas enumera sem titubear cada procedimento de harmonização. Um deles é a forma de entrar no local: “Desde o momento em que entramos na tulpa, sempre andamos pela direita, porque os mais velhos nos explicam que temos a espiral nas impressões digitais e na planta dos pés. Caminhamos conforme essa espiral. Quando fazemos ao contrário, nos atrapalhamos, mas se o fazemos bem, estamos unidos, e esse fio cresce e não tem fim”, afirma.

Além dos procedimentos, Venancio também tem certeza de outra coisa: a importância do ipx kweht, ou da tulpa, para a cultura nasa. Em tradução  literal, o tulpa significa fogueira, mas, para esse povo, explicar o significado dessa palavra requer viajar na memória de cada um. Venancio se lembra de sua infância, de quando se sentava ao redor do fogo enquanto sua mãe preparava os alimentos, uma recordação que ele relaciona com a unidade da família, já que na época só se falava em nasa yuwe. A situação de hoje é bastante distante, as fogueiras se apagaram e deram lugar às cozinhas à gás, e a chegada das mesas também mudou a forma como a família se reunia para esperar e dividir a comida.

Umas vinte pessoas, homens e mulheres, estão sentadas ao redor do fogo. A chuva cai timidamente sobre o lugar e a fumaça entra nos olhos dos presentes. Um homem enxuto e calvo, de cabelos negros e curtos, pede a palavra. Seu nome também é Venancio. Ele para e expõe suas lembranças sobre o ipx kweht, memórias direcionadas aos mais velhos do local, que antes se juntavam naquele espaço para compartilhar, falar sobre a identidade e planificar o dia a dia na família nasa. “Agora nos deram a tecnologia, a televisão, os celulares e nos tiraram a fogueira. As grandes multinacionais colocaram hidrelétricas, o gás. Se você chega na casa de um nasa hoje em dia, encontra pura cerâmica e pisos. Já não se pode fazer fogo, que era o que nos alimentava espiritualmente. É por isso que estamos como estamos”, diz Venancio.

Tulpa, local de reunião do povo Nasa, na Colômbia

Centro cerimonial onde o povo nasa se reúne para reviver o ipx kweh. Foto: Ignacio Espinoza.

Ele também tem uma cozinha, mas confessa que agora se levanta às cinco da manhã para acender uma fogueira, medida que tampouco lhe trouxe resultados. Para ele, se antes 90% das pessoas se comunicavam em nasa yuwe, hoje a cifra se reduziu a 4%. “Perdemos esse espaço de diálogo, de troca e de planejamento. Agora planejamos de outra maneira. Digo por experiência própria que já não falamos com nossas mulheres e filhos, porque o filho está vendo TV e a filha está conversando no computador. O marido de um lado e a mulher de outro”, conta.

Mas nem tudo é autocrítica. Ele se lembra da implantação dos Centros de Atenção Infantil – CAI -, em 1985, outro fato que contribuiu para a degradação da língua e da cultura local. “Separavam os bebês de seis meses dos pais e os mandavam a esse centro para serem educados por pessoas de fora da comunidade, que não sabiam falar nossa língua materna. Essas crianças nunca aprenderam a falar o nasa yuwe”, afirma. Para o futuro, as expectativas não são promissoras. Com um tom de voz lento e firme, Venancio reconhece que, mortos os adultos de hoje, morre também a língua e o ritual de ipx kweht.

Reunião entre membros da comunidade Nasa, na Colômbia

Crianças participam em um ritual na tulpa. Foto: Ignacio Espinoza.

As lembranças do professor

Entre os membros da comunidade, ele é conhecido como Professor Marino. Quando é sua vez de falar, se levanta sem tirar o chapéu de palha, a bolsa à tira-colo e o poncho. Suas lembranças o direcionam para sua avó e a como aprendeu o nasa yuwe, em volta da fogueira enquanto esperava que lhe preparassem o café e a comida. Ali todos falavam sobre o que cada pessoa viveu no trabalho aquele dia e também tinham conversas sobre a história de seu povo. “Nos contavam como foi a colonização e de como escravizaram nossa gente. A comunicação fluía entre todos, idosos, crianças, todos nos sentávamos para escutar. Me lembro que chegava a dormir enquanto escutava, porque as reuniões iam até as dez ou onze da noite”, recorda.

Marino também fala da natureza. Se o cachorro escolher um lugar para dormir, assim como a vaca e o cavalo, é porque eles sentem o curso natural das coisas, mas os nasa já perderam esse sentir espiritual com a terra: “Somos uma família e estamos fazendo o exercício que faziam nossos avós. Hoje, em todos os espaços educativos de assembleia, se fala de valores, mas se não voltarmos a compartilhar esses espaços, não voltaremos a compartilhar esses valores”, afirma. “Investimos milhões na preservação das línguas maternas, mas isso não mudará nada se o nasa yuwe não partir de casa, da família”.

Na casa de Venancio Vargas há um ipx kweht. A ideia é fazer voltar, junto com sua mulher, os momentos que marcaram sua infância. O objetivo é não perder a identidade e se sentir como um nasa para também poder conscientizar outras famílias. Assim como o casal, Marino também acredita que as vivências da tulpa o ajudaram a aprender a língua e vê na prática uma forma de resistência cultural, de não seguir a edução na qual predomina o espanhol. Por isso, conta que não enviou seus filhos ao CAI, mas que tampouco renega o ensino formal: “Podemos estar em todas essas universidades convencionais, mas nosso pensamento parte daqui. É preciso resistir e recuperar a tulpa. Podemos ter uma crença diferente, mas não podemos nunca nos esquecer que somos nasa”.

Reportagem de Ignacio Espinoza publicada originalmente no blog do Proyecto Wakaya e traduzido para o 360meridianos por Natália Becattini. Leia outros textos sobre essa viagem pelas línguas originárias da América Latina.

Proyecto Wakaya

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6 lugares para visitar em El Salvador

O menor país continental das Américas pode passar desapercebido em muito roteiro de viagem. Não é só apenas por seu tamanho diminuto, mas El Salvador tem a sina de só aparecer nos noticiários quando a notícia é ruim. Esse tipo de exposição acaba escondendo aquilo que o país tem de melhor para mostrar: vulcões e montanhas, praias perfeitas para o surf ou para o mergulho, cultura e gastronomia ricas, um povo sorridente e acolhedor e muita história para contar. O país encantou até mesmo o escritor francês Anthony Saint-Exupery, que se inspirou nesse pedacinho de terra para criar o planeta do Pequeno Príncipe. Ficou curioso para saber o que El Salvador tem para te mostrar? Descubra então as seis maiores atrações do país.

El Tunco e El Sunzal

el Tunco, el Salvador

Talvez o destino turístico mais conhecido e cobiçado de El Salvador, El Tunco é uma praia de surfistas localizada em uma cidadezinha mochileira-hippie formada por duas ruas paralelas. Por isso, a coisa ali é só relaxar na areia ou fazer aulas de surf. O lugar é famoso por suas ondas e atrai praticantes do esporte do mundo inteiro. Ao lado, fica a praia de El Sunzal, mais vazia e tranquila se o que você busca é sossego.

Ruta de las Flores

Ruta de las Flores, El Salvador

A Ruta de las Flores é um trajeto turístico nos departamentos de Sonsonate y Achuachapán, no oeste de El Salvador que percorre fazendas de café, povoados de tradição indígena, paisagens verdes, feiras gastronômicas e estrutura turística para acomodar tudo isso. A maior parte da mata nativa de El Salvador já foi devastada. Por isso, visitar essa região é também contribuir para a preservação de diversas espécies do país.

Lago Coatepeque

Lago Coatepeque, El Salvador

O Lago Coatepeque é uma maravilha azul formada milhões de anos atrás depois que o vulcão de mesmo nome soltou fogo pelas ventas. O lugar é famoso pela prática de esportes aquáticos como kayak, mergulho, snorkeling, jet ski e passeios de barco. Há também diversos restaurantes que servem comida local e alguns poucos hotéis para quem busca uns dias de retiro junto à natureza. Ali perto fica o Parque Nacional Cerro Verde, no qual é possível fazer uma caminhada até o topo de (outro) vulcão.

Cidades coloniais: Santa Ana e Suchitoto

Santa Ana, El Salvador

Próxima ao Lago Coatepeque e entre as montanhas de El Salvador, está Santa Ana. Além dos belos casarões históricos e bairros coloniais, Santa Ana é parte da rota do café e conta com o maior moinho de café do mundo, além de fábrica de têxteis e bebidas alcóolicas, conta com a atmosfera universitária graças ao campus da Universidade de El Salvador. As ruínas da cidade indígenas de Chalchuapa estão a 15 km dali.

Já Suchitoto é a capital cultural de El Salvador graças ao incentivo às arte em suas mais diversas expressões. Com suas casas antigas e ruas de pedra, está aos pés do vulcão Guazapa e às margens do rio Lempa. A região  é ocupada desde tempos pré-colombianos e conta com diversas atrações naturais no arredores, como a curiosa formação geológica conhecida como “Los Tercios”.

San Salvador e arredores

Onde ficar em San Salvador

A capital do país também promete agradar os turistas. Por sua localização central, é a base perfeita para explorar boa parte do país, com atrações como o Parque Nacional El Imposible, que abriga a maior biodiversidade do país e a bela cidade de Juaya, que se destaca por sua arquitetura peculiar. Até mesmo a cidade de Santa Ana, o Parque Nacional de Montecristo e as praias de El Tunco e El Sunzal estão a um bate-volta de distância de San Salvador, o que torna o planejamento da viagem muito fácil se você não quer se mover muito carregando todas as suas malas.

A cidade em si não é a mais interessante, mas um passeio pelo centro histórico, que foi reformado recentemente, e pela Zona Rosa são suficientes para te tornar fã de carteirinha do país.

As ruínas maias de Tazumal

Tazumal, El Salvador

Essa antiga cidade maia é o mais importante sítio arqueológico pré-hispânico do país. Acredita-se que a região foi habitada entre 100 e 1200 d.C, Dentro de suas estruturas, que contam mais de 26 metros de altura, foram encontradas vasilhas, joias de jade, espelhos e esculturas. Hoje,  é possível ver os resquícios do complexo sistema de drenagem de água, os campos para prática de esporte, tumbas e as famosas pirâmides maias.

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A banheira na cozinha e outras histórias de um apartamento em Berlim

“Vou guardar essa panela na banheira”, disse a dona da casa onde estou temporariamente morando em Berlim. Tínhamos acabado de jantar, rido muito das diferenças culturais e idiomáticas entre Brasil e Alemanha e estávamos organizando a cozinha antes de  dormir. Quando eu ouvi a frase escrita acima, pensei que tinha escutado a palavra “bathtub” errada, que talvez ela tinha falado uma palavra em alemão. Mas ela abriu a porta e colocou a panela dentro da banheira.

Eu soltei um gritinho de susto e comecei a rir, incrédula – aposto que qualquer um de vocês teria a mesma reação se visse uma panela com restos de comida indo parar na banheira. As irmãs alemãs então devolveram para mim o olhar de incredulidade e me perguntaram do quê eu estava rindo. “Você realmente falou que ia guardar a panela na banheira!” – disse eu entre risos.

“Oras, claro. Por que não?” – ela respondeu. “É frio”.

Vai viajar para Berlim? Então leia todos os posts sobre a cidade!

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Uma imagem meramente ilustrativa para simbolizar o frio do banheiro

De fato, o argumento de que era frio era a mais pura verdade. Naquela semana, as temperaturas na rua estavam negativas e caiam mais ainda durante a madrugada. E eu e o banheiro desse simpático apartamento em Berlim já tínhamos um histórico de desentendimentos, mesmo antes de eu me mudar para cá.

Tudo começou quando, depois de me enviarem fotos do apê e até uma planta da disposição da casa, as irmãs inquilinas foram fazer o contrato de aluguel pelas semanas que eu passaria aqui. Na Alemanha, já tinham me avisado, essas coisas são super certinhas. Não tem essa de acordo de boca. Então, quando me mandaram o contrato para eu ler e assinar, eu notei uma coisa curiosa: na descrição do apê estava a quantidade de quartos, a cozinha, o sótão e até quantos e quais os móveis do quarto. Mas na parte de banheiro havia um enorme número 0.

Fui conferir na parte em alemão do contrato, mas também tinha um zero em frente de “Badezimmer”. Já começando a imaginar a furada em que tinha me metido, fui conferir a planta da casa que estava no email. Aparentemente, tinha sim um banheiro, mas a semente da dúvida estava plantada na minha cabeça. Ainda mais porque no mesmo dia vi um anúncio de apartamento de um conhecido em Berlim que dizia que o lugar não tinha banheiro.

Esfregao banheiro no exterior

E eu achando que meu pior caso com banheiro no exterior foi do dia que eu alaguei o banheiro em Coimbra

Meio chocada com a possibilidade, escrevi para elas: “Tem uma coisa estranha no contrato. Está escrito que não tem banheiro na casa. Eu acho que é um erro de digitação, certo?” E rezei por uma resposta positiva.

Felizmente, ela veio com a explicação que não havia um banheiro oficial no apartamento. Mas uma banheira num pequeno quarto, acessível pela cozinha, e um toalete num quarto separado. A tal magnífica obra de engenharia havia sido feita pelos residentes anteriores, não pela empresa dona do apartamento, e, por isso, não podia ser incluída no contrato.

Várias semanas depois, quando finalmente me mudei, fui conhecer o tal “banheiro”. Bem, imagine uma cozinha. Caminhe por ela, passando pela geladeira, fogão, armários, mesa. No final, perto da janela, há uma porta branca. Você abre essa porta branca e dá de cara com uma banheira. Não há qualquer espaço entre a banheira e as paredes do minúsculo cômodo. Uma enorme janela fica ali, bem em frente.

Depois de conhecer o banheiro gambiarra, eu perguntei para as irmãs alemãs por que diabos alguém faria um apartamento sem espaço para banho e as outras necessidades fisiológicas humanas. Elas me explicaram que esse era o modelo dos apartamentos antigos, na época do pós-guerra. Eram apartamentos pensados para grandes famílias de trabalhadores, com o objetivo de economizar o máximo possível. Nesses prédios, antigamente, os banheiros eram coletivos e ficavam no térreo.

banheiros no mundo

Foto: Shutterstock

Agora que você já imaginou a situação dos meus banhos, podemos voltar para a explicação do caso da panela na banheira. Como o espaço é diminuto, tem uma janela enorme e nenhum aquecimento, obviamente o cômodo da banheira vira um freezer à noite. Um lugar perfeito para deixar os restos de comida numa panela que não não cabe na geladeira. Toda a lógica está sim, ali. Mas era preciso fazer parte do contexto para compreendê-la.

E antes que vocês me perguntem, não, ainda não deixei umas cervejas na banheira para ver se elas gelam também. Eu não confio no frio do banheiro tanto assim.

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