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Guerra na Síria: entenda o conflito e saiba como você pode ajudar

NOTA: Este artigo traça um panorama da Guerra da Síria. Se você só está interessado em saber como ajudar, pule diretamente para a última parte do texto.  

“Aleppo pode se tornar um cemitério gigante”. O alerta do sub-secretário geral da ONU para assuntos humanitários, Stephen O’Brien, talvez seja insuficiente para traduzir o tamanho da catástrofe humanitária que atingiu a Síria nos últimos anos. O conflito, que teve início em 2011 com as manifestações que visavam derrubar o governo do presidente Bashar Hafez al-Assad, já matou mais de 400 mil pessoas e obrigou outras 4,5 milhões a fugirem do país, de acordo com dados da ONU.

Os protestos seguiam uma tendência da região, que, naquele momento, viu florescer a Primavera Árabe, como ficaram conhecidos os movimentos civis espontâneos contra os governos totalitários que dominavam o Oriente Médio e o Norte da África há décadas. Os sírios já estavam insatisfeitos com os altos níveis de desemprego, corrupção e falta de liberdade política, mas o estopim das manifestações foi a prisão e tortura de adolescentes que pichavam frases revolucionárias em muros da cidade por parte das forças do governo.

A reação de Assad aos protestos não foi nada pacífica: suas tropas reprimiram duramente o movimento nas ruas, chegando a abrir fogo contra a massa de civis que protestava, o que acabou inflando ainda mais os ânimos da população e fazendo com que mais gente aderisse ao movimento, que chegou a contar com dezenas de milhares de pessoas.

Protestos na Síria: Primavera Árabe

Primavera árabe: manifestantes protestam contra Assad na fronteira entre Síria e Turquia em junho de 2011. 

Oposição e governo se recusaram a recuar e a escalada de violência do conflito se intensificou. Os grupos antigoverno, alegando que necessitavam se defender das violentas forças de segurança de Assad, se organizavam em guerrilhas armadas já em março de 2011. Logo, o conflito se espalhou pelo país. Assad afirmou que esmagaria o “terrorismo apoiado por estrangeiros” e os grupos rebeldes se organizavam em centenas de brigadas com o objetivo de expulsar as forças de segurança das cidades e vilarejos do interior da Síria. Em 2012, a guerra na Síria já havia chegado a Damasco, capital do país, e se transformado em um conflito muito maior e mais complexo entre a maioria sunita do país e os xiitas alauítas, braço minoritário islâmico ao qual pertence o presidente.

Menino passeia de bicicleta em Homs, na Síria. Crise humanitária no país se arrasta por anos.Menino anda de bicicleta em meio a destroços em Homs, no oeste da Síria.

Em 2013, o país já estava mergulhado no caos. A ONU já contabilizava 90 mil mortos e diversas cidades estavam completamente destruídas. O governo de Assad vinha perdendo terreno para os opositores, o que gerou um vácuo de poder no país. Foi quando o Estado Islâmico, aproveitando-se desse vácuo e da fragilidade política do país no momento, começou a reivindicar territórios sírios.

Aliando-se aos rebeldes no princípio, os membros do ISIS logo se tornaram uma terceira força no conflito e passaram a atacar combatentes de ambos os lados com o objetivo de conquistar a hegemonia total da região. Em 2014, declararam a região como um Califado – uma forma islâmica monárquica de governo – e impondo a sharia – lei islâmica baseada em uma interpretação dos preceitos do Alcorão – nos territórios que controlavam.

Foi aí que diversas forças internacionais, incluindo os Estados Unidos e nações europeias membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), temendo que o fortalecimento do Estado Islâmico no país representasse uma ameaça a eles próprios e servisse como catapulta para que o ISIS ampliasse seus domínios na região, passaram a intervir militarmente na luta contra os extremistas. Rússia e Irã também entraram no conflito, mas ao lado das forças de Assad.

Explosão em Kobani, na Síria, registrada desde a fronteira com a Turquia

Explosão em Kobani, na Síria, registrada desde a fronteira com a Turquia.

Desdobramentos recentes: o que está acontecendo em Aleppo?

Com o apoio da Rússia, o exército de Assad conseguiu retomar o controle de quase todas as partes de Aleppo, expulsando quase todos os focos de resistência. A cidade é considerada um ponto-chave do conflito tanto para as tropas governamentais quanto para os opositores. Desde outubro de 2016, o governo tenta acordar um cessar-fogo que possibilitasse a retirada de civis e a chegada de ajuda humanitária à cidade, porém as negociações não tiveram muito sucesso e o governo acusa os rebeldes de não respeitaram os termos do acordo. Na cidade faltam água e comida e o acesso a atendimento médico é restrito, uma vez que todos os hospitais foram destruídos durante os bombardeios de novembro.

Aleppo antes da Guerra na Síria: Cidade era um dos principais centros econômicos e culturais do país

Aleppo antes da Guerra: cidade era um dos principais centros econômicos e culturais do país

Na última quinta-feira (15 de dezembro), no entanto, a Cruz Vermelha começou uma operação de resgate na cidade, conseguindo retirar cerca de 6 mil pessoas de Aleppo. Durante o processo, o grupo foi alvo de disparos, deixando três pessoas feridas. Ainda restam cerca de 50 mil pessoas esperando serem resgatadas de Aleppo, mas a ONU acredita que a operação pode estender-se por dias.

