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A produção de vinhos portugueses e como visitar uma vinícola em Portugal

No Brasil não temos tanto costume assim de beber vinho e acabamos não entendendo muito sobre esse universo tão rico que é a produção viníca. Soma-se a isso aquela visão do enólogo “chato”, que fica dando palpite sobre harmonização, notas e cheiros diferentes enquanto você olha com cara de tacho e se pergunta porque diabos não está sentindo um retrogosto de maçã que o fulano está comentando.

A verdade é que para apreciar um bom vinho, basta beber e gostar, até porque: “não há nada certo e errado na questão de beber vinho, tudo vale. As pessoas devem simplesmente seguir os seus gostos pessoais”, disse a enóloga e dona da agência de turismo especializada em tours vínicos, a Bago D’Uva 360º, Yara Pereira. A Yara contraria completamente o estereótipo do enólogo chato. É filha de mãe portuguesa e pai brasileiro, carrega um pouco do sotaque dos dois países e é apaixonada por vinhos, especialmente portugueses, da região do Douro.

Vinícolas de Mendoza

Querendo entender um pouco mais sobre vinhos, principalmente com o foco em quem pretende visitar uma vinícola em Portuga ou conseguir comprar um bom vinho português, eu fiz para ela algumas perguntas sobre as características do vinho por aqui e pedi algumas dicas.

Leia também: A história do Vinho do Porto

Entendendo melhor os vinhos portugueses

A primeira coisa que a gente percebe sobre o vinho em Portugal é que ele não tem o nome do tipo da uva. Então, se você já sabe que gosta de Merlot ou Cabernet Sauvignon, pode ter alguma dificuldade ao procurar um vinho por aqui. “Portugal é um país extremamente diverso em relação a tipos de uvas. Nós temos uvas estrangeiras, porque houve produtores que quiseram plantar uvas estrangeiras. Mas nós não precisamos de plantar uvas que não sejam nossas, porque temos uma vasta seleção de castas de uvas, temos mais de 100 castas autóctones.”

Yara segue explicando que as regiões muitas vezes usam as mesmas castas: “Por exemplo, no Douro e no Dão, a Touriga Nacional é muito usada. Por temos tantas castas nas diversas regiões, acho que por isso não usamos o nome da casta para definir, mas sim a região para definir o perfil dos diversos tipos de vinhos que temos em Portugal”.

vinhos portugueses uvas

Essas regiões são principalmente: Douro, Alentejo, Dão, Bairrada, Minho, Setúbal, Madeira, Bucelas, Colares, Carcavelos e Algarve. Praticamente todas elas vinhos tem o estatuto europeu DOC, ou seja, Denominação de Origem Controlada, um sistema que limita a produção segundo regras de qualidade daquela região. Tenho um post sobre esse tipo de certificação europeia para vinhos, queijos e outros produtos agrícolas.

Além disso, completa a enóloga, normalmente os vinhos portugueses são misturas (blends) de diferentes castas, o que dificultaria dar o nome de uma uva só. Até porque há vinhas velhas com até 100 anos de idade, que as pessoas já nem sabem mais qual a casta e que são utilizadas nesses blends para produzir vinhos.

Sobre os tipos de vinhos, são diversos: Verde, que é o vinho típico do norte, bem jovem ou seja, envelhece pouco tempo e pode branco, rosé ou tinto; Vinho do Porto e Vinho da Madeira, que são aqueles mais doces e alcoólicos; Tintos, Brancos e Rosés (de mesa ou seco), Espumante e Moscatel.

vinhos portugueses alto douro vinhateiro

E o que diferenciam os vinhos em cada região? “É o que chamamos de terroir“. Basicamente, esse termo francês tem a ver com todas do ambiente em que é feita a produção, como o clima, o terreno, etc. “Presumo que por usarmos castas semelhantes em diferentes regiões o que diferencia de fato são as técnicas de produção usadas e o terroir, que confere um perfil diferente a própria uva”.

Como comprar um vinho português?

Enfim, sabendo de todas essas informações, vem a pergunta de ouro: como escolher um bom vinho em Portugal? A verdade é que eu, por exemplo, tenho um critério meio aleatório: vejo se é Dão, Douro ou Alentejano (as regiões que gosto mais), se tem o selo DOC e depois avalio pelo rótulo e preço – geralmente o mais barato, o que num supermercado seria algo em torno de €2 ou €3 e numa garrafeira uns €5. Claro, também levo em consideração se estou a fim de beber tinto, branco, rosé ou verde.

vinhos portugueses garrafas

Segundo a Yara, meu método não é errado, porque: “Nem sempre o vinho mais caro é o melhor para as pessoas. Depende sempre do gosto de cada um. O que eu aconselho sempre é que a pessoa começar a conhecer, sentir-se a vontade com as castas, e o que lhe é mais agradável no palato”. A enóloga explica que se a pessoa não tem o hábito de beber muito vinho, normalmente aconselha-se vinhos mais frutados, mais fáceis de beber, que não tenham muita presença de madeira – para saber isso, é preciso ler o rótulo. E depois, com o tempo e experiência, a pessoa desenvolve mais o paladar e pode ir buscando coisas diferentes.

“Eu acho que a pessoa tem que começar com vinhos mais acessíveis, para conhecer as castas. Se gosta de maduro branco ou tinto, ou de um verde. Há muitos produtores pequenos e grandes de imensa qualidade. E deixar um pouco aventurar-se e deixar um pouco o que o feeling lhe diz na altura e não ter medo de arriscar”.

vinhos portugueses vinicolas

Visita a uma vinícola em Portugal e as vindimas

É um passeio muito interessante visitar uma vinícola e ver de perto parte do processo de produção do vinho desde as parreiras da uva até a garrafa. Existem muitas vinícolas familiares em Portugal, o que torna a visita ainda mais especial.

Sobre esse processo de produção, Pereira nos falou que a plantação das uvas depende muito da exposição solar, a água, a altitude do terreno. Ainda, há toda a monitorização da planta durante o crescimento da uva, como controlar pragas, ou a acidez e o açúcar da uva, ou seja, a maturação, para saber a altura da vindima (que é o processo de colheita e início da produção do vinho). Também é preciso controlar, com isso, os níveis do álcool. Ela explica que quanto mais tardia a colheita, mais alto o teor alcóolico do vinho.

vinhos portugueses barris de carvalho

Depois das vindimas, as uvas vão para a adega, onde pode haver um processo mecânico ou a pisa com os pés. Depois disso, aguarda-se a fermentação: que muda de acordo com o tipo de vinho. Ao fim, prensa-se a uva, que vai ser armazenado e envelhecido. A partir daí, depende do tipo de vinho para saber como e quanto tempo ficará armazenado, seja em barricas de carvalho ou em inox.

Numa visita a uma vinícola, é possível ver esse processo de perto, conversar com o produtor e claro, provar os vinhos feitos ali. Eu recentemente fiz um desses passeios com a Bago D’Uva 360º, a empresa da Yara, e em breve vou contar aqui no blog. Vocês podem conferir no site da agência os tipos de tour oferecidos.

vinhos portugueses adega

Outro passeio imperdível, que eu pretendo fazer esse ano, é sazonal: se estiver em Portugal em setembro ou outubro pode participar de uma vindima. “É possível participar em vindimas como turista. Tenho mais contato com o Douro e sei de diversas casas que fazem a vindima e deixam as pessoas apanhar a uva e vão com um pequeno lagar e fazem todo o processo da pisa tradicional”, conta Pereira.

“É um ambiente muito bonito, com tradições muito interessantes. É muito bom partilhar com turistas, somos um país produtor de vinho há muitos anos, então temos muitas histórias para contar e muitas tradições para compartilhar”. Sem contar, claro, que é muito divertido, com música e comida. E ainda, segundo a enóloga, há casas que mandam pelo correio o vinho feito pelos turistas.

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Por: 360meridianos

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