Once Upon a Time ainda sabe como fazer ótimos episódios.
Pode parecer difícil de acreditar (ou nem tanto), mas desde seu retorno do hiato na temporada passada, que marcou a inclusão de Oz e da minha amada Zelena, poucos episódios de OUAT tem realmente me deixado animado com o direcionamento dos personagens e da trama. Para um reviewer é sempre um desafio quando uma série que gostamos passa por problemas de continuidade, ou o bom e velho roteiro ruim e sem sentido. É um desafio porque poucas pessoas entendem que criticar não é uma tarefa fácil. A frase mais comum que sempre ouvimos ao desferir algumas críticas negativas é: “Se não gosta, abandona o barco”. Mais do que dizer o que gostou, ou detestou, precisamos ter o mínimo de tato para não acabar desprezando que, no final, tudo é uma questão de interpretação. Não existem verdades absolutas. E saber como dosar a minha verdade, que depende sempre das minhas experiências e aquilo que espero de uma série, nunca será algo simples. Hoje, porém, eu consigo dizer sem questionamento interior, sem a tentativa de ser político: A trama está caminhando e o resultado foi para lá de positivo.
Escrever é um exercício do ego, todo escritor gosta do feedback, gosta de ser “querido”. Alguns prezam por uma abordagem menos pessoal, outros desmancham o coração dentro do texto. E o resultado sempre é refletido nos comentários. Em seus últimos episódios OUAT não massageou meu ego, não me deixou ter aberturas para amar tudo o que estava acontecendo. Acreditem, por mais que criticar negativamente acrescente mais comentários, de concordância, ou repudio, ninguém quer passar quarenta minutos do episódio e mais algumas horas escrevendo uma review de algo que não desperta bons sentimentos. Quando uma série não está boa, o escritor também não estará. É uma matemática simples. Nós aceitamos “cuidar” de uma produção, por sentir que iremos gostar dela. Quem faz o oposto, infelizmente não sabe o prazer que é se apaixonar por personagens que não existem no mundo real. A review é uma extensão da série, uma vida a mais para os personagens. E a positividade só pode ser refletida, nunca produzida do vazio, ainda não temos um chapéu mágico para isso.
Me perdoem pelos dois parágrafos que pouco tem a ver com essas almas infelizes do título do episódio, mas em alguns momentos precisamos deixar claro que não existe má vontade, existem episódios que não animam. E Poor Unfortunate Souls funcionou de uma maneira tão primorosa, que eu me vi agradecendo ao próprio criador da série (pra valer, no Twitter), por ele ter feito o meu “trabalho” como reviewer muito mais prazeroso do que os últimos episódios fizeram. OUAT Frôze não foi ruim, mas foi simples, meia boca. Até agora o arco com as três vilãs e o autor tinha se mostrado cheio de promessas, mas com uma entrega bem falha. Repetindo novamente tudo o que já estava acontecendo com a série nos seus catorze episódios (ou quinze, depende de onde você está baseando a numeração).
Logo de cara já começamos com August sofrendo o sushi que a Ursula fatiou, o que não me deixou nem um pouco triste. Nunca simpatizei muito com o rapaz e também nunca cheguei a querer seu retorno. Se ele precisa acontecer, que seja assim, tendo utilidade para a trama. Não que eu esteja questionando tudo o que o moço já nos presenteou na primeira temporada, ao contrário amigos, ele foi peça chave. Porém, trazer um personagem que já recebeu sua conclusão é muito arriscado, cair no ostracismo é praticamente obrigatório nestes casos. August é o elo entre autor e Storybrooke, não trazê-lo levantaria mais questões do que as responderia. Não reclamo da abordagem e entendo perfeitamente sua função no roteiro. Nos resta saber o que irão fazer com ele nos próximos episódios, afinal, é fácil esquecer que um personagem existe quando ele está brincando com seu pai, de ser marceneiro. A partir de agora, ou o usam de verdade, ou precisarão transforma-lo de volta.
E o mesmo vale para Ariel. Que felicidade ver JoAnna Garcia, uma das personagens que salvou a tediosa história de Peter Pan, na terceira temporada. Seu surgimento é pontuado pelo mesmo medo que senti ao ter August adulto. Ela já havia recebido seu final feliz, já estava linda brincando de fazer castelinho de areia com o Eric e eu (apesar de triste por não poder vê-la), fiquei contente com o final. A justificativa para que ela retornasse foi válida, sua participação foi coesa com o roteiro e não deixou nenhum questionamento no ar. Sumiu? Sim, mas voltou pros braços de seu amado, ajudou a trazer Poseidon e garantiu mais um final digno.
Viram como o padrão sempre é o mesmo? Lá estava OUAT, me fazendo gostar de uma vilã, me fazendo entende-la, me apiedar e torcer pelo seu sucesso. Vocês sabem, Ursula nunca me deixou animado. Sua caracterização, sua motivação (até então não explorada) deixavam tudo com um cheiro de peixe morto no ar. Entretanto, vocês notaram como a série é capaz de dar sentido para seu texto, de dar determinação para as personagens e amarrar a história exibida, com a que eles querem passar? Sim, o problema sempre é esse. Os redatores sentam em suas salas, escrevem o roteiro, fazem reuniões, corrigem aqui e ali, aprovam e depois de muito esforço, o episódio é exibido. Geralmente o sucesso é aparente, outras vezes o produto não reflete de verdade o que eles queriam passar. E lá vai o criador da série se explicar nas redes sociais, algo bem comum a Adam Horowitz. E meu pensamento sempre foi o mesmo: “Amigo, você não precisa se explicar. Faça com que suas razões sejam demonstradas durante o episódio”.