Menina refugiada Síria

Menina síria refugiada no campo de Passau, na Alemanha

Suicídio e estupros

A conquista das cidades pelas forças do governo está longe de representar um alívio para as pessoas que ainda estão sitiadas. Na última segunda-feira (12), as forças sírias foram responsáveis pelo assassinato de 80 civis, entre eles mulheres e crianças, dentro de suas próprias casas. Notícias do suicídio de 20 mulheres começaram a surgir nas redes sociais após se tornar viral a carta de uma enfermeira explicando por que havia escolhido suicidar-se diante da possibilidade de cair nas mãos do exército sírio. Na carta, ela afirma: “Sou uma das mulheres de Aleppo que vão ser violadas, brevemente. Não há armas nem homens que se consigam pôr entre nós e os animais, a quem chamam de ‘soldados sírios’, que estão prestes a chegar”.

Muhammad Al-Yaqoubi, um conhecido líder religioso sírio, escreveu em sua conta no Twitter que estava recebendo consultas de pais que queriam orientação espiritual sobre o tema: “Pode um homem matar sua mulher ou irmã antes que ela seja estuprada pelas forças de Assad na frente dele?”. Há relatos e comentários em jornais e redes sociais sobre casos de suicídio coletivo e famílias pedindo autorização para matar filhas e mulheres. Porém, apesar das suspeitas, não há nenhum caso confirmado.

Crise humanitária na Síria: como ajudar?

Refugiados Sírios - Como ajudar

Família de refugiados sírios em acapamento na Turquia

Diante de tamanha brutalidade, é normal que a gente se sinta pequeno. A gente olha para as fotos da guerra e se pergunta como poderemos voltar para as nossas vidas cotidianas sabendo que algo assim está acontecendo com milhares de pessoas em alguma parte do mundo. Mas a gente volta, porque a questão essencial, que muitas vezes ninguém sabe responder é: será que eu posso fazer alguma coisa para ajudar a essa gente? Esta semana, o site Upworthy publicou um artigo de utilidade pública que responde a essa pergunta. E sim, embora uma contribuição individual pareça pequena comparada ao tamanho da tragédia, é possível fazer a sua parte para ajudar a solucionar o conflito na Síria. Veja algumas das possibilidades indicadas pelo site:

Ajude os Capacetes Brancos

Formada por voluntários locais, a Defesa Civil Síria, também conhecida como Capacetes Brancos, é um grupo que oferece serviço de ambulância e primeiros socorros às vítimas do conflito nas cidades ocupadas, incluindo Aleppo. Contam com cerca de 3.000 voluntários que se arriscam nas áreas mais perigosas do conflito, procurando por pessoas soterradas por escombros ou em lugares em vias de desabamento. Sob o preceito islâmico de que, ao salvar uma vida, você salva toda a humanidade, eles estimam já terem resgatado mais de 62 mil pessoas e foram indicados ao Nobel da Paz de 2016, mas acabaram derrotados pelo presidente colombiano Juan Manuel Santos.

Eles aceitam doações de U$15, U$50 ou U$200 diretamente do site oficial.

Para saber mais, assita o documentário sobre o grupo na Netflix.

Ajude o Médicos sem Fronteiras

O já globalmente conhecido MSF segue trabalhando na Síria, enviando suprimentos médicos, equipamentos e, quando possível, recursos humanos para as cidades atingidas pelo conflito. Seu trabalho é especialmente importante em cidades como Aleppo, que teve todos os hospitais destruídos.

Você pode doar dinheiro através do site oficial. 

Ajude a Sociedade Médica Sírio-Americana

Também conhecida como SAMS, a Sociedade Médica Sírio-Americana é um grupo sem fins lucrativos e não-político que trabalha para oferecer tratamento médico na Síria e nos países mais atingidos pela crise de refugiados.

Você pode ajudar com Você pode doar dinheiro através do site oficial.

Ajude o Comitê de Resgate Internacional

O IRC ajuda pessoas que fogem de guerras e conflitos em diversos países em todo o mundo, incluíndo as vítimas do conflito sírio, auxíliando-as na recuperação e reconstrução de suas vidas.

Você pode doar aqui.

Ajude o Save de Children

Essa organização trabalha com crianças refugiadas e famílias afetadas pelo conflito. Há diversas maneiras de ajudar: eles recebem doações em dinheiro, te dão a oportunidade de apadrinhar uma criança, possuem uma loja de presentes cuja renda é revertida para a causa e programas de voluntariado que você pode participar da sua própria cidade, organizando uma corrida beneficente, um fundraising ou se tornando um parceiro, seja com a sua empresa ou individualmente.

Conheça mais sobre a organização e saiba como você pode contribuir com a causa

Ajude os refugiados

Quase 5 milhões de cidadãos sírios tiveram que deixar o país durante o conflito, estabelecendo-se como refugiados em diversos países do mundo, a maior parte deles na Turquia e no Líbano. No Brasil, os números ultrapassam as 2.000 pessoas, o maior da América Latina. São pessoas que foram forçadas a deixar tudo para trás, até mesmo a família, para terem uma chance de sobreviver ao conflito.

Você pode ajudar doando para a Agência da ONU para Refugiados, para a Questscope, que oferece educação e aconselhamento para os refugiados na Jordânia, ou para o Migrant Offshore Aid Station, uma agência sediada em Malta que procura e resgata pessoas que se arriscam na perigosa travessia via mar para a Europa.

Além disso, você também pode trabalhar na integração dos refugiados que chegam à sua cidade. No Brasil, a ONG Cáritas é a principal referência para os sírios e outros refugiados que desembarcam aqui. Em São Paulo, organizam campanhas de coleta de cobertores, leite em pó e itens de higiene, que são anunciadas no Facebook da organização. Já a sede do Rio é a que fornece ajuda para as sedes de outros 19 estados. Você pode entrar em contato para saber que tipo de material eles estão arrecadando no momento pela página do Facebook ou pelo email comunicacao@caritas-rj.org.br. Ambas aceitam doações em dinheiro.

Fotos: Shutterstock

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Por: 360meridianos

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