Sete dias na Ilha de São Miguel, nos Açores foram mais do que o suficiente para eu explorar um dos cantinhos mais especiais que já pus os pés em Portugal. São Miguel, a maior e principal ilha do arquipélago dos Açores, é famosa por suas flores, coloração verde, campos com lindas vaquinhas e lagoas coloridas, que um dia já foram vulcões.
O arquipélago português fica no meio do Atlântico Norte, foi descoberto no século 15 e o pessoal de lá tem uma espécie de sotaque/dialeto próprio que nem os portugueses do continente conseguem entender direito. O mais importante, porém, é que vale cada minuto da visita.
Desde 2015, a Ryanair e a Easyjet (além das portuguesas TAP e SATA) voam para o aeroporto de Ponta Delgada, em São Miguel, o que tornou super acessível a chegada a Ilha. Para vocês terem uma ideia, meu bilhete de ida e volta, partindo de Lisboa, custou 50 euros apenas.
E tem uma outra informação importante: parte do acordo para os voos low costs para os Açores incluem também um voo gratuito para alguma das outras oito ilhas, desde que você não fique mais de 24 horas em São Miguel. Basta entrar no site da SATA, depois de comprar a passagem, e pedir o encaminhamento.
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Gastronomia nos Açores: comidas e bebidas típicas
Como se locomover em São Miguel, Açores
Já adianto, é bem complicado conhecer a região sem alugar um carro. Tem ônibus (chamado de autocarro pelos portugueses), mas você fica a mercê dos horários e trajetos pouco disponíveis. Por exemplo, de Ponta Delgada a Sete Cidades, são só dois ônibus por dia, que só funcionam durante a semana. Para lugares como a Lagoa do Fogo não tem nenhum ônibus. De qualquer forma, se você quiser saber horários e trajetos possíveis, o site oficial dos Transportes de São Miguel é relativamente fácil de entender.
Dirigir por lá não é muito difícil, a não ser na região das montanhas, quando tem neblina. As estradas são sinalizadas, o GPS encontra os caminhos e não tem pedágio. As distâncias também ajudam: apenas 65 km de uma ponta a outra. Além disso, o aluguel de carro também não é caro. Há diversas empresas e você pode alugar previamente pela internet ou negociar algum desconto com o seu hotel/hostel. Eu, por exemplo, consegui alugar um Smart (o que é ótimo, porque é automático) por 25 euros por dia.
A outra opção é usar táxis ou excursões para fazer os percursos.
Quando ir aos Açores?
Eu estive em São Miguel na última semana de outubro, no Outono. As temperaturas estavam em torno dos 15 a 20 graus. Mas a variação térmica ao longo do dia era bem maluca: acordávamos com sol, ao longo do dia pegávamos vento, chuva e neblina, mas o dia terminava com o pôr do sol mais maravilhoso, Ó:
A verdade é que não importa a época do ano, o clima do arquipélago no meio do Atlântico Norte sempre será essa loucura ao longo do dia, não há previsão do tempo que permita planejar. Mas no verão e primavera o tempo costuma ser só um tiquinho mais firme e quente.
O que fazer na Ilha de São Miguel, Açores
Ponta Delgada e Vila Franca de Campo
Ponta Delgada é a maior cidade de São Miguel, onde está o aeroporto internacional do arquipélago e onde se concentram a maioria dos hotéis e empresas de animação turística. Eu recomendaria tirar um dia para passear pela cidade, principalmente pelo centro histórico que é bem bonitinho, com igrejas e calçadas portuguesas.
Também vale a pena fazer um tour em busca da arte de rua contemporânea, visto que há um festival anual em Ponta Delgada só sobre isso.
Há algumas praias na cidade, assim como saem de Ponta Delgada boa parte dos passeios de barco que levam as pessoas para alto mar ver as baleias e golfinhos. Esse tipo de passeio custa em torno dos 35 euros e as empresas costumam garantir que devolvem o dinheiro se você não ver os animais.
Vila Franca de Campo é a maior cidade vizinha, que também tem um centro histórico charmosinho, diversas praias, além de um Ilhéu que forma uma piscina natural há 1 km da costa, que é área protegida.
Se você quiser mergulhar em São Miguel, é em Ponta Delgada e Vila Franca que se concentram as empresas de mergulho. Não é preciso ser experiente para a prática: quem não tem certificado pode fazer o mergulho de batismo, com um instrutor do seu lado o tempo inteiro (eu paguei 70 euros, incluindo o mergulho de batismo e aluguel do equipamento). Veja no site oficial todos os pontos de mergulho e empresas autorizadas.
Lagoa das Sete Cidades e arredores
Cartão postal dos Açores, a Lago das Sete Cidades é, na verdade, duas: a Lagoa Azul (maior) e a Lagoa Verde (menor), com uma estradinha que passa entre elas. Toda a região é uma reserva natural: a Paisagem Protegida das Sete Cidades. Também é considerada uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal. Apesar de ver as lagoas da margem ser bonito, sem dúvida é do alto que elas tiram o fôlego de todo mundo: coloque no GPS a Vista do Rei, um ponto há 656 metros de altitude, que permite ver toda a paisagem de forma panorâmica.
A diversos trilhos demarcadas no entorno das lagoas: a Mata do Canário, de 12km; a Serra Devassa, de 4,1km; e Vista do Rei, de 7,5km. É sempre bom checar nos links indicados se o trilho está aberto na época da sua visita.
Os arredores das Sete Cidades ficam numa serra com diversas lagoas menores que se formaram e alguns picos. É uma estrada bem bonita, porém, com chuva e neblina, não dá para ver nada direito. Foi o que aconteceu conosco.
Ponta da Ferraria e Mosteiros
Na costa oeste da Ilha, ficam essas dois lugares maravilhosos e que merecem sem dúvida uma visita. A Ponta da Ferraria fica na freguesia de Ginetes e é uma formação geológica, fruto de erupções vulcânicas, que é única no mundo. A costa bem acidentada e as pedras de coloração escura dão a sensação de que você está em outro planeta. Ali há também uma fonte de água termal de origem vulcânica.
Ali pertinho está Mosteiros, que combina uma praia maravilhosa com piscinas naturais logo ao lado. Foi ali que eu vi um dos pôr-do-sol mais lindos da minha vida.
Lagoa das Furnas
A Lagoa das Furnas fica num conselho do mesmo nome, onde a atividade vulcânica ainda está bem presente. É preciso tempo bom para conseguir avistar a lagoa de cima. O ponto de vista do topo do Pico do Ferro é especialmente bonito. Na cidade de Furnas é onde você come um dos cozidos feitos com o calor do vulcão, como eu já contei nesse post.
Também é na cidade que fica um parque cheirando a enxofre e diversas fumarolas borbulhantes espalhadas, assim como fontes de águas termais para beber.
Vale a pena também circular a beira da lagoa e ver ainda mais atividade vulcânica contrastada com o cenário das águas calmas.
Quem prefere mergulhar nas fontes quentinhas, há duas opções: o Parque Terra Nostra e o Poço da Dona Beja, ambos com piscinas térmicas naturais abertas ao público.
Lagoa do Fogo e Ribeira Grande
A Lagoa do Fogo também fica numa zona de reserva natural, uma área bem alta da ilha. Talvez pela quantidade de neblina e chuva que pegamos por lá (que aparecia do nada e sumia com a mesma rapidez, num espaço de tempo de uma hora) não tinha nenhum ônibus ou mesmo carro com turistas a nossa volta. A vista de Lombadas é maravilhosa e permite fazer uma caminhada pelas montanhas que dá para ver a ilha em 360 graus.
Além disso, há três trilhas nessa região da ilha. No entorno da reserva natural também fica o Monumento Natural da Caldeia Velha, uma reserva biológica que tem cascatas de águas termais abertas a banhistas.
Descendo na direção da costa, bem pertinho, está a cidade de Ribeira Grande, praias e piscinas naturais lindíssimas. Mais um lugar incrível para se ver um pôr-do-sol.
Quem gosta de bebidas também pode aproveitar a passada em Ribeira Grande para conhecer uma das fábricas dos famosos licores da região, a fábrica da “Mulher de Capote”. Não deixem de experimentar e quem sabe até comprar como suvenir o licor de maracujá e o de ananás.
Povoação, Vila de Nordeste e Pico da Vara
Eu não cheguei a conhecer, mas na região mais ao leste da Ilha de São Miguel ficam as praias de Povoação e Vila de Nordeste, que dizem ser muito bonitas, não só a costa, mas também as cidadezinhas, e seus jardins e miradouros, especialmente em Nordeste.
Elas ficam no entorno do ponto mais alto da Ilha, o Pico da Vara, que tem 1105 metros de altura e fica dentro de uma área de reserva florestal. As caminhadas por ali são consideradas difíceis e tem acesso limitado.
Chá da Gorreana e Estufas de Ananáses
Outros passeios famosos em São Miguel Açores envolvem os produtos mais típicos da região: a produção de chá e de ananás. A fábrica de chá e plantações Gorreana fica a cerca de 13 km de Ribeira Grande. É a produção de chá mais antiga da Europa. É possível ver como é o fabrico e caminhar pelos campos. A Susana, blogueira portuguesa do Viaje Comigo, conta como é o passeio.
Já a produção de ananás (uma espécie de abacaxi) fica nos arredores de Ponta Delgada, em Fajã de Baixo. É possível visitar as estufas onde a fruta é plantada. No blog Dobrando Fronteiras eles contam mais sobre a visita.
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Por: 360meridianos
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