Novidades:
Pesquisando...

[Flashback] Six Feet Under 1×05: An Open Book


Aprendendo a conviver com as diferenças.


VIVECA ST. JOHN (1957-2001)


Séries dramáticas me fascinam como nenhum outro estilo, um dos principais motivos são os dramas que os personagens passam, muitas vezes se assemelha a algo que eu já passei ou alguém próximo a mim já passou. Isso me faz aproximar da série, me botar no lugar daquelas pessoas e tentar entender com um pouco mais de profundidade aqueles dramas. E nenhuma série dramática fez o que Six Feet Under conseguiu, quando eu acabo um episódio não é só uma trama no meio daquela uma hora que me fez aproximar dos personagens, muitas vezes são duas, três, isso quando eu não perco a conta e é por causa disso que a série tem um poder sobre mim que nem eu mesma consigo explicar direito.


An Open Book” foi ao ar no ano de 2001 mas não podia ser mais atual, em tempos de redes sociais na qual cada um desrespeita o próximo com a desculpa que liberdade de expressão existe pra isso, nada mais importante do que respeitarmos as diferenças e a decisão do próximo. É preciso conviver com as diferenças: gays, estrelas pornôs, adolescente rebelde, pessoas manipuladores, pais excêntricos, irmão maluco, religião, tudo isso foi abordado nesse episódio e por mais difícil que pareça, é possível sim aprender a respeitar a diversidade humana, afinal o mundo é diverso e a todo o momento precisamos aprender a lidar com pessoas diferentes da gente para conseguirmos viver em sociedade.


Claire e Ruth podem não ser o modelo de mãe e filha dos filmes águinha com açúcar de sessão da tarde, o que foi evidenciado com a contraste da prima de Ruth e sua filha, não porque não se amam mas sim porque as duas são diferentes demais para conseguirem manter uma conversa civilizada na qual nenhum dos lados saia ofendido em algum momento. Ruth é aquela mãe que vê tudo acontecendo à sua volta, mas prefere fechar os olhos e enxergar só o que quer, o que lhe convém, agindo dessa forma ela acha que consegue lidar melhor com a vida. Já Claire não só vê o lado mais pessimista das coisas, como faz questão de confrontá-lo com quem quer que esteja na sua frente e esse embate de duas pessoas tão diferentes, acaba dificultando na relação das duas. Mesmo que uma tente se abrir de um lado e outra tente entender do outro, é uma relação difícil e que sempre terá momentos conturbados, sendo necessário respeitar a diferença de cada uma. Mas todas essas diferenças não fazem essa relação ser menos importante para a série, afinal quem nunca teve problemas com a mãe? E “An Open Book” nesse quesito cumpre com maestria esse embate entre mãe e filha, que no fim acontece com qualquer relação mãe x filhos, ambos os lados tentando se colocar na pele do outro e relevando os acontecimentos por se tratar de uma das pessoas mais especiais da vida deles.


Nate e David foram criados juntos e por mais que tenham vivido uma infância dentro de uma funerária, eles parecem ter sido felizes quando crianças, porém Nate tem uma coragem que David até o momento nunca teve na série: de arcar com as consequências das suas escolhas. Enquanto o mais velho não tem medo dos seus atos, seu irmão tem um receio enorme, afinal não estamos falando de decidir ir embora de casa aos 18 anos, o que está em jogo é a sexualidade e esse assunto é super delicado, sair do armário não deve ser a coisa mais fácil do mundo e a angustia corroi David por dentro. No qual nem podemos “culpá-lo” por ser covarde e não se aceitar, se em pleno 2015 a homossexualidade ainda é um tema polêmico, imaginem em 2001. O mais importante é que a passos lentos David está conseguindo se aceitar e mostrar o real David para sua família. Enquanto isso temos Keith que já se aceitou e tenta dar o apoio necessário para o seu namorado, porém paciência tem limite e ao mesmo tempo que David avança em se assumir para seu irmão, ele retrocede em não se aceitar da forma que ele é. Os três tem diferenças fundamentais, porém conseguem conviver juntos, um respeitando o espaço do outro, resta saber se Keith e David conseguirão se acertar.


E por último mas não menos importante, temos Brenda, a personagem mais enigmática e dúbia da série até aqui, nunca se sabe ao certo se ela está jogando com Nate ou se tudo aquilo é real. A adição de seu irmão, Billy, um tanto quanto perturbado na trama só reafirma tudo isso. Nate parece que sabe com quem está lidando, por ora finge que não vê, por outra a confronta, porque diferentemente dela ele é sincero, já ela sempre fica a dúvida e por causa disso acaba se tornando uma das personagens mais interessantes da série, trazendo de bandeja seu irmão, Billy, para a relação com Nate. Deixando todo namoro dos dois com diversos pontos a serem explorados, afinal Billy é um tanto quanto perturbador quando o assunto é Brenda.


No fim, “An Open Book” dialoga não só em seu sentido literal de todos serem um livro aberto para com os outros, o episódio vai mais além e trabalha todas as qualidades e defeitos de cada personagem com suas próprias aceitações. E nada melhor do que a morta da semana ter sido de uma ex atriz pornô que tinha orgulho do seu passado e que por conta do acaso morreu de forma abrupta. Sua morte só mostrou que ninguém está a salvo nem durante um banho e às vezes pode ser tarde demais para ter vergonha do passado. Por mais preconceito que a maioria tem com o mundo pornográfico e com as pessoas que trabalham nele, Viveca mostrou que o importante é se aceitar e usufruir o que as escolhas da vida possam proporcionar para cada um.


P.s.*: Participação mais que especial da Sandra Oh.





Por: Série Maníacos

0 comentários:

Postar um comentário