Céu azul, vento batendo na cara e a imensidão do Alântico nos cercando. Pouco a pouco, o barco se aproximou daquele que é o principal cartão-postal de Fernando de Noronha – os Dois Irmãos, uma formação rochosa de origem vulcânica.
Eu já tinha começado a ver as belezas da ilha no dia anterior, quando cheguei lá. Já tinha caminhado pelas praias próximas à Vila dos Remédios, a Praia do Cachorro, a do Meio e a da Conceição. E já tinha até visto, mesmo que rapidamente, Noronha do alto, durante o pouso. Mas aquele momento, dentro do barco, foi especial. Foi ali, depois de anos sonhando com essa viagem e meses planejando cada detalhe e juntando as moedinhas, que me dei conta que estava realizando um sonho.
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Não vou mentir para você: viajar para Fernando de Noronha sai caro, mesmo no modo econômico. Por isso, é normal que alguns viajantes dispensem o pacote básico de passeios pela ilha, que inclui o passeio de barco, o mergulho a reboque e o Ilha Tour, tudo por R$ 310. Dentro dessa lógica, eu até pensei em evitar o Ilha Tour, como contei neste texto aqui. Mas nunca pensei em evitar o passeio de barco.
É que eu adoro ver as coisas a partir da água. Dentro de um barco, a vários metros da terra firme, muda o ponto de vista, a perspectiva. Muda a viagem. É impossível não pensar, por exemplo, em como deve ter sido incrível para os primeiros navegadores que passaram por ali, há cinco séculos. Por exemplo, Américo Vespúcio, o navegador italiano que acabou batizando todo o Novo Mundo com seu próprio nome. “O paraíso é aqui”, ele teria dito ao ver Noronha pela primeira vez. Difícil discordar.
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Como é o passeio de barco em Fernando de Noronha
Assim que reservei meu hotel (dica, faça isso meses antes, já que as opções de hospedagem lotam rapidamente), recebi por e-mail uma oferta com o pacote básico da Ilha, oferecido pela Factur, uma agência de Noronha. Reservei o passeio de barco para o dia seguinte à minha chegada.
A van da empresa passou na minha pousada por volta de 8h da manhã, logo depois do café. Assim que passamos em outros hotéis e todos os viajantes estavam no veículo, o guia explicou que era interessante alugar, o tubo respirador e a máscara de mergulho. É que nós teríamos duas chances de observar a vida abaixo d’água durante o passeio. Eu tinha levado uma máscara e um snorkel de Belo Horizonte, mas quem não tinha o equipamento alugou por R$ 20, para uso de um dia inteiro, numa loja no centro da Vila dos Remédios.
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Seguimos para o porto, passamos rapidamente na sede da empresa, para pagamento e outras partes burocráticas, e em seguida entramos na embarcação. Deixamos o porto de Santo Antônio para trás e percorremos todo o Mar de Dentro, ou seja, a parte do litoral de Noronha que é voltada para o Brasil.
As primeiras praias que avistamos foram as que eu tinha visitado no dia anterior, que ficam perto da Vila dos Remédios, a capital da ilha. Ao fundo se destacava o Morro do Pico, com seus 323 metros de altura, o ponto mais alto de Noronha. E essa é só a ponta do Iceberg, ou melhor, de uma montanha submarina que chega a quase 4 mil metros de profundidade.
E você está lá, de queixo caído por conta do Morro do Pico, quando os Dois Irmãos aparecem. Entre as duas formações rochosas estão as praias do Boldró, dos Americanos, do Bode e da Cacimba do Padre. Em seguida estão duas das praias mais bonitas do Brasil: a do Sancho e a Baía dos Porcos.
O barco segue viagem até a Ponta da Sapata, que é a ponta da ilha principal do arquipélago e um lugar procurado por mergulhadores – outro ponto tradicional de mergulho é na Praia do Porto de Santo Antônio, de onde o barco saiu.
A Ponta da Sapata é o começo do caminho de volta do barco, que retorna dali, não sem antes passar pela Baía dos Golfinhos e pela Enseada do Portão. A Baía dos Golfinhos é uma enseada frequentada por golfinhos rotadores. Por isso, barcos são proibidos pelo Ibama no local. Mesmo assim, todos os guias de Noronha juram que a chance de ver golfinhos durante um passeio de barco é de 99%. O problema é que nosso passeio foi justo a exceção da estatística, e eu não vi o mais simpático dos animais dos mares. Também é possível observar a Baía dos Golfinhos por terra, a partir de um mirante.
Num dia de golfinhos tímidos, o barco começou a voltar. Mas o passeio ainda incluía uma parada na Praia do Sancho. Foi ali que fizemos snorkeling pela primeira vez. Foram 30 minutos para conhecer a Noronha submersa, que, dizem muitos, é ainda mais bonita que aquela que vemos na superfície. Vale voltar na Praia do Sancho nos dias seguintes, só para curtir o mergulho livre com calma.
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Em seguida o barco voltou para o porto. Quem comprou o passeio simples desce. Ficam no barco os que optaram pelo Planasub. Com o equipamento de snorkeling, entrei na água, segurei numa corda e fui rebocado pelo barco, enquanto observava o mundo abaixo de mim – peixes, tartarugas e até alguns mergulhadores. Passada a dificuldade inicial de impedir a água de entrar na máscara, que os guias disseram ser culpa da minha barba, logo a experiência ficou tranquila.
Depois, almoçamos no barco, voltamos para o porto e pegamos a van de volta para a Vila. Cheguei no meu hotel por volta das 14h. Feliz e com tempo de sobra para aproveitar a Praia da Conceição.
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