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Intercâmbio em Malta: por que decidi estudar inglês numa ilha que nunca ouvi falar

Toda vez que conto a alguém sobre o ano que passei em um intercâmbio em Malta, o comentário eu mais escuto é: “Que legal. Em que país isso fica mesmo?”. Mesmo sabendo o quanto isso irritaria meus anfitriões malteses, que desde 1964 são uma nação independente, não julgo os desavisados geográficos. Afinal, devo confessar que antes de começar a pesquisar destinos para estudar inglês no exterior, no final de 2015, eu pouco havia ouvido falar sobre essa ex-colônia britânica, localizada ali no meio do mar Mediterrâneo, ao sul da Itália e acima da Tunísia.

Até pouco tempo atrás, Malta estava longe de ser o destino mais popular entre os intercambistas brasileiros, porém o custo de vida relativamente baixo, aliado a paisagens incríveis e o clima ensolarado da ilha, tem feito essa realidade começar a mudar. E aí chegamos na segunda pergunta que mais escuto e que está no título deste post:

Por que eu escolhi fazer intercâmbio em Malta?

intercâmbio em malta shutterstock 3

Foto: Shutterstock

Na verdade, não é difícil entender a decisão de fazer intercâmbio em Malta se você procurar por imagens do arquipélago. Com, em média, 300 dias de sol por ano, Malta é um pequeno paraíso natural, repleto de construções históricas, que vão de templos arqueológicos construídos em 5200 AC, no período neolítico, a fortes medievais ainda conservados. Isso sem falar nos aspectos culturais desse povo, que ao longo de sua história foi fortemente influenciado por árabes, ingleses, italianos, em um sincretismo que pode ser observado na língua, nas religiões e no modo de vida na ilha.

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Entretanto, sendo bem sincera, o que pesou na minha escolha foram questões de ordem prática. Eu até então nunca havia saído do Brasil e a ideia de estar num país europeu, que me facilitaria viajar pelo continente, me atraiu de cara. Nesse contexto, Malta me pareceu o destino perfeito: membro da união europeia, signatário do Acordo de Schengen e com um clima mais ameno e custo de vida bem menor que Inglaterra e Irlanda, por exemplo, a ilha rapidamente ganhou minha preferência e eu bati o martelo.

Visto de estudante em Malta e a viagem

Com a decisão tomada era hora de organizar a minha partida. Marinheira de primeira viagem, meu maior medo era o visto, mas o processo foi todo bem tranquilo. Por se tratar da área Schengen, brasileiros podem permanecer por até 90 dias em Malta sem pedir o visto previamente. Você só precisa da documentação básica para entrada como turista na Europa. 

Como não existem voos diretos para Malta, preferi comprar uma passagem do Brasil até a Itália e de lá outro voo até a ilha. Com isso, economizei quase metade do custo da passagem. Se você quiser fazer isso, é bom ficar de olho apenas nos custos de bagagem. Eu levei apenas uma mala de 20 kg, além da minha bagagem de mão.

Como eu pretendia ficar seis meses por lá, seria necessário o visto de estudante, que só pode ser requerido quando você já está em Malta. Eu fui com a passagem comprada com volta para seis meses depois, que era o que eu precisava para o visto de estudante. Como eu tinha a carta de matrícula na carta da escola, fui contando que a imigração italiana não encrencaria. O certo seria comprar a passagem para o retorno em 90 dias e depois trocar, mas isso custa muito dinheiro e nunca ouvi falar de alguém que tenha tido problema.

dingli cliffs malta intercambio

A autora nos Dingli Cliffs durante o intercâmbio em Malta

Uma vez em Malta, você deve apresentar uma lista de documentos no Departamento de Cidadania, que fica na capital Valletta. Aqui cabe uma dica: procure fazer a solicitação o quanto antes, uma vez que a liberação da sua carteirinha pode demorar mais de um mês dependendo da demanda. Não é necessário agendar horário, mas é recomendável chegar cedo, pois eles têm um número limitado de atendimentos por dia. Apesar da fila, não costuma demorar muito se você estiver com todos os documentos da lista abaixo:

– Formulário de pedido de visto (normalmente a escola te ajuda a preencher, mas você também pode baixar no site da imigração em Malta.

– Passaporte válido (original e cópia)

– Uma passagem de volta para o Brasil ou um certificado de reserva de voo

– Comprovação de renda para o período da estadia no país. No caso de Malta o valor estipulado é de 48 euros por dia, caso não tenha acomodação fechada. Ou 25 euros por dia, se tiver. Eu apresentei um extrato da minha conta junto de uma declaração do banco com a quantia que eu tinha depositado na minha poupança.

Se você for patrocinado por um familiar ou empresa, você deve levar uma carta autenticada em cartório brasileiro atestando este patrocínio e uma cópia do extrato bancário atualizado e/ou imposto de renda do responsável (veja ali embaixo um modelo).

– Uma carta de aceitação da instituição de ensino em que vai estudar, detalhando o curso a ser realizado.

– Reserva de hotel, casa ou do local onde vai morar nos próximos meses.

– No caso de ficar em casa de uma pessoa ou uma instituição, declaração por escrito do acolhimento que comprove o compromisso do anfitrião para acomodar

– Seguro médico de viagem válido para todos Estados-Membros Schengen, que cubra todo o período de permanência da pessoa e tenha cobertura mínima é de 30 mil euros. Eu contratei aqui pela indicação do blog, com desconto.

– Pagamento da taxa de visto, no valor de €27,50. Ela deve ser efetuada em dinheiro no próprio Departamento no ato do requerimento.

Vale lembrar que todos os documentos devem estar em inglês. Assim que você entra com o processo, já recebe um comprovante de sua legalidade no país. Entretanto, se seus 90 dias iniciais já tiverem passado e seu visto oficial não estiver pronto, você não pode viajar para nenhum outro país da Europa. Por isso, não deixe para última hora.

Term of Responsibility

I, (nome completo), (nacionalidade), (profissão), Passport No XXXX, Identity Card XXXXX, declare I will bear all living costs inherent to the stay of (seu nome), my (possível relação familiar), (sua nacionalidade), Passport No XXXX, in Malta, during the length of the (nome do curso) at (nome da escola). 

Date:
Local:

Assinatura com firma reconhecida em cartório

intercâmbio em malta roomates

Algumas das minhas roomates na rua da minha casa

Escolhendo a escola em Malta

Eu não contratei nenhum pacote de agência de intercâmbio em Malta. Pesquisei as escolas na internet e fechei diretamente com uma delas, a Linguatime. Escolhi uma escola menor, com um método de ensino com o qual me identifiquei e um preço justo. Caso você queira fazer o mesmo, aqui vão alguns conselhos:

Confira o percentual de brasileiros na escola:

Vai por mim, se você estiver cercado por pessoas que falam sua língua, dificilmente vai se esforçar para falar inglês. Por mais focado que você esteja, melhor evitar a tentação da zona de conforto do idioma natal. Existem escolas maltesas com forte inserção em nosso mercado que chegam a ter cerca 50% de estudantes brasileiros. Eu preferi evitar e busquei uma instituição com um mix de nacionalidades mais diversificado. Além de me forçar a falar mais inglês, isso me permitiu conviver com alunos de lugares e culturas muito diferentes, o que acabou sendo a parte mais enriquecedora da minha experiência de intercâmbio em Malta.

Escola de ingles em malta intercambio

Turistando com alguns colegas em Valletta. O mix de nacionalidades foi algo que pesou na escolha da escola

Procure referências de pessoas que já estudaram em Malta

Algo que ajuda muito é conversar com alguém que estudou na escola em que você está interessado que possa te passar impressões mais reais que a da publicidade. Antes de ir eu pude bater um papo com uma intercambista que havia acabado de voltar de Malta e que estudou na mesma escola que eu. O depoimento dela foi ótimo para me ajudar a decidir. Se você não conhece ninguém, procure na página da escola no Facebook. Em geral, as pessoas gostam de falar sobre a experiência e podem te dar dicas de ouro. Cheque também as instituições às quais a escola está vinculada e que a certificam.

Fuja do hype

Existem escola de todos os preços. Avalie se vale a pena pagar pela mais cara de todas só porque ela inclui praias particulares, festas tops e passeios de barcos ostentação. Isso não é determinante para o seu aprendizado e esse dinheiro pode ser investido em coisas mais legais como viagens para países vizinhos, por exemplo.

Como é o inglês em Malta?

Essa é uma dúvida comum que renderia um post a parte, afinal o inglês não é a única língua falada na ilha. Andando pelas ruas você vai ouvir o Maltês, que também é idioma oficial ali e se originou de uma mistura entre o árabe, dialetos da Sicilia na Itália um pouco do inglês. Além disso, estima-se que dois terços da população é capaz de entender o italiano, que era falado no país até 1934. Mas fique tranquilo que essa torre de babel, embora interessante, não vai atrapalhar o seu aprendizado. Todo mundo na área urbana fala inglês e essa é a língua com a qual você vai se comunicar com as pessoas. Eles utilizam o inglês britânico e é comum a presença de professores ingleses nas escolas.

Como escolher o curso?

Escola de inglês em Malta intercâmbio

Minha primeira turma na escola de inglês em Malta. Entrei no nível pré-intermediário

Os cursos podem variar com o objetivo. O curso padrão é o de inglês geral de 15 horas semanais, que foi o que eu fiz. Custou 2185 euros por 23 semanas de curso. Existem ainda opções focada em inglês para negócios, conversação, aulas particulares e preparação para exames. Eu sugiro que você contrate um curso geral e ao chegar na escola, de acordo com sua evolução, avalie se quer complementá-lo com alguma aula específica. Dessa forma, você escolhe de forma mais assertiva, focando no que é realmente necessário.

A maioria das escolas enviam um teste on-line para avaliar previamente seu nível de inglês e quando você chega lá passa por uma entrevista para confirmar sua turma. Tudo isso é ajustável e você pode pedir para ser reavaliado se achar que as aulas estão muito fáceis ou difíceis demais. Na escola em que eu estava, éramos avaliados semanalmente pelos professores e contávamos com uma coordenadora pedagógica que acompanhava nossa evolução e nos ajudava com estratégias para os estudos.

Moradia e custo de vida para um intercambista em Malta

Malta não é um país caro, mas em tempos euro em alta, é importante colocar tudo na ponta do lápis. O primeiro ponto ao qual você deve se atentar é a alta temporada. Por se tratar de uma ilha muito turística, durante o verão, além de estar muito mais cheia de gente, tudo é mais caro por lá. Tudo mesmo, até a passagem de ônibus coletivo.

Como em todo lugar, o valor da moradia depende do local. Eu fiquei em Sliema, que é onde estão a maior parte das escolas de inglês. Trata-se de um bairro de classe média alta, em uma orla muito turística. Nessa região, o aluguel de um quarto já com as contas fica entre 300 e 400 euros.

trabalho intercambio em malta

Eu fechei o pacote no apartamento compartilhado da escola e foi uma experiência divertidíssima. Morei com gente do mundo inteiro, em um prédio em que todas as pessoas eram meus amigos ou conhecidos. Preferi contratar o período todo de uma vez para facilitar a documentação do visto, mas é possível viajar só com o primeiro mês reservado e procurar uma república por lá, o que normalmente fica mais barato.

Com supermercado e alimentação, eu gastava, em média, 25 euros por semana. Uma vantagem era que fazia tudo a pé. A ilha é pequena e muito segura, então, até para a balada eu ia e voltava caminhando. Os bares e casas noturnas são outro ponto positivo para o bolso. A maior parte deles fica concentrada em Paceville, o bairro boêmio do país, e você não paga para entrar. A quem interesse, uma cerveja nesses lugares custa cerca de 3 euros e uma tábua de doses entre 10 e 12.

Dá para trabalhar em Malta com visto de estudante?

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Foto: Shutterstock

O visto de residência como estudante em Malta não permite que a pessoa trabalhe legalmente no país. Caso você tenha esse propósito, precisará entrar com um processo diferente na imigração e para isso já precisa ter conseguido um emprego. Esse não era meu foco e me mantive por lá com minhas economias. Meu planejamento inicial era ficar um semestre, mas consegui um estágio de verão na escola em que estudava e estendi a estadia para 11 meses. Vale ficar de olho nessas oportunidades, pois é uma prática comum nas instituições de ensino. Eu dava suporte à organização e divulgação dos eventos e atividades de lazer promovidas pela escola e na produção de conteúdo para o site. Além da experiência de trabalho, recebi aulas extras e acomodação por conta da escola.

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Por: 360meridianos

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