Muita gente só pensa na Serra da Estrela no inverno, por conta da neve. Mas a verdade é que a região vale a pena em qualquer época do ano, seja para se encantar com as cores douradas do outono, ver as flores da primavera, ou aproveitar o calor e as praias fluviais e lagos nos meses mais quentes. É das últimas duas estações do ano mais quentinhas, ou seja, a Serra da Estrela no verão e primavera, que vou falar hoje.
Eu não escondo de ninguém que esse é um dos meus destinos favoritos aqui em Portugal. As belezas das montanhas e as aldeias pequenas, feitas de pedra, tem um charme incrível e são um passeio perfeito para descansar da movimentação de Lisboa ou Porto e descobrir um cantinho bem diferente do que estamos acostumados a visitar. Estive na região há algumas semanas, mais exatamente em Oliveira do Hospital, uma das cidadezinhas ao pé da Serra. Então ficam aqui minhas dicas:
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1. Nadar e fazer trilhas pela Serra
Apesar de estar no meio das montanhas, não faltam praias na Serra da Estrela. Acontece que ali nascem alguns dos rios mais importantes de Portugal, como o Mondego, o Zêzere e o Alva, e também vales glaciares: que são os cursos de rio formados com o derretimento do gelo, como o Loriga, Covão do Urso e Covão Grande. Para completar, na região da serra você também encontra uma rota com 25 lagoas. Enfim, não faltam praias fluviais, cascatas e lagos para dar um mergulho. Uma das mais famosas, e considerada das mais bonitas do país, é a Praia Fluvial de Loriga.
Além disso, a Serra da Estrela tem vários caminhos demarcados e bem cuidados para trilhas a pé ou de bicicleta ou até de cavalo, com diferentes tipos de dificuldade. No total, são 375 quilômetros de trilhos. Obviamente, a melhor época do ano para aproveitar esse tipo de atividade é a primavera e o verão, quando chove bem menos e o frio da uma trégua.
2. Conhecer melhor sobre história de Portugal
Além das incríveis aldeias históricas, que ficam nessa região e certamente merecem a sua visita (já escrevemos sobre Linhares da Beira, Belmonte e Piódão – foto abaixo), visto que são aldeias de pedra, com pouquíssimos habitantes restantes e história de quase mil anos. Por ali você também encontra as Aldeias do Xisto, outra rede de aldeias dessa região, cada uma com sua atração de cultura, arte ou natureza e várias programações diferentes ao longo do ano.
Além disso, a Serra da Estrela e arredores também conta com alguns sítios arqueológicos! Menires, Dolmens, Cromeleques são construções do período neolítico, de povos que eram caçadores e coletores. Toda a região do vale do rio Mondego possui monumentos megalíticos. Infelizmente, isso tudo é meio difícil de encontrar pela internet afora, mas consegui achar um mapa que lista esses monumentos na Beira alta e Beira baixa.
Dolmen na região de Oliveira do Hospital
Também é possível encontrar por ali vestígios das ocupações Romanas e pré-romanas, como em Bobadela. É que essa é a região onde provavelmente nasceu o guerreiro Viriato, líder da tribo dos lusitanos, o povo pré-romano que habitou essa região e confrontou os romanos durante a ocupação.
3. Ficar hospedado numa quinta
Uma quinta em Portugal é como se fosse uma fazenda ou sítio no Brasil, uma propriedade rural que ocupa uma área grande e normalmente produz vinho, azeitona, frutas, etc. Algumas quintas históricas, hoje em dia, acabaram virando hospedagem. Então, é uma experiência e tanto ficar hospedado numa delas.
Foi assim que eu parti de comboio de Coimbra para Nelas, onde o Sr. Roberto, um brasileiro, casado com uma portuguesa, a Nucha, vieram me buscar para aproveitarmos o final de semana em seu hotel familiar, a Quinta da Florência. A casa é do século 17, ou seja, já são cerca de 400 anos de história por trás daquelas pedras. Ou seja, uma quinta é um lugar perfeito para descansar e se ter uma experiência autêntica, sem gastar uma fortuna.
A melhor parte para mim, além da decoração, da simpatia do casal de donos que mora ali também e da paisagem maravilhosa, era a comida! Geleias e compotas feitas caseiras, queijo da serra, frutas do pomar e um borrego (cabrito) cozinhado por horas no forno de pedra que fica na parte de trás da casa, dividido entre os hóspedes.
Se você tem um ou dois dias extras em Portugal, ou já mora aqui e não sabe o que fazer no final de semana, a melhor dica que eu posso te dar é: vá se hospedar numa quinta.
4. Fazer um picnic e comer produtos típicos
Esse passeio foi feito com o pessoal da Quinta da Florência, que organizou para que eu e todos os outros hóspedes aproveitássemos o melhor da vista da serra da estrela de uma forma bem deliciosa. Claro, para quem quer uma experiência mais íntima, basta arrumar a própria cesta e ir de carro.
Infelizmente, é bem complicado, para não dizer impossível, conhecer a serra sem alugar um carro. Para encontrar os melhores preços, recomendo que você dê uma olhada nas nossas dicas sobre como alugar um carro em Portugal.
O melhor é que a Serra da Estrela e arredores tem um monte de produtos típicos deliciosos que você pode provar nessa viagem: o famoso queijo da Serra da Estrela, feito com leite de ovelha, é só um dos tipos de queijos da região. Em qualquer mercado você acha outros. Ainda, enchidos: que são salames e outros embutidos de carne de porco; azeite; frutas frescas, como cereja, maça e pêssego; mel e pães.
Ah, uma dica imperdível para quem ama cereja: o mês de junho é quando ocorre a Festa da Cereja do Fundão, que basicamente tem as melhores cerejas de Portugal, grandes, vermelhinhas e suculentas.
5. Beber vinho do Dão
A região demarcada do vinho do Dão compreende boa parte da Serra da Estrela e arredores, cujo clima bem específico produz uvas de excelente qualidade. É possível conhecer as plantações de uva, que na época da primavera e verão estarão bem verdinhas e com frutos. As vindimas, que são as colheitas da uva para produção do vinho, acontecem em setembro e outubro.
Ou ainda, dá para conhecer algumas adegas na região. Eu estive na Pedra Cancela, em Oliveira de Barreiros. Eles tem um tour pela cave, que incluí uma taça de espumante. E vale a pena conhecer o restaurante da cave, a Taberna da Adega: fizemos um jantar com várias tipos de petiscos típicos (com porções bem servidas), mais algumas opções de vinhos da casa: Branco, Tinto e Tinto Reserva. O jantar fica uma média de 10 a 15 euros por pessoa.
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