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As ondas gigantes de Nazaré, em Portugal

Uma enorme parede de água salgada se estende a poucos metros das primeiras casas na orla da praia de Nazaré. Do forte, construído no século 16, é possível ver a onda se agigantar por 30 metros, quase como se fosse engolir a cidade. Nazaré é uma vila simpática no centro-oeste de Portugal, com forte identidade cultural e uma vida agradável à beira-mar. Mas foram as ondas gigantes que se formam ali que tornaram o lugar conhecido no mundo inteiro e um desafio para os surfistas mais aventureiros.

Desafio, aliás, não livre de perigos. Em outubro de 2013, Nazaré ganhou os noticiários brasileiros por conta de um acidente envolvendo a surfista Maya Gabeira. Ao tentar encarar a onda gigante, ela caiu de uma altura de cerca de 20 metros, tomou alguns caldos e desmaiou. A história só não teve um fim trágico porque seu amigo e também surfista Carlos Burle conseguiu resgatá-la a tempo e aplicar os procedimentos de primeiros socorros. No fim, só um tornozelo quebrado, apesar do susto. Mas quando a gente conta essa história, fica até difícil acreditar que no dia da nossa visita o mar estava assim:

nazaré portugal forte de são miguel arcanjo

Vista do Forte de São Miguel Arcanjo

nazaré portugal mar azul

É que as ondas enormes que fazem a fama do local costumam se formar no inverno (mais ou menos de outubro a janeiro), devido a existência de um cânion a poucos quilômetros da costa. A diferença de profundidade das águas do cânion em comparação às da plataforma continental, que é rasa, reforçada pelas correntes costeiras, é o que cria o fenômeno.

E como as ondas são um fenômeno difícil de ignorar, a cultura da cidade também floresceu ao redor dele. Fortemente apegados ao mar, as pessoas de Nazaré precisaram aprender a conviver com as ondas para manter viva a economia e as tradições locais. Até hoje, todos os dias por volta das seis da manhã, os homens entram em seus barcos e vão em busca do peixe que serve de alimento e ganha-pão para suas famílias. As mulheres aguardam a volta de seus maridos na praia, muitas vezes com canções e rezas para que retornem em segurança.

nazaré portugal peixe seco

nazaré portugal polvo seco

No fim do dia, elas comandam o leilão dos peixes e frutos do mar, normalmente vestidas com suas sete saias coloridas. O costume surgiu, dizem, para que elas se protegem-se do frio enquanto esperavam seus maridos voltarem do mar. As várias camadas de saia ajudavam a mantê-las aquecidas. A tradição é tão difundida que mesmo hoje é fácil encontrar senhoras vestidas assim no dia a dia. Antes, elas costumavam mostrar cada uma das setes saias ao turistas, porém a prática foi proibida por ser considerada obscena, depois que um jornalista francês escreveu uma matéria preconceituosa que relacionava à prostituição.

nazaré portugal sete saias

Mesmo em época de ondas gigantes, a pesca é prioridade. Enfrentar o fenômeno é uma prova de coragem e responsabilidade. Acredita-se que cada família nazarena tenha pelo menos um caso de morte por afogamento nas perigos águas daquele pedaço de Atlântico. Talvez por isso também, a cultura local ainda preserva um forte senso de religiosidade. Bênçãos e procissões também são muito frequentes na cidade.

A viagem a Nazaré foi um convite da agência Alma Nazaré Tours, que promove passeios pela cidade e em outros pontos turísticos de Portugal.

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Por: 360meridianos

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