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Madam Secretary 1×19: Spartan Figures


Como evitar o colapso do sistema financeiro mundial através da arte do discurso.


No livro “A Ascensão do Dinheiro”, o historiador britânico Niall Ferguson, professor de Harvard, explicita a relação direta existente entre a atividade financeira e o progresso humano, sendo ambas interdependentes. E, como vemos, no mundo atual, pós-moderno e globalizado, a interdependência econômico-financeira tornou-se de fato a base de todo o sistema capitalista vigente, neste sentido, qualquer desequilíbrio neste “ecossistema” pode causar uma crise que, gradativamente, acaba por afetar, de uma forma ou outra, a todas as nações.


Em “Spartan Figures”, um episódio politizado e com altos e baixos, vemos que a “bola da vez”, ou melhor, o país que pode criar um desarranjo perigoso no sistema é a Grécia. Assim como na política econômica do mundo real, a série mostra a Grécia com seus vários problemas financeiros e sua dificuldade em aceitar as medidas de austeridade impostas, porém necessárias para o enfrentamento da crise. Vale ressaltar aqui que Madam Secretary nesta primeira temporada, ao longo destes 19 episódios até agora, soube trabalhar muito bem a questão da política internacional, se na review anterior eu comentei sobre a falta de verossimilhança de alguns plots, no geral, eu não posso deixar de elogiar a série por seu cuidado em retratar de forma crível e realista os problemas políticos contemporâneos.


Uma palavra que poderia muito bem resumir este episódio (e que foi repetido várias vezes durante o mesmo) é “confiança”. A exemplo das religiões e da política, o que mantém o sistema financeiro em pé é, de certa maneira, a fé depositada por aqueles que confiam na capacidade administrativa e gerencial do sistema. Etimologicamente a palavra crédito provém do vocábulo latino “credere”, que significa crer, confiar, acreditar. Portanto, todo aquele que empresta dinheiro, confia que, seguindo as regras contratuais, será pago no prazo estabelecido. Não é à toa que atualmente a desconfiança generalizada de que os gregos não pagarão suas dívidas é tão grande. O país passa por uma grave crise e várias vezes já “flertou” com a possibilidade do não pagamento da dívida. Mas, para que isso não ocorra, Elizabeth McCord e o Presidente Dalton vão a Bruxelas para firmar mais um acordo financeiro com a Grécia.


O interessante desta viagem à Bélgica é ver o protagonismo americano ser solapado pela líder alemã Angela Merkel, digo, Chanceler Frieda Schulz, que deixa bem claro que quem manda na Zona do Euro é a Alemanha. O presidente Dalton se sente deslocado e desconfortável, pois passa por duas crises simultaneamente. Primeiro, a crise de confiança política gerada pela tentativa de golpe no Irã e pelo escândalo de corrupção dentro da própria CIA, e em segundo lugar, uma crise familiar causada por seu filho Harrison, um dependente químico, que vive em meio a constantes recaídas. Porém, para salvaguardar os interesses nacionais, lá está Elizabeth para motivar o presidente em sua missão. O que nos leva a um ponto fraco do episódio: o discurso proferido pelo presidente na reunião com os líderes europeus, um discurso clichê e feito intencionalmente para incentivar o patriotismo americano em seu autoproclamado “bom-mocismo” em relação à resolução dos conflitos mundiais. Em certa medida, o presidente Conrad Dalton, se assemelha bastante ao presidente Obama, pois ambos são bons na oratória e fracos na interlocução dos conflitos. Os discursos podem ser bons e inflamados, porém na prática pouca eficácia possuem. Eu sei que o discurso foi usado, dentro da narrativa, para possibilitar o desenvolvimento de um clima propício ao diálogo, porém, como o discurso é feito bem ao final do episódio, dá a falsa impressão de que palavras valem mais do que gestos ou atos.


Um ponto forte do episódio foi a volta de um cenário que não aparecia desde o piloto da série, a fazenda da família McCord, um lugar bucólico que faz Elizabeth rememorar a época em que ela ainda não era a “toda poderosa” secretária de Estado, e, por outro lado, faz com que ela pense sobre o que fará depois que estiver fora do cargo, pois ela tem consciência da transitoriedade de sua atual função. E, como no mundo tudo é composto por mudança, temos a dúvida do casal em vender ou não a propriedade aliada à questão do novo emprego de Henry. É provável que futuramente com este novo emprego (que contou com uma “ajudinha” de Russell Jackson) Henry possa conseguir um destaque maior nas próximas tramas da série.


Quanto às estátuas espartanas da “democracia”, lembrando sempre que “Esparta não era uma democracia e sim uma sociedade altamente militarizada”, podemos dizer que, embora pouco provável de se acontecer, o tal “sequestro” das obras de arte serviu de motor propulsor para o desenrolar de toda a história. Uma história interessante e muito pertinente, com certeza, mais um bom episódio para a lista de Madam Secretary.


Tivemos também a boa interação entre Stevie e o seu amigo de longa data Harrison, o filho problemático do presidente. E, para terminar, não podemos nos esquecer do “atentado ao pudor” cometido pelo “festeiro” Blake, parece que as máscaras começam a cair.


P.S.: Outro dia, lendo algumas curiosidades sobre FRIENDS, eu descobri que Téa Leoni foi cotada para interpretar a personagem Rachel Green, porém, como já sabemos, quem ficou com o papel foi a Jennifer Aniston. FRIENDS com Téa Leoni! Quem sabe numa realidade alternativa.





Por: Série Maníacos

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