A história e a vida do Bairro Judeu de Budapeste

A história se repete por muitas partes da Europa onde houve ocupação nazista. Durante a Segunda Guerra, os judeus foram forçados a viver em regiões específicas das cidades. Os quarteirões designados a eles, nada luxuosos e desprovidos de infraestrutura adequada, acabaram se transformando em guetos decrépitos. Foi assim em Praga. Foi assim em Cracóvia. Foi assim em Budapeste.

Bairro Judeu de Budapeste

Na capital da Hungria, as casas em que os judeus podiam viver eram marcadas com uma estrela de Davi e se situavam nos quarteirões que se estendem em torno da sinagoga principal. A região foi rodeada de casas altas e muros de pedra com o objetivo de evitar que os moradores dali fugissem ou que alguém tentasse entrar com contrabando de produtos proibidos vindo de outras partes da cidade, como alimentos, medicamentos, armas e até mesmo informação.

Bairro Judeu Budapeste

Ali, assim como nas outras cidades, os judeus foram cada vez mais sendo isolados do mundo exterior, transformando os bairros em verdadeiras prisões. O fornecimento de comida e a coleta de lixo foram cortados. Mortos eram deixados apodrecendo nas ruas. Estima-se que ali viveram mais de 60.000 pessoas, em espaços que mediam, em média, 25 metros quadrados. Com tanta gente em pouco espaço e com precárias condições de vida, as epidemias de doenças, como o tifo, não eram incomuns e contribuíam para a sistemática degradação da zona e a exterminação em massa dos judeus.

Bairro Judeu de Budapeste

O fim da guerra e a consequente abertura do bairro fez com que a zona fosse habitada também por não judeus e as más condições dos prédios e ruas fizeram com que os preços dos aluguéis ali fossem os mais baixos da cidade, atraindo imigrantes menos favorecidos, prostituição e crimes. Por muitos anos, o bairro judeu permaneceu com má fama: de sujo, de feio, de perigoso.

Vida noturna no Bairro Judeu de Budapeste

Hoje, a história sombria do Bairro Judeu de Budapeste já é parte do passado. Com aluguéis convidativos, o bairro se encheu de estudantes e artistas, o que provocou uma renovação das ruas antes marcadas pelo abandono e miséria humana. O local se encheu de bares, restaurantes, galerias de arte, food trucks e lojas de design e se converteu no principal centro da vida noturna e cultural da cidade. O mais famoso e antigo é o Szimpla (Rua Kazinczy, 11). Justo ao lado fica o Karaván, um espaço que reúne food trucks com comida de várias partes do mundo. Na mesma rua, o Kuplung também é um favorito entre os locais.

Pubs ruinas Budapeste

Foi no início dos anos 2000 que os primeiros bares começaram a ser abertos ali. Em prédios caindo aos pedaços, quase não dá para imaginar que ali dentro estão os lugares mais descolados da cidade. Os bares, conhecidos como pubs ruínas, são uma marca registrada da vida boêmia de Budapeste e hoje podem ser encontrados em outras partes da cidade, mas é no Bairro Judeu que fica a maior concentração deles. São mais de 30 estabelecimentos espalhados pelas ruas da região.

A segunda maior sinagoga do mundo

Com capacidade para 3.000 pessoas, a Sinagoga de Budapeste é a maior da Europa e a segunda maior do mundo, perdendo apenas para a de Nova York. Era ela que marcava o início do gueto judeu de Budapeste durante a ocupação. Por isso, o bairro judeu está na área que sai da Rua Dohány.

Para entrar, é preciso pagar um ingresso de 2.000 ft (cerca de 6 euros. Estudantes têm desconto), que te dá acesso não apenas ao templo, mas a um museu que conta a história do povo judeu desde a diáspora e até o século 20, na Europa. Você também pode optar por agendar um tour pela Budapeste judaica, o que dá também acesso à Sinagoga com um guia que te acompanhará por outros pontos importantes dessa região.

Sinagoga de Budapeste

Dentro da Sinagoga, há também um memorial aos judeus mortos no Holocausto e um monumento conhecido como Árvore da Vida, a escultura de metal que representa um salgueiro chorão, situada no pátio de trás da Sinagoga. O monumento foi feito em memória dos 400.000 judeus húngaros que morreram durante a Segunda Guerra. Nas folhas da árvore, é possível ler os nomes das pessoas que ajudaram a salvar vidas nessa época.

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Sinagoga de Budapeste – serviço

Não é permitido entrar na Sinagoga com ombros e pernas à mostra. Se você, como eu, foi visitar a cidade no verão escaldante, não se preocupe. No momento de entrar no templo, há uma pessoa na porta que verifica se sua roupa está apropriada e, caso não esteja, te passa toalhas de papel para que você se cubra. Há uma loja de souvenires na entrada que vende lenços para os turistas despreparados, mas você não precisa comprar (até porque eles são horríveis).

Endereço: Donhány Utca 2.
Horário:
– De Abril a Outubro: de domingo a sexta das 10:00h às 17h30.
– Setembro a Junho: de domingo a sexta das 10:00h às 15h30.
Transporte: Metro línea 2 (M2), estação Astoria.

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