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House of Cards 3×12: Chapter 38


O poder corrompe e, dentro de House of Cards, essa máxima não perderia sua validade. Heather Dunbar começou a temporada como uma procuradora geral, que tentava fazer seu trabalho da melhor forma possível frente ao risco de lidar com a Casa Branca. Depois do escândalo Walker, ela ganhou notoriedade por ter mostrado pulso firme até mesmo contra o chefe de Estado e a opinião pública abraçou sua imagem de detentora da justiça. Nada mais natural que, diante da crise enfrentada por Frank Underwood, ela encontrasse o momento perfeito para lançar sua candidatura dentro do partido democrático. Seus primeiros passos foram elegantes e justos. Sabendo atacar o atual presidente em suas ações e falhas, a ex-procuradora ganhou força diante dos olhos do público frente à incapacidade de Francis de controlar o cenário político do país e de colocar em prática ações que surtissem um resultado legítimo. Até mesmo durante o debate, depois dos ataques baixos de Jackie Sharp, a candidata respondeu aos argumentos levantados, mas quem desferiu o golpe final foi o próprio presidente. Chapter 38 mostrou a mudança de Heather Dunbar. Agora que ela acredita e percebe que, de fato, tem chances de vencer a eleição, os seus limites de ética e moral foram atingidos e algo que ela refutou como impossível de ser usado se tornou sua primeira arma política: a exposição da falsidade do aborto de Claire.


Elizabeth Marvel foi uma das melhores coisas que House of Cards apresentou em sua terceira temporada e a atriz reconhece a força de sua personagem. Diante disso, Marvel abraça a cegueira por poder de Dunbar até as últimas consequências e o momento em que ela descobriu que sua missão é ser presidenta dos Estados Unidos foi assustador por representar o nível de messianismo que a candidata implicou em si. Superior a isso somente o deboche e a acidez de Frank em dar as boas vindas a Heather ao grupo de monstros políticos. Apesar da centralidade da presidenciável, quem roubou o episódio novamente foi Claire. Robin Wright está superando todas as expectativas possíveis referentes a sua participação na série e se tornou um verdadeiro fenômeno da natureza capaz de engolir todos em seu redor. A suavidade de sua atuação e a elegância na sua forma de lidar com os outros, mesmo quando está sendo pragmática, torna palatável o apoio da personagem pela opinião pública dos Estados Unidos. Seus discursos são recebidos com celebrações intensas, sua participação na campanha se tornou maior pela percepção de que ela é o fator que pode virar a balança eleitoral em favor de seu marido. Claire, no fim das contas, se tornou a variável dependente de toda a corrida democrática para 2016 e isso torna as atitudes carregadas de negligência de seu marido ainda mais dolorosas.


O momento mais emblemático do episódio, aliás, foi com a primeira-dama. Depois de uma confusão derivada da placa de apoio a Underwood, ela entrou em uma residência para conversar com uma dona de casa e verificar a questão da falta de seu apoio a Francis. A dona de casa falou sobre como ela perdeu todas as chances de escapar de seu casamento destrutivo antes de não ter mais saída. Mesmo sem saber sobre a vida pessoal de Claire, ela falou exatamente tudo o que a primeira-dama precisava ouvir e no momento ideal. Mesmo depois de a equipe de campanha eleitoral já ter deixado claro que ela era a peça chave para o futuro eleitoral dele, Frank ignorou a possibilidade de um livro cujo foco não fosse sobre ele. Dividir a atenção com a esposa era se rebaixar e ele mesmo já deixou claro que suas relações não são em pé de igualdade. Por isso, quando Claire estava no carro falando com o marido e ficou a insinuação de que ela tinha entendido a razão do texto, a forma absoluta do marido de tirar o livro de cogitação aumentou a insatisfação e a tristeza da mesma. O trabalho de humanização da personagem foi feito de forma exemplar e coroa perfeitamente o patamar altíssimo de qualidade que o roteiro da série atingiu nesse terceiro ano.


Por outro lado, Remy Danton se aproxima de sua redenção. Depois de enxergar, pela primeira, explicitamente a verdadeira face de Frank, ele não somente deixou o gabinete da Casa Branca como também decidiu abandonar a carreira política. Jackie Sharp ficou assustada com a possibilidade de perder a presença de Danton em sua vida e se entregou a seus sentimentos. Como ficará Alan na equação? Será que Sharp teria coragem de abandonar a vida política também e seguir sua vida com o homem que ama? Outra união romântica reativada em Chapter 38 foi Francis-Doug. O novo chefe de gabinete, ao longo da temporada, foi o maior pesadelo e o maior sonho da vida do presidente. Poderia ter feito as maiores atrocidades, mas optou por voltar à alçada de Underwood, mesmo depois de perceber que era possível uma vida além da hipocrisia política. O retorno, além de tudo, ainda rendeu a cena mais emocional do episódio: Frank dizendo “Foda-se” com todo um universo de raiva na garganta.


House of Cards vai segue fechando elegantemente sua terceira temporada e abrindo possibilidades empolgantes para o possível quarto e último ano.


P.S.: Thomas Yates chegou de mansinho e, no fim das contas, foi quem percebeu e mostrou a Claire que ela era sim importante para Underwood, que a carreira política dele foi feito a dois e não por méritos dele como pode vir a pensar. Que bela evolução a do personagem.





Por: Série Maníacos

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