Não tem como ir em Lisboa e não ir à Praça do Comércio. É aquele lugar que mesmo se você não quiser, vai acabar passando. Mas a verdade é que não tem motivo para não querer ir lá. A praça é uma das maiores da Europa e fica bem no centro da capital de Portugal, à beira do Rio Tejo, porta de entrada para a Rua Augusta e a Baixa de Lisboa.
Além de achar o lugar lindo e tirar mil fotos de todos os ângulos possíveis, descobri que o monumento tem uma história interessante e é cheio de curiosidades. Para começar, quando Portugal foi reconquistado, lá nas alturas de 1147, o local era uma praia, que vivia inundada com as cheias do rio.
Até que, lá para 1500, Dom Manuel I (o mesmo responsável pela Universidade de Coimbra), resolveu mudar a residência real para a região beira rio: mandou construir o Palácio da Ribeira. E com isso, a área ali a volta se tornou o Terreiro do Paço.
Crédito: Joaomartinho63 – CC BY-SA 3.0
E era nesse Terreiro do Paço que a cidade bombava no século 16. Tinha festas da corte, tinha chegada de pessoas importantes, navios carregados com porcelanas chinesas, especiarias indianas, pau-brasil e açúcar. Vinham também grandes animais exóticos, como elefantes, leões e rinocerontes, que protagonizavam desfiles nas ruas da cidade. O Terreiro do Paço era o lugar onde Lisboa se apresentava como a capital cosmopolita que era nessas épocas.
Ali também rolaram altas confusões, como a Revolução de 1640, que concretizou a União Ibérica. No processo, o secretário de estado que colaborava com os espanhóis, Miguel de Vasconcelos, foi defenestrado pelo povo. A Duquesa Margarita de Saboia, vice-rainha de Portugal, ficou presa ali um tempinho, até que a dinastia Bragança, com D. João IV, ascendeu ao poder.
Mas, como diria minha querida professora de história: “todo império um dia cai”, e o início da queda do Império Português foi com o terremoto de 1755 (eu já escrevi a respeito da catástrofe). O terremoto, maremoto e incêndios destruíram o Paço da Ribeira e as construções ao redor.
A biblioteca, com mais de 70 mil volumes de livros e documentos históricos, foi perdida. Porém, foi naquele espaço que sobrou que o Marques de Pombal decidiu fazer uma praça que simbolizasse a nova fase da cidade.
Surgiu aí o projeto para a Praça do Comércio, com seus imponentes prédios amarelos e o Arco Triunfal da Rua Augusta marcando a entrada para as rua retas e bem planejadas da nova baixa. No centro da nova praça, decidiram colocar uma grande estátua, em homenagem ao rei D. José I.
Além disso, o Rei D. João V, passou a viver em tendas reais em outra área da cidade e criou projetos para construção dos Palácios de Mafra e Queluz, para que a corte não ficasse mais tão no meio do burburinho do comércio e da vida comum da plebe.
A reforma completa só acabou em 1806. Dois anos depois, a corte de Portugal fugiu para o Brasil e, com isso, o comércio em Lisboa sofreu gravemente. Assim, a nova Praça do Comércio já não tinha a mesma importância dos tempos passados. A independência do Brasil, em 1822, só aumentou a crise nas terras portuguesas.
Claro, a Praça do Comércio continuou sendo palco de alguns dos acontecimentos políticos mais importantes, como assassinatos e revoluções. Em 25 de abril de 1974, foi um ponto estratégico para o movimento que derrubou a ditadura do Estado Novo. Mas não foi isso que trouxe de volta o resplendor do local, pelo contrário. Nos anos 80, a Praça do Comércio foi relegada a um estacionamento gigante, ó:
Foi só pela altura da Expo 98, que Lisboa passou por um grande processo de revitalização e devolveram à Praça do Comércio sua importância como marco para a cidade. Restaurantes, cafés, museus e órgãos governamentais ocupam os espaços dos prédios. Em 2013, o Arco da Rua Augusta foi aberto como mirante para toda a Praça do Comércio e para a baixa de Lisboa. É um passeio que eu recomendo: fica aberto todos os dias, de 9h às 19h, e custa só €2,50.
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Por: 360meridianos
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