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Passeio pela Ilha Taquile, no Lago Titicaca

Navegávamos há duas horas pelo Titicaca quando a Ilha Taquile surgiu no horizonte, junto com picos nevados que pareciam sair do lago após um mergulho. Localizada a 45 quilômetros de Puno, no Peru, Taquile é casa para cerca de duas mil pessoas. Uma comunidade que vive no meio do maior lago em volume d’água da América do Sul. Gente que tem regras próprias, um código de vestimenta interessantíssimo e que se acostumou a viver numa altitude de quase quatro mil metros.

O turismo chegou ali há cerca de três décadas, mais ou menos junto com a descoberta das Ilhas Flutuantes de Uros. A maioria dos viajantes que passam por essa parte do Peru conhece as duas comunidades no mesmo dia, num passeio a partir de Puno oferecido por agências de viagem locais. Não foi diferente comigo, que cheguei, fiquei sem ar ao encarar a trilha ilha acima, almocei e passei algumas horas em Taquile, para logo depois regressar para Puno. O tour custa em torno de 30 dólares e inclui o almoço em Taquile e a parada em Uros.

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Os encantos da culinária andina

Ilha Taquile, Peru

Moradores de Taquile com roupas típicas

Embora meu passeio tenha sido incrível e um dos pontos altos da viagem pelo Peru, fiquei com vontade de voltar e dormir pelo menos uma noite em Taquile. É que alguns moradores abriram suas casas para turistas – o pernoite custa em torno de 60 soles por pessoa, com uma espécie de pensão completa, ou 25 soles apenas a hospedagem. Visitei os quartos da Casa Lorenzo Homestay, comandada por uma simpática família de taquileños que também oferece almoços para os viajantes do esquema de bate-volta. O sistema é simples, mas as cobertas são grossas e o visual é inesquecível.

Lago Titicaca, no Peru

Vista do Lago Titicaca a partir de Taquile

Ilha Taquile: visita e história

Apesar de pequena, a ilha tem uma praça central, um mercadinho e está dividida em seis distritos. Não vimos nada disso: para fugir do percurso turístico, nosso passeio ancorou do outro lado da ilha. Deixamos o barco e começamos a subir até o restaurante onde iríamos almoçar. No meio do caminho vimos algumas casas e habitantes trabalhando na plantação de batatas.

Logo apareceu um morador, usando chapéu preto. Segundo o nosso guia, esse tipo de chapéu só é usado pelas autoridades de Taquile – esse senhor era responsável por recolher a taxa de visitação da ilha, que todo mundo paga indiretamente. O valor é passado para a agência, junto com o pagamento do passeio, que repassa para o taquileño responsável.

Ilha Taquile, Peru

A subida é cansativa por conta do mal de altitude, já que o ponto mais alto da ilha tem 4050 metros. Os moradores e o guia, acostumados com a região, caminham sem dificuldade. A paisagem, com direito a um céu azul incrível e os tais picos nevados, no lado boliviano do Titicaca, ajuda.

Veja também: Como lidar com o mal de altitude

Lago Titicaca, Peru

É possível saber parte da história de vida de cada morador de acordo com o tipo de gorro que ele usa. Chapéus de uma cor só são usados por homens casados, enquanto chapéus de duas cores  – vermelhos e brancos, por exemplo – são para solteiros. Além disso, a posição do gorro na cabeça indica se aquele homem solteiro está procurando uma parceira.

Os chapéus são feitos pelos homens, que aprendem a arte a partir dos oito anos. As mulheres produzem outras peças de roupa e todos dividem funções, como cozinhar, colher batatas ou plantar. A tecelagem de Taquile é uma das mais valorizadas do Peru e foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, em 2008. Por conta do turismo, a produção de peças de roupas aumentou e passou a fazer parte da economia da ilha.

Taquile, Peru

A língua local é o quéchua, falado nos Andes desde antes dos incas e que foi adotado como idioma oficial do império. Hoje, o quéchua (e seus dialetos) é falado por cerca 10 milhões de sul-americanos. Totalmente isolada do restante do país até a década de 50, época em que achar alguém que falasse espanhol por ali era tarefa complicada, a ilha se integrou ao país nos últimos anos, mas segue com seu valores.

Taquile, Peru

E alguns deles geram problemas para a própria comunidade. Segundo o guia que nos acompanhou pelo passeio, 18% dos moradores da ilha tem problemas de saúde por conta de uma série de casamentos consanguíneos, já que o matrimônio com pessoas de outras ilhas ou de fora da comunidade não é aceito. Por outro lado, a segurança da ilha é motivo de orgulho, afinal todos os moradores se conhecem.

Chegamos ao restaurante, almoçamos e em seguida vimos apresentações de dança e de alguns trabalhos manuais feitos pela comunidade local. Quem quiser pode comprar artesanato. Depois do almoço, descemos pelo outro lado da ilha, onde o barco nos esperava, e fizemos o longo caminho de volta até Puno.

Ilha Taquile, Peru

Taquile: como chegar

Além das agências, que oferecem o passeio para Taquile com ou sem pernoite, também dá para chegar por conta própria, pegando um dos barcos públicos que saem do porto de Puno. O ticket custa 30 soles e os barcos partem no começo da manhã, entre 7h e 8h, e retornam às 5h.

A viagem nos barcos mais lentos pode levar quase 3 horas cada trecho, enquanto barcos rápidos fazem o percurso na metade do tempo. O ticket nesses barcos, claro, custa mais. Todos fazem uma rápida parada em Uros, a 20 minutos de Puno, antes de seguirem para Taquile ou para Amantani, ilha vizinha.

Taquile, Peru

*O 360meridianos viajou ao Peru a convite do Submarino Viagens e da PromPerú. 

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Por: 360meridianos

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