Talvez por que os vilões sempre tentam conquistar [seu final feliz] do jeito errado”
Nenhuma explicação foi necessária em Poor Unfortunate Souls. Foi um episódio ágil e com apenas uma ponta solta, que rapidamente foi amarrada. Eu estava um pouco descrente que Poseidon, rei dos mares, poderia ser feito de bobo por um pirata. Mas é aquela história, não existem vilões em Once Upon a Time, existem pessoas falhas e com um compasso moral mais inclinado para o lado sombrio. Todos querem um final feliz, ninguém realmente quer pagar caro por ele. Já passou da hora dessas pessoas aceitarem que o real responsável pelos problemas não é o autor, mas sim elas mesmas. Regina não consegue seu final feliz porque ela tentou da forma errada. A mulher do cara voltou, ela abriu mão do seu amor, fez a coisa certa e está passando por uma fossa. Ela só tentou ser feliz uma vez, mas rapidamente se esqueceu que seu filho está lá, a apoiando e amando como ela sempre quis. Será mesmo que você não conseguiu um pouco de felicidade, Regina? A prova de que finais felizes para vilões são possíveis veio com Ursula, uma pena que ele a levou embora.
Olhem que coisa linda. Ariel dando lição de moral no Hook, fazendo uma menção a Elsa, não nos deixando esquecer tudo o que aconteceu nos episódios passados e dando uma certa conclusão para o Barba Negra. É assim que uma série precisa lidar com sua cronologia. Não é o criador que tem que se explicar, não são os telespectadores que precisam ficar justificando, são as personagens, dentro da série que tem a obrigação de ter um sentido. As crias, através dos criadores. E não acho que esse ponto de vista seja apenas meu.
A cereja no topo do bolo? A série conseguiu desenvolver um personagem que não se chama Regina. Hook ganhou seu segundo episódio de expressão, depois do flashback centralizado no seu passado com o irmão. E eu preciso dizer, minha língua está ON FIRE, por ter criticado o direcionamento do personagem na review anterior. Pensei que fossem empurrar o cara para o básico clichê de ser um cachorrinho dos sete mares nas mãos da Emma, mas eu estava errado. Ou pelo menos a série me provou isso por um episódio. Que permaneça assim.
Em suma, o episódio foi excelente. Conseguiu dar um sentido para todos os personagens, até os mocinhos, sem me fazer torcer o bico para nenhuma das cenas exibidas. É por isso, meus amigos do coração puro e inabalável, que eu permaneço aqui, ao lado de Once Upon a Time. Por saber que ela tem a capacidade de entregar episódios bons, sem enrolação e sem espaço para o tédio. Agora estamos mais próximos do autor, sabemos onde ele está e temos total noção de que a trama está caminhando, sem deixar tudo para a última hora. Como será o resultado? Ainda não sabemos, mas se seguirem a iluminação tomada neste episódio, ele só poderá ser incrível.
PS. August, meu amigo, não se livre da maldição do nariz que cresce. É o diferencial e o mercado ultimamente está insanamente competitivo. Se você me entende bem…
PS². Já existiram 3 Uruslas na série, uma ReginUrsula, uma Ursula cantante e uma Ursula deusa dos mares. Nome muito comum no mundo encantado, tipo Maria aqui no Brasil. Né?
PS³. Rádio de pilha que toca ópera – R$19,99 no brechó da Belle. Concha que prende a voz – R$200,00 e uma chantagem. Vestido que comporta bem tentáculos, sem deformar seu quadril – Não tem preço. Para todas as outras coisas, existe o cartão feno de ouro.
PS4. Urusula, uma jovem sereia que decidiu ganhar uns trocados cantando em um… Boteco cheio de piratas. Menina, já ouviu falar de arte de rua?
PS5. Flashbacks de OUAT funcionando bem, como não funcionavam desde a primeira temporada. É pra glorificar de pé, igreja marítima da deusa Ursula ostentação.
PS6. Falando em Ursula ostentação, mais um episódio com a série mostrando que nenhuma criança é bem criada no reino encantado. Snow era fofoqueira, Pinóquio mentiroso e frequentava puteiro, Ursula roubava o pai. Cadê a família tradicional nesses momentos? Reclamando do beijo gay na novela, aposto.
PS7. Um pena não existir vaquinha online no Mundo Encantado. Já estava imaginando a Ursula com seu canal no youtube, fazendo cover de Xtina e pedindo uma ajuda para realizar seu sonho.
PS8. Por falar, quais programas Ursula poderia se candidatar para conseguir um UP na carreira? Porta da Esperança – Um contrato com a gravadora, ou um macacão pulando em cima dela? The Voice com a Nathalia Kills a acusando de ser uma cópia do seu marido? Ou Esquenta, com a Regina Casé mandando a plateia fazer barulho enquanto Ursula canta e samba com seus tentáculos?
PS9. Snow possuída pela Regina. Melhor utilização da personagem em uns 10 episódios.
PS10. Brace yourselves, Lily is coming!
PS11. Veja a imagem acima e me responda: Por quantos dias vocês terão pesadelos com ela?
Por: Série Maníacos
